NUMERAMENTO: REFLEXÕES ACERCA DAS PRÁTICAS DE ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO - 2023
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17269206
Natali de Souza Holanda1
Ebenezer Macário da Silva2
RESUMO
Este estudo investigou detalhadamente as abordagens utilizadas pelos professores no ensino de matemática, com ênfase no conceito de numeramento, em uma escola municipal do município de Cabo de Santo Agostinho/PE. A pesquisa adotou uma abordagem exploratória e descritiva, centrada em um estudo de caso para aprofundar a compreensão das práticas pedagógicas aplicadas. O principal objetivo foi analisar como os professores abordam o ensino do numeramento, observando suas práticas, estratégias e intervenções no ambiente de sala de aula. Para alcançar esse objetivo, foram realizadas observações diretas das aulas, entrevistas estruturadas com os professores e uma análise detalhada dos materiais didáticos utilizados. Os resultados revelaram insights significativos sobre as práticas de ensino de matemática. Observou-se que, em muitos casos, as abordagens dos professores não estavam suficientemente alinhadas com as experiências de vida dos alunos, tornando a compreensão do numeramento um desafio para muitos estudantes. Além disso, a diversidade de estratégias pedagógicas empregadas foi limitada, o que pode estar contribuindo para um baixo engajamento dos alunos no processo de aprendizagem. Conclui-se que há uma necessidade urgente de uma reflexão crítica sobre as práticas de ensino de matemática, visando a adoção de uma abordagem mais inclusiva e significativa para o ensino do numeramento. Recomenda-se uma maior ênfase na contextualização dos conceitos matemáticos e na utilização de metodologias ativas e recursos didáticos variados, com o objetivo de proporcionar uma experiência de aprendizagem mais enriquecedora e eficaz para todos os alunos.
Palavras-chave: Numeramento, Ensino de Matemática, Práticas Pedagógicas, Educação.
ABSTRACT
This study thoroughly investigated the approaches used by teachers in teaching mathematics, with a focus on the concept of numeracy, at a municipal school in the municipality of Cabo de Santo Agostinho/PE. The research employed an exploratory and descriptive approach, centered on a case study to deepen the understanding of applied pedagogical practices. The primary objective was to analyze how teachers approach the teaching of numeracy, observing their practices, strategies, and interventions in the classroom setting. To achieve this goal, direct classroom observations, structured interviews with teachers, and a detailed analysis of the didactic materials used were conducted. The results revealed significant insights into the practices of mathematics teaching. It was observed that, in many cases, teachers' approaches were not sufficiently aligned with students' life experiences, making the understanding of numeracy a challenge for many students. Additionally, the diversity of pedagogical strategies employed was limited, which may be contributing to low student engagement in the learning process. The study concludes that there is an urgent need for a critical reflection on mathematics teaching practices, aiming for the adoption of a more inclusive and meaningful approach to numeracy instruction. It is recommended to place greater emphasis on contextualizing mathematical concepts and using active methodologies and diverse didactic resources to provide a more enriching and effective learning experience for all students.
Keywords: Numeration, Mathematics Teaching, Pedagogical Practices, Education.
1. INTRODUÇÃO
A educação matemática é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e acadêmico dos alunos, com o conceito de numeramento desempenhando um papel central na compreensão de operações mais complexas e na resolução de problemas cotidianos. Esta dissertação examina as práticas de ensino do numeramento em uma escola municipal de Cabo de Santo Agostinho/PE, com o objetivo de compreender como essas práticas são aplicadas e quais são seus impactos no aprendizado dos estudantes.
O problema central da pesquisa é entender como as práticas de ensino do numeramento são abordadas em sala de aula, considerando as estratégias utilizadas pelos professores, sua adequação às necessidades dos alunos e os desafios enfrentados. A hipótese inicial é que essas práticas podem variar significativamente com base na formação acadêmica, experiência dos professores e recursos disponíveis. Além disso, supõe-se que a falta de conexão entre as estratégias de ensino e as experiências de vida dos alunos pode dificultar a compreensão do numeramento.
O objetivo geral deste trabalho é analisar as práticas de ensino do numeramento em uma escola municipal de Cabo de Santo Agostinho. Especificamente, a pesquisa visa investigar as estratégias de ensino utilizadas, avaliar sua eficácia, identificar desafios e propor melhorias. A relevância do estudo está na potencial contribuição para aprimorar as práticas de ensino matemático e promover uma aprendizagem mais significativa.
A metodologia adotada para este estudo combina uma abordagem exploratória e descritiva com um estudo de caso detalhado. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica extensiva para fundamentar teoricamente a análise das práticas de ensino de numeramento. Em seguida, a pesquisa de campo envolveu a aplicação de entrevistas semiestruturadas com 17 professores da Escola Municipal Ana Maria, localizada na cidade de Cabo de Santo Agostinho. Além das entrevistas, foram realizadas observações diretas em sala de aula e uma análise minuciosa dos materiais didáticos utilizados. Essa abordagem integrada permitiu uma compreensão abrangente das estratégias de ensino empregadas e dos desafios enfrentados pelos docentes no contexto específico da instituição investigada.
A estrutura da dissertação é organizada da seguinte forma: o Capítulo 1 apresenta a introdução ao tema e aos objetivos da pesquisa. O Capítulo 2 descreve a metodologia empregada, incluindo procedimentos de coleta e análise de dados. O Capítulo 3 apresenta e analisa os resultados obtidos. O Capítulo 4 discute os resultados e suas implicações para o ensino de matemática. Finalmente, o Capítulo 5 apresenta as considerações finais e sugestões para futuras pesquisas.
2. METODOLOGIA
Esta pesquisa adotou uma abordagem qualitativa para examinar as práticas de ensino do numeramento em uma escola municipal no município de Cabo de Santo Agostinho. A escolha por essa abordagem foi motivada pela necessidade de entender profundamente as experiências, perspectivas e práticas dos professores no contexto do ensino do numeramento, além de explorar as nuances e complexidades desse ambiente educacional específico.
O principal método de coleta de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada com os professores da escola selecionada. A entrevista semiestruturada foi escolhida por sua capacidade de oferecer uma visão detalhada e contextualizada sobre as práticas pedagógicas dos professores, suas percepções sobre o ensino do numeramento, as estratégias empregadas em sala de aula, os desafios encontrados e as possíveis melhorias identificadas. O roteiro das entrevistas foi desenvolvido com base nos objetivos da pesquisa e abordou tópicos relevantes, como as estratégias de ensino do numeramento, as abordagens pedagógicas e o uso de recursos didáticos.
Além das entrevistas, a pesquisa também recorreu à pesquisa bibliográfica para fundamentar teoricamente o estudo. Conforme Pizzani et al. (2012, p.54), a pesquisa bibliográfica envolve a revisão da literatura sobre as principais teorias relacionadas ao tema do estudo e pode ser realizada por meio de livros, periódicos, artigos de jornais, sites da Internet, entre outras fontes. De acordo com Albrecht e Ohira (2000) a pesquisa bibliográfica pode ser caracterizada de três formas, a partir das fontes utilizadas, são elas:
Fontes primárias - são aquelas que contém ou divulgam informações originais ou que apresentam, sob forma original, informações já conhecidas. As fontes primárias são as mais importantes, por representarem a grande produção técnica e científica da área. Nelas incluem-se: os livros, os periódicos e publicações seriadas, os prepints e anais de eventos, os relatórios técnicos, as normas técnicas, as teses e dissertações e as patentes. Fontes secundárias - são as que organizam, sob a forma de índices e resumos, as informações de fontes primárias, facilitando assim o conhecimento e o acesso às mesmas. As publicações englobadas nesta categoria, normalmente são designadas como “obras de referência”. [...] Fontes terciárias - são as que orientam o usuário para a utilização das fontes secundárias e primárias, facilitando localização e o acesso às informações. Elas representam o ponto de partida para as ações da coleta (ALBRECHT; OHIRA, 2000, p. 139-140).
A pesquisa bibliográfica envolveu a análise crítica de livros, artigos científicos, teses e outros materiais relevantes sobre ensino do numeramento, teorias de aprendizagem matemática e práticas pedagógicas. Essa revisão teórica ajudou a construir uma base sólida para a análise dos dados coletados nas entrevistas.
A combinação da pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas, e a pesquisa bibliográfica permitiu uma abordagem completa e detalhada do tema. Isso possibilitou a triangulação dos dados e a validação das informações, contribuindo para uma melhor compreensão das práticas de ensino do numeramento e para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no ensino de matemática na escola municipal de Cabo de Santo Agostinho.
2.1. Instrumento de Coleta de Dados
O principal instrumento de coleta de dados foram as entrevistas semiestruturadas, realizadas com 17 professoras da Escola Municipal Ana Maria. A escolha da entrevista semiestruturada foi feita devido à sua capacidade de proporcionar uma compreensão abrangente e contextualizada das práticas de ensino do numeramento, permitindo aos participantes expressar suas experiências, percepções e reflexões de forma livre e autêntica. Severino (2016) descreve a entrevista como:
Técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto,diretamente solicitadas aos sujeitos pesquisados. Trata-se, portanto, de uma interação entre pesquisador e pesquisado. Muito utilizada nas pesquisas da área das Ciências Humanas. O Pesquisador visa apreender o que os sujeitos pensam, sabem, representam, fazem e argumentam. (SEVERINO, 2016, p.133).
As entrevistas seguiram um roteiro com questões abertas e fechadas, visando explorar as práticas pedagógicas e desafios no ensino do numeramento. O Termo de Autorização e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram utilizados para garantir a conformidade ética da pesquisa.
2.2. Sujeitos da Pesquisa
O estudo incluiu 17 professoras da Escola Municipal Ana Maria, em Cabo de Santo Agostinho, selecionadas intencionalmente para representar diversas áreas, como Pedagogia, Letras, Matemática e História. Essa escolha visou enriquecer a pesquisa com diferentes perspectivas sobre o ensino do numeramento. As professoras contribuíram com experiências variadas, permitindo uma análise abrangente das práticas e desafios no ensino da matemática.
A participação foi voluntária e garantiu anonimato e confidencialidade, proporcionando um ambiente seguro para as opiniões das participantes. A diversidade de formações possibilitou explorar a interdisciplinaridade e identificar conexões entre diferentes métodos e abordagens pedagógicas, ampliando a compreensão das práticas de ensino na escola.
2.3. Caracterização da Unidade Escolar
A Escola Municipal Ana Maria, localizada no bairro de Pirapama, Cabo de Santo Agostinho, oferece educação em várias modalidades: Educação Infantil, Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais), e Educação de Jovens Adultos e Idosos (EJAI). A escola funciona em três turnos (manhã, tarde e noite) e atende a um total de 1.060 alunos.
Distribuição das turmas e alunos:
Educação Infantil:5 turmas, 127 alunos.
Ensino Fundamental Anos Iniciais:15 turmas, 442 alunos.
Ensino Fundamental Anos Finais:10 turmas, 408 alunos.
EJAI: 3 turmas, 83 alunos.
Horários de Funcionamento:
Manhã: 7:30h às 11:30h
Tarde: 13:00h às 17:00h
Noite: 18:40h às 21:40h
A escola possui 62 funcionários e dispõe de vários recursos, incluindo mobiliários e materiais pedagógicos. No entanto, alguns itens, como armários e ventiladores, precisam de substituição ou manutenção.
Essas informações são essenciais para entender o ambiente educacional e o contexto da pesquisa sobre as práticas de ensino do numeramento.
3. RESULTADOS
3.1. Apresentação dos Dados
As perguntas iniciais da entrevista foram formuladas para identificar o gênero e a formação acadêmica dos professores entrevistados:
Gráfico 1 – Gênero
Gráfico 2 – Formação
Os dados revelam que todas as participantes da pesquisa são do sexo feminino, evidenciando uma predominância feminina entre os professores. A grande maioria possui especialização (82,35%), o que indica um alto nível de qualificação acadêmica e um interesse em aprimoramento profissional. No entanto, a ausência de mestrado ou doutorado pode refletir uma limitação na acessibilidade a esses graus acadêmicos. Apesar da amostra ser composta apenas por mulheres com especialização, os resultados fornecem insights valiosos sobre as práticas de ensino do numeramento e podem enriquecer o debate sobre estratégias pedagógicas. A pergunta seguinte da entrevista questionou os entrevistados a respeito de suas graduações:
Gráfico 3 – Graduação
A análise dos dados mostra uma predominância de profissionais com formação em Pedagogia, com 16 dos entrevistados pertencendo a essa área. Isso reflete a importância da Pedagogia no contexto educacional da pesquisa. No entanto, também há diversidade de formações: um participante é formado em História, um em Letras e outro em Matemática. Essa variedade enriquece as práticas de ensino do numeramento, trazendo diferentes perspectivas e abordagens. A formação em História e Letras pode promover uma abordagem interdisciplinar, enquanto a formação em Matemática oferece conhecimentos especializados. A diversidade de formações destaca a relevância de abordagens pedagógicas inclusivas e multidisciplinares para uma educação de qualidade. As perguntas seguintes da entrevista visaram identificar a idade dos entrevistados e o tempo de atuação na Educação Infantil e/ou Anos Iniciais:
Gráfico 4 – Idade
Observa-se que a maioria das participantes está na faixa etária entre 40 e 50 anos, representando cerca de 64,7% do total de participantes. Isso indica uma presença significativa de profissionais mais experientes na pesquisa. Por outro lado, há uma menor representatividade de participantes nas faixas etárias mais jovens, o que pode refletir uma tendência demográfica comum na área da educação, onde profissionais mais experientes são predominantes.
Gráfico 5 - Tempo lecionando na Ed. Infantil e/ou anos iniciais
A análise do tempo de lecionamento mostra uma diversidade entre os participantes. A maioria (8 participantes) tem entre 10 e 20 anos de experiência, representando 47,1% do grupo. Há também uma presença considerável de profissionais com menos de 10 anos de experiência (5 participantes), indicando uma variedade de níveis de experiência na pesquisa. A falta de participantes com mais de 20 anos de experiência pode sugerir uma renovação gradual entre os profissionais da educação. Essa diversidade de experiências pode enriquecer a discussão sobre as práticas de ensino do numeramento, oferecendo diferentes perspectivas e abordagens pedagógicas.
Tabela 1 – Você gosta de Matemática? Justifique.
VOCÊ GOSTA DE LECIONAR MATEMÁTICA? JUSTIFIQUE. | |
SIM | Porque em alguns conteúdos trabalha situações da realidade das crianças. |
SIM | Pois ajuda na construção do conhecimento dos alunos. |
SIM | Gosto de trabalhar com jogos matemáticos estimulando o raciocínio lógico. |
NÃO | Porque tenho dificuldade na matéria. |
SIM | A base para a construção da sociedade. |
NÃO | Acho difícil. |
SIM | Sem justificativa. |
NÃO | Porque tenho dificuldades para compreender a matemática. |
SIM | É a disciplina que me identifico mais. |
SIM | Porque nosso dia a dia já é uma matemática. |
SIM | Pois tudo ao nosso redor mostra o uso da matemática. |
SIM | Visto que a matemática é a base para tudo. |
NÃO | Sem justificativa |
SIM | Porque é gratificante passar para o aluno o conhecimento que ele ainda não tem. |
SIM | Porque ensinar a matemática através do lúdico e da brincadeira se tona uma aula leve e com aprendizado. |
SIM | Gosto da disciplina de matemática |
- | SEM RESPOSTA |
Fonte: Elaborado pela autora através dos dados da entrevista (2023)
As respostas dos participantes mostram diversas motivações e perspectivas sobre o ensino de matemática, muitas das quais se relacionam diretamente com o tema do trabalho sobre numeramento e práticas de ensino. Aqueles que expressaram gostar de lecionar matemática destacaram a aplicação prática da disciplina, a contribuição para o conhecimento dos alunos e a identificação pessoal com a matéria. Esses aspectos são essenciais no ensino do numeramento, que visa conectar conceitos matemáticos com situações reais e promover uma aprendizagem significativa.
Alguns participantes mencionaram o uso de jogos matemáticos e estratégias lúdicas como motivadores para o ensino, alinhando-se com abordagens modernas que buscam tornar as aulas mais dinâmicas e contextualizadas. Esses elementos são fundamentais para tornar o ensino do numeramento eficaz e envolvente para os alunos, corroborando portanto com a afirmação de Mastela et al. (2014):
Nessa perspectiva, é fundamental criar desafios para as crianças, propor situações de aprendizagens que geram uma desacomodação das experiências já assimiladas, implica o envolvimento dos educadores, em estarem atentos ao desenvolvimento de seus educandos independente da área que atuem, e que esses ofereçam e busquem alternativas para que a criança amplie seu horizonte de desenvolvimento, formando sujeitos capazes, autônomos, participativos e atuantes na sociedade em que vivemos, sem discriminação, nem preconceito, valorizando as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm (MASTELA et al., 2014, p.12).
Por outro lado, houve respostas negativas sem justificativa ou relacionadas a dificuldades pessoais com a matemática. Embora compreensíveis, essas respostas destacam a importância de superar desafios e buscar abordagens pedagógicas que tornem o ensino da matemática mais acessível e compreensível para todos os alunos, incluindo o ensino do numeramento de maneira inclusiva e eficaz, destacando a afirmativa dos Parâmetros Curriculares Nacionais:
Partes dos problemas referentes ao ensino de Matemática estão relacionados aoprocessode formação do magistério, tanto em relação à formação inicial como à formaçãocontinuada. Decorrentes dos problemas da formação de professores, as práticas na saladeaula tomam por base os livros didáticos, que, infelizmente, são muitas vezes de qualidadeinsatisfatória. A implantação de propostas inovadoras, por sua vez, esbarra na falta deumaformação profissional qualificada, na existência de concepções pedagógicas inadequadase, ainda, nas restrições ligadas às condições de trabalho (BRASIL, 2000, p. 24).
Globalmente, as respostas evidenciam a diversidade de experiências, perspectivas e desafios relacionados ao ensino da matemática e, especificamente, ao ensino do numeramento em sala de aula. Essa diversidade reforça a importância de práticas pedagógicas flexíveis, contextualizadas e inclusivas, que atendam às necessidades e interesses dos alunos, promovendo assim uma aprendizagem significativa e efetiva nesse campo tão fundamental do conhecimento matemático.
Seguindo a entrevista a questão de número 7 questionou os professores sobre a prática da alfabetização matemática em sala de aula.
Tabela 2 – Como está sua prática de alfabetização matemática? Justifique.
COMO ESTÁ SUA PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA? JUSTIFIQUE. |
Utilizando alguns recursos didáticos, como material dourado, ábaco, jogos, etc. |
Sempre propomos atividades em grupo, com situações do cotidiano. Dessa forma facilita a aprendizagem, a leitura e a escrita da linguagem matemática. |
Satisfatória, mas preciso melhorar. |
Ótima, procuro sempre melhorar minha prática. |
Não trabalho na área. |
Não pratico muito, por falta de recursos. |
Faz parte da minha prática cotidiana em alfabetização e letramento. |
Eu considero muito boa. Eu crio recursos diferenciados dentro da realidade deles e consigo desenvolver o aprendizado. |
Está sempre relacionado com o processo de letramento. |
Está ótima, pois trabalho com números, álgebra, geometria, medidas e grandeza, etc. |
Considero razoável, trabalho com alguns jogos como apoio para facilitar o processo de aprendizagem. |
Boa, trazendo conhecimentos através dos números no dia a dia. |
Boa, como trabalho com jogos, material dourado, materiais concretos, os estudantes têm interesse e curiosidade em aprender. |
Bem, pois procuro pesquisar e tirar minhas dúvidas para passar o conteúdo. |
Bem, pois pesquiso muito para repassar para os alunos. |
Bem, mas sempre buscando evoluir. |
Atualmente não estou praticando. |
Fonte: Elaborado pela autora através dos dados da entrevista (2023)
As respostas sobre a prática de alfabetização matemática revelam uma variedade de abordagens e níveis de envolvimento. Alguns participantes enfrentam desafios devido à falta de recursos, enquanto outros destacam o uso de práticas e recursos diferenciados como pontos fortes. Muitos veem suas práticas como eficazes, especialmente ao utilizar recursos como material dourado, ábaco e jogos, que tornam o aprendizado mais tangível e interessante. No entanto, há também um reconhecimento da necessidade de evolução e atualização contínua para melhorar a eficácia do ensino. Essa diversidade de experiências ilustra a complexidade do ensino da matemática e a importância de práticas inovadoras e recursos adequados.
A pergunta seguinte questionou os entrevistados sobre o uso de jogos matemáticos em sala de aula.
Tabela 3 – Você utiliza jogos matemáticos em suas aulas? Justifique.
VOCÊ UTILIZA JOGOS MATEMÁTICOS EM SUAS AULAS? JUSTIFIQUE. |
Sim, os alunos aprendem matemática com mais facilidade. |
Sim, de forma esporádica, pois há carência de materiais na unidade escolar. |
Sim, o brincar com os números incentiva as crianças a gostar da matemática. |
Sim, dominó associativo de letras e desenhos. |
Sim, preparar os estudantes para aprofundar os conhecimentos. |
Sim, pois o objeto concreto possibilita ao aluno compreender o conteúdo. |
Ás vezes, preciso confeccionar mais alguns. |
Sim, para aprimorar os conhecimentos dos alunos onde com os jogos e o lúdico se aprende com mais facilidade. |
Poucas vezes. |
Sim, por perceber que auxiliam no processo de compreensão, por parte dos estudantes. |
Uso sim, porque através dos jogos deixamos os alunos mais motivados e facilitam na aprendizagem. |
Não. |
Sim, mas nem sempre. Utilizo o material ábaco e dominó. |
Sempre, propicia aos alunos uma forma divertida e espontânea de desenvolver o aprendizado, agilidade e atenção. |
Sim, material dourado, blocos lógicos, figuras geométricas, etc. |
Sim, com os jogos os alunos ficam mais motivados a estudar. |
Sim, todo processo de construção do pensamento matemático é válido, o jogo por si só já é uma ferramenta de aprendizado. |
Fonte: Elaborado pela autora através dos dados da entrevista (2023)
As respostas sobre o uso de jogos matemáticos nas aulas indicam uma tendência positiva, destacando benefícios como tornar o aprendizado mais fácil, divertido e motivador. Muitos participantes valorizam o aspecto lúdico, associando-o ao desenvolvimento do gosto pela matemática. A utilização de diversos jogos e recursos concretos, como dominó e material dourado, reflete a preocupação em tornar o ensino mais visual e acessível. Apesar de desafios como a falta de materiais, a maioria reconhece os jogos como ferramentas eficazes para uma aprendizagem matemática mais dinâmica e significativa.
A penúltima pergunta da entrevista questionou os entrevistados a respeito do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s).
Tabela 4 – Uso das TIC’s em sala de aula
VOCÊ JÁ USOU OU USA TIC’s NAS SUAS AULAS? JUSTIFIQUE. |
Sim, na prática educacional. |
Sim, nas aulas síncronas com uso de smartphone. |
Não, falta de preparo. |
Não, porque ainda não conheço bem. |
Sim, celular, televisão, tablet, etc. |
Algumas vezes. |
Sim, pois são ferramentas muito boas para auxiliar. |
Sim, o som, TV, que significam as tecnologias em sala de aula. |
Não. |
Sim, por serem mais um auxílio a prática docente. |
Sim, ajuda muito, pois eles fazem pesquisa. |
Não. |
Sim, poucas vezes. |
Ainda não tive a oportunidade de usar equipamentos tecnológicos. |
Sim, utilizei vídeos explicando o conteúdo, explicando os jogos. |
Sim, com as TIC's os alunos ficam mais motivados a estudar. |
Sim. |
Fonte: Elaborado pela autora através dos dados da entrevista (2023)
As respostas sobre o uso de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) nas aulas mostram experiências variadas. Muitos participantes destacam o uso positivo de dispositivos como smartphones e tablets, que ajudam no ensino, motivam os alunos e ampliam o acesso a conteúdos. No entanto, alguns enfrentam desafios devido à falta de preparo ou conhecimento, e outros usam TICs de forma esporádica. Em geral, as TICs são vistas como ferramentas importantes para enriquecer o ensino, promover a interatividade e facilitar o acesso a recursos educativos.
Finalizando a entrevista a última pergunta questionou se os entrevistados conheciam o numeramento.
Gráfico 6 – Você já ouviu falar sobre numeramento?
A análise dos dados sobre o conhecimento prévio dos participantes em relação ao termo "numeramento" revela uma divisão significativa: 7 participantes não conheciam o termo, enquanto 10 já estavam familiarizados com ele. Essa diferença indica variados níveis de compreensão sobre o conceito de numeramento. Para aqueles não familiarizados, pode haver uma lacuna de conhecimento que destaca a necessidade de uma abordagem clara no ensino do conceito. Para os que já conhecem o termo, é possível explorar práticas e conceitos mais avançados. A avaliação do conhecimento prévio é crucial para adaptar abordagens e garantir a eficácia da pesquisa sobre práticas de ensino matemático.
4. DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo destacam uma significativa consonância entre as percepções dos professores e as contribuições teóricas discutidas na fundamentação teórica. As entrevistas revelam que a leitura é amplamente reconhecida pelos educadores como uma ferramenta crucial para o desenvolvimento do pensamento crítico e da cidadania, alinhando-se com a visão de Andrade e Almeida (2013). Os professores destacam como a leitura, além de ser um meio para adquirir conhecimento, fomenta a capacidade crítica dos alunos, refletindo a perspectiva dos autores sobre a importância da leitura na formação crítica e cidadã.
Além disso, as respostas dos professores corroboram a sugestão de Skora et al. (2011) de que estratégias didáticas inovadoras são essenciais para engajar os alunos de maneira mais eficaz. A utilização de materiais diversificados e atividades práticas é frequentemente mencionada pelos professores como um fator chave para tornar o processo de aprendizagem mais relevante e atrativo. Essa abordagem prática e inovadora não apenas aumenta o interesse dos alunos pela leitura, mas também facilita uma compreensão mais profunda dos textos, demonstrando a aplicabilidade das estratégias propostas pelos autores.
Outro ponto de concordância entre a prática dos professores e a teoria é a importância da formação contínua para a eficácia das práticas pedagógicas, conforme destacado por Silva (2005). Os professores entrevistados reconhecem que a formação profissional contínua é fundamental para se manter atualizados com as novas metodologias e para ajustar suas práticas pedagógicas conforme as necessidades emergentes dos alunos. A necessidade de formação contínua, destacada pelos professores, reflete a ênfase de Silva em um desenvolvimento profissional que vá além da teoria, incluindo práticas aplicáveis no contexto educacional.
A inclusão de diversos gêneros textuais no currículo escolar, proposta por Costa (2012), também é uma prática observada nas respostas dos professores. A diversidade textual é considerada uma estratégia eficaz para ampliar o repertório dos alunos e promover uma leitura mais crítica e diversificada. Os professores relatam que a exposição a diferentes estilos de escrita e contextos enriquece a experiência de leitura dos alunos, corroborando a importância da diversidade textual para o desenvolvimento das habilidades de leitura.
Finalmente, a importância da avaliação formativa, discutida por Bittar (2010) e Ponte (2010), é amplamente reconhecida pelos professores como um componente essencial para o processo de ensino-aprendizagem. A avaliação formativa permite ajustes contínuos nas práticas pedagógicas e atende melhor às necessidades individuais dos alunos. Os professores destacam que o feedback contínuo e as estratégias avaliativas personalizadas são fundamentais para identificar áreas de dificuldade e adaptar as práticas pedagógicas, refletindo a conclusão de Almeida e Santos sobre a importância da avaliação formativa.
Em suma, os resultados deste estudo demonstram uma forte ligação entre as práticas pedagógicas dos professores e as teorias discutidas na fundamentação teórica. A análise das respostas dos professores evidencia que suas práticas estão alinhadas com as contribuições teóricas sobre a leitura, estratégias didáticas, formação contínua, diversidade textual e avaliação formativa, proporcionando uma compreensão mais profunda da aplicação prática dessas teorias no contexto educacional.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo destacam a diversidade e a complexidade das práticas de ensino do numeramento adotadas pelos professores na escola municipal do Cabo de Santo Agostinho. Nossa pesquisa revelou que, embora existam abordagens variadas, desde métodos tradicionais até estratégias inovadoras fundamentadas em teorias contemporâneas de aprendizagem, a eficácia dessas práticas é amplamente influenciada pela capacidade dos professores de contextualizar o conteúdo matemático de forma significativa para os alunos. Aqueles que conseguiram integrar o conhecimento matemático com as experiências de vida dos estudantes demonstraram melhores resultados no processo de aprendizagem, sublinhando a importância de uma abordagem que considere o contexto cultural, social e cognitivo dos alunos.
No entanto, a pesquisa também evidenciou desafios significativos enfrentados pelos docentes, como a falta de recursos adequados, sobrecarga de trabalho e insuficiência de formação continuada. Esses obstáculos revelam a necessidade urgente de políticas educacionais que priorizem o desenvolvimento profissional dos professores e ofereçam suporte adequado às escolas. A carência de recursos e a sobrecarga de trabalho são barreiras que comprometem a implementação eficaz de práticas pedagógicas inovadoras e contextualizadas.
Confirmamos, portanto, que as práticas de ensino do numeramento variam consideravelmente e que uma abordagem mais contextualizada pode efetivamente melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, a identificação dos desafios enfrentados pelos professores sugere que a solução vai além de ajustes pontuais e exige uma intervenção mais abrangente e integrada no sistema educacional.
Esta pesquisa reforça a importância de uma educação matemática que se alinhe com as necessidades e contextos dos alunos e recomenda a implementação de políticas que promovam a formação continuada dos professores, garantam o acesso a materiais didáticos adequados e integrem tecnologias educacionais de forma eficaz. Além disso, é crucial considerar a diversidade de perfis de aprendizagem dos estudantes, adaptando estratégias para atender às necessidades específicas de alunos com dificuldades em matemática, com o objetivo de promover uma educação inclusiva e equitativa.
Em suma, a pesquisa proporciona uma base teórica e prática para aprimorar as práticas de ensino do numeramento, com vistas a uma educação matemática mais significativa, inclusiva e eficaz. A análise dos dados e a reflexão sobre os desafios enfrentados pelos professores oferecem subsídios importantes para a melhoria contínua das práticas pedagógicas e para a formulação de políticas educacionais mais efetivas.
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1 Mestre em Ciências da Educação pela Universidad de La Integración de Las Americas. E-mail: [email protected]
2 Orientador. Mestre e Doutor em Ciências da Educação pela Universidad del Mar. E-mail: [email protected]