VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: O SINTOMA DE UMA INFÂNCIA EM CRISE

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17137690


Nilton Pereira da Cunha1


RESUMO
A escalada da violência escolar é um fenômeno de um problema mais profundo: a fragilidade da infância no contexto da sociedade híbrida. Entre as causas, destacam-se a crise da família, que perdeu parte de sua função educadora diante da aceleração digital; a fragilidade dos vínculos familiares, enfraquecidos pela mediação constante das telas; o impacto direto do consumo precoce e excessivo de dispositivos digitais no neurodesenvolvimento infantil e da falta de interação direta nas ruas, condomínios, em que seus jogos e convivência levavam as crianças à desenvolverem a espera, a lidar com a derrota de uma partida, a lidar com a frustração, a desenvolver empatia e a aceita os “nãos”. Soma-se a isso, uma cultura de violência social, alimentada por algoritmos que amplificam polarizações e normalizam comportamentos agressivos, afetando crianças desde cedo. O ambiente escolar, por sua vez, enfrenta sobrecarga estrutural e professores com a formação acadêmica despreparada, uma vez ela pouco contempla os desafios impostos pela lógica algorítmica que molda emoções e comportamentos das novas gerações. Para combater a violência escolar, o artigo aponta caminhos: a presença consciente da família, a introdução de uma educação emocional desde a primeira infância e a formulação de políticas públicas consistentes, que reconheçam e regulem o impacto digital no desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Violência Escolar. Sociedade Híbrida. Fragilidade dos Vínculos Familiares.

ABSTRACT
The rise in school violence is a phenomenon of a deeper problem: the fragility of childhood in the context of a hybrid society. Among the causes are the crisis of the family, which has lost part of its educational function in the face of digital acceleration; the fragility of family bonds, weakened by the constant mediation of screens; the direct impact of early and excessive consumption of digital devices on children's neurodevelopment; and the lack of direct interaction on the streets and in condominiums, where their games and social interactions led children to develop a tendency to wait, cope with losing a game, deal with frustration, develop empathy, and accept "no"s. Added to this is a culture of social violence, fueled by algorithms that amplify polarizations and normalize aggressive behavior, affecting children from an early age. The school environment, in turn, faces structural overload and teachers with unprepared academic training, as it barely addresses the challenges posed by the algorithmic logic that shapes the emotions and behaviors of new generations. To combat school violence, the article suggests paths: the conscious presence of the family, the introduction of emotional education from early childhood, and the formulation of consistent public policies that recognize and regulate the digital impact on child development.
Keywords: School Violence. Hybrid Society. Fragility of Family Ties.

1. Introdução

A violência não nasce na escola. Ela explode nela como reflexo de uma crise muito mais ampla – familiar, social e digital. A instituição que durante décadas foi símbolo de acolhimento, formação humana e esperança para gerações, hoje se vê cada vez mais transformada, sendo também palco de agressões físicas, verbais e emocionais.

O que antes era o primeiro espaço de socialização e construção de vínculos fora da família, ele passou a ser também o espaço em que as fragilidades da infância se revelam, inclusive, com brutalidade, já que, a criança chegava como “tábula rasa” e agora já chega como “tábula saturada”.

O fenômeno crescente da violência nas escolas já não pode ser visto como episódio isolado ou desvinculado do tecido social. A escola não fabrica violência: ela apenas a testemunha e a carrega em suas paredes.

Cada ato agressivo cometido entre alunos, cada ameaça ou humilhação covarde contra professor ou entre os próprios pares é um sinal de que algo se quebrou muito antes – nos lares, nas ruas, já que a criança agora chega à escola como uma “tábula saturada” diante de um mundo digital que lhe colonizou precocemente, mesmo antes da socialização escolar, inclusive, de aprender os primeiros códigos da leitura, ela já foi colonizada pela lógica algorítmica.

A violência que atravessa os portões escolares é o eco de uma infância fragilizada, mergulhada na ausência de limites, carência de vínculos afetivos reais e na hiperestimulação de telas que reduzem a capacidade de empatia e elevam a impulsividade.

