AS CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA INCLUSIVA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15561158
Silvana Alves Queiroz1
Ana Rita de Cássia Silva Oliveira2
Cristiane de King e Campos3
Evanuzia da Silva Gonçalves4
Leandro Araújo da Silva5
RESUMO
Sabendo que não se pode pensar em tornar uma escola inclusiva se existir, como parte de suas ações, a preocupação com a formação continuada de seus profissionais, que o presente relato de experiência tem o objetivo de apresentar os resultados obtidos a partir do desenvolvimento do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, desenvolvido junto aos servidores da Escola Municipal Professora Carmem Eugênia Macaggi, como parte das ações desenvolvidas pela Sala de Recursos Multifuncional (SRM) com o apoio da equipe gestora e da Gerência de Educação Especial e de Formação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC). Assim, utilizando-se de aportes da observação participante, com abordagem qualitativa, do tipo descritiva, traz-se para a análise como ocorreu o desenvolvimento do projeto na referida unidade educativa, analisando-se as mudanças percebidas após a sua aplicação e os avanços produzidos no processo de ensino e aprendizagem. Afinal, é por meio da aquisição de novos conhecimentos que a prática se torna mais eficiente e promove mudanças significativas no ambiente escolar.
Palavras-chave: Formação Continuada. Educação Inclusiva. Educação Especial.
ABSTRACT
Knowing that it is not possible to think about making a school inclusive if there is, as part of its actions, a concern with the continued training of its professionals, this experience report aims to present the results obtained from the development of the pedagogical project “Continuing Education: IV Lecture Series All together for an Inclusive Education”, developed together with the staff of the Professora Carmem Eugênia Macaggi Municipality School, as part of the actions developed by the Multifunctional Resource Room (MRR) with the support of the management team and the Special Education and Training Management of the Municipality Secretariat of Education and Culture (MSEC). Thus, using contributions from participant observation, with a qualitative, descriptive approach, we analyze how the project was developed in the aforementioned educational unit, analyzing the changes perceived after its application and the advances produced in the teaching and learning process. After all, it is through the acquisition of new knowledge that practice becomes more efficient and promotes significant changes in the school environment.
Keywords: Continuing Education. Inclusive Education. Special Education.
Introdução
A experiência desenvolvida a partir do projeto pedagógico intitulado “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, ocorreu na Escola Municipal Professora Carmem Eugênia Macaggi, como parte das ações desenvolvidas pela Sala de Recursos Multifuncional (SRM), visando, além de atender as especificidades de cada deficiência, promover um espaço de reflexão coletiva sobre o planejamento da ação educativa.
A sua realização do projeto pedagógico foi pensado para atender as necessidades reais apontadas pelo grupo escolar, pois foi olhando para o interior da escola, para o público da Educação Especial atendidos na instituição, que se implementou cada palestra para atender as especificidades de cada deficiência, buscando promover um espaço de reflexão coletiva sobre o planejamento da ação educativa.
Assim, por entender que uma escola inclusiva também se constrói a partir das contribuições propiciadas por meio da formação continuada promovida no ambiente escolar aos seus diferentes atores do processo educativo (APPLE, 2017), justifica a escolha do tema o fato de se ter, desde a Constituição Federal de 1988, já confirmado que a inclusão educacional tem como foco a transformação da educação e da própria sociedade com o intuito de eliminar as barreiras que limitam, de um lado, a aprendizagem, participação e desenvolvimento desses indivíduos no ambiente escolar; e, de outro, garantir que políticas públicas sejam implementadas visando mudanças físicas, estruturais e nas práticas sociais e institucionais com o intuito de promover a igualdade de oportunidade a todas as pessoas, com e/ou sem deficiência (BATISTA, 2005).
Sendo assim, não se pode pensar em tornar uma escola inclusiva se ela não contemplar em suas ações, a preocupação com a formação continuada de seus profissionais. Afinal, é por meio da aquisição de novos conhecimentos que a prática se torna mais eficiente e promove mudanças significativas no ambiente escolar (RAPOLI et al., 2010).
Logo, é objetivo geral deste relato de experiência, apresentar os resultados obtidos a partir do desenvolvimento do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”. E, de modo específico, o que se propõe é: Descrever como se desenvolveu o projeto; Analisar as mudanças percebidas após a aplicação do projeto; e, Contextualizar os avanços produzidos no processo de ensino e aprendizagem e na escola.
A importância da formação continuada na escola inclusiva
A escola, buscando dar legitimidade a inclusão dos alunos da Educação Especial, vem tentando se adequar em todos os seus aspectos estruturais e pedagógicos. O propósito é atender a todos os alunos, sem qualquer forma de discriminação e preconceito, garantindo-lhe matrícula, acesso, permanência, aprendizagem e progresso escolar.
No entanto, essa não tem sido uma tarefa tão fácil como se vê nos discursos amplamente divulgados nos diferentes contextos sociais. A escola até tenta cumprir com o seu papel, mas acaba esbarrando em entraves que já se perpetuam há muito tempo. Um deles é a necessidade de promover a formação continuada e em serviço de seus profissionais.
A promoção da formação continuada na e pela escola se faz fundamental porque “a inclusão, enquanto paradigma educacional emergente, desafia a escola a produzir respostas pedagógicas mais adequadas às necessidades de todos os estudantes” (DUEK et al., 2020, p. 917). Afinal, a todos os alunos devem ser ofertadas as mesmas oportunidades de aprendizagem.
A formação continuada e em serviço tem pleno amparo legal dos todos os diferentes dispositivos existentes, como é o caso da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96, Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Plano Nacional de Educação (PNE). Variadas tem sido, inclusive, as ações desencadeadas com foco na formação dos profissionais da educação.
Em se tratando diretamente dos alunos da Educação Especial, esse olhar para a formação dos profissionais da educação, é decorrente da necessidade que se tem de prepará-los para melhor atuar junto a estes sujeitos. Para Santos et al. (2023, p. 01) essa ação é necessária em virtude de:
Ainda vivenciamos no contexto escolar contemporâneo as dificuldades e o despreparo dos professores para o acolhimento e a inclusão das pessoas com deficiência. Prevalecendo muitas vezes nos discursos, diálogos e nas práticas docentes a concepção do modelo médico da deficiência. [...] Esquece-se que, pensar a escola das diferenças exige que os professores compreendam o estudante com deficiência como pessoa, com seus sentimentos, potencialidades, e habilidades, percebendo assim sua singularidade em meio as pluralidades.
Observando a realidade ainda muito vivenciada nos dias de hoje, percebe-se a necessidade que se tem de concretizar uma educação pautada nos princípios inclusivos. Mas, para isso, é crucial discutir o papel da escola frente ao desenvolvimento dos estudantes da Educação Especial, ao mesmo tempo que é fundamental introduzir e efetivar mudanças em sua organização, na maneira de ensiná-los e de avaliá-los.
Em razão dessa problemática, diversos são os teóricos, entre eles, Duek (2014), Guasselli (2014), Duek et al. (2020), Santos et al. (2023), Silva et al. (2024), que entendem que a rediscussão dos processos formativos vividos de todos os profissionais da educação, coloca-se como uma questão urgente e necessária, elemento fundamental para a organização e o redimensionamento do trabalho educativo.
Para Duek (2014), por exemplo, é a sistematização e compartilhamento de práticas pedagógicas realizadas na sala de aula, que outros educadores podem se espelhar e promover mudanças em suas próprias práticas docentes, por meio de uma reflexão e tomada de consciência.
Guasselli (2014), por sua vez, ao refletir sobre a importância da formação continuada como ponto de partida para a efetivação da inclusão escolar, pontua que é fundamental a preparação da equipe escolar, dos recursos, da acessibilidade, e de todo o aparato que compõem o fazer pedagógico. Sem esse conjunto é quase impossível garantir que todos os estudantes tenham as mesmas possibilidades e oportunidades de aprendizado e progresso escolar.
E, é por isso que se concorda com Santos et al. (2023, p. 02) ao afirmar que refletir sobre a importância da formação dos profissionais da educação, na perspectiva da educação inclusiva, deve ter como premissa a “defesa da diversidade na escola (...), pois é urgente o rompimento dos paradigmas excludentes que de alguma forma ainda possa existir na instituição escolar”.
Por conta disso, toda e qualquer iniciativa de formação, seja ela em formato de palestra, oficina, minicursos, etc., é aplaudível por parte da escola e de seus próprios profissionais, na tentativa de tornar os colegas de trabalho mais conhecedores de sua atuação, do seu papel, pois é comprovado que:
A formação continuada é considerada um dos principais recursos motivadores para a construção significativa no processo pedagógico, uma vez que por meio desta o professor encontra suporte para lidar com diversas realidades. Além de fortalecer e contribuir na construção de valores morais, étnicos e sociais, também desempenha uma função essencialmente importante em seus aspectos internos e externos. Essa é uma ferramenta que auxilia a prática pedagógica colaborando assim para uma educação de qualidade (SILVA et al., 2024, p. 2171).
Isso ocorre porque a formação continuada e em serviço possui uma dinamicidade dos processos de aprendizagem que vão ao encontro do modelo de trabalho pedagógico que precisa ser desenvolvido na perspectiva da Educação Inclusiva. Hoje, não se pode mais pensar em uma escola plural sem reconhecer as diferenças existentes em seu contexto. Assim, como não se pode deixar de garantir que todos tenham acesso ao conhecimento.
A todo tempo a escola é convocada a rever concepções, práticas, processos formativos e o próprio desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, pois se deseja ser efetivamente inclusiva, suas ações precisam estar pautadas nas diferenças e no seu atendimento integral. Mas, essa deve ser um movimento de todos os profissionais. Não se pode esperar que o gestor ou o professor sozinho torne a escola inclusiva.
Nesta direção, Duek (2014) pontua que a formação continuada e em serviço, na perspectiva da Educação Inclusiva, precisa ser pensada e posta em prática para dotar os profissionais de subsídios para o desempenho profissional. Só assim, a escola se tornará uma instituição social de acolhimento, formação social e humanizada.
E, é considerando isso, que o projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva” se propôs a promover aos diferentes profissionais da escola campo de pesquisa. A proposta, conforme será apresentada a seguir, baseou-se na necessidade que se tem de fortalecer a inclusão no ambiente escolar, tendo como ponto de partida o preparo dos servidores que atuam diretamente com os alunos da Educação Especial.
Afinal, na perspectiva da Educação Inclusiva, há uma necessidade corrente, não apenas do educador, mas, de todas as pessoas, de buscarem estar atualizados e bem informados sobre os fatos que o cercam sobre o mundo, e, em relação aos conhecimentos curriculares e pedagógicos e às novas tendências educacionais. O lado positivo é que esses profissionais, ao se depararem com alunos com deficiência, procurarão se abastecer de informação, para melhor atendê-los. Mas a informação por si só não basta, eles precisam aprimorar em conhecimento, pois esses sujeitos trazem especificidades próprias que requerem metodologias diferenciadas, em alguns casos contempladas em leis, com obrigatoriedades como a Língua Brasileira de Sinais (Libras), Braille, Comunicação Alternativa (CA), entre outros.
Metodologia
Visando levar informação a comunidade escolar e local sobre as deficiências, papel familiar e processo de ensino e aprendizagem dentro da perspectiva inclusiva, fizeram parte do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, os seguintes procedimentos das práticas pedagógicas:
Levantamento de temas junto aos atores do processo educativo para a realização da formação continuada;
Realização de parcerias com profissionais para ministrar as palestras de acordo com os temas propostos;
Planejamento e organização do IV Ciclo de Palestras: material do participante, inscrições, divulgação, banner, etc.;
Divulgação e inscrição do IV Ciclo de Palestras;
Realização do IV Ciclo de Palestras.
Vale destacar que o IV Ciclo de Palestras ocorreu na Escola Municipal Professora Carmem Eugênia Macaggi, no turno noturno e este organizado da seguinte forma:
1º Dia: Transtorno do Espectro Autista (TEA), caracterização, diferença entre surto e birra e o manejo comportamental no âmbito escolar e familiar.
Palestrante com formação em Psicologia.2º Dia: Transtornos, complexidades e a inserção no processo escolar.
Palestrante com formação em Psicologia.3º Dia: Doenças raras, Diagnóstico, Tabus e a realidade escolar.
Palestrante com formação em Clínica Geral.4º Dia: Deficiência visual, causas, patologias e intervenções.
Palestrante com formação em Pedagogia.5º Dia: Primeiros socorros, Urgência e Emergência dentro do ambiente escolar.
Palestrante com formação em Urgência e Emergência/Socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Participaram do IV Ciclo de palestras: professores, cuidadores escolares, equipe gestora e comunidade escolar. O espaço cedido foi uma sala de aula da escola devidamente equipada para o seu desenvolvimento. Para participar, os interessados tiveram que realizar a inscrição junto a Sala de Recursos Multifuncional (SRM).
E, sabendo que incluir significa acolher todas as pessoas no ambiente escolar sem exceção, independentemente de classe social, cor ou condições físicas e psicológicas, a formação teve como foco o alcance dos seguintes objetivos:
Instruir os pais e comunidade escolar nas diversas áreas de reabilitação de acordo com a deficiência;
Entender as características do disléxico e sua inserção no processo de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem;
Refletir sobre os principais conflitos psicológicos vivenciados pelo grupo familiar e professores diante do aluno com TEA, diferenciando surto e birra;
Proporcionar momentos de reflexão e troca de conhecimentos, a fim de aprimorar habilidades e competências para a sua evolução enquanto pessoas, cidadãos dentro do ambiente escolar e fora dele;
Garantir oportunidades para o diálogo, a troca de experiências e o aprofundamento da teoria e prática, favorecendo a consolidação dos conhecimentos e integração do grupo, de acordo com as especificidades apresentadas;
Incentivar discussões para o emprego de estratégias metodológicas que deem vida a sala de aula, tornando os momentos de estudos e discussões agradáveis e acolhedoras;
Promover a conscientização que “todos” são responsáveis pelo crescimento e fortalecimento da vida escolar;
Aprender manobras de primeiros socorros possíveis de uso no ambiente escolar;
e, Relacionar teoria e pratica no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência.
Tais objetivos foram propostos por se entender que na escola, a inclusão vai além do trivial, matricular e fazer frequentar um aluno com deficiência e deixá-lo apenas aos cuidados de um cuidador. Significa transcender os muros da escola, levar conhecimento e mudar as condições do aluno com deficiência não somente no ambiente escolar, mas em todos os contextos por onde estes possam fazer parte (ARANHA, 2005).
Considerando isso, as estratégias metodológicas utilizadas no IV Ciclo de palestras foram:
Palestras teóricas e práticas;
Exposição de vídeos;
Realização de dinâmicas;
Diálogo dirigido para sanar dúvidas dos participantes.
Pensando na posterior análise dos resultados obtidos, foram utilizados como instrumentos de coleta de informações:
Avaliação escrita no último dia do IV Ciclo de Palestras;
Observações diretas e participantes;
Registro escrito que ajudou a construir o relatório final do projeto desenvolvido e que consta no portfólio da SRM;
Registros fotográficos para confirmar a sua realização.
Para sistematizar as informações coletadas, a avaliação de todo o processo de execução do projeto aconteceu de forma qualitativa, por meio de observação e da assiduidade no evento, pois para certificação do participante foi necessária a comprovação mediante frequência. Uma vez comprovada 80% de participação foi emitido o certificado de participação assinados e validado pela gestão da Escola Municipal Professora Carmem Eugênia Macaggi em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC).
Análise e discussão dos resultados
Por compreender que a inclusão educacional é um direito constituído legalmente, resultado de um amplo e longo processo de discussão que se buscou definir novos caminhos a serem percorridos pela Educação Especial visando reafirmar princípios educacionais e sociais inclusivos (BATISTA, 2005), a realização do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, trouxe como avanços no fortalecimento do processo de ensino e aprendizagem:
Novos conhecimentos a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA); dos Transtornos, suas complexidades e a importância da sua inserção no processo escolar; das Doenças raras, seu diagnóstico, tabus e a realidade escolar; da Deficiência Visual (DV); e, de primeiros socorros, Urgência e Emergência dentro do ambiente escolar;
Novas posturas a serem adotadas na escola por meio da aquisição de conhecimento teórico e prático;
Ampliação do fortalecimento da inclusão no ambiente escolar.
Tais conhecimentos foram importantes porque se sabe que há a necessidade de se investir em formação continuada e em serviço dos diferentes atores do processo educativo, uma vez que os principais fatores que contribuem para a inclusão no ambiente escolar são: currículo, interação social, ensino aprendizagem, profissionais, metodologia. E, para ter avanços significativos, não se pode esquecer da parceria família e escola (BENUTE, 2020).
Contribuiu para isso, o fato de se observar, desde o primeiro dia do IV Ciclo de Palestras, que todos os participantes se mostraram ansiosos por buscar, ordenar, elaborar, selecionar e sistematizar uma massa de informação para transformá-la em conhecimento, e a partir dessa aquisição, poder pôr em prática na escola o que aprenderam.
Mesmo porque, não há como incluir se não houver investimento em formação continuada e em serviço. E, isso ocorre por meio de capacitação, conhecimento, treinamento, aceitação, diálogo e, acima de tudo um fazer pedagógico com compromisso, caso contrário o incluir se torna mera colocação segregada (BOA VISTA, 2022).
Assim, como parte das inovações e contribuições para a Escola Municipal Professora Carmem Eugênia Macaggi, evidenciou-se, principalmente:
Professores e cuidadores mais comprometidos com a função exercida e com a inclusão escolar;
Famílias mais atentas ao desenvolvimento dos filhos;
Novas parcerias foram efetivadas com os profissionais que ministraram as palestras para o auxílio em ações futuras em prol da inclusão escolar e da promoção de formação continuada.
Tais inovações e contribuições alcançadas foram importantes porque quando se fala de inclusão é preciso incluir não só as pessoas com deficiência, mas, também, aquelas que possuem dificuldade de aprendizagem entre outras necessidades específicas, tal como destaca Benute (2020) que é necessário ter um olhar de estímulo, acreditar que aquele cidadão é capaz, não o infantilizar e nem o excluir por ser uma pessoa que necessitará de maiores cuidados e atenção, mas oportunizar por igual.
Por conta disso, destaca-se que a realização do IV Ciclo de Palestras “Todos juntos por uma Educação Inclusiva” se revelou como sendo de fundamental importância para todos os profissionais que ali estavam. E em se tratando da Educação Especial esse fator se tornou essencial, tendo em vista que a formação inicial desses sujeitos para atender essa clientela foi bastante deficitária e, em alguns casos, deficiente, tanto de teoria como de prática.
Além disso, não se pode esquecer que, diante das inúmeras mudanças que a sociedade vem sofrendo, ao longo do tempo, principalmente na quantidade de informações que são disponibilizadas diariamente e a velocidade de sua propagação, faz-se necessário o acompanhamento de tais mudanças, uma vez que a informação e o conhecimento são requisitos indispensáveis para a vida profissional. Convém esclarecer que informação e conhecimento, embora semanticamente afins, não são sinônimos. Informação é tudo aquilo que é disponibilizado às pessoas, todavia a informação só tornará conhecimento quando se efetivar um sentido (APPLE, 2017).
Registra-se, dessa forma, como parte dos aprendizados sistematizados a partir da avaliação escrita sobre o IV Ciclo de Palestras “Todos juntos por uma Educação Inclusiva”:
Palestras pontuais e atuais, com temas diversificados e dentro do levantamento realizado;
Ótima organização e condução do evento;
Práticas vivenciadas por meio das palestras focaram diretamente na inclusão dos alunos com deficiência existentes no ambiente escolar.
Com base nos aprendizados destacados e alcançados a partir da avaliação realizada junto aos participantes do IV Ciclo de Palestras, é possível destacar a formação continuada e em serviço, na perspectiva da Educação Especial e Inclusiva, além de fundamental, constitui-se “um processo de desenvolvimento profissional que supera o caráter individualista de aperfeiçoamento de professores para uma abordagem contextual, organizacional e orientada para a mudança” (DUEK et al. 2020, p. 218).
Logo, acredita-se que estes resultados só puderam ser alcançados porque os temas ofertados partiram do interesse dos diferentes atores do processo educacional, cujo levantamento ocorreu logo no início do ano letivo, onde, demonstraram se sentir, por conta das novas demandas de deficiências e transtornos existentes no ambiente escolar, carentes de informação sobre como lidar com as situações vivenciadas no cotidiano escolar.
Assim, fazendo uma análise de tudo o que foi desenvolvido por meio do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, é possível afirmar que seus objetivos (geral e específicos) foram alcançados em sua totalidade, uma vez que a sua construção partiu justamente dos interesses e necessidades dos atores do processo educativo.
Há, inclusive, a possibilidade de continuidade no próximo ano, assim como é importante ampliar a participação para outras escolas que queiram se tornar parceiras e propiciar formação continuada aos seus professores e cuidadores, para assim, contribuírem para a construção de uma escola cada vez mais inclusiva, tal como destaca Rapoli et al. (2010) que é fundamental que pais, professores, servidores e comunidade escolar, conheçam os mecanismos apropriados para atender as especificidades de todos os alunos, pois a desculpa de que a escola não está preparada para receber os estudantes público-alvo da Educação Especial, não cabe mais no atual contexto educacional vivenciado.
Conclusão
A realização do projeto pedagógico “Formação Continuada: IV Ciclo de Palestra Todos juntos por uma Educação Inclusiva”, partiu da premissa de que incluir envolve troca de saberes entre escola, família, comunidade e outros profissionais envolvidos, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e médicos.
Logo, suas palestras foram pensadas para alcançar toda a comunidade escolar, e, dessa forma, contou com a participação de uma equipe multiprofissional com foco na constante troca de conhecimento em prol de uma promoção educativa e social da pessoa com deficiência ou de outras necessidades inclusivas.
Nesse contexto, a formação continuada envolveu a teoria e a prática, articulando os saberes, trazendo o que os estudiosos, pesquisadores apresentaram de mais recente acerca dos temas sugeridos e que podem contribuir com melhoria da pratica educativa dentro do contexto da Educação Especial e Inclusiva.
Os resultados obtidos só foram possíveis porque os profissionais que se disponibilizassem a efetivar a parceria, trouxeram, numa linguagem simples e clara, os conhecimentos esperados, uma vez que se entende que não basta apenas ter acesso à informação, é preciso sistematizá-la a ponto de torná-la um saber que faça a diferença na vida acadêmica do profissional, uma vez que ele só colocará em prática se o que aprendeu mudar seu ponto de vista, sua forma de pensar e de agir.
Vale ressaltar que as expectativas foram superadas em relação a realização do IV Ciclo de Palestra “Todos juntos por uma Educação Inclusiva”. O número de inscrições foram todos preenchidos, até lista de espera acabou sendo preenchida. No entanto, por conta do espaço disponível, e tentando deixar a formação com a mesma qualidade, optou por manter os 40 inscritos.
Assim, a realização deste projeto que se materializou por meio do IV Ciclo de Palestras “Todos juntos por uma Educação Inclusiva” se revelou como sendo de fundamental importância para todos as pessoas que ali estavam. Desde o primeiro dia o que se viu foi todos os participantes ansiosos por buscar, ordenar, elaborar, selecionar e sistematizar uma massa de informação para transformá-la em conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLE, Michael Whitman. A educação pode mudar a sociedade? Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
ARANHA, Maria Salete Fabio. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais dos alunos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005.
BATISTA, Cristina Abranches Mota. A questão da deficiência mental. (p. 101-107). In.: BRASIL. Ensaios Pedagógicos – construindo escolas inclusivas. 1. ed. Brasília: MEC, SEESP, 2005.
BENUTE, Gláucia Rosana Guerra (Org.). Transtorno do espectro autista (TEA): desafios da inclusão. Volume 2. São Paulo: Setor de Publicações; Centro Universitário São Camilo, 2020. (Coleção Ensaios sobre Acessibilidade).
BOA VISTA. Proposta Curricular Municipal de Ensino Fundamental (PCMEF) dos Anos Iniciais. Prefeitura Municipal de Boa Vista; Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Boa Vista, Roraima, 2022. Vol. 1.
DUEK, Viviane Preichardt. Formação continuada: análise dos recursos e estratégias de ensino para a Educação Inclusiva sob a ótica docente. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 30, n. 02, p. 17-42, Abril-Junho, 2014.
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GUASSELLI, Maristela Ferrari Ruy. Formação continuada na perspectiva da Educação Inclusiva: epistemologia e prática. 2014. 193p. Tese (Doutorado em Educação). Orientadora Professora Drª Elizabeth Diefenthaeler. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
RAPOLI, Edilene Aparecida et al. A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)
SANTOS, Cristiana de Paula et al. A importância da formação de professores da Educação Básica na construção da cultura inclusiva baseado no modelo social da deficiência. IN.: IX CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, Anais do IX Conedu, João Pessoa, Paraíba, de 12 a 14 de outubro de 2023.
SILVA, Iranilda de Araújo da et al. Formação continuada de professores na perspectiva inclusiva na Educação Infantil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE, São Paulo, v. 10, n. 12, dez. 2024, pp. 2171-2188.
Anexos
Figura 1: Palestrante de Deficiência Visual (Oftalmologista)
Figura 2: Palestrante de primeiros socorros
Figura 3: Atividade prática vivenciada no dia 25/08 com o tema primeiros socorros no ambiente escolar
Figura 4: Palestra – “TEA, caracterização, diferença entre surto e birra e o manejo comportamental no âmbito escolar e familiar”
Figura 5: Palestra – “Transtornos, complexidades e a inserção no processo escolar”
Figura 6: “Doenças raras, Diagnóstico, Tabus e a realidade Escolar”
Figura 7: Palestra – “Deficiência visual, causas, patologias”.
Figura 8: Certificação do IV Ciclo de Palestras aos professores participantes
Figura 9: Certificação do IV Ciclo de Palestras aos pais de alunos atendidos na SRM participantes
1 Graduada em Pedagogia (Universidade Federal de Roraima – UFRR, 2006), Especialista em Educação Especial (Faculdade Internacional de Curitiba/Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – IBPEX, 2008), Especialista em Educação Especial – Déficit Cognitivo e Educação de Surdos (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, 2011) e Mestre em Ensino de Ciências (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2023). E-mail: [email protected]
2 Mestre em Ensino de Ciências (UERR, 2022), Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico: Administração, Orientação e Supervisão (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – IBPEX, 2009) e em Educação Especial e Inclusiva (Universidade Barão de Mauá, 2017) e licenciada em Pedagogia (UERR, 2007) e em Educação Física (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR, 2012). E-mail: [email protected]
3 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Roraima (UERR, 2007), Especialista em Educação Especial – Formação Continuada de Professores para o Atendimento Educacional Especializado – AEE pela Universidade Federal do Ceará (UFCE). E-mail: [email protected]
4 Pedagoga (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2007), Especialista em Metodologia do Ensino de Arte (Centro Universitário Internacional – UNINTER, 2019). E-mail: [email protected]
5 Graduado em Educação Física (Universidade Federam do Amazonas – UFAM, 2017), Especialista em Educação Física Escolar (Faculdade de Educação São Luís, 2019). E-mail: [email protected]