MUTAÇÃO SILENCIOSA: A FAMÍLIA E O IMPACTO DA REVOLUÇÃO ANTROPOLÓGICA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15861558


Nilton Pereira da Cunha1


RESUMO
Este artigo discute os efeitos da era digital sobre a estrutura familiar, propondo que vivemos uma mutação silenciosa, ou seja, uma verdadeira revolução antropológica distinta de meras mudanças históricas ou culturais. As telas passaram a ocupar um papel central na formação da subjetividade, alterando a forma como crianças e adolescentes aprendem, desenvolvem vínculos afetivos e constroem suas identidades. A família, tradicionalmente espaço de cuidado, afeto e transmissão de valores, tem sido progressivamente substituída por dispositivos tecnológicos que modulam emoções e relações. Como consequência, observa-se o enfraquecimento das relações intergeracionais, o aumento de comportamentos antissociais e a dificuldade de desenvolver empatia e autorregulação emocional. A crise da família, nesse novo contexto, não é um fenômeno isolado do Brasil, mas global, com sintomas semelhantes em países como Estados Unidos, Japão, França e Reino Unido. Diante disso, o texto convida à tomada de consciência sobre o momento histórico que vivemos, e à urgente reconstrução dos vínculos humanos mais essenciais – começando pelo espaço íntimo da convivência familiar.
Palavras-chave: Mutação Silenciosa. Revolução Antropológica. Família. Era Digital.

ABSTRACT
This article discusses the effects of the digital age on family structure, proposing that we are experiencing a silent mutation, that is, a true anthropological revolution distinct from mere historical or cultural changes. Screens have come to occupy a central role in the formation of subjectivity, altering the way children and adolescents learn, develop emotional bonds and build their identities. The family, traditionally a space for care, affection and the transmission of values, has been progressively replaced by technological devices that modulate emotions and relationships. As a consequence, we have observed the weakening of intergenerational relationships, the increase in antisocial behavior and the difficulty in developing empathy and emotional self-regulation. The family crisis, in this new context, is not an isolated phenomenon in Brazil, but a global one, with similar symptoms in countries such as the United States, Japan, France and the United Kingdom. In view of this, the text invites us to become aware of the historical moment we are living in, and to urgently rebuild the most essential human bonds – starting with the intimate space of family life.
Keywords: Silent Mutation. Anthropological Revolution. Family. Digital Age.

1 INTRODUÇÃO

Vivemos uma revolução que não se anuncia com estrondos, mas se infiltra lentamente nos gestos, nos vínculos e nos modos de existir: uma mutação antropológica silenciosa. Em poucas décadas, a humanidade deixou de viver majoritariamente no mundo físico para passar a habitar, cada vez mais, o espaço virtual – um território sem corpo, sem tempo e sem frustração.

A digitalização da vida cotidiana não representa apenas uma mudança tecnológica ou de estilo de vida, mas uma alteração profunda na forma como o ser humano aprende, sente, se relaciona e se constitui como sujeito.

Essa transição afeta, sobretudo, o neurodesenvolvimento das novas gerações, que crescem imersas em estímulos artificiais e instantâneos, muitas vezes em detrimento das experiências reais que estrutura a espécie, cujas consequências ainda não compreendemos plenamente – mas que já se manifestam, de forma preocupante, no desaparecimento da infância, na dissolução dos vínculos e na emergência de sintomas socias cada vez mais graves.

Essa mutação não acontece de forma abrupta, mas, por meio de pequenas substituições diárias: o toque humano pelo toque da tela, o brincar simbólico pela estimulação passiva, o diálogo pela notificação. O que está sendo alterado não é apenas o comportamento, mas a base do desenvolvimento psíquico e afetivo das crianças. A era digital antecipa estímulos que o cérebro infantil ainda não está preparado para processar, interrompendo circuito neurais que antes se consolidavam no contato direto com o outro.

O resultado é o surgimento de um novo tipo de sujeito – hiperestimulado, fragmentado, impaciente e emocionalmente desregulado – que reflete não uma falha individual, mas um processo coletivo de desumanização progressiva. A tela, ao ocupar o lugar da presença, não apenas media o mundo: ela o redefine. E redefine, com ele, o próprio humano.

2 A MUTAÇÃO INVISÍVEL: UMA NOVA ERA NA CONSTITUIÇÃO DO HUMANO

É fundamental compreendermos que uma mudança antropológica não é sinônimo de uma mudança de comportamento, estilo de vida ou ideológica. Essas são mudanças situadas nas margens da cultura e da história.

A mudança antropológica, ao contrário, ela altera a estrutura profunda do que significa ser humano em determinado tempo histórico. É uma transformação no modo como o ser humano aprende, percebe, sente, interpreta e se desenvolve enquanto espécie – e, portanto, altera os próprios alicerces da subjetividade, linguagem, cognição, sociabilidade e até da biologia.

Nesse sentido, a passagem do humano analógico ao humano híbrido representa mais do que uma revolução tecnológica; é a emergência de um novo modo de existência.