No entanto, essa crise tem se tornado cada vez mais visível e cruel. Podemos ter como exemplo, agora no começo de setembro de 2025, o fato doloroso que ocorreu na cidade de Belém do São Francisco, em Pernambuco, onde uma menina de apenas de 11 anos, que morreu após ser agredida por colegas dentro da escola municipal, ou seja, agressões registradas dentro da unidade de ensino2.

O episódio não é apenas trágico, mas simbólico: mostra que aquilo que antes resultava em marcas emocionais agora já deixa também corpos no chão. A infância, que deveria ser espaço de cuidado e de sonho, passa a conviver com a sombra da morte. Isso deve ser tratado como um alerta à sociedade, evidenciando que todo tecido social se encontra em crise.

A pergunta que precisamos fazer – sem medo da resposta – é: que infância estamos formando? Uma infância que conhece a lógica dos algoritmos antes de compreender o valor do convívio humano? Uma infância que vive para estímulos imediatos, mas que não aprende a suportar frustrações? Uma infância que passa a entender a escola não mais como refúgio, mas como um campo de batalhas emocionais e físicas?

Se não reconhecermos que a violência escolar é apenas o sintoma de uma sociedade que está em crise, permaneceremos tratando a superfície, enquanto a raiz se aprofunda.

A cada novo episódio, a cada vida interrompida, a sociedade precisa se perguntar: onde estamos falhamos na formação de nossas crianças? E aí buscar corrigir as falhas.

2. As causas mais prováveis

2.1 A crise da família na sociedade híbrida

A violência que hoje explode nas escolas encontra uma de suas raízes mais profundas na família – não porque os pais deixaram de amar seus filhos, mas porque houve uma mudança brusca no contexto social e cultural em que as crianças estão sendo formadas.

É impossível compreender a atual crise da infância sem considerar que, enquanto os pais de hoje ainda foram moldados, especialmente na sua fase da primeira infância, em um ambiente predominantemente analógico e real, seus filhos estão crescendo em uma sociedade híbrida e com a predominância mais digital e virtual. A passagem da sociedade analógica à sociedade híbrida deve e necessitar ser divulgada e compreendida de forma difusa, ou seja, por todos, por uma linguagem que seja acessível a todos.

De acordo com Nilton Cunha: “A criança da sociedade híbrida não é apenas uma extensão do passado, mas o produto de uma mutação antropológica em que o digital já coloniza o cérebro e reorganiza as formas de aprender, brincar e se relacionar, e isso não é uma mudança apenas cultural e tecnológica, mas também neurológica3”.

Essa consciência é decisiva. Muitos pais ainda educam a partir de referências da sua própria infância, sem perceber que as condições atuais são radicalmente diferentes e inéditas.

A presença de dispositivos digitais desde os primeiros meses de vida, a hiperestimulação contínua, a aceleração da atenção e o enfraquecimento das experiências simbólicas mudaram a lógica do desenvolvimento infantil.

Catherine L’Ecuyer, ao refletir sobre o impacto das novas tecnologias, alerta que “a infância não precisa ser entretida, mas nutrida por vínculos e experiências significativas4”.

Quando a família terceiriza o tempo da criança para as telas, o que se perde não é apenas a atenção, mas a própria capacidade de experimentar o mundo real como ele é: lento, cheio de silêncios e intervalos.

É nesse ponto que emerge a necessidade dos limites. Não se trata de impor restrições arbitrárias, mas de reconhecer que a presença humana é insubstituível na primeira infância.

Como lembra Daniel Goleman: “A empatia nasce no contato olho a olho, na sintonia afetiva entre cuidador e criança; sem isso, as habilidades sociais e emocionais ficam comprometidas5”.

Quando uma tela ocupa o lugar do olhar materno e paterno, não há reciprocidade, não há leitura de emoções, não há construção de vínculo. A criança cresce saturada de estímulos, mas carente de presença.

A consequência dessa substituição é dramática: sem aprender a esperar, sem ser conduzida a tolerar pequenas frustrações, a criança torna-se menos capaz de lidar com os desafios da convivência.

