UMA NOVA FORMA DE LER A FÍSICA TEÓRICA. A INTERDISCIPLINARIDADE ALÉM DO TEMPO

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15795173


Hugo Kfouri de Paula1


RESUMO
O presente trabalho propõe uma análise interdisciplinar da obra O Tempo Não É o Que Parece, de Átila Barros (2025), fundamentada em uma releitura crítica da noção de tempo a partir dos campos da teologia, filosofia, pedagogia e física teórica. A obra se ancora no trilema da simulação, de Nick Bostrom — especialmente nas páginas 153 a 155 —, integrando autores como Santo Agostinho, Descartes, Newton, Einstein, Marx, Durkheim, Weber, Asimov e outros, na tentativa de repensar a construção da realidade contemporânea. A abordagem dialoga com obras de ficção científica e narrativas cinematográficas, utilizando a simulação como metáfora epistêmica. A proposta sugere que o tempo não é apenas uma dimensão física, mas uma construção simbólica, subjetiva e educacional. A discussão articula, ainda, aspectos da educação libertadora e crítica, evidenciando que o tempo, enquanto categoria formativa, pode operar como eixo de emancipação no século XXI.
Palavras-chave: Tempo. Simulação. Trilema de Bostrom. Interdisciplinaridade. Marxismo 4.0.

ABSTRACT
This paper proposes an interdisciplinary analysis of the book Time Is Not What It Seems, by Átila Barros (2025), grounded in a critical reinterpretation of the notion of time through the fields of theology, philosophy, pedagogy, and theoretical physics. The work is anchored in Nick Bostrom’s simulation trilemma—especially on pages 153 to 155—integrating authors such as Saint Augustine, Descartes, Newton, Einstein, Marx, Durkheim, Weber, Asimov, and others, in an attempt to rethink the construction of contemporary reality. The approach engages with science fiction works and cinematic narratives, using simulation as an epistemic metaphor. The proposal suggests that time is not merely a physical dimension, but a symbolic, subjective, and educational construct. The discussion also articulates aspects of liberating and critical education, highlighting that time, as a formative category, can serve as a foundation for emancipation in the 21st century.
Keywords: Time. Simulation. Bostrom’s Trilemma. Interdisciplinarity. Marxism 4.0.

Introdução

A obra O Tempo Não É o Que Parece, de Átila Barros (2025), apresenta-se como um convite ousado à reflexão multidisciplinar sobre a natureza do tempo, articulando conceitos da física teórica, filosofia, teologia e ciências humanas em um mesmo campo de leitura. Longe de uma abordagem puramente técnica, o autor propõe uma releitura da realidade que desafia a linearidade temporal clássica, abrindo caminho para novas interpretações do ser e do existir

— Interpretações ancoradas tanto em fundamentos científicos quanto em questionamentos metafísicos. Para o artigo presente é análogo com Brostom em outros pensadores e linhas de pensamento seja filosofia, física teórica, pedagogia, ciências religião e outras.

A proposta do autor parte do trilema de Nick Bostrom — explorado de forma profunda nas páginas 153 a 155 da obra —, que se estabelece como eixo problematizados. A partir dele, realiza-se um diálogo intenso entre o pensamento científico contemporâneo e os saberes clássicos, religiosos e educativos, propondo uma visão integradora da realidade.

O livro transita por referenciais diversos: desde a teoria da relatividade de Einstein, os paradoxos do tempo na mecânica quântica e o trilema da simulação de Bostrom, até as tradições filosóficas e teológicas — do cristianismo à filosofia iluminista. É como se o tempo, em si, se revelasse uma linguagem, aberta ao trânsito entre diferentes saberes.

Em tom ensaístico, acessível e provocativo, Barros convida o leitor a pensar o tempo como um processo atemporal e contínuo, rompendo com os limites da cronologia cartesiana. Essa perspetiva oferece possibilidades riquíssimas para a pesquisa interdisciplinar, permitindo conexões entre áreas como sociologia, história, física, literatura, filosofia e pedagogia.

Ao explorar o tripé das grandes disciplinas sociológicas — Marx, Durkheim e Weber —, a obra revela como o tempo social e a construção da realidade estão imersos em sistemas simbólicos, estruturas culturais e contextos históricos que não se submetem à linearidade da física clássica.