O humano analógico aprendeu durante milênios a partir da experiência direta, repetição presencial, gesto partilhado, tempo dilatado da convivência e da transmissão oral ou escrita lenta. Sua cognição se desenvolveu ancorada no corpo, no outro presente, no silêncio, na escrita, na frustração e na demora. O mundo era compreendido como algo que se revela no ritmo das estações, no convívio com a natureza, no esforço da memória e no fundamento da atenção.

Por exemplo, o iluminismo foi uma revolução ideológica e histórica. Rompeu com as estruturas do pensamento medieval, instituiu o racionalismo, lançou as bases da ciência moderna e da democracia liberal. No entanto, o homem que emergia desse processo ainda era um ser humano analógico, que se desenvolvia biologicamente da mesma forma que seus antepassados, organizava sua subjetividade a partir da presença, oralidade, experiência sensorial, repetição e da interação com o mundo físico. O mesmo pode ser dito das revoluções industriais, dos grandes movimentos sociais.

A mudança antropológica, por sua vez, se configura quando a transformação alcança o modo de ser, aprender, constituir a identidade e, sobretudo, do funcionamento cerebral. Trata-se de uma configuração do humano enquanto humano.

É isso que estamos vivenciando agora, com o nascimento do humano híbrido: um ser que não apenas utiliza tecnologias, mas que forma seu “Eu” através delas; que aprende mais com o toque na tela do que com o toque humano, que experimenta o mundo não pelo corpo em movimento, mas pela hiperexposição ao virtual.

Essa mutação que está acontecendo de forma silenciosa, mas nem por isso deixa de ser profunda. Muda não apenas o sistema de crenças, como nas relações ideológicas ou históricas – ela muda o organismo, a mente, a linguagem interior e a relação com o tempo e com o outro.

O humano híbrido nasceu e se forma em um ecossistema: conectado, instantâneo, visual, fragmentado, mediado por telas e algoritmos. Sua relação com o mundo é constituída pela interação constante com dispositivos digitais, onde a informação se apresenta como fluxo incessante e a identidade se constitui no reflexo do olhar alheio.

Ele não apenas utiliza tecnologia – ele é tecnologicamente constituído. A tela não é apenas mais uma ferramenta, mas transformou-se num ambiente antropológico, um útero simbólico no qual o “Eu” híbrido é gestado.

A diferença, portanto, não é apenas de meios, mas de estrutura neurocognitiva e afetiva. A forma como o cérebro é estimulado desde os primeiros meses de vida, altera a própria arquitetura das sinapses, impactando a atenção, a linguagem a empatia e a autorregulação emocional.

A neuroplasticidade que moldava o cérebro do humano analógico através do contato direto com o mundo físico agora é moldada pelo fluxo de imagens e recompensas digitais. A consequência é a formação de um ser humano com padrões de comportamentos, percepção e sociabilidade radicalmente novos – uma mudança antropológica propriamente dita.

Assim, quando falamos do nascimento do humano híbrido, não estamos apenas diante de uma nova geração. Estamos diante de um novo tipo de humanidade que exige, para ser compreendida, uma revisão profunda dos conceitos de educação, desenvolvimento, subjetividade, ética e saúde mental.

Ignorar isso é tratar um terremoto como se fosse apenas uma leve mudança de vento.

3 A LINGUAGEM COLONIZADA: O DECLÍNIO DO PENSAMENTO SIMBÓLICO E NARRATIVO

Uma das transformações silenciosas mais profundas da era digital é a colonização da linguagem. Não se trata apenas de uma mudança no vocabulário ou de novas formas de expressão, mas da reconfiguração do próprio modo como o ser humano estrutura o pensamento, a subjetividade e a relação com o mundo. A linguagem não é simples instrumento de comunicação. Ela é a fundação da consciência, do pensamento abstrato, da construção de significado e da mediação social. Colonizar a linguagem, portanto, é colonizar o humano em sua raiz.

O pensamento simbólico e narrativo, característico da infância analógica, é hoje substituído por formas imediatistas, fragmentadas e visuais de comunicação. Nas palavras da neurocientista Maryanne Wolf: “A leitura profunda desenvolve a empatia, a inferência e o pensamento crítico, capacidades que estão em risco quando substituímos o texto contínuo por fragmentos2”. Ou seja, a linguagem narrativa, desenvolvida pela leitura linear e pela escuta de histórias, constrói no cérebro redes profundas de empatia, inferência, imaginação e reflexão. Essas redes, no entanto, estão sendo gradualmente desativadas pela lógica do clique, do scroll e do vídeo curto, que recompensam o cérebro apenas pelo estímulo rápido e não pelo sentido profundo.

Para a criança em fase de desenvolvimento, essa mudança é devastadora. O cérebro infantil, altamente linguístico. Quando exposto desde cedo a estímulos digitais em excesso – vídeos rápidos, falas reduzidas, ausência de diálogo humano – esse cérebro não desenvolve adequadamente o circuito simbólico e narrativo. Esse circuito é essencial para a construção da linguagem interior, moralidade, memória e da capacidade de imaginar o outro.

