COLORINDO SENTIMENTOS: ENSINO DE INGLÊS E EDUCAÇÃO EMOCIONAL COM THE COLOUR MONSTER
PDF: Clique aqui
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15567109
Nathalie Tenório de Barros Farias1
Andressa Gomes dos Santos2
Arthur Vinícius de Oliveira Silva3
RESUMO
O artigo aborda o ensino bilíngue na Educação Infantil, destacando o uso da literatura ilustrada como recurso para promover o aprendizado do vocabulário emocional em inglês e o desenvolvimento socioemocional das crianças. Utilizando o livro The Colour Monster, de Anna Llenas, foram realizadas atividades lúdicas como a leitura mediada, a confecção artesanal do livro e a criação da Roda das Emoções, permitindo que os alunos associassem cores a sentimentos e os nomeassem em inglês. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, com observação participante em turmas de crianças entre 2 e 5 anos, ao longo de dois meses. Os dados mostraram avanços na identificação e verbalização das emoções em inglês, evidenciando que práticas pedagógicas visuais e afetivas contribuem para um aprendizado mais significativo. Conclui-se que a literatura ilustrada pode ser uma ferramenta eficaz no ensino bilíngue, fortalecendo tanto a linguagem quanto as habilidades emocionais na primeira infância.
Palavras-chave: Ensino Bilíngue; Educação Infantil; Literatura Ilustrada; The Colour Monster; Emoções.
ABSTRACT
The article looks at bilingual teaching in early childhood education, highlighting the use of illustrated literature as a resource to promote the learning of emotional vocabulary in English and the socio-emotional development of children. Using the book The Colour Monster, by Anna Llenas, we carried out playful activities such as mediated reading, crafting the book and creating the Wheel of Emotions, allowing students to associate colors with feelings and name them in English. The research followed a qualitative approach, with participant observation in classes of children aged between 2 and 5, over two months. The data showed progress in identifying and verbalizing emotions in English, demonstrating that visual and affective teaching practices contribute to more meaningful learning. It is concluded that illustrated literature can be an effective tool in bilingual education, strengthening both language and emotional skills in early childhood.
Keywords: Bilingual Education; Early Childhood Education; Illustrated Literature; The Color Monster; Emotions.
1 INTRODUÇÃO
O ensino bilíngue tem ganhado espaço na Educação Infantil por meio de abordagens que respeitam o desenvolvimento integral da criança, ampliando suas experiências cognitivas e socioculturais desde os primeiros anos de vida. Inserir uma nova língua de maneira lúdica, significativa e afetiva favorece não apenas o aprendizado linguístico, mas também o desenvolvimento da comunicação e da consciência emocional (COSTA; SILVA, 2019).
Nesse contexto, a literatura ilustrada se destaca como um recurso pedagógico potente, que articula imagem e texto, potencializando a compreensão de vocabulário e a fixação de novos conceitos linguísticos. De acordo com Nikolajeva e Scott (2001), o uso de livros ilustrados contribui significativamente para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, pois amplia sua capacidade de interpretação e expressão.
Considerando a importância de integrar o ensino da língua inglesa e o desenvolvimento socioemocional na infância, este estudo relata uma experiência prática desenvolvida com turmas da Educação Infantil, utilizando o livro The Colour Monster (LLENAS, 2018) como ferramenta principal para o ensino de emoções e vocabulário bilíngue de forma lúdica e visual.
A obra The Colour Monster, de Anna Llenas (2018), é amplamente reconhecida por abordar, de maneira sensível e acessível, as emoções básicas da infância através da associação de sentimentos a cores e personagens visuais. Inspirada nessa narrativa, a prática pedagógica desenvolvida neste trabalho consistiu na reprodução artesanal do livro em sala de aula, utilizando folhas de papel aquarela e ilustrações dos monstros, para potencializar a aprendizagem visual e tornar o processo mais interativo e afetivo. Essa adaptação buscou não apenas aproximar os alunos do vocabulário emocional em inglês, mas também favorecer a identificação de sentimentos de forma lúdica e concreta, como defende Abramovich (1997).