O diálogo se expande ainda mais ao abarcar obras da ficção científica, como O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin, Contato, de Carl Sagan, e narrativas cinematográficas de diretores como Denis Villeneuve, Christopher Nolan e Alex Garland. Nesses universos ficcionais, a noção de tempo é frequentemente desafiada, seja por viagens interdimensionais, inteligência artificial ou especulações cosmológicas.

Adicionalmente, a reflexão atravessa fundamentos religiosos e filosóficos — cristianismo, islamismo, hinduísmo e taoísmo —, demonstrando que a perceção do tempo está igualmente impregnada de sentido espiritual, ontológico e simbólico.

Em síntese, O Tempo Não É o Que Parece se converte no eixo central de um ensaio expandido que ultrapassa os muros disciplinares, convidando o leitor a repensar o tempo não apenas como fenômeno físico, mas como uma construção existencial, simbólica, metafísica e subjetiva. Ao conectar saberes da física teórica à antropologia religiosa, da sociologia crítica à ficção científica, o presente trabalho propõe uma nova leitura da realidade: uma realidade onde, talvez, o tempo não seja aquilo que pensamos, mas sim uma construção que deve ser (re)descoberta, desconstruída e reinterpretada por cada campo do conhecimento.

Metodologia

Revisão literária crítica, com abordagem em autores dentro do livro O tempo não é o que parece, e outros que estão em contemporaneidade acadêmica com os citados. Usando I.A do ChatGPT (open AI) para correção ortográfica e alinhamento nas normas da ABNT. Comparação crítica pedagogia de ler Brostom na física e analogias á outras áreas do saber.

Literatura, Arte e Ficção Científica como Espaço de Pensamento

Referências a obras de Isaac Asimov, Carl Sagan, Liu Cixin, Christopher Nolan, Denis Villeneuve e Alex Garland situam a arte e a ficção científica como territórios legítimos da especulação filosófica, científica e existencial. A literatura, nesse contexto, torna-se uma ferramenta epistemológica capaz de explorar futuros possíveis, prever caminhos e inspirar reflexões metafísicas. Filmes como Blade Runner e Interestelar aparecem, assim, como verdadeiros ensaios filosófico-científicos disfarçados de entretenimento.

O diálogo com O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin, Contato, de Carl Sagan, e o cinema contemporâneo não se dá de forma superficial. Pelo contrário, revela como esses universos narrativos desafiam constantemente a noção convencional de tempo, seja por meio de viagens interdimensionais, seja pelo avanço da inteligência artificial, ou mesmo pela especulação cosmológica em escalas que ultrapassam a compreensão humana.

O filme Duna (2021), mesmo revestido de uma narrativa profundamente humanizada, evidencia lutas por recursos, dominação de classes, controle de castas, ecossistemas e sistemas de poder — uma analogia nítida à crítica kantiana da razão instrumental. Na mesma linha, Philip K. Dick levanta questões que transcendem a ficção: se tudo se acabar, as máquinas param? Onde está o limite entre a autonomia das máquinas e a dependência dos seres humanos?

Essa provocação filosófica ressoa diretamente nas discussões sobre o trilema de Bostrom, no qual Átila Barros se apoia para refletir sobre realidades simuladas, consciência, espiritualidade e existência. Aqui, a física se dobra à filosofia, e a cosmologia se encontra com a metafísica, demonstrando que a leitura do tempo é tanto uma questão ontológica quanto epistêmica.

A obra articula ainda elementos das tradições religiosas — cristianismo, islamismo, hinduísmo e taoísmo —, revelando que a percepção do tempo não é meramente uma abstração científica, mas uma categoria profundamente espiritual, cultural e civilizatória.

Em síntese, O Tempo Não É o Que Parece opera como um campo de síntese poético- científica, capaz de transitar do método empírico ao imaginário simbólico, da objetividade newtoniana às incertezas quânticas, da razão iluminista às dúvidas cartesiana e kantiana. Essa travessia se constitui como um gesto epistemológico necessário para pensar a humanidade no século XXI, onde a linha entre o real, o simulado e o espiritual torna-se cada vez mais tênue e fluida.

Reflexões Sobre Tempo, Simulação e Existência

Será que os antigos, em sua busca pela espiritualidade, alcançaram aquilo que hoje a física quântica tenta decifrar? O mundo quântico, que Barros tão bem filosofa, oferece uma linguagem para compreender aquilo que, outrora, era atribuído ao sagrado, às entidades, aos deuses ou aos mitos. A quantificação da realidade e a extrapolação de limites criam hoje hipóteses de múltiplos padrões de existência, simulações e vidas imanentes, muito além do paradigma sensível que conhecemos.

Na sociologia, este debate ganha densidade. O pensamento de Marx (2013), Durkheim (2014) e Weber (Gomes de Sá,2012), atravessa os tempos como peças acadêmicas ainda pulsantes. O método sociológico, a análise da ação social, o materialismo histórico e a construção dos fatos sociais permanecem instrumentos vigorosos para compreender as estruturas simbólicas que moldam tanto o presente quanto os futuros possíveis — sejam eles reais, simulados ou desejados.

A releitura somática proposta exige tempo, abstração e ruptura com o conforto da lógica cartesiana. O livro escolhido desloca o leitor da linearidade, convocando-o à criatividade, às hipóteses, às articulações entre física clássica, sociologia crítica, cosmologia moderna, religiosidade, arte e literatura. É uma rica dialética, onde as tríades de saber — ciência, filosofia e espiritualidade — se amarram como pilares de sustentação tanto para a vida acadêmica quanto para o existir humano.

A epistemologia e a ontologia que emergem desse movimento reforçam uma geração literária que habita a intersecção entre tecnologia, ciência, fé e crítica. Até mesmo o ateísmo contemporâneo, ironicamente, se vê compelido a exercer atos de crença: crença na desconstrução do irreal, na negação do mitológico ou na crença cega no empirismo absoluto. Tudo se torna narrativa — e toda narrativa é, em alguma medida, uma simulação que busca sustentar uma realidade possível.

Trilema de Bostrom, Simulações e o Futuro

O trilema de Bostrom, resgatado e reelaborado por Átila Barros, convida à inquietação: e se aquilo que chamamos de realidade for, de fato, uma simulação? Na esteira desse pensamento, Barros propõe, por meio de uma leitura interdisciplinar, que nossas existências podem estar inseridas em estruturas simuladas, programadas ou, ao menos, condicionadas por forças que transcendem a perceção sensível.

Essa hipótese, longe de ser mero exercício especulativo, conecta-se com discussões profundas da filosofia, da física teórica e da própria história das ideias. Assim como Isaac Asimov fez em Fundação, ao imaginar civilizações sustentadas por algoritmos preditivos, e como Popper defendeu ao propor a falseabilidade como critério da ciência, a obra de Barros tensiona os limites entre aquilo que é, aquilo que parece ser e aquilo que poderia ser.

A história da própria ciência carrega, em sua gênese, esse embate entre dúvida e método. René Descartes, em Meditações Metafísicas (1641), já levantava a hipótese do “gênio maligno”, uma entidade capaz de enganar nossos sentidos, colocando em suspensão tudo o que julgamos conhecer. O trilema de Bostrom é, de certo modo, uma atualização digitalizada do velho problema cartesiano, acrescido das nuances da mecânica quântica, da inteligência artificial e dos dilemas da era dos dados.

Ao entrarmos nas esferas da física quântica, o terceiro postulado do trilema — aquele que sugere que vivemos em uma simulação — encontra respaldo, curiosamente, não só nas abstrações filosóficas, mas em fenômenos reais que desafiam as leis clássicas. A própria existência de mundos possíveis, realidades paralelas e colapsos de função de onda reforçam, poeticamente, a hipótese de que o tempo, o espaço e a matéria são talvez mais códigos do que substâncias.

O comportamento temporal nas obras de Asimov e as implicações da simulação de Bostrom nos conduzem a uma reflexão sobre civilizações, modernidades, pós-civilizações e futuros robóticos. Quem elimina quem? Na trama de Eu, Robô, o humanoide se aproxima do humano, e a fronteira entre criador e criatura dissolve-se. As previsões de Asimov — uma inteligência artificial que ultrapassa sua condição de objeto — ganham forma no presente, onde máquinas pensantes e algoritmos aprendizes se tornam, dia após dia, mais autônomos.

Há quem diga que Asimov viajou ao nosso presente, nos anos 2020, e voltou aos anos 1950 para escrever suas obras. Suas descrições de computadores que funcionam como bibliotecas universais antecipam, com espantosa precisão, a realidade dos smartphones, da internet e das inteligências artificiais generativas.

Muito do que era pura metafísica, hoje se materializa. Assim como Barros sugere, abre-se uma lacuna que permite até mesmo Marx ser relido: os robôs, talvez, sejam a marcha final do capitalismo sobre o proletariado. Um processo onde até o catador de latas pode ser substituído por uma máquina. Durkheim, se vivo, analisaria os novos fatos sociais do século

XXI. Weber, por sua vez, observaria que a ética protestante cede espaço não mais à acumulação puritana, mas à lógica algorítmica do capital digital.

Tríade Religiosa, Trilema e a Luz da Física

A triangulação das religiões — cristianismo, hinduísmo e taoísmo — oferece subsídios epistemológicos e ontológicos à discussão. O taoísmo, por exemplo, especialmente nas leituras do Zhuangzi, propõe um estado mental e existencial onde aquilo que é, aquilo que será e aquilo que poderia ser fundem-se numa dança de ondas quânticas.

Bostrom (2003) articula, em seu trilema, três possibilidades: (1) civilizações se autodestruem antes de atingir capacidade de simulação, (2) nenhuma civilização avançada se interessa por simular consciências, ou (3) vivemos, de facto, em uma simulação. Barros (2025) lê esse dilema à luz da física ondulatória, evocando a teoria de Huygens e os fótons de Einstein, em uma narrativa que se desdobra de maneira quase poética e ondulante — um pensamento que vibra em frequências metafísicas e quânticas simultaneamente.

A própria ótica, na física, nos oferece outra triangulação simbólica: reflexão, refração e absorção. Três movimentos que, analogamente, podem ser lidos como operações epistemológicas. Refletimos sobre a realidade, refratamos suas possibilidades em múltiplos ângulos e absorvemos aquilo que, em algum grau, se torna conhecimento, fé ou ciência.

Para soma cultural a enciclopédia Histórico-Teológico da igreja Crisã Ewell volume 1, libera uma área positiva de Hegel, sobretudo pode estar na mente, mentalização conforme a página 242 e243, pois este tinha um método, dos idealistas alemães, pois filosofia de Hegel é equiparada uma teologia do Absoluto, mente divina, podendo ser esta a mente que simula tudo de Broston citado por Barros (2025), concretização do real, pois as simulações são incríveis em trilemas e tríades, sociologia verifica Weber, com Ética protestante e espirito capitalista, povo ideal, seguido, de conjunto de valores morais próximos, mais que se tornava prósperos, ou seja marxismo em Weber, existia na materialidade, seguida do evento protestante de regras, e Emile Durkheim verifica ações de forma que fato simulou tudo isso ?

Quântica do livro de Atila Barros, pode ter espaço no esboço de Ewell (2009) na enciclopédia sobre Hegel, em uma síntese superior, metafísica, agora explicada de forma nano, quântica, válida de saberes e presença simultânea, numa hipóstase das simulações da mente superior que controla tudo, abrindo e levando a conclusões de outros lugares, de florestas negras reais, ou mentais, mais de fato ciência tem que reconhecer que ele advém explicações humanas, até fortalecidas em saberes do homem, testadas como Kant nos ensina e liberada a falseabilidade de Popper, mais eventos podem estar em sociedade humana e cientifica numa oferta de possibilidades e simulações que o trilema de Broston verdadeiramente foi simplificado por Barros.

Educação, Tempo e Emancipação

O campo da pedagogia surge, nesse cenário, como uma ponte entre ciência e humanismo. Pensadores como Paulo Freire, Maria Montessori referenciada com De Almeida (1984) e Célestin Freinet oferecem metodologias de construção do conhecimento que, curiosamente, também operam como simulações formativas: espaços de criação, reconstrução e reinvenção do próprio sujeito.

A proposta educacional de Barros, embora ancorada em debates de alta densidade teórica, mantém-se acessível, provocativa e transformadora. O tempo, enquanto variável educativa, não se configura como prisão, mas como emancipação. É uma linha que se dobra, se expande e se curva em favor do desenvolvimento humano, rompendo com a rigidez do ensino tradicional e da cronologia cartesiana.

A pedagogia clássica, nas mãos de Freinet(1989), Freire (1989) e Montessori (DE Almeida 1984), se materializa como um laboratório quântico de possibilidades: trajetórias diferentes, contextos distintos, mas convergentes na busca por uma educação libertadora. São, cada um à sua maneira, verdadeiros viajantes no espaço-tempo da educação — suas ideias ressoam hoje como ressoariam numa civilização futura, quem sabe, simulada, mas profundamente real para quem nela habita.

Claro que De Almeida (1984) visionária, em relatar no artigo sobre viagem do tempo de Montessori e as possibilidades da educação atemporal, laboral, talvez na época da Montessori era uma possibilidade, desenvolvimento da criança e do pensamento, com alunos em classes de idades diferentes, mais este novo agora é real e reconhecido. 
Simulado, experimentado e atualizado nos conceitos e épocas e realizado com qualidade junto ao método. De Almeda(1984, pag. 13) é física, geografa, educadora e ao descrever espaço-tempo da criança, onde o individuo será trabalhado no mundo das possibilidades do criativo de Freinet. 

Conjunto união de conhecimentos e autores, mostra tríades educacionais simuladas de brostom, Barros (2025), e outros para um futuro das possibilidades dentro da área filosofia, física, ciências da Religião, educação em geral. Com diálogos mais críticos, céticos, porém analíticos de fatos reais e suas conceituações dentro do espaço, na materialização e registo tempo. 

Crítica Social, Simulação e Sociologia do Futuro

A leitura sociológica que atravessa esta reflexão não se limita à análise do presente. Ela se projeta no horizonte do porvir, alertando que o avanço tecnológico, se não for guiado pela ética e pela crítica social, corre o risco de ampliar desigualdades, automatizar a miséria e intensificar os abismos socioeconômicos.

Marx (com seu materialismo histórico), Durkheim (com sua análise dos fatos sociais) e Weber (com sua compreensão da ação social e da racionalidade) permanecem presentes como bússolas para navegar a complexidade da sociedade contemporânea — e, talvez, das sociedades futuras, sejam elas simuladas, reais ou híbridas.

A obra de Barros soa como um alerta: as previsões futuristas — de Tesla, Asimov, Harvey e tantos outros — não são apenas ficções especulativas. São diagnósticos e prognósticos de uma modernidade tardia que se debate entre a promessa da emancipação tecnológica e o espectro da tecnocracia totalitária.

Embate Ontológico: Santo Agostinho, Asimov e Harvey

Três autores, três mundos, três ontologias. Santo Agostinho, em A Cidade de Deus, propõe uma leitura do tempo que transcende o físico e o histórico, conduzindo-o ao campo do espiritual, do escatológico, do eterno. O tempo linear é, para ele, um meio transitório; a eternidade, o fim absoluto. Sua cidade se organiza na tensão entre o mundo dos homens e o reino de Deus, onde o tempo se dissolve na promessa da eternidade.

Isaac Asimov, por sua vez, oferece uma ontologia racional e futurista. Em obras como Eu, Robô e Fundação, antecipa os dilemas de uma civilização dominada pela inteligência artificial, pela automação e pela governança algorítmica. Seu futuro é uma simulação da razão, onde o humano é constantemente desafiado por aquilo que ele mesmo criou.

David Harvey, com sua crítica contundente ao capitalismo global, atualiza Marx e evidencia como o controle do tempo e do território é hoje o motor das estruturas de dominação. O Novo Imperialismo se sustenta não apenas na exploração material, mas também na captura dos dados, dos algoritmos e das consciências. Nasce, assim, o que podemos chamar de Marxismo 4.0: um marxismo que lê o mundo a partir das lógicas do capital financeiro, das plataformas digitais e das inteligências máquinas.

Neste embate, costurado por Barros sob a luz do trilema de Bostrom, três visões coexistem: a salvação teológica (Agostinho), a racionalização cibernética (Asimov) e a crítica sociopolítica da tecnocracia (Harvey). A realidade, portanto, pode ser, simultaneamente, uma narrativa espiritual, uma simulação artificial e um campo de luta por justiça social.

Triade de Hegel na finitude Marxista

Hegel é celebrado à academia moderna em suma importância devido, tríade tese, antítese, e a síntese, e o marxismo para simulações de Broston no livro não cairá bem, pois materialismo é finito, as simulações podem nos levar o atemporal, motor invisível de Platão, e algo antes de tudo, agora e depois (porvir), ou até dos mundos paralelos reversos, nível universo escuro e o universo claro. Além da suposição de termos universo esperando definições de algumas coisas, como por exemplo a simular macrocosmos tomou formas menores de vida, até humana, que domina entre aspas este espaço cósmico. E observação macro, esfera Daison, floresta negra, podemos estar na fila de grandes coisas ainda por vir, ou somos maiores coisas biológicas dominantes do tempo intelectual no momento de 4,5 bilhoes de anos existentes.

Marcones (2019) traça diálogos da mente entre Agostinho e Hegel, lidar com conceitos do tempo, e oque é atemporal como lidar, ou que podemos simular de temporal (físico)material e atemporal metafísico. Tradições das religiões e finitude das coisas e seu cíclico temporal, espécie de horizonte dos eventos do buraco negro, tudo fica aqui em loop fora dos ditames antropológicos de marcação de tempo. Pois Marcondes faz uma releitura crítica para casar neste artigo com Barros e outros citados com argumentos em Hesíodo, analisa mais na parte filosofia e das tradições judaicas cristãs. 

Nesta tríade estaria Barros, Agostinho e Hegel em uma sala atemporal, tratando de registo do tempo, ou tempo marcado de registo, passagem de dois tempos de Agostinho, ainda traça berço da suma intelectual dos tempos antigos em Alexandria. Tempo, dialética, latim, grego, adicionais a intelectualidade interior.

Marcondes (2019, p.17-18) será ancora para o artigo com secularização de eventos de Agostinho, humanizar mais a suas obras com Hegel, Brostom está atrelado eventos de simulações, descrito em Barros (2025), para finalizar todas coisas, hoje Brostom tem trilemas externos das simulações, podemos dizer que metafísicos, ou não, dominantes, residentes de florestas negras ou de universos maiores e mais claros que o nosso, há de fato materiais, quânticos e mental a serem constatados e impressos.

Elwell (2009) tem dissertações muitos similares aos autores, seguindo base de uma enciclopédia de formação da teologia da igreja Cristã sobre os autores de forma científica, assim podendo dividir, discernir o que é científico na filosofia cristã e ciências da religião, das ciências empíricas, separadas no contexto de Descartes, Popper, Hegel e outros para analisar e determinar valores já dentro do método científico e abrir portas a simulação.

Considerações Finais

Este ensaio — ou talvez esta simulação crítica — propõe um mergulho na intersecção dos saberes. Ao articular física teórica, filosofia, teologia, sociologia, pedagogia, literatura e ficção científica, O Tempo Não É o Que Parece, de Átila Barros, inaugura uma nova cartografia do pensamento: uma ontologia onde o tempo não é mais uma linha, mas uma rede de possibilidades.

Se a física moderna sugere que o universo pode ser um holograma, uma simulação ou uma manifestação de campos quânticos, a literatura, a filosofia e a pedagogia propõem que a existência é, antes de tudo, uma construção narrativa. E, como toda narrativa, sujeita a revisões, atualizações e interpretações.

Barros nos convida a um pensamento que rompe com os grilhões do tempo cronológico e da matéria como destino. A simulação não é aqui um erro ou um engano, mas um caminho epistemológico para compreender a própria condição humana — suas crenças, seus saberes, suas ficções, suas ciências.

O texto propõe uma jornada intelectual que conecta áreas aparentemente distintas — como ciência, religião, religiosidade, física teórica e educação — dentro de um mesmo campo de análise. Utilizando o trilema de Brostom, apresentado no livro de Átila Barros (2025, página 153-155), como ponto de partida, a obra se debruça sobre o tempo não apenas como um registo cronológico, mas como uma marca existencial e metafísica.

Essa abordagem amplia o conceito de tempo para além da linearidade, sugerindo que ele pode ser singular e atemporal, como na singularidade de um buraco negro, onde passado, presente e futuro podem coexistir ou se repetir em loop. Assim, o tempo se torna um elemento que permite revisitar e reinterpretar fatos, sejam eles simultâneos ou não, mantendo sempre uma essência acadêmica e especulativa sobre outras civilizações e realidades possíveis.

Que possamos, portanto, aceitar o convite desse livro e desta reflexão: pensar, sentir e existir para além do tempo, para além da matéria e, quem sabe, até para além da própria realidade. Afinal, o tempo — como bem nos lembra Átila Barros — não é o que parece.

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1 Formação Acadêmica: Graduação em Ciências Humanas Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ), 2022.Bacharelado em Geografia Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ), 2024.Licenciatura em Geografia (Complementação Pedagógica R2) Universidade Internacional do Cuanza (UNICV-FCE), [ano de conclusão não informado]. MG. Antropologia Teológica e Direitos Humanos FASUL-MG. Antropologia Cultural FASUL-MG. Ciências da Religião FASUL-MG. Filosofia e Sociologia: Métodos de Ensino FASUL-MG. Gestão Ambiental FASUL-MG. História das Religiões FASUL- MG. Epistemologia e Ontologia Faculeste.