É a linguagem simbólica que permite à criança brincar “de faz de conta”, imaginar que o boneco é um bebê, que a caixa é um navio, que a mãe está doente e que ela é médica. A ausência dessa linguagem mina a base da criatividade, empatia e da resolução simbólica de conflitos.

O pensamento simbólico é o que diferência o humano dos demais animais: é ele que permite representar o mundo por meio de palavras, imagens e metáforas. O pensamento narrativo, por sua vez, é o que organiza a experiência no tempo, dá sentido à vida e permite que a criança construa sua identidade com coerência.

Ao narrar uma história, ela aprende a organizar eventos, a entender causas e consequências, a identificar emoções e intenções. Sem isso, o “Eu” se fragmenta, perde a continuidade e torna-se mais vulnerável ao vazio, à impulsividade e ao narcisismo digital.

A cultura das redes sociais – com seus textos curtos, suas respostas automáticas e seus vídeos de poucos segundo – substitui o diálogo pelo monólogo, a escuta pela reação imediata, a construção de sentido pelo consumo de estímulos. As crianças, então, passam a se expressar por memes, emojis, gírias truncadas e vídeos, reduzindo drasticamente o vocabulário e a complexidade de suas ideias. E quanto menor for o vocabulário, menor será a capacidade de nomear sentimento, resolver conflitos internos e se conectar com o outro de forma profunda.

Isso não é apenas uma questão cultural, mas neurológica. O desenvolvimento da linguagem está diretamente ligado ao desenvolvimento do córtex pré-frontal, memória de trabalho, empatia e da autorregulação emocional.

Quando a linguagem simbólica e narrativa é sufocada pela linguagem visual e instantânea, a criança perde a oportunidade de treinar essas funções. Como afirma Luria3: “O pensamento humano é inseparável da linguagem: sem linguagem, o pensamento se reduz ao concreto, ao imediato, ao sensorial”.

Essa mutação da linguagem, portanto, contribui para a formação de um ser menos reflexivo, empático e mais reativo. Em vez de narrar sua dor, a criança grita. Em vez de simbolizar o conflito, ela parte para o ataque. Em vez de imaginar o que o outro sente, ela responde com um emoji ou um “tanto faz”.

Estamos, sem perceber, formando uma geração incapaz de narrar a si mesma, o que torna sua identidade frágil, seu mundo emocional empobrecido e sua relação com o outro instrumental e descartável.

Mas grave ainda é que essa colonização começa muito cedo. Crianças, desde tenra idade, que antes aprendiam a falar escutando histórias, brincando com seus pais ou dialogando com os avós, hoje têm como principais interlocutores os vídeos de personagens virtuais que falam rápido, não esperam respostas e oferecem dopamina fácil. E onde não há tempo para a linguagem se construir, não há tempo para o Eu se consolidar.

Nesse sentido sublinha Bakhtin Mikhail: “É na linguagem e através dela que o sujeito se constitui, pois é na palavra que o homem encontra o outro e a si mesmo4”.

Precisamos entender que, defender a linguagem simbólica e narrativa é defender o próprio humano. É proteger a infância como tempo de construção do sujeito, ética, imaginação e do afeto. Permitir que as telas colonizem esse espaço é abrir mão daquilo que nos torna humanos: a capacidade de dar sentido ao mundo através das palavras e das histórias.

4 COGNITIVIDADE ACELERADA: DA CONTEMPLAÇÃO À DISPERSÃO CRÔNICA

O mundo digital não apenas acelerou as comunicações e os fluxos informacionais – ele mudou uma nova forma de cognição, marcada pela urgência, pela reatividade e pela aversão à lentidão.

A chamada “cognitividade acelerada” é um dos traços mais marcantes da mutação antropológica em curso. O que antes era vivido em ritmos mais lentos – a escuta, leitura, reflexão – tornou-se uma corrida por estímulos breves, recompensas imediatas e múltiplas janelas abertas ao mesmo tempo. No lugar da contemplação, instaurou-se a dispersão crônica.

Essa mudança não é apenas comportamental, mas estrutural e cerebral, especialmente quando ocorre em crianças em fase de desenvolvimento. O cérebro humano foi modelado ao longo de milênios para aprender em interação com o outro, com o ambiente físico e com os ciclos naturais do tempo. A criança analógica observava, imitava, repetia, esperava, errava e recomeçava. Isso envolvia um tipo de atenção sustentada, que fortalecia áreas cerebrais responsáveis pela memória, concentração, linguagem e regulação emocional.

No entanto, o ser híbrido – isto é, o sujeito formado em ambiente digital desde a infância – aprende em um novo regime cognitivo. Seu cérebro é estimulado por informações fragmentadas, muitas vezes simultâneas, com alto apelo sensorial e reforço dopaminérgico constante. Vídeos curtos, jogos dinâmicos, sons pulsantes e notificações constantes fazem com que a atenção seja sequestrada e redirecionada a cada segundo.

A criança é exposta a um excesso de estímulos para os quais não foi evolutivamente preparada. O resultado é um cérebro em estado de alerta permanente, mas incapaz de se fixar, aprofundar e de permanecer.

A contemplação – essa capacidade humana de mergulhar em algo, sustentar o pensamento, silenciar-se para elaborar – passa a ser vivida como incômodo. O silêncio vira ameaça, e o tempo de espera torna-se intolerável.

Crianças e adolescentes condicionados a esse modelo de estímulo permanente desenvolvem um tipo de cognição impulsiva, ansiosa, descontínua. Como diz o filósofo Byung-Chul Han: “A sociedade do cansaço é também a sociedade da hiperatenção, mas incapaz de concentração. Tudo chama, nada permanece5”.

A criança, que antes era capaz de brincar por horas com um pedaço de papel, imaginar um mundo inteiro com objetos simples ou escutar longas histórias contadas por seus pais, hoje demonstra inquietude diante de qualquer atividade que exija atenção contínua.

A escola torna-se um lugar de tédio; a leitura, uma tortura; o tempo vazio, uma ameaça. E, sem perceber, passamos a formar gerações menos tolerantes à frustração, mais impulsivas, e com menos capacidade de adiar recompensas – característica fundamental da inteligência emociona e da saúde mental.

Essa nova cognição também compromete a construção da identidade e da interioridade. O excesso de estímulos não deixa espaço para o pensamento próprio, para o diálogo interno, para a escuta da própria dor ou desejo. Tudo é externo, imediato e visível. A mente, acelerada, torna-se ruidosa e desconectada de si mesma. A contemplação, que é o solo onde floresce a consciência ética, a criatividade profunda e a sabedoria dão lugar a um eterno zapping da alma.

Diante desse cenário, é urgente refletirmos sobre o tipo de cognição que estamos incentivando. Se o ritmo da infância for ditado pelo algoritmo e pelo consumo digital, a consequência será o empobrecimento da vida interior e o enfraquecimento da capacidade de amar, cuidar, pensar e criar.

Necessitamos recuperar o valor do tempo lento, da escuta, da leitura, do tédio criativo – e, acima de tudo da atenção como ato de presença e construção do humano.

5 A FALÊNCIA DA EMPATIA: DOPAMINA, TELAS E O ECLIPSE DA COMPAIXÃO

A empatia, o amor e a compaixão não são instintos automáticos nem florescem sozinhos como dons inatos. São como plantas sensíveis: precisam de cuidado, presença, tempo de calor humano para crescer. Assim como um corpo não se desenvolve apenas por existir, mas precisa de alimentos, sono e movimento, os sentimentos humanos mais profundos também dependem de relações vivas, de olhares, palavras, limites e afeto concreto. Ou seja, eles são frutos de uma construção silenciosa, lenta, sensível e relacional que começa desde os primeiros anos de vida, ancorada na linguagem, na presença e no afeto compartilhado.

Quando o ambiente que deveria nutrir essa formação é substituído por estímulos artificiais, rápidos e individualistas – como acontece com a presença predominante das telas na infância – inicia-se um processo silencioso, mas devastador: a falência progressiva da empatia.

A empatia nasce no olhar. Ela se estrutura na troca de afetos, na escuta atenta, no toque, na resposta emocional do outro. Um bebê que olha a sua mãe, que escuta a variação do tom de sua voz, que sente o colo e a cadência do afeto humano, está formando as bases neurológicas da empatia.

Esse vínculo estimula regiões cerebrais como o córtex pré-frontal, o sistema límbico e os chamados neurônios-espelho – todos essenciais para o reconhecimento e a regulação das emoções alheias e próprias.

No entanto, quando o bebê é exposto precocemente a telas – vídeos, sons repetitivos, vozes artificiais – o estímulo não passa mais pelo caminho da reciprocidade emocional. A tela não sorri de volta, não acolhe, não responde com o corpo. O que ela oferece, em vez disso, é uma explosão de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa imediata.

Assim, o que deveria ser um vínculo com o outro torna-se uma fixação por estímulos. A criança se habitua ao prazer rápido e unilateral, sem passar pela frustração, pela espera e pelo aprendizado da alteridade.

Essa desregulação no sistema de recompensa cerebral – iniciada na infância digital – impacta o desenvolvimento da empatia de maneira direta. O cérebro passa a buscar a excitação, não a conexão. O outro deixa de ser alguém a ser compreendido, por exemplo, quando gera abstinência dessa excitação, passando a ser um obstáculo, uma interferência.

Quando isso se cristaliza, a consequência da adolescência é devastadora: temos jovens cada vez mais reativos, indiferentes à dor alheia, centrados em si e incapazes de se colocar no lugar do outro.

O amor, como afirma Erich Fromm: “É uma arte que precisa ser aprendida, e só se aprende amando e sendo amado em experiências reais. A compaixão, por sua vez, não é apenas um sentimento, mas uma disposição ativa de sair de si em direção ao outro6”. Ambas se constroem quando a criança é estimulada a perceber o outro como um ser sensível, quando é ensinada a conter seus impulsos, esperar, dividir, consolar. Mas o mundo digital, ao ser o principal mediador da infância, não favorece essa construção: ao contrário, a sabota.

O eclipse da compaixão não é uma metáfora poética. É um colapso estrutural daquilo que nos constitui como humanos. E começa com pequenas escolhas: entregar um celular a uma criança para que ela se acalme, substituir o diálogo por um vídeo, ceder à facilidade em vez que a tela toma o lugar do rosto humano, a empatia dá um passo atrás.

Para reverter essa falência, é necessário um resgate urgente da presença, do afeto cotidiano e da construção intencional dos vínculos desde os primeiros dias de vida. Educar para a empatia exige tempo, escuta, limites, frustrações, convivência. E exige, sobretudo, livrar a infância de dependência emocional das telas, que não oferecem amor, apenas estímulos.

A verdadeira revolução do cuidado está em compreender que nenhuma tecnologia substitui o afeto humano. Porque é só no encontro com o outro, no toque, na escuta e no olhar partilhado, que nascem o amor, a empatia e a compaixão – aquilo que, no fundo, ainda nos torna humanos.

6 A VIOLÊNCIA FAMILIAR: O SINTOMA EXTREMO DA MUTAÇÃO ANTROPOLÓGICA

É com espanto, mas também com silêncio social, que assistimos ao aumento de casos de violência doméstica praticada por adolescentes contra seus próprios pais, mães e avós.

Filhos que agridem fisicamente, que ameaçam, que quebram tudo, e, em alguns casos, chegam ao limite mais brutal da experiência humana: o assassinato daqueles que os geraram. Há quem queira explicar esse fenômeno apenas pelo colapso da autoridade, falta de limites ou do abandono da educação tradicional.

Mas, a verdade, é que esses episódios são o sintoma extremo de uma mutação antropológica profunda, que vem se gestando há anos, silenciosamente, desde a primeira infância, sob a lógica dopaminérgica das telas.

A infância das últimas gerações foi moldada em torno de dispositivos digitais. Crianças foram aclamadas com celulares, distraídas com vídeos, silenciadas por estímulos rápidos. Desde cedo, o cérebro passou a associar prazer, alívio e regulação emocional a um único mediador: a tela.

Ao invés de desenvolver estratégias afetivas para lidar com a angústia, o medo ou tédio – através do colo, diálogo, brincar simbólico ou consolo humano – essas crianças foram condicionadas a buscar compulsivamente por dopamina digital.

Silenciosamente, seus cérebros passam a depender quimicamente do estímulo constante, e isso faz com que não suportem a frustração de serem privados desse condicionamento.

Esse processo de substituição afetiva não é simbólico – ele é neurológico. Quando o celular se torna o único instrumento de autorregulação emocional desde a infância, qualquer tentativa posterior de restringi-lo é interpretado pelo cérebro como ameaça direta à sobrevivência emocional.

Comenta Nilton Cunha que: “Criamos uma infância em que o afeto foi terceirizado para a tela, e o cérebro, condicionado à dopamina, não tolera mais quem tenta interromper esse circuito7”.

A proibição do uso do celular não é vivida como um limite educativo, mas como uma agressão ao equilíbrio interno. E o que emerge então é uma reação desproporcional, impulsiva, violenta, muitas vezes, dirigida justamente àqueles que tentam intervir: os pais.

O problema não está apenas na ausência de limites, mas na presença excessiva e precoce da dopamina artificial que moldou esse cérebro. O adolescente que explode ao ser privado do celular não está apenas sendo “malcriado”, ele está neurologicamente condicionado a não tolerar o vazio, o tédio, a ausência de recompensa imediata. Seu córtex pré-frontal, que deveria frear os impulsos, foi pouco exercitado, pois a tela sempre esteve ali para evitar a dor, a espera, o esforço. E o cérebro que não aprende a esperar, a conter e a nomear sentimentos, explode em fúria quando frustrado.

A raiz da brutalidade adolescente, nesse contexto, não é apenas moral – é neurológica e afetiva. A falta de empatia que observamos, a frieza diante do sofrimento dos pais, a indiferença ao arrependimento, não surgiram de uma hora para a outra.

São fruto de uma infância colonizada pelo virtual, onde o outro real – com suas exigências, demoras e contrariedades – foi sendo gradualmente substituído por interações digitais previsíveis e gratificantes. É como se o mundo humano tivesse sido trocado por um ambiente artificial que responde imediatamente aos desejos – e quando a realidade se impõe, o cérebro entra em colapso.

Esse colapso tem nome: quebra do vínculo simbólico com o outro. O outro deixa de ser um sujeito com o qual se compartilha afeto, limite e respeito, e passa a ser um obstáculo à satisfação. No caso mais radical: os pais – que deveriam ser figuras de amor e segurança – tornam-se inimigos da dopamina, aqueles que impedem o prazer, o alívio, a descarga. E, nesse cenário, não é o amor que fala, é o cérebro ferido, dependente e desregulado.

O fenômeno da violência de adolescentes contra pais, avós e outros membros da família não é exclusivo do Brasil – trata-se de um problema global que vem se agravando nos últimos anos. Países como: Estados Unidos, Japão, França, Espanha e Austrália têm registrado casos semelhantes, com jovens que expressam sua fúria não apenas contra figuras de autoridade, mas contra os próprios laços afetivos que deveriam protegê-los.

Esses episódios revelam uma crise mais profunda, que ultrapassa fronteiras culturais e aponta para transformações radicais na forma como os vínculos familiares estão sendo construídos (ou desfeitos) na era digital.

Como afirma Bruce Perry e Maia Szalavitz (2017) “Crianças que não desenvolvem formas saudáveis de autorregulação tornam-se adultos vulneráveis à impulsividade, à raiva descontrolada e à dificuldade de manter vínculos afetivos estáveis”8.

Essa violência familiar não é, portanto, um evento isolado. É o ponto de ruptura de um processo que começou muito antes, no momento em que as telas ocuparam o lugar da presença do afeto e do limite. Ao longo dos anos, esse processo vai se desidratando as funções psíquicas superiores – empatia, compaixão, escuta, autorregulação – e alimentando um narcisismo defensivo, frágil e explosivo.

O resultado é uma geração que não sabe amar porque não foi educada para sentir o outro, que não sabe se conter porque nunca foi convidada a lidar com a ausência, e que reage com violência à frustração porque foi treinada para o alívio imediato.

Não se trata de demonizar os jovens, nem os pais, mas de compreender a gravidade do que está em curso. A violência praticada por adolescentes contra os próprios familiares não é apenas uma tragédia individual – é um alerta coletivo sobre os efeitos da mutação antropológica promovida pela era digital.

Se não construirmos o vínculo humano desde a infância, se não resgatarmos o tempo do cuidado, da escuta e do limite, veremos crescer uma sociedade onde o outro é descartável, e a violência é o idioma da frustração não elaborada.

É tempo de agir com lucidez e coragem. De olhar para essa dor com seriedade. De compreender que, ao substituir o rosto pelo brilho da tela, desconectamos nossos filhos daquilo que os tornaria humanos plenos.

7 A NOVA INFÂNCIA DIGITAL: O DRAMA DA GERAÇÃO BETA

O que se desenha à nossa frente não é apenas uma nova forma de educação ou de socialização, mas uma reconfiguração do ser humano, de sua maneira de se formar enquanto indivíduo, ser social e emocional.

A geração Alpha (2010-2024), experimentou um momento crucial do século XXI que foi a pandemia como catalizador de sua imersão definitiva no mundo digital. Essa geração estava ainda em formação e o preocupante é que a geração Beta – os nascidos a partir de 2025 -? – que viverá nesse novo ecossistema, com uma infância imersa em dispositivos desde o primeiro choro.

A pandemia da Covid-19 não foi apenas um episódio de interrupção temporária; foi o evento que consolidou a transição para um mundo onde as telas, as redes sociais, os algoritmos, não são apenas mais ferramentas, mas a própria textura do cotidiano.

Para as crianças dessa nova geração, a interação humana e o aprendizado poderão não ocorrer no espaço físico ou nas interações face a face, mas, quase que totalmente, apenas no plano virtual, mediado pela tela.

Esse novo cenário traz uma série de implicações profundas e perturbadoras para o desenvolvimento infantil. O que vemos na geração Alpha já são os primeiros sinais de um impacto que se acentuará na geração Beta. A exposição precoce e constante a dispositivos digitais, especialmente durante os primeiros anos de vida, quando o cérebro ainda está em pleno desenvolvimento, tem gerado uma série de consequências que não podem ser ignoradas: distúrbios na regulação emocional, dificuldades de atenção, transtornos do neurodesenvolvimento e uma crescente dificuldade de manter a atenção e o foco em atividades que não envolvam estímulos imediatos e recompensas instantâneas.

O cérebro humano, nos primeiros mil dias de vida, forma suas conexões a partir de interações físicas com o ambiente – com os outros seres humanos, com objetos, com as sensações do mundo ao redor. O toque, o olhar, a conversa, o simples fato de brincar fora de um contexto de tela, são essenciais para o desenvolvimento adequado das habilidades cognitivas e emocionais.

No entanto, e cada vez mais predominante a cultura digital, o que temos visto é um “corte” desses estímulos naturais. A resposta a esse “corte” é o aumento crescente aos estímulos digitais, o que leva à dependência do cérebro por esses estímulos, levando àquilo que muitos chamam de “hiperconectividade”, um estado em que o cérebro busca freneticamente por dosagens de dopamina, em grande parte, são desencadeadas pelo uso de telas.

A geração Beta, em particular, terá seu processo de formação neuronal ainda mais marcado pela aceleração da digitalização do cotidiano. O que significa crescer em um mundo onde a atenção é constantemente desafiada por notificações, vídeos curtos, estímulos ininterruptos? Como desenvolver empatia, uma capacidade de sentir e compreender os outros, quando a maioria das relações humanas se dá por interações fragmentadas e superfícies nas redes sociais? Como formar uma identidade sólida e estável quando o “Eu” é constantemente moldado e remodelado por influências externas de algoritmos que sabem, melhor do que nós, quem somos e o que queremos?

A ausência de frustrações, da vivência do “não”, da necessidade de esperar, estáá profundamente conectada à perda da capacidade de enfrentar a realidade como ela é.

A geração Beta está nascendo em um mundo onde os limites estão constantemente sendo testados e ultrapassados pelo fluxo de informações e experiências instantâneas. Isso terá implicações não apenas no nível cognitivo, mas também no emocional e social.

O afeto genuíno, a empatia, as relações familiares, o amor pela comunidade, que são construídos ao longo de experiências concretas e vividas, correm o risco de se perder na voracidade da tela.

Já discutimos em outro texto que, a colonização digital não é apenas comportamental, mas também estrutural, atingindo as bases da nossa experiência humana. “A forma como nos relacionamos com o mundo e com os outros está se reconfigurando sob a lógica das telas e dos algoritmos. O que parece ser um avanço é, na verdade, uma reconfiguração do humano9”. É importante destacar que a verdadeira ameaça não é o excesso de tecnologia, mas o abandono dos processos naturais de desenvolvimento humano.

A geração Beta está nascendo em um cenário ainda mais desafiador: o digital não é mais novidade, é fundação. É o normal. Pais que foram “alfabetizados digitalmente” agora estão sendo substituídos por pais que vivem digitalmente. A vida cotidiana, os afetos e os cuidados passam, cada vez mais, por interações mediados por tela. Crianças que choram são acalmadas com vídeos. Crianças que não dormem são adormecidos por aplicativos. Crianças que não comem são seduzidas por desenhos hiperpixelados.

A infância está sendo invadida por algoritmos que entendem como prender a atenção, mas não como construir uma alma.

A nova infância digital é marcada por uma ausência central: a ausência do outro real. A ausência do tempo vivido com o corpo. A ausência do “não” que estrutura. A ausência do tédio, silêncio, frustração e do olhar compartilhado.

Sem isso, a infância se esvazia de humanidade e se preenche de reatividade. Aprende-se menos a esperar e mais a exigir. Menos a ouvir e mais a reagir. Menos a sentir e mais a performar.

Estamos, portanto, diante de um drama civilizatório. A geração Beta pode ser a primeira a crescer sem as bases fundamentais do desenvolvimento humano tal como conhecemos: vínculo afetivo estável, experiência corporal plena, linguagem nutrida pela presença.

A colonização digital não invade apenas o tempo das crianças – ela altera o modo como elas habitam o mundo. Como pensar em empatia sem a experiência real do outro? Como pensar em autonomia sem o exercício do tédio e da imaginação? Como desenvolver o “Eu” se o ambiente só oferece estímulos para o ego digital, aquele que se constrói pelo reflexo e pela resposta imediata?

Mas do que uma infância diferente, estamos diante de uma infância empobrecida em suas funções formadoras mais profundas. É preciso resistir à ideia de que tudo se adapta. A infância não se adapta ao vazio relacional sem danos.

A criança não se torna naturalmente capaz de amar, esperar. Se frustrar, sonhar ou criar. Tudo isso é aprendido. E se os aprendizados essenciais forem entregues às telas, não haverá substituição. Haverá deformação.

A geração Beta ainda está sendo formada – e esse é justamente o ponto de esperança, a centralidade do afeto, o tempo da escuta, a importância do limite. Ainda é possível devolver à infância o que ela tem de mais sagrado: a possibilidade de se tornar humana.

Mas para isso será preciso coragem coletiva, políticas públicas sérias, responsabilização parental e um discurso ético que não tema dizer o óbvio. E a infância não é negociável.

Necessitamos com urgência, aprender com a geração Alpha. Os adolescentes dessa geração estão dando sinais de um colapso silencioso que agora começa a explodir em atos brutais – e não podemos continuar fingindo que se trata de caos isolados ou desvios morais. Há algo estruturalmente errado em uma infância que foi desprovida de presença, de limite, de vínculo real.

Quando vemos adolescentes eliminando pai, mãe, irmãos e avós – aquilo que deveria ser o núcleo de proteção e afeto –, não estamos apenas diante de crimes hediondos, mas de sintomas extremos de uma infância colonizada por um ambiente que não ensina a amar, esperar, respeitar, reconhecer o outro como outro.

Eles estão destruindo o que há de mais sagrado – ou, pelo menos, o que deveria ser: a família, o afeto, o vínculo originário. A fúria que explode nesses jovens é, talvez, o grito de quem não foi visto, tocado, amado ou frustrado de maneira saudável. É a dor de uma geração que cresceu sob estímulos digitais, mas sem sustentação emocional. E se a geração Alpha já nos mostra esse espelho sombrio, o que esperar da geração Beta, que nasce em um mundo ainda mais virtualizado e fragmentado?

É necessário olhar para isso com lucidez, coragem e profundidade. Esses eventos extremos são alarmes. Sinais de que estamos atravessando não apenas uma crise da infância, mas uma crise da humanidade em sua base formativa.

Se não agirmos agora – como pais, educadores, sociedade e poder público –, talvez estejamos apenas diante da ponta de um iceberg. E o que está submerso, o que ainda não vemos com clareza, pode ser muito mais profundo, destrutivo e irreversível.

A geração Beta pode ser nosso maior erro – ou nossa última chance.

8 CONCLUSÕES FINAIS

A sociedade contemporânea atravessa uma mudança antropológica silenciosa, marcada pela centralidade das telas e pela virtualização precoce da infância. Essa transição precoce da infância não representa apenas uma nova fase histórica, mas sim uma reconfiguração estrutural do modo como o ser humano aprende, se desenvolve e se constitui enquanto sujeito.

No campo do neurodesenvolvimento, os impactos são cada vez mais evidentes. O cérebro humano, altamente plástico nos primeiros anos de vida, está sendo moldado por estímulos digitais que interferem diretamente nos processos naturais de construção da linguagem, empatia, autocontrole e da capacidade simbólica.

A poda neural, que deveria eliminar apenas o que não é funcional, tem agido sobre circuitos fundamentais devido à falta de experiências humanas diretas – como o brincar, o contato físico e o olhar recíproco.

O que está em jogo não é apenas a saúde mental de uma geração, mas a estruturação do próprio psiquismo humano, ameado por um modelo de desenvolvimento que antecipa a lógica do consumo e do prazer imediato, sem tempo para a frustração, o tédio e o afeto construído na presença.

Diante disso, torna-se urgente reconhecer que a sociedade atual está produzindo um novo tipo de sujeito – muitas vezes marcado por dificuldades emocionais, impulsividade, baixa tolerância à frustração e comprometimentos sociais que se manifestam desde a infância. Inclusive, o aumento nos diagnósticos de transtornos do neurodesenvolvimento não pode ser analisado de forma isolada, mas sim como sintomas de um contexto mais amplo e radical de mutação social e neurológica.

Assim, repensar o uso das tecnologias na infância não é apenas uma escolha educativa, mas uma responsabilidade ética e coletiva. É necessário recuperar o valor da interação humana, da linguagem falada, do afeto presencial e do brincar simbólico como pilares fundamentais para o desenvolvimento saudável.

Mais do que adaptar as crianças à nova era, devemos adaptar a era ao que há de mais essencial na infância: sua capacidade de se tornar plenamente humana através da experiência viva, e não apenas da simulação digital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CUNHA, Nilton Pereira da. O meio ambiente humano e os desafios à geração Beta. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/o-meio-ambiente-humano-digital-e-os-desafios-a-geracao-beta. Consultado em: 05/07/2025.

_______. A sociedade híbrida: e suas implicações no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/a-sociedade-hibrida-e-suas-implicacoes-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 05/07/2025.

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HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.

LURIA, Aleksandr Romanovich. A linguagem e o desenvolvimento do cérebro da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

PERRY, Bruce D.: SZALAVITZ, Maia. O menino criado como cachorro: o que crianças traumatizadas podem nos ensinar sobre perda, amor e cura. Rio de Janeiro: Vestígio, 2017.

WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desafios da leitura da nossa era. São Paulo: Contexto, 2018.


1 Nilton Pereira da Cunha é Professor, Pesquisador, Escritor e Coordenador Educacional do Instituto Nacional de Evolução Humana. Graduado e Pós-graduação Lato e Stricto Sensu na área da Educação, também graduado e pós-graduado em Direito, com artigos e livros publicados em português e castelhano em vários países: Brasil, Argentina e Colômbia, tais como: O autismo e a interação social: Como desenvolver uma criança saudável na Era Digital; El autismo y la interacción social: como desarrollar una crianza saludable en la Era Digital; Educação, Família e Geração Digital: os desafios e perspectivas da pós-modernidade.

2 WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desafios da leitura da nossa era. São Paulo: Contexto, 2018.

3 LURIA, Aleksandr Romanovich. A linguagem e o desenvolvimento do cérebro da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

4 BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

5 HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.

6 FROMM, Erich. A arte de amar. Rio de Janeiro: Record, 2006.

7 CUNHA, Nilton Pereira da. O meio ambiente humano e os desafios à geração Beta. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/o-meio-ambiente-humano-digital-e-os-desafios-a-geracao-beta. Consultado em: 05/07/2025.

8 PERRY, Bruce D.: SZALAVITZ, Maia. O menino criado como cachorro: o que crianças traumatizadas podem nos ensinar sobre perda, amor e cura. Rio de Janeiro: Vestígio, 2017.

9 CUNHA, Nilton Pereira da. A sociedade híbrida: e suas implicações no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/a-sociedade-hibrida-e-suas-implicacoes-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 05/07/2025.