A proposta pedagógica incluiu a leitura mediada da obra, a reprodução artesanal do livro em papel aquarela, e a construção da "Roda das Emoções" — uma atividade interativa em que os alunos associavam as cores e os monstros às suas emoções, nomeando-as em inglês (Happy, Sad, Fear, Love, Calm, Angry).
Metodologicamente, a pesquisa foi conduzida sob uma abordagem qualitativa, por meio da observação participante em ambiente escolar, buscando compreender como as crianças expressavam suas emoções em inglês durante as atividades propostas. Como afirma Creswell (2014, p. 4).
“A pesquisa qualitativa é um meio para explorar e compreender o significado atribuído por indivíduos ou grupos a um problema social ou humano”.
O estudo envolveu 68 alunos, entre 2 e 5 anos, matriculados nas turmas do Infantil II ao Infantil V, durante o período de dois meses. Os dados foram coletados ao longo de diversas aulas, permitindo observar a evolução das crianças na identificação e verbalização das emoções em inglês.
As informações obtidas foram organizadas em tabelas e gráficos, facilitando a visualização do progresso dos alunos, especialmente no que se refere ao uso do vocabulário emocional.
O principal objetivo deste trabalho é analisar como a literatura infantil ilustrada, a partir da obra The Colour Monster de Anna Llenas, pode contribuir para o desenvolvimento do vocabulário emocional em inglês e para o fortalecimento das habilidades socioemocionais de crianças da Educação Infantil, por meio de práticas lúdicas e visuais. A pesquisa foi orientada pela seguinte questão norteadora: “de que forma a interação com literatura ilustrada e atividades visuais pode potencializar o ensino bilíngue e o desenvolvimento emocional nessa faixa etária?”.
As atividades buscaram estimular a identificação e nomeação das emoções em inglês, associando-as a cores e imagens, além de incentivar a expressão verbal e não verbal dos sentimentos. A proposta também permitiu refletir sobre o papel da literatura ilustrada como ferramenta pedagógica no ensino bilíngue, valorizando o desenvolvimento integral das crianças.
A visualização dos dados, elaborada com a ajuda de um colaborador da área de Ciência da Computação, reforça, conforme Gil (2019), a relevância dos dados quantitativos para a compreensão dos impactos das práticas pedagógicas.
2 METODOLOGIA
Este trabalho é uma investigação de caráter qualitativo, com uma abordagem exploratória e um enfoque bibliográfico, realizada com a intenção de entender como a literatura ilustrada e os recursos visuais podem ajudar no ensino bilíngue e no crescimento socioemocional de crianças na Educação Infantil. A pesquisa foi feita no ambiente escolar onde a pesquisadora atua como professora de inglês, permitindo a aplicação direta das atividades e a observação constante dos alunos.
A amostra incluiu 68 crianças, com idades variando de 2 a 5 anos, que estavam nas turmas do Infantil II ao Infantil V. As intervenções pedagógicas consistiram na leitura mediada do livro “The Colour Monster”, escrito por Anna Llenas (2018), na confecção manual de um livro visual utilizando folhas de papel aquarela em tamanho A4 e na criação da “Roda das Emoções” — uma dinâmica interativa que associava cores e sentimentos, permitindo que as crianças os identificassem em inglês.
A coleta de informações aconteceu ao longo de dois meses, através da observação ativa, anotações diárias feitas em um dispositivo móvel (notas do celular) e registros fotográficos das atividades realizadas nas aulas. Esses dados possibilitaram acompanhar a participação dos alunos e seu progresso na identificação e nomeação das emoções em inglês.
Além disso, foram elaborados gráficos com a colaboração de um parceiro da área de Ciência da Computação, mostrando a quantidade de alunos por faixa etária e a frequência com que as emoções foram escolhidas nas atividades. A análise dos resultados se baseou em uma pesquisa bibliográfica focada no ensino bilíngue, na literatura infantil ilustrada e no desenvolvimento emocional durante a infância, visando fundamentar teoricamente a discussão dos dados coletados.
O Bilinguismo na Primeira Infância: Perspectivas Teóricas e Benefícios Cognitivos
A implementação do bilinguismo na Educação Infantil tem sido um tema amplamente debatido por educadores e estudiosos, que reconhecem os diversos benefícios cognitivos, sociais e emocionais resultantes do contato antecipado com uma segunda língua. O contexto bilíngue contribui para o aprimoramento da atenção, da memória e da capacidade de adaptação cognitiva, além de incentivar uma maior percepção linguística e cultural.
O aprendizado de uma segunda língua, especialmente na infância, está diretamente relacionado à forma como essa nova linguagem é apresentada no cotidiano escolar. A ludicidade, o afeto e a repetição significativa são elementos fundamentais nesse processo. No caso da língua inglesa, por exemplo, a vivência com músicas, histórias e brincadeiras permite que a criança assimile naturalmente expressões, estruturas e sons, integrando-os ao seu repertório de forma prazerosa e espontânea.
Nesse contexto, Cummins (2000, p. 39) destaca a importância de um ambiente educativo acolhedor e bem estruturado para que o bilinguismo traga benefícios reais ao desenvolvimento infantil. Como ele afirma:
A proficiência em uma segunda língua pode reforçar o conhecimento da primeira língua, desde que o ambiente educativo favoreça o uso e o valor de ambas. O desenvolvimento da linguagem é interdependente, e o domínio em uma língua pode transferir-se positivamente para outra, desde que haja suporte educacional apropriado.
É essencial, assim, que a escola entenda o bilinguismo não apenas como a soma de palavras em duas línguas, mas como um processo conectado e significativo. A proposta de educação bilíngue na Educação Infantil deve levar em conta as particularidades dessa fase, considerando o ritmo de aprendizado das crianças, a relevância da afetividade e a exigência de vivências sensoriais e práticas.
Nesse contexto, a literatura infantil ilustrada se revela um instrumento eficaz, ao combinar palavras, imagens e sentimentos, promovendo assim tanto a aprendizagem da linguagem quanto o crescimento socioemocional.
O Ensino Bilíngue na Educação Infantil Brasileira: Avanços e Desafios
Nos últimos anos, o ensino bilíngue no Brasil tem se tornado mais importante, motivado tanto pelas necessidades do mercado quanto pelos avanços nas investigações relacionadas à neurociência e à aprendizagem de línguas. Contudo, a execução dessa proposta enfrenta vários obstáculos, principalmente no que se refere à capacitação dos professores, à igualdade de acesso e à correta compreensão do que realmente significa ensinar em duas línguas. Em diversas instituições, o bilinguismo ainda é mal interpretado como aulas de língua estrangeira isoladas da rotina escolar, sem uma abordagem que conecte diferentes disciplinas de forma relevante.
Na Educação Infantil, essa temática se torna ainda mais relevante, exigindo uma estratégia que considere o tempo, os interesses e o universo simbólico da criança. O bilinguismo não deve ser apenas a inserção forçada de termos em inglês nas atividades cotidianas, mas sim uma vivência autêntica, na qual a segunda língua serve como uma via de comunicação afetiva e funcional. Nesse cenário, o papel do educador como facilitador é essencial, assim como a criação de um currículo que esteja em consonância com os princípios da educação bilíngue.
Nesse sentido, Cavalcanti (2015, p. 15) alerta para a necessidade de repensar o bilinguismo no contexto brasileiro a partir de uma perspectiva crítica e contextualizada:
“A implementação do ensino bilíngue no Brasil não pode ignorar as realidades locais e a diversidade linguística e cultural do país. É preciso superar visões simplistas e instrumentalizadas da língua inglesa, reconhecendo-a como uma ferramenta de inclusão, mas também de poder. O bilinguismo, para ser eficaz, precisa dialogar com a comunidade escolar, com os valores da infância e com as práticas pedagógicas concretas.”
3. Explorando Emoções e Vocabulário em Inglês com The Colour Monster: Literatura Ilustrada como Ferramenta Bilíngue
A literatura infantil com ilustrações é um recurso educativo muito eficaz no processo de ensino e aprendizagem de idiomas, principalmente na Educação Infantil. As imagens relacionadas ao texto escrito ajudam as crianças a entender melhor e a se interessar, estabelecendo conexões emocionais e de aprendizado. No âmbito da educação bilíngue, esses livros desempenham a função de intermediar não apenas o progresso na linguagem, mas também elementos emocionais e culturais. De acordo com Zilberman (2003), a literatura infantil desempenha um papel importante na formação de leitores críticos e sensíveis desde os primeiros anos de escolaridade.
A obra "The Colour Monster", escrita e ilustrada por Anna Llenas, foi lançada pela primeira vez em 2015 e, desde então, tornou-se um recurso importante em ambientes educacionais ao redor do mundo. A obra narra a trajetória de uma criatura peculiar que se sente confusa em relação aos seus sentimentos. Com o auxílio de uma amiga, ela descobre como identificar e estruturar suas emoções. Cada sentimento é simbolizado por uma cor, o que torna mais fácil para as crianças reconhecerem: o amarelo simboliza a alegria, o azul representa a tristeza, o vermelho expressa a raiva, o preto indica o medo e o verde denota a calma.
Optei por usar The Colour Monster como o foco principal deste trabalho devido à sua linguagem acessível, visualmente cativante e de grande relevância para a educação emocional. Por meio da conexão entre cores e emoções, os estudantes da Educação Infantil conseguiram aprimorar seu vocabulário emocional em inglês de maneira prática e divertida. Além disso, a obra apoia a repetição de estruturas linguísticas fundamentais, como perguntas e expressões de emoções, que são cruciais para a aprendizagem de uma segunda língua durante a infância.
Um outro fator que influenciou a seleção da obra foi a sua composição visual clara e impactante. As ilustrações vibrantes e as colagens contidas no livro possibilitam várias interpretações, ao mesmo tempo em que se relacionam com abordagens educativas que incorporam artes visuais.
A aplicação diária da pergunta “Como você está se sentindo hoje?” relacionada à roda das emoções, que incluía os personagens do livro, foi fundamental para estabelecer uma rotina de reconhecimento emocional. As respostas dos estudantes foram constantemente influenciadas por interações emocionais e visuais, favorecendo tanto o aprimoramento da fala em inglês quanto a regulação das emoções. Conforme afirmado por Antunes (2012), a fala, quando incentivada em situações relevantes, transforma-se em um meio fundamental para a formação do pensamento e da identidade.
A literatura infantil, nesse cenário, não funcionou apenas como um recurso adicional, mas serviu como a base para uma série de atividades organizadas com um propósito bilíngue e emocional. A utilização de The Colour Monster mostrou que é viável tratar assuntos complicados como as emoções de forma acessível, respeitosa e clara, dentro de uma abordagem educacional que reconhece a criança como um ser completo. Segundo Abramovich (1997), narrar histórias é um modo de receber a infância e incentivar a imaginação, a comunicação e a empatia.
3.1 Livro Sensorial em folha de aquarela: Uma Experiência Visual e Afetiva na Contação de Histórias
Como desdobramento do trabalho com “The Colour Monster”, criei artesanalmente um livro em tamanho ampliado utilizando folhas de aquarela, com o objetivo de proporcionar uma experiência mais visual, imersiva e significativa durante a contação da história para os alunos da Educação Infantil.
Cada página foi dedicada a uma emoção representada na obra de Anna Llenas, com ilustrações inspiradas no estilo original da autora, reproduzindo os monstrinhos coloridos e suas expressões emocionais de forma artística e acessível.
Essa produção visual foi pensada para acompanhar a narrativa oral, funcionando como um suporte concreto para o entendimento das emoções abordadas no livro e para o aprendizado de suas respectivas traduções em inglês. A interação com esse material ampliado e colorido favoreceu o envolvimento das crianças, que se mostraram mais atentas, participativas e conectadas com a história. Segundo Vygotsky (1991), o aprendizado se dá por meio da mediação de instrumentos e signos – neste caso, as imagens e a linguagem simbólica do livro em aquarela contribuíram diretamente nesse processo.
Imagem 1: Primeira página do Book (livro) feito em folha aquarela baseado na obra “The Colour Monster” de Anna Llenas.
A decisão de criar a Roda das Emoções com base na obra The Colour Monster partiu do desejo de proporcionar às crianças da Educação Infantil um espaço seguro e acolhedor para expressarem seus sentimentos de maneira espontânea e compreensível. Ao perceber que muitas crianças ainda têm dificuldade em nomear ou compreender o que estão sentindo, especialmente na primeira infância, senti a necessidade de adotar uma ferramenta visual e interativa que as auxiliasse nesse processo. A escolha pela associação entre cores e emoções se mostrou eficaz justamente por dialogar com o universo simbólico infantil, despertando o interesse, a curiosidade e, principalmente, a empatia entre os colegas.
Mais do que uma atividade de rotina, essa roda tornou-se um instrumento pedagógico que valoriza a escuta e o respeito pelas emoções de cada criança, promovendo não apenas o desenvolvimento socioemocional, mas também a ampliação do vocabulário em inglês de forma contextualizada e significativa. Ao perguntar diariamente “How are you feeling today?”, estimulo não só a comunicação oral em uma língua adicional, mas também o autoconhecimento e a construção de vínculos afetivos no ambiente escolar. Essa iniciativa reflete meu compromisso com uma educação integral, que reconhece a importância das emoções no processo de aprendizagem e formação dos pequenos.
Imagem 2: Roda das emoções dos “COLOUR MONSTERS”.
Durante a leitura, o livro artesanal funcionava como uma espécie de “mapa das emoções”, servindo tanto como material estético quanto didático. As cores vibrantes e a textura da aquarela despertaram a curiosidade dos alunos e reforçaram a associação entre sentimento, cor e vocabulário. Além disso, o formato ampliado possibilitou que todos visualizassem os detalhes mesmo em grupo, tornando a atividade mais inclusiva e democrática.
Essa experiência evidencia como a integração entre literatura, arte e ensino bilíngue pode enriquecer as práticas pedagógicas e fortalecer a conexão entre linguagem e emoção, aspectos essenciais na formação integral das crianças.
Emoções em Números: Representações Visuais de Sentimentos na Sala de Aula Bilíngue
A proposta consistiu em permitir que as crianças escolhessem uma emoção que representasse como se sentiam no momento, utilizando uma representação visual com cores associadas a cinco estados emocionais: Happy (amarelo), Sad (azul), Angry (vermelho), Calm (verde) e Love (rosa).
Gráfico 1: Mostra a porcentagem de alunos do Infantil 3 que relatou estar se sentindo “happy” ou “sad”.
Gráfico mostra a distribuição percentual das emoções identificadas nas turmas da Educação Infantil, utilizando a Roda das Emoções inspirada em The Colour Monster. A maioria dos alunos expressou a emoção Happy, seguida por Sad. Emoções como Calm, Angry e Love apareceram em menor proporção (Gráfico criado por Arthur Vinícius).
Os resultados revelaram predominância das emoções Happy e Sad, com menor ocorrência de Calm, Angry e Love, sendo esta última mencionada apenas por alunas do Infantil 4.
A inclusão da emoção Love por parte de algumas crianças, especificamente três meninas do Infantil 4, sugere uma influência estética e simbólica na escolha, mais relacionada à cor rosa do que ao significado emocional propriamente dito. Essa observação está alinhada com estudos que indicam a forte associação afetiva que crianças pequenas, especialmente do sexo feminino, desenvolvem com certas cores durante a primeira infância (FRANKLIN et al., 2010; ZENTNER, 2001).
Dessa forma, é possível que a escolha da emoção In Love tenha se dado não por identificação com o sentimento de afeto profundo, mas por preferência pela cor, revelando o desafio de interpretar com precisão os estados emocionais em crianças pequenas com base apenas em estímulos visuais.
A expressão predominante da emoção Happy pelos alunos do Infantil 2, todos com idades entre 2 e 3 anos, pode ser compreendida à luz do desenvolvimento socioemocional típico dessa faixa etária. Segundo Papalia e Feldman (2013), crianças pequenas tendem a apresentar respostas emocionais mais espontâneas e intensas, frequentemente influenciadas pelo ambiente imediato e pelas interações positivas com adultos e colegas.
Gráfico 2: Mostra a porcentagem de cem por cento (6 alunos) do infantil 2, que relataram a emoção HAPPY (FELIZ).
Gráfico 3: Mostra a porcentagem de cinquenta por cento dos alunos do infantil 3 relatando se sentirem “HAPPY” e os outros cinquenta por cento se sentindo “ANGRY”.
Além disso, nessa etapa do desenvolvimento, as crianças ainda estão construindo a compreensão de sentimentos mais complexos e abstratos, o que pode levá-las a identificar e expressar com maior frequência estados emocionais simples e agradáveis, como a alegria.
No Infantil 5, composto por crianças com aproximadamente 5 anos de idade, observou-se uma distribuição mais consciente das emoções, especialmente entre Happy e Sad. Nessa fase do desenvolvimento, os pequenos já demonstram maior capacidade de reconhecer, nomear e refletir sobre seus próprios sentimentos e os dos outros, resultado do avanço cognitivo e social característico do período pré-escolar (DENHAM et al., 2012).
A presença da emoção “Sad” em algumas aulas podem estar relacionada a fatores como frustrações cotidianas, conflitos interpessoais ou saudades dos familiares, elementos que começam a ser identificados e verbalizados com mais clareza pelas crianças nessa etapa.
A Influência da Administração Escolar na Qualidade do Ensino de Inglês em Escolas Privadas
O ensino de inglês em escolas privadas tem se tornado cada vez mais importante nas últimas décadas, motivado tanto pelas demandas de um mercado de trabalho que se globaliza rapidamente quanto pelo aumento do interesse das famílias por uma educação bilíngue (SOUZA, 2020). Entretanto, os resultados favoráveis no processo de aprendizado dessa língua estrangeira não dependem apenas da atuação dos professores, mas estão intimamente ligados à eficiência da administração da escola. Uma gestão educacional fundamentada em indicadores de qualidade é crucial para criar um ambiente favorável ao aprendizado e ao aprimoramento de habilidades linguísticas importantes para o século XXI.
A administração escolar abrange os aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros. Em organizações privadas, que buscam constantemente a excelência, a aplicação de indicadores de desempenho se torna uma prática fundamental para a avaliação e o aperfeiçoamento das atividades institucionais (MARTINS; ALMEIDA, 2019). Dentre os indicadores mais importantes, ressaltam-se o planejamento estratégico, a capacitação contínua dos docentes, os processos de avaliação institucional, o ambiente organizacional e a administração dos recursos pedagógicos e tecnológicos (FERREIRA, 2021).
No que diz respeito ao ensino da língua inglesa, a implementação de metodologias modernas, como o CLIL (Aprendizagem Integrada de Conteúdo e Língua), assim como a disponibilidade de docentes qualificados e a garantia de infraestrutura adequada, constituem elementos essenciais para o êxito pedagógico (COSTA; RAMOS, 2022). Entretanto, essas práticas só são possíveis com uma administração escolar que ofereça apoio no treinamento e monitoramento contínuo das atividades realizadas.
A ligação entre os parâmetros de qualidade da administração escolar e os resultados no ensino da língua inglesa é clara e pode ser quantificada. Um plano estratégico bem organizado possibilita a definição de objetivos claros e alcançáveis para o progresso das habilidades linguísticas dos estudantes. A valorização dos professores, através da disponibilização de formação contínua e de retorno construtivo, promove a utilização de métodos eficazes e ajustados ao perfil dos alunos (OLIVEIRA, 2020). De maneira semelhante, o uso de ferramentas de avaliação diagnóstica e formativa auxilia na adaptação do ensino e na superação de dificuldades de aprendizado.
A administração eficaz de recursos educacionais e tecnológicos, como a utilização de plataformas digitais e materiais interativos em inglês, também fortalece os resultados de aprendizagem. Ademais, um ambiente organizacional favorável e cooperativo, promovido pela liderança escolar, intensifica o envolvimento da comunidade escolar, ajudando na criação de uma cultura que valoriza a aprendizagem do inglês (LIMA, 2018).
Portanto, os indicadores de qualidade na administração escolar devem ser entendidos não apenas como mecanismos de supervisão, mas como componentes estratégicos para o desenvolvimento de um ensino de inglês mais eficaz e relevante. Quando utilizados de forma adequada, esses indicadores afetam diretamente a formação de indivíduos críticos, independentes e capacitados para atuar em contextos internacionais. A combinação de uma administração escolar eficiente com um ensino de qualidade é, portanto, um dos fundamentos para o sucesso educacional nas instituições privadas.
Conclusão
A pesquisa atual mostrou que é viável e muito vantajoso combinar o ensino bilíngue com o desenvolvimento socioemocional na Educação Infantil, especialmente quando isso é feito através de atividades lúdicas e relevantes. A seleção da obra The Colour Monster, de Anna Llenas (2018), mostrou-se uma decisão inteligente ao criar um ambiente de aprendizado que combina linguagem, emoção e expressão artística, favorecendo a aprendizagem de vocabulário em inglês de maneira tangível e afetiva. As cores, os personagens e as emoções apresentadas no livro foram essenciais para criar um ambiente de acolhimento e diálogo que respeita as experiências emocionais das crianças.
Ao lidar com emoções através da língua inglesa, as atividades sugeridas neste estudo possibilitaram que os alunos não apenas enriquecessem seu vocabulário, mas também aprimorassem sua consciência emocional, evidenciando avanços consideráveis na habilidade de nomear, reconhecer e expressar suas emoções em ambas as línguas. Essa conexão entre linguagem e emoção é apoiada teoricamente por autores como Vygotsky (2001), que argumentam que a cognição e o afeto não podem ser separados no contexto do aprendizado infantil.
A adoção de literatura ilustrada como ferramenta educacional no ambiente bilíngue, conforme destacam Nikolajeva e Scott (2001), pode aumentar a compreensão de novos conceitos e a evolução da fala, particularmente quando o material é ajustado à realidade da sala de aula e facilitado por atividades interativas. A produção manual do livro e a elaboração da “Roda das Emoções” evidenciaram como a arte, unida à linguagem, pode servir como um elo entre o conteúdo verbal e o mundo emocional das crianças, tornando o processo de aprendizado mais relevante.
Além disso, a pesquisa demonstrou que a educação bilíngue na Educação Infantil não deve restringir-se à tradução de palavras ou à utilização de métodos formais, mas sim enfatizar experiências sensoriais, afetivas e culturais, nas quais a segunda língua se manifeste como um meio de expressão e de identificação. Conforme argumenta Cummins (2000), o bilinguismo na infância pode impulsionar múltiplas aprendizagens, desde que o contexto educacional proporcione uma abordagem integrada, respeitosa e alinhada ao desenvolvimento da criança.
Finalmente, é importante ressaltar a necessidade de oferecer uma formação para professores que seja crítica e atenta às práticas bilíngues e emocionais, com o objetivo de assegurar que vivências como a que foi apresentada possam se expandir para outras realidades educacionais. A experiência com “The Colour Monster” demonstrou que é viável ensinar inglês mantendo o foco no desenvolvimento integral do indivíduo, destacando a relevância de metodologias educacionais que levem em conta a criança em sua totalidade – emocional, linguística, social e cultural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 8. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
COSTA, Mariana; RAMOS, Felipe. Metodologias ativas no ensino de línguas estrangeiras. São Paulo: Editora Acadêmica, 2022.
CUMMINS, Jim. Language, power and pedagogy: bilingual children in the crossfire. Clevedon: Multilingual Matters, 2000.
FERREIRA, Ana Paula. Gestão escolar e qualidade educacional. Rio de Janeiro: Vozes, 2021.
LIMA, Ricardo. Clima organizacional e desempenho escolar. Recife: EDUPE, 2018.
LLENAS, Anna. The Colour Monster: a story about emotions. New York: Sterling Children's Books, 2018.
MARTINS, Juliana; ALMEIDA, Sérgio. Avaliação institucional em escolas privadas. Porto Alegre: Penso, 2019.
NIKOLAJEVA, Maria; SCOTT, Carole. How picturebooks work. New York: Garland Publishing, 2001.
OLIVEIRA, Cláudia. Formação docente e práticas inovadoras no ensino de inglês. Brasília: MEC, 2020.
SOUZA, Daniela (org.). Educação bilíngue e mercado de trabalho. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
1 Professora de Inglês e História; Graduada em Pedagogia e História com pós-graduação em Educação bilíngue, psicopedagogia e metodologia do ensino de história (UNINTER). E-mail: [email protected]
2 Graduada em Administração e pós-graduada (FACIMA)
3 Graduando em Ciência da computação (UNINTER)