Aric Sigman ressalta que: “As experiências precoces de tédio e de espera são fundamentais para o fortalecimento do córtex pré-frontal, área responsável pelo autocontrole e pela regulação da impulsividade6”.

Em outras palavras, é no “não” amoroso e no tempo livre sem distrações que se forja a capacidade de controlar impulsos – capacidade que, quando não desenvolvida, se manifesta em explosões de violência, muitas vezes no espaço escolar.

Por isso, a consciência das famílias é a chave. Não basta falar em limites ou em disciplina se os pais não compreenderem que o contexto mudou radicalmente. O que antes era natural – brincar na rua, conviver com outras crianças, esperar a vez no jogo, viver o silêncio.

Quer dizer, antigamente, no brincar na rua e no convívio com outras crianças, ela aprendia naturalmente a esperar a sua vez, nos jogos, por exemplo, de bola de gude, a cada espera, era uma maneira de criar estratégia para conseguir vencer cada jogada, como também a lidar com a frustração de perder e a desenvolver paciência.

Esses momentos eram verdadeiras escolas de vida. Na cultura da distração infinita, marcada pela gratificação imediata das telas, esse aprendizado deixa de acontecer, e daí nasce a dificuldade crescente das novas gerações em lidar com a espera e com as frustrações do cotidiano.

Ou seja, se culturalmente a criança não é preparada para o tédio criativo, ela se torna refém da excitação imediatas; se não é conduzida à frustração saudável, cresce sem recursos internos para enfrentar os inevitáveis “nãos” da vida.

Essa consciência precisa ser cultivada com urgência, porque não há tecnologia capaz de substituir o abraço, o olhar, o colo. Como sintetiza Nilton Cunha: “A presença humana é a trincheira mais sólida contra a adultização precoce e a dependência digital; quando o ‘não’ é dado com amor e o afeto é traduzido em gestos concretos, vence-se não apenas a batalha contra as telas, mas contra a erosão da infância em si7”.

Em suma, a família, ao reconhecer a mutação cultural que estamos vivendo, precisa assumir um novo papel: não apenas prover cuidados, mas ser guardião da infância diante da pressão de um mundo que a empurra a levar seu filho à cultura da distração infinita, o que, possivelmente, também levará a ter enorme dificuldade de lidar com o “não”.

Isso significa recuperar o tempo de qualidade, resgatar a brincadeira simbólica, limitar a exposição às telas e ensinar que frustração não é fracasso, mas parte essencial do crescimento humano.

Só assim será possível formar crianças capazes de conviver, aprender e construir uma infância sem violência dentro da sociedade híbrida.

2.2 Fragilidades dos vínculos familiares e o impacto das telas

A família, tradicionalmente, é o primeiro espaço de formação afetiva e social da criança, responsável por fornecer segurança emocional, construir vínculos e ensinar a lidar com frustrações.

No entanto, hoje observamos uma fragmentação crescentes desses vínculos. Muitas vezes, os filhos tornam-se, em certo sentido, estranhos dentro de casa: pais fisicamente presentes, mas emocionalmente distantes, porque a atenção plena, o contato olho no olho e a escuta consistentes foram substituídos por telas.

Acreditamos que grande parte dessa fragilidade decorre da falta de consciência sobre o impacto das telas no desenvolvimento infantil. Pais e cuidadores, mesmo com boas intenções, muitas vezes não percebem que o excesso de dispositivos digitais altera diretamente a forma como os filhos se relacionam com eles e com o mundo.

Nilton Cunha enfatiza que: “A substituição da presença humana por telas provoca uma desconexão emocional profunda; a criança deixa de ser reconhecida verdadeiramente pelos pais e passa a ser conduzida emocionalmente, muito mais, pelos estímulos da lógica do mundo digital, pelos algoritmos8”.

Essa ausência de vínculo real compromete a capacidade da criança de lidar com frustrações. Ela cresce acostumada a recompensas imediatas e estímulos constantes, aprendendo que tudo deve ser rápido e previsível. A demora e o não se torna quase insuportável.

Daniel Goleman alerta que: “Sem experiências de espera e frustração, a crianças tem seu córtex pré-frontal subestimulado, prejudicando o autocontrole e a empatia, essenciais para relações saudáveis9”.

Assim, a hiperestimulação digital interfere diretamente na regulação emocional, tornando a criança mais impulsiva e menos capaz de lidar com o “não” ou com situações adversas.

E é por isso que não é uma mudança paradigmática cultural e/ou tecnológica, mas uma mutação antropológica que envolve mudanças também neurobiológicas.

Nesse sentido, Catherine L’Ecuyer reforça que: “O desenvolvimento infantil depende fundamentalmente da presença afetiva e consciente dos pais; nenhum estímulo digital pode substituir a interação real que forma a empatia, a confiança e a segurança emocional10”.

Quando a presença é trocada por telas, o vínculo se fragiliza, e a criança começa a buscar no mundo virtual aquilo que não encontra na família – atenção imediata, estímulos constantes e ausência de limites.

Portanto, a fragmentação dos vínculos familiares não é apenas consequência da falta de tempo ou da vida moderna; ela é, em grande parte, uma questão de consciência.

Somente ao compreender os efeitos das telas e ao assumir a importância da presença real e dos limites consistentes, as famílias podem reconstruir vínculos sólidos e preparar seus filhos para lidar com frustrações, desenvolver empatia e construir relações sociais saudáveis.

2.3 Impacto das telas na infância

As telas, hoje estão presentes em quase todos os momentos da vida das crianças. Smartphones, tablets, computadores e televisores se tornaram extensões de suas experiências cotidianas.

Mas essa exposição precoce e contínua não é neutra. Ao contrário, ela provoca efeitos profundos e duradouros no desenvolvimento cerebral, emocional e social dos pequenos, com consequências que a sociedade precisa compreender urgentemente.

Um dos efeitos mais claros é a hiperestimulação dopaminérgica. O cérebro da criança, constantemente bombardeado por estímulos imediatos – vídeos curtos, jogos interativos, notificações e recompensas digitais –, passa a associar satisfação instantânea à dopamina. Como consequência, a tolerância à espera diminui drasticamente e a impulsividade aumenta.

De acordo com Nilton Cunha: “Quando a criança é estimulada digitalmente de forma contínua, seu cérebro aprende a buscar recompensas imediatas, reduzindo a capacidade de controlar impulsos e lidar com frustrações11”.

Além disso, a exposição precoce a conteúdos violentos e ao cyberbullying cria um ambiente emocionalmente hostil. Crianças que assistem ou vivenciam agressões online tendem a internalizar padrões de comportamento agressivo e reproduzem essas condutas na vida real, inclusive na escola.

Aric Sigman alerta que: “O contato frequente com violência, mesmo virtual, aumenta a agressividade, diminui a empatia e afeta a forma como a criança percebe relações sociais e conflitos12”.

Outro efeito crítico é a perda do brincar simbólico, aquela forma de brincar em que a criança representa e compreende o mundo ao seu redor, experimentando papéis, regras e emoções.

Esse tipo de brincadeira é essencial para desenvolver empatia, criatividade e habilidades sociais. Quando o tempo de tela substitui o brincar livre, a criança deixa de vivenciar experiências fundamentais para sua maturação emocional e relacional.

Catherine L’Ecuyer enfatiza: “O brincar simbólico é a linguagem do cérebro infantil; sua ausência compromete a capacidade de entender o outro, de se colocar no lugar alheio e de regular emoções13”.

Em suma, a sociedade precisa compreender que a infância digitalizada não é apenas uma questão de entretenimento ou distração.

O impacto das telas afeta diretamente a capacidade de autocontrole, empatia, convivência e aprendizado, e cria condições para que episódios de violência e agressividade se tornem mais frequentes na escola e em outros espaços sociais.

Tornar essa informação clara e acessível é fundamental: sem consciência coletiva, continuaremos observando crianças emocionalmente fragilizadas, impulsivas e menos capazes de se relacionar de forma saudável.

2.4 Cultura da violência social

A violência que hoje atravessa a sociedade não nasce apenas, ou em grande parte, de desigualdades históricas, frustrações individuais ou falhas institucionais. Ela é cada vez mais moldada e amplificada por uma nova engrenagem invisível: os algoritmos das plataformas digitais.

Esse sistema, programado para maximizar engajamento, trabalham em uma lógica binária de oposição permanente – “nós” contra “eles”, “certo” contra “errado”, “amigos” contra “inimigos”.

Essa arquitetura de polarização transforma divergências em trincheiras, onde a agressividade deixa de ser exceção e passa a ser regra, convertendo-se em um combustível altamente lucrativo para seus controladores.

O problema é que esse processo não fica restrito às telas. Quando a violência é reiterada em vídeos, comentários, memes e notícias sensacionalistas, ela passa a ser naturalizada.

A repetição gera habituação emocional: a indignação inicial se esgota e o que antes chocava torna-se banal. Esse fenômeno não é apenas psicológico, mas social.

A cultura da violência vai se infiltrando nas conversas familiares, nas interações entre colegas, na linguagem cotidiana, até alcançar as escolas – que deveriam ser espaço de proteção, mas acabam espelhando os conflitos e a intolerância cultivados no ambiente digital.

A família e a sociedade necessitam compreender essa engrenagem. Não se trata apenas de “crianças mal-educadas” ou de “jovens rebeldes”: há um ecossistema tecnológico que promove, recompensa e amplifica comportamentos agressivos porque estes geram mais cliques, mas compartilhamentos, mais tempo de permanência.

Diante disso, a violência se torna um produto altamente rentável, dentro da lógica da “Economia da Atenção”. Ao entender essa lógica, pais, educadores e gestores públicos podem perceber que combater a violência não significa apenas punir atos já praticados, mas romper com a normalização que os antecede.

É preciso ensinar às novas gerações que a agressividade não é natural, em muitos casos, ela é fabricada e estimulada por sistemas que exploram nossas emoções mais instintivas.

Somente a partir dessa consciência coletiva, especialmente, em que os pais consigam entender a problemática do atual cenário é que será possível reconstruir um espaço social no qual o respeito e a empatia não sejam a exceção, mas a base das relações humanas.

2.5 Escolas sobrecarregadas e professores despreparados diante da dinâmica do algoritmo

As escolas do século XXI estão diante de um paradoxo: ao mesmo tempo em que são cobradas para resolver problemas sociais, emocionais e cognitivos cada vez mais complexos, a formação dos professores permanece sem prepará-los para a nova dinâmica do mundo digital e recursos limitados.

Os professores, peça central nesse processo, foram formados em um modelo que não previu os impactos do digital sobre a infância. Não tiveram acesso a disciplinas de Neurologia do Desenvolvimento, área que hoje se revela indispensável para compreender como o uso precoce e excessivo de telas modifica o cérebro em formação.

Maryanne Wolf, ao estudar os efeitos da leitura digital, destaca que: “As mudanças no cérebro moldadas pela experiência se tornam permanentes quando não são substituídas por estímulos diferentes14”.

Essa constatação revela um ponto essencial: a ausência de preparo dos professores impede que reconheçam a gravidade das alterações neurobiológicas geradas pelo ambiente digital.

A formação docente historicamente privilegiou a pedagogia e a didática clássica, mas negligenciou o estudo das bases neurocientíficas que explicam atenção, emoção e aprendizagem. Como observa Daniel Goleman: “O que os professores menos recebem em sua formação é justamente aquilo que mais necessitam em sala de aula: ferramentas para lidar com as emoções15”.

Em uma geração em que as emoções das crianças estão sendo moldadas por estímulos digitais intensos e contínuos, esse déficit formativo torna-se ainda mais dramático.

O resultado é uma escola que, além de sobrecarregada, encontra-se despreparada para dialogar com os pais e conscientizá-los sobre os riscos do excesso de telas, por exemplo. Catherine L´Ecuyer alerta que: “A infância precisa de tempo e espaço para desenvolver-se com calma, algo que a aceleração digital está corroendo16”.

Se os professores não compreendem o que ocorre no cérebro infantil quando ele é exposto precocemente ao digital, tampouco conseguem comunicar às famílias a urgência de eliminar ou limitar esse uso.

Nesse cenário, a interação entre família e escola é vital. Não se trata de delegar a responsabilidade de um lado para o outro, mas de reconhecer que o desenvolvimento saudável da criança depende de uma aliança sólida entre essas duas principais agência educativas da criança.

A escola precisa ser fortalecida com formação contínua, incluindo Neurologia do Desenvolvimento como disciplina obrigatória nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas, para que os professores entendam os mecanismos da poda neural, dopamina e do impacto do excesso de estímulos digitais.

A família, por sua vez, deve ser chamada a participar ativamente desse processo, assumindo a corresponsabilidade pelo cuidado com a infância.

Somente assim será possível reverter o quadro atual: escolas sobrecarregadas, professores sem preparo e famílias distantes, enquanto as crianças crescem em meio à distração infinita e ao enfraquecimento da empatia. A urgência é coletiva e inadiável.

3 Como podemos combater a violência escolar

3.1 Família presente e consciente

A primeira e mais decisiva trincheira contra a violência escolar está no seio da família. Antes de qualquer intervenção institucional ou normativa, é dentro de casa que se forja a base afetiva, cognitiva e social da criança.

A escola pode – e deve – ampliar horizontes, oferecer conhecimento e preparar para a vida em sociedade, mas ela não consegue substituir o papel da família como primeira educadora. Quando a família abdica de sua função, cria-se um vazio que, hoje, está sendo ocupado pelas telas.

O grande perigo é que, na primeira infância, essa delegação silenciosa ocorre de forma quase automática: em vez de convivência, contar histórias, jogos de faz de conta ou experiências concretas, a criança é entregue a dispositivos digitais que oferecem estímulos rápidos, coloridos e constantes, mas que não educam para a vida.

Não é a escola que está recebendo a tarefa que a família deixou de cumprir; são os algoritmos, que passaram a regular a atenção e as emoções da criança em um período crítico do desenvolvimento cerebral.

Como alerta Aric Sigman: “Quanto mais tempo a criança passa diante de uma tela, menos tempo tem para interações humanas reais, que são insubstituíveis no desenvolvimento emocional e social17”.

Essa colonização precoce pelo digital retira da infância a oportunidade de aprender a esperar, lidar com frustrações e construir vínculos reais – elementos que são a base da convivência pacífica e, em última instância, da prevenção da violência.

Catherine L’Ecuyer ressalta que: “A criança precisa de vínculos reais para se desenvolver, pois só a presença autêntica de um adulto significativo pode oferecer a segurança emocional que nenhuma tela é capaz de proporcionar18”.

Educar, nesse sentido, não é apenas transmitir regras ou cobrar disciplina. É criar um ambiente de vínculos humanos, nos quais a criança possa experimentar limites, frustrações e, ao mesmo tempo, acolhimento e pertencimento. O “não” dito com firmeza e amor é tão formativo quanto o abraço que vem em seguida.

A criança que cresce sem experimentar limites, ou que é capturada precocemente pelos estímulos das telas, perde a oportunidade de desenvolver, em seu tempo natural, habilidades cruciais como o controle dos impulsos, a paciência e a resiliência diante da frustração. Como explica Daniel Goleman19, a capacidade de controlar emoções e impulsos é adquirida na convivência, e não em experiências virtuais.

É nas pequenas interações cotidianas que esses aprendizados são tecidos: esperar a vez em um jogo de tabuleiro, lidar com a derrota em uma brincadeira, negociar regras com irmãos ou vizinhos, inventar histórias no faz de conta coletivo.

Tais experiências não são superficiais; elas ativam processos neurológicos profundos que estruturam o córtex pré-frontal, região responsável pelo autocontrole, pela empatia e pela regulação das emoções. Bruno Bettelheim20 já advertia que o brincar simbólico é uma das formas mais ricas para a criança elaborar conflitos internos e aprender a lidar com frustrações.

Combater a violência escolar, portanto, começa no espaço íntimo da casa, quando a família assume sua responsabilidade insubstituível e proteger a criança da colonização algorítmica. Não basta “estar perto”; é preciso estar junto, oferecendo vínculos reais que sustentem o desenvolvimento emocional e social.

O futuro da escola, da saúde mental da criança e da própria sociedade dependerá da decisão de não entregar o neurodesenvolvimento infantil à lógica dos algoritmos, mas de preservar o neurodesenvolvimento como um território humano de vínculos, limites e amor e não de recompensas dopaminérgicas rápidas.

3.2 Educação sócio emocional desde cedo

As crianças de hoje crescem em um mundo onde a Economia da Atenção se transformou em um dos produtos mais valiosos. Cada notificação, curtida ou like é cuidadosamente desenhado para capturar o olhar e reter a mente, acionando os circuitos de recompensa dopaminérgicos que dificultam a espera e reduzem a tolerância à frustração.

Nesse contexto, a educação socioemocional deixou de ser uma opção complementar e se tornou uma necessidade vital para a formação.

Paul Ekman21, ao estudar as emoções universais, mostrou como elas são fundamentais para a comunicação e para o convívio social. Se as crianças não aprendem desde cedo a reconhecer e regular suas próprias emoções, acabam vulneráveis à lógica dos algoritmos que exploram justamente suas respostas emocionais mais imediatas.

Ensinar as crianças a identificar a raiva, tristeza ou alegria é o primeiro passo para que não sejam manipuladas pela promessa de gratificação instantânea.

António Damásio22 reforça essa visão ao demostrar, em suas pesquisas sobre a relação entre emoção, corpo e razão, que não há decisão sem emoção. A educação socioemocional, portanto, não é um adento “suave” ao currículo, mas um eixo estruturante da própria capacidade de pensar, escolher e agir.

Uma criança que aprende a esperar, a compartilhar e a lidar com a frustração não apenas se torna mais empática, mas desenvolve também maior clareza de julgamento e resiliência diante das pressões sociais.

Já Pascual-Leone23, com seus estudos sobre neuroplasticidade, lembra que o cérebro se molda de acordo com as experiências vividas. Isso significa que, se oferecemos experiências digitais precoces que reforçam apenas a busca pela recompensa imediata, fortalecemos circuitos de impulsividade.

Por outro lado, se desde cedo incentivamos práticas de convivência, jogos simbólicos, limites e experiências de empatia, abrimos espaço para que novos caminhos neurais sejam consolidados – caminhos que favorecem a autorregulação e a cooperação.

Nesse sentido, a família é insubstituível. Nenhum programa de escola, por mais bem estruturado que seja, alcançará seu objetivo se os pais não estiverem conscientes do impacto do ambiente emocional e digital em que seus filhos crescem.

É dentro de casa que a criança aprende a esperar pela vez, a ouvir o “não” dito com amor, a lidar com pequenas frustrações que, mais tarde, se transformam em maturidade emocional.

A educação socioemocional deve começar cedo, ser constante e envolver não apenas a escola, mas também programas de convivência comunitária que favoreçam a empatia e o cuidado mútuo.

Mais do que preparar para o mercado de trabalho, ela prepara para a vida em sociedade – uma vida que só poderá florescer se formarmos indivíduos capazes de resistir à lógica da gratificação imediata e de construir relações humanas sólidas em meio ao ruído da Economia da Atenção.

3.3 Políticas públicas conscientes e estruturadas sobre o impacto digital no neurodesenvolvimento infantil

O desafio do século XXI não é apenas tecnológico, mas humano. As crianças estão crescendo em um ambiente no qual o digital ocupa um lugar cada vez mais central e precoce em suas vidas, interferindo diretamente no processo do neurodesenvolvimento.

Estudos em neurociência demonstram que a plasticidade cerebral torna os primeiros anos de vida especialmente sensíveis às influências ambientais. Isso significa que as experiências digitais intensas, quando vividas sem mediação, podem alterar trajetórias cognitivas, emocionais e sociais.

Diante dessa realidade, a conscientização da família e da sociedade não pode ser delegada ao acaso. É papel do poder público estruturar campanhas permanentes de orientação, explicando de forma clara e acessível os riscos da exposição precoce e excessiva às telas, os efeitos da dopamina no cérebro infantil e a relação disso com a impulsividade, a perda da empatia e a dificuldade em lidar com frustrações.

Não se trata apenas de alertar para o uso de celulares e tablets, mas de proteger a infância como etapa única e insubstituível do desenvolvimento humano. Como afirma Damásio: “Não somos máquinas lógicas, mas organismos vivos em que emoção e razão se entrelaçam na construção da mente24”.

Se a emoção da criança é constantemente sequestrada por algoritmos que reforçam respostas imediatas, sua razão também será afetada. Ao mesmo tempo, vivemos uma escalada preocupante de comportamentos agressivos mediados pela tecnologia.

O bullying e, sobretudo, o cyberbullying representam uma forma de violência psicológica persistente e devastadora. Segundo Ekman: As emoções não reconhecidas e mal reguladas podem se transformar em ações desproporcionais e destrutivas25”.

Quando esse processo é amplificado pelas redes digitais, o impacto sobre a autoestima, a saúde mental e até mesmo a vida das crianças e adolescentes se torna alarmante.

Algumas iniciativas já foram implementadas no âmbito do legislativo federal, mas elas necessitam ser ampliadas e integradas. Ou seja, também com a participação ativa do poder executivo, bem como dos legislativos tanto estaduais como municipais, essa integração é essencial para que a conscientização alcance de fato a população. Não basta apenas legislar; é necessário comunicar, educar e mobilizar a sociedade.

Campanhas permanentes nas escolas, nas unidades de saúde e nos meios de comunicação devem fazer parte de uma estratégia de longo prazo, apoiada em evidências científicas e em parcerias com especialistas, por exemplo: com o Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano (INEH).

Os especialistas do INEH acrescentam que é indispensável a construção de programas comunitários de convivência, diálogo e empatia para que a sociedade aprenda a se proteger não apenas da violência explícita, mas também da violência silenciosa da distração infinita e da dependência emocional mediada por telas.

Alguns avanços já foram alcançados pelo legislativo federal, como a Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas, e mais recentemente o Projeto de Lei nº 2.628/2022, que trata da proteção contra a adultização infantil e que, no momento da escrita desse texto (12/09/2025), aguarda sanção presidencial.

Esses marcos demonstram que há uma consciência crescente sobre os impactos do mundo digital e da cultura midiática na infância. No entanto, como já alertamos, para que essas normas tenham eficácia, é indispensável a atuação efetiva do poder executivo e dos legislativos também das instâncias estaduais e municipais.

É preciso transformar leis em campanhas permanentes de conscientização sobre o impacto digital no neurodesenvolvimento e em programas de prevenção e combate ao bullying e ao cyberbullying, garantindo que famílias, escolas e toda a sociedade sejam alcançadas de forma contínua e pedagógica.

Somente assim, a proteção legal se converterá, não em punição, mas em transformação cultural e em real proteção à infância e ao futuro da sociedade.

4. Considerações Finais

A violência que hoje se manifesta nas escolas não deve ser confundida, ela é, antes de tudo, um sintoma de algo mais profundo: uma infância em crise.

As crianças, hoje, chegam às salas de aula já fragilizadas nos vínculos afetivos, saturadas de estímulos digitais e pela lógica a fragmentação em que nada se sustenta de forma contínua. O Brasil é dos países do mundo em que crianças e adolescentes mais usam telas e isso se traduz em um dos países com um dos piores índices do ranking global em educação.

A descontinuidade e a distração infinita, marcas centrais da cultura digital, comprometem a capacidade das crianças lidar com frustrações e a paciência necessária para o convívio humano e a aprendizagem. O resultado é um terreno fértil para a exaustão emocional, que transborda na vida escolar, diante da dificuldade de desenvolver a atenção, concentração, elementos essenciais à aprendizagem.

Se antes se falava em “tábula rasa” para designar a infância como uma “folha em branco” aberta ao aprendizado, hoje enfrentamos o desafio de uma “tábula saturada”: crianças que já chegam à escola sobrecarregadas de estímulