HUMANIDADES DIGITAIS NA EJA: A FORMAÇÃO DE EDUCADORES PARA PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES E SOCIALMENTE ENGAJADAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17419771
Mara Alexandre da Silva1
RESUMO
O presente trabalho aborda a inserção das humanidades digitais na formação de educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), considerando os desafios e as potencialidades dessa integração no contexto educacional contemporâneo. A pesquisa parte do entendimento de que as humanidades digitais, ao unirem saberes tecnológicos e humanísticos, favorecem práticas pedagógicas mais críticas, colaborativas e socialmente engajadas. O objetivo central consistiu em analisar o papel das humanidades digitais na formação docente da EJA, com foco na promoção de práticas interdisciplinares e na construção de uma educação humanizadora. A metodologia adotada foi de caráter bibliográfico e natureza qualitativa, fundamentada na análise de produções teóricas que discutem a relação entre tecnologia, cultura e formação docente. Os resultados evidenciam que a incorporação das humanidades digitais amplia as possibilidades de aprendizagem significativa, fortalece o protagonismo dos professores e estimula o engajamento social dos educandos. Conclui-se que a integração entre tecnologia e humanidades na EJA constitui um caminho promissor para o desenvolvimento de práticas educativas inovadoras e transformadoras, alinhadas às demandas da sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Formação docente. Humanidades digitais. Inclusão social. Interdisciplinaridade. Tecnologias educacionais.
ABSTRACT
This study addresses the integration of digital humanities into the training of educators in Youth and Adult Education (EJA), considering both the challenges and potential of this approach within contemporary educational contexts. The research is based on the understanding that digital humanities, by combining technological and humanistic knowledge, foster more critical, collaborative, and socially engaged pedagogical practices. The main objective was to analyze the role of digital humanities in teacher education for EJA, focusing on the promotion of interdisciplinary practices and the construction of a humanizing educational process. The methodology adopted was bibliographic and qualitative in nature, grounded in the analysis of theoretical works discussing the relationship between technology, culture, and teacher development. The findings reveal that incorporating digital humanities enhances opportunities for meaningful learning, strengthens teacher agency, and encourages students’ social engagement. It is concluded that the integration of technology and the humanities in EJA represents a promising path toward innovative and transformative educational practices aligned with the demands of contemporary society.
Keywords: Digital humanities. Educational technologies. Interdisciplinarity. Social inclusion. Teacher education.
1. INTRODUÇÃO
As humanidades digitais configuram-se como um campo interdisciplinar que emerge da confluência entre as ciências humanas e as tecnologias digitais, propondo novas formas de produzir, compartilhar e interpretar o conhecimento. Essa área tem sua origem no movimento de digitalização de acervos culturais e na aplicação de ferramentas tecnológicas para o estudo de fenômenos sociais e educacionais. Com o passar do tempo, evoluiu para abarcar práticas pedagógicas que utilizam recursos digitais não apenas como instrumentos técnicos, mas como mediadores da reflexão crítica, da produção de sentidos e da construção coletiva do saber.
Dessa forma, no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), as humanidades digitais representam uma possibilidade concreta de renovação didática e epistemológica, ao articular o ensino com as realidades sociais, culturais e tecnológicas vivenciadas pelos estudantes. A EJA, enquanto modalidade marcada por trajetórias interrompidas e desigualdades históricas, requer abordagens formativas que considerem os saberes prévios e as experiências de vida de seus educandos. Assim, a incorporação de linguagens digitais e práticas colaborativas amplia o potencial crítico e transformador do processo educativo, aproximando-o das dinâmicas do século XXI e das demandas por inclusão e justiça social.
À vista disso, podem-se exemplificar diversas experiências educacionais que integram as humanidades digitais à EJA, como projetos de produção de narrativas digitais, uso de plataformas interativas para expressão artística e crítica social, oficinas de letramento digital e práticas de pesquisa colaborativa. Tais iniciativas favorecem a autonomia dos estudantes, fortalecem o protagonismo docente e criam pontes entre os mundos físico e digital, ampliando o alcance das ações pedagógicas e o engajamento comunitário.
O problema central desta pesquisa consiste em compreender de que maneira as humanidades digitais podem contribuir para a formação de educadores da EJA voltados a práticas interdisciplinares e socialmente engajadas. Em outras palavras, busca-se investigar como a integração tecnológica, quando associada aos princípios das ciências humanas, pode ressignificar o papel docente e promover experiências de aprendizagem mais críticas, criativas e transformadoras.
Esta pesquisa se justifica pela necessidade de repensar as práticas formativas na EJA frente às profundas transformações tecnológicas e socioculturais que atravessam a contemporaneidade. Considerando que muitos educadores ainda carecem de formação adequada para integrar as tecnologias digitais de forma reflexiva e contextualizada, torna-se essencial compreender como as humanidades digitais podem atuar como ponte entre o ensino tradicional e as novas formas de mediação do conhecimento.
Além disso, esta pesquisa é relevante por contribuir para a consolidação de uma educação de jovens e adultos que ultrapasse a mera transmissão de conteúdos e se oriente pela formação crítica e cidadã. Ao propor um olhar interdisciplinar, a investigação destaca a importância de preparar professores capazes de articular saberes tecnológicos e humanísticos, fortalecendo práticas educacionais inclusivas, participativas e sensíveis às realidades sociais de seus alunos.
Este trabalho objetiva analisar o papel das humanidades digitais na formação de educadores da EJA, com foco na promoção de práticas interdisciplinares e socialmente engajadas. Busca-se compreender como o uso crítico das tecnologias digitais pode potencializar o trabalho docente e contribuir para a construção de uma educação humanizadora, colaborativa e culturalmente significativa.
O percurso metodológico adotado será o de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, voltada à análise de produções acadêmicas e concepções teóricas que tratam da integração entre tecnologia, humanidades e educação de jovens e adultos. Tal abordagem possibilita refletir criticamente sobre as potencialidades, desafios e impactos dessa integração na formação docente.
Quanto ao percurso teórico, o estudo se estrutura sobre uma base interpretativa que articula conceitos de interdisciplinaridade, cultura digital, formação docente e engajamento social. A análise desenvolve-se em diálogo com perspectivas teóricas contemporâneas que abordam o papel das tecnologias e das humanidades na educação crítica e inclusiva.
Por fim, a estrutura do trabalho está organizada em quatro partes principais: a introdução, que apresenta o tema, os objetivos e a justificativa da pesquisa; o capítulo “A integração das humanidades digitais na formação docente da EJA”, que discute os fundamentos e implicações formativas dessa integração; o capítulo “Práticas interdisciplinares e engajamento social na educação de jovens e adultos”, que analisa experiências e possibilidades de aplicação; e, por fim, as considerações finais, que sintetizam os resultados e reflexões, apontando caminhos futuros para a pesquisa e a prática docente.
2. A INTEGRAÇÃO DAS HUMANIDADES DIGITAIS NA FORMAÇÃO DOCENTE DA EJA
As humanidades digitais podem ser compreendidas como um campo interdisciplinar que integra os fundamentos das ciências humanas com o uso crítico e criativo das tecnologias digitais, promovendo novas formas de produzir, interpretar e disseminar o conhecimento. Segundo Abreu et al. (2025), o design instrucional e os recursos tecnológicos tornam-se instrumentos mediadores que possibilitam práticas pedagógicas mais interativas e reflexivas, reforçando a autonomia do educador e a participação ativa do estudante. Nessa linha, Anjos et al. (2024) destacam que a origem desse campo remonta à segunda metade do século XX, quando pesquisadores começaram a aplicar ferramentas computacionais na análise de textos e dados culturais, movimento que evoluiu até se consolidar como um paradigma formativo. Além do mais, Freires (2023) enfatiza que as humanidades digitais simbolizam um processo de reinvenção da escola diante das transformações sociais e tecnológicas contemporâneas, o que confere ao educador o papel de agente mediador entre o humano e o digital.
Além disso, o avanço das tecnologias e o crescimento da cultura digital têm provocado profundas mudanças nas formas de ensinar e aprender, demandando novas competências docentes e uma revisão dos currículos educacionais. Para Bodelão et al. (2025), a formação docente do século XXI exige uma postura crítica diante dos recursos tecnológicos, superando o uso meramente instrumental e incorporando práticas pedagógicas inovadoras e humanizadas. Barroso et al. (2025) complementam que o contexto pandêmico impulsionou a expansão das humanidades digitais, revelando sua importância para a continuidade da educação e para a criação de espaços colaborativos de aprendizagem. Nessa perspectiva, Freires et al. (2024) defendem que integrar as tecnologias digitais à formação de educadores significa desenvolver competências para lidar com múltiplas linguagens, promover a interdisciplinaridade e estimular a reflexão ética sobre o uso da informação.
À vista disso, pode-se citar experiências em que o uso das humanidades digitais tem transformado as práticas educativas, sobretudo na EJA. Freires et al. (2024) mencionam o impacto positivo de projetos que incorporam inteligência artificial e robótica educacional como meios de desenvolver habilidades cognitivas e colaborativas em alunos jovens e adultos. De modo semelhante, Gama et al. (2024) observam que as metodologias ativas apoiadas em plataformas digitais ampliam o engajamento e a autonomia dos estudantes, tornando a aprendizagem mais significativa. Ademais, Bodelão et al. (2025) ressaltam que práticas formativas baseadas nas humanidades digitais incentivam o diálogo entre áreas do conhecimento, estimulando a construção coletiva e crítica do saber. Assim, o campo das humanidades digitais se consolida como uma ponte entre tradição e inovação, favorecendo uma formação docente crítica, reflexiva e socialmente engajada.
Dessa maneira, a formação docente e a cultura digital se entrelaçam como dimensões essenciais da prática educativa contemporânea, sobretudo no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Conforme Abreu et al. (2025), o design instrucional aplicado à formação de professores visa à construção de competências digitais e pedagógicas que favoreçam a autonomia docente e o uso crítico das tecnologias. Nessa mesma direção, Anjos et al. (2024) afirmam que o avanço histórico da tecnologia educacional vem transformando o papel do professor, exigindo dele não apenas domínio técnico, mas também reflexão ética e social sobre os meios digitais. Outrossim, Freires (2023) pontua que a formação docente precisa ser ressignificada para responder às transformações culturais e comunicacionais do século XXI, valorizando a integração entre saberes tecnológicos, pedagógicos e humanos.
Além do mais, no cenário atual, a cultura digital redefine as práticas de ensino e aprendizagem na EJA, exigindo dos educadores uma postura mais flexível, criativa e inclusiva. Segundo Bodelão et al. (2025), a docência no século XXI enfrenta o desafio de conciliar o uso de recursos tecnológicos com metodologias interdisciplinares que estimulem a criticidade e a colaboração. Barroso et al. (2025) reforçam que, após a pandemia, consolidou-se a percepção de que as tecnologias não são apenas ferramentas complementares, mas componentes estruturantes de um novo modelo de ensino, pautado na conectividade e na aprendizagem ativa. Consoante a isso, Freires et al. (2024) destacam que a integração das tecnologias digitais à formação docente deve ocorrer em consonância com princípios humanísticos, a fim de que o professor atue como mediador entre o conhecimento técnico e as necessidades sociais dos alunos da EJA.
À exemplo disso, pode-se observar iniciativas formativas que inserem as tecnologias digitais de forma crítica e contextualizada na EJA, possibilitando o desenvolvimento de práticas inovadoras. Freires et al. (2024) relatam projetos em que a robótica educacional e a inteligência artificial são utilizadas para fomentar o raciocínio lógico e o trabalho colaborativo entre estudantes adultos. Do mesmo modo, Pereira et al. (2024) demonstram que as metodologias ativas, apoiadas por ambientes virtuais, ampliam o engajamento e a autonomia dos educadores em formação. Ademais, Gama et al. (2024) evidenciam que a adoção de estratégias baseadas em cultura digital promove a construção de saberes compartilhados e estimula o pensamento crítico-reflexivo. Assim, a formação docente na EJA, quando aliada à cultura digital, revela-se um processo emancipador que integra técnica, sensibilidade e compromisso social.
Dessa forma, as tecnologias e as práticas formativas constituem pilares essenciais para a construção de uma docência inovadora e comprometida com as transformações da educação contemporânea. De acordo com Abreu et al. (2025), o design instrucional, aliado às tecnologias digitais, permite a criação de experiências de aprendizagem personalizadas e interativas, que favorecem a autonomia e a criticidade do professor. Anjos et al. (2024) observam que a origem dessas práticas está ligada à evolução histórica dos recursos tecnológicos aplicados ao ensino, especialmente a partir do surgimento da informática educativa e da consolidação das metodologias digitais no século XXI. Ademais, Freires (2024) complementa que o uso da inteligência artificial e das tecnologias emergentes redefine o papel docente, deslocando-o de transmissor do conhecimento para orientador e mediador de experiências de aprendizagem.
Outrossim, no contexto da EJA, as tecnologias formativas assumem papel fundamental na superação de barreiras históricas de acesso, inclusão e permanência. Conforme Bodelão et al. (2025), a formação docente contemporânea precisa articular as tecnologias às dimensões pedagógicas e sociais do ensino, promovendo práticas contextualizadas e voltadas ao desenvolvimento integral dos educandos. Barroso et al. (2025) ressaltam que o ensino remoto e híbrido evidenciou a importância de professores capacitados para utilizar ferramentas digitais de forma criativa e colaborativa, ampliando as oportunidades de aprendizagem. Consoante a isso, Freires et al. (2024) indicam que a integração tecnológica nos processos formativos estimula o pensamento crítico, o trabalho em equipe e a capacidade de resolver problemas complexos, aspectos indispensáveis à docência inovadora e à prática interdisciplinar na EJA.
Dessa maneira, diversos exemplos ilustram como as tecnologias podem potencializar as práticas formativas e promover inovações pedagógicas. Freires et al. (2024) apresentam experiências de formação docente em que a robótica educacional é utilizada como instrumento para desenvolver habilidades cognitivas e socioemocionais. Pereira et al. (2024) destacam o uso de metodologias ativas em ambientes digitais, nas quais os educadores aprendem a planejar aulas colaborativas com base em situações-problema. Ademais, Gama et al. (2024) demonstram que o uso de plataformas multimídia e recursos interativos permite aos professores criar experiências de ensino mais significativas, alinhadas à cultura digital dos alunos. Assim, as tecnologias e práticas formativas, quando orientadas por uma perspectiva crítica e humanizadora, tornam-se caminhos efetivos para a construção de uma docência inovadora, reflexiva e socialmente engajada.
3. PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES E ENGAJAMENTO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A interdisciplinaridade pode ser compreendida como uma abordagem pedagógica que busca a integração de diferentes áreas do conhecimento, superando a fragmentação dos saberes e promovendo uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Segundo Abreu et al. (2025), o design instrucional contemporâneo deve favorecer conexões entre disciplinas, estimulando o pensamento crítico e a resolução criativa de problemas reais. Anjos et al. (2024) afirmam que a origem do pensamento interdisciplinar está associada aos movimentos de renovação educacional do século XX, quando se percebeu a necessidade de aproximar o conhecimento científico da realidade social. Ademais, Freires et al. (2024) reforçam que a interdisciplinaridade representa um eixo estruturante da formação docente, pois exige do educador sensibilidade para transitar entre áreas distintas e capacidade de articular os saberes científicos, culturais e tecnológicos no processo formativo.
Além disso, no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a interdisciplinaridade adquire papel central, visto que os educandos trazem consigo experiências de vida, saberes prévios e visões de mundo diversas que enriquecem o ambiente educativo. Conforme Bodelão et al. (2025), a formação docente na EJA deve ser orientada por uma postura interdisciplinar, que reconheça o valor dos saberes populares e promova a construção coletiva do conhecimento. Barroso et al. (2025) salientam que a inserção das tecnologias digitais potencializa esse processo, permitindo que os professores criem projetos pedagógicos integrados que relacionam temas como cultura, trabalho, cidadania e meio ambiente. Consoante a isso, Freires (2023) observa que a escola contemporânea deve reinventar-se a partir do diálogo entre as ciências humanas e as linguagens digitais, possibilitando práticas pedagógicas mais democráticas e socialmente engajadas.
À vista disso, há experiências pedagógicas que ilustram de modo concreto a relevância da interdisciplinaridade na EJA. Freires et al. (2024) relatam iniciativas em que o uso da robótica educacional e da inteligência artificial serve como eixo integrador entre matemática, ciências humanas e cidadania digital. De modo semelhante, Pereira et al. (2024) destacam que as metodologias ativas em plataformas virtuais favorecem o diálogo entre áreas do conhecimento, permitindo que o aluno compreenda os fenômenos de forma global e crítica. Ademais, Teles et al. (2025) exemplificam o potencial da interdisciplinaridade ao relatar projetos artísticos e multimodais que unem linguagens, história e matemática, mostrando que a integração de saberes amplia a compreensão do mundo e fortalece a função social da escola. Assim, a EJA se apresenta como um espaço privilegiado para o exercício de uma educação interdisciplinar, crítica e inclusiva.
Dessa maneira, as humanidades digitais configuram-se como um campo que une as ciências humanas às tecnologias digitais com o propósito de ampliar o acesso ao conhecimento, promover a inclusão e estimular a participação social por meio da cultura digital. De acordo com Abreu et al. (2025), o design instrucional, quando aplicado sob uma perspectiva humanística, possibilita a criação de experiências educacionais que valorizam a autonomia e o protagonismo dos aprendizes. Anjos et al. (2024) ressaltam que a gênese das humanidades digitais está ligada à necessidade de democratizar o uso das tecnologias e transformar o modo como o ser humano interage com o saber, tornando o aprendizado mais colaborativo e contextualizado. Ademais, Freires (2024) argumenta que a integração entre tecnologia e humanidades redefine o papel do professor e do aluno, pois ambos tornam-se sujeitos ativos na produção e disseminação do conhecimento em rede.
Outrossim, no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), as humanidades digitais representam um instrumento potente de inclusão educacional e social, pois aproximam os estudantes das dinâmicas tecnológicas contemporâneas e ampliam suas oportunidades de expressão e aprendizado. Bodelão et al. (2025) destacam que a formação docente deve incorporar as humanidades digitais como eixo central, possibilitando ao educador compreender o ambiente digital não apenas como ferramenta, mas como espaço de construção cidadã. Barroso et al. (2025) observam que o ensino mediado por tecnologia, quando orientado por princípios humanistas, contribui para reduzir desigualdades de acesso e para desenvolver competências críticas e colaborativas. Consoante a isso, Freires et al. (2024) enfatizam que a inserção das humanidades digitais na EJA fortalece o exercício da cidadania e a valorização dos saberes locais, permitindo que o conhecimento seja construído de forma plural e inclusiva.
À exemplo disso, múltiplas práticas educativas demonstram o potencial das humanidades digitais como promotoras da inclusão e da participação social. Freires et al. (2024) descrevem projetos em que o uso de tecnologias digitais, como robótica e inteligência artificial, possibilita aos educandos desenvolverem competências técnico-sociais e protagonismo comunitário. Do mesmo modo, Pereira et al. (2024) relatam experiências de aprendizagem mediadas por plataformas colaborativas que incentivam a troca de conhecimentos e a valorização da diversidade cultural. Ademais, Borges et al. (2025) destacam que o exercício da cidadania online, aliado à formação crítica, promove uma compreensão ética das interações no ambiente digital, contribuindo para a consolidação de uma educação mais participativa. Assim, as humanidades digitais se afirmam como ponte entre inclusão, tecnologia e engajamento social, fortalecendo os princípios de equidade e justiça na EJA.
Dessa forma, as experiências e práticas inovadoras na educação são compreendidas como iniciativas que buscam romper com modelos tradicionais de ensino, priorizando a construção ativa do conhecimento, a criatividade e o engajamento social. Segundo Abreu et al. (2025), o design instrucional contemporâneo deve favorecer a elaboração de estratégias pedagógicas dinâmicas e interativas, capazes de estimular a autonomia e a criticidade dos estudantes. Anjos et al. (2024) apontam que as práticas inovadoras surgem do avanço histórico das tecnologias aplicadas à educação, sendo impulsionadas pela necessidade de adaptação dos processos formativos às transformações culturais e tecnológicas do século XXI. Ademais, Freires (2023) salienta que inovar não significa apenas introduzir recursos digitais, mas, sobretudo, repensar o papel do professor e promover uma aprendizagem que articule tecnologia, ética e emancipação social.
Além disso, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), as práticas inovadoras ganham relevância ao responder às especificidades desse público, caracterizado por trajetórias de vida diversificadas e pela necessidade de valorização de saberes prévios. Conforme Bodelão et al. (2025), o docente da EJA deve atuar como mediador de experiências transformadoras, que aproximem o conhecimento escolar da realidade cotidiana dos alunos. Barroso et al. (2025) destacam que o ensino híbrido e as metodologias digitais contribuíram para a ampliação das possibilidades pedagógicas, tornando o aprendizado mais acessível e colaborativo. Consoante a isso, Freires et al. (2024) argumentam que a integração entre tecnologias e práticas inovadoras promove não apenas o desenvolvimento de competências cognitivas, mas também o fortalecimento da consciência crítica e do compromisso social dos sujeitos envolvidos no processo educativo.
À vista disso, inúmeras experiências pedagógicas demonstram como as práticas inovadoras podem gerar transformação social no contexto da EJA. Freires et al. (2024) descrevem projetos em que o uso da robótica educacional e da inteligência artificial favorece o pensamento lógico, o trabalho em equipe e a inserção digital de jovens e adultos. Pereira et al. (2024) relatam a aplicação de metodologias ativas que utilizam ambientes virtuais para promover aprendizagens colaborativas e contextualizadas. Ademais, Teles et al. (2025) apresentam experiências interdisciplinares que integram arte, linguagem e tecnologia, ampliando a visão crítica dos educandos e estimulando o protagonismo cultural e social. Assim, fica evidente que a inovação pedagógica, quando fundamentada nas humanidades digitais e na interdisciplinaridade, torna-se instrumento de transformação social, fortalecendo o papel da EJA como espaço de emancipação e cidadania.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral deste trabalho — analisar o papel das humanidades digitais na formação de educadores da EJA, com foco na promoção de práticas interdisciplinares e socialmente engajadas — foi plenamente atingido. Isso se deve ao fato de que a pesquisa evidenciou como a incorporação das tecnologias digitais às práticas pedagógicas pode favorecer uma formação docente mais crítica, colaborativa e sensível às realidades sociais dos estudantes. Ao longo do estudo, demonstrou-se que as humanidades digitais não se limitam ao uso instrumental das tecnologias, mas configuram-se como um movimento cultural e educacional que ressignifica os processos de ensino e aprendizagem na contemporaneidade.
Além disso, os principais resultados apontam que a integração entre tecnologia e humanidades na EJA amplia as possibilidades de expressão e construção do conhecimento dos educandos, fortalecendo a dimensão participativa e emancipadora da educação. Observou-se que práticas interdisciplinares mediadas por recursos digitais podem promover maior engajamento dos alunos, estimular a reflexão crítica sobre o contexto social e cultural e, sobretudo, fomentar o protagonismo docente na criação de metodologias inovadoras e contextualizadas. Assim, a pesquisa reforça o potencial das humanidades digitais como eixo formativo que valoriza tanto o desenvolvimento técnico quanto o ético e político da docência.
Consoante a isso, as contribuições teóricas deste estudo residem na ampliação do debate sobre a integração das humanidades digitais no campo da Educação de Jovens e Adultos. O trabalho oferece uma reflexão sobre a importância de repensar os processos formativos sob a ótica da interdisciplinaridade e da inclusão sociotecnológica, defendendo uma concepção de formação docente que articule tecnologia, cultura e cidadania. Nesse sentido, a pesquisa contribui para o fortalecimento de uma visão crítica sobre a educação digital e inspira novas abordagens voltadas à equidade e à transformação social.
Outrossim, não foram identificadas limitações relevantes ao longo do percurso investigativo, uma vez que os métodos adotados — baseados em uma abordagem bibliográfica e qualitativa — permitiram alcançar os objetivos propostos com profundidade e coerência. A natureza reflexiva do estudo possibilitou a análise de produções teóricas e práticas pedagógicas diversas, assegurando uma compreensão ampla sobre as interfaces entre humanidades digitais e formação docente na EJA.
Sendo assim, sugere-se que futuras pesquisas possam avançar na realização de estudos de campo e investigações empíricas que explorem, de maneira prática, as experiências formativas envolvendo as humanidades digitais em contextos reais da EJA. Recomenda-se, ainda, o desenvolvimento de programas formativos que integrem o uso crítico das tecnologias à valorização dos saberes locais e à participação comunitária. Com isso, será possível consolidar uma educação de jovens e adultos que una a dimensão tecnológica à humana, promovendo práticas verdadeiramente interdisciplinares, criativas e socialmente engajadas.
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1 Mestra em Ciências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). E-mail: [email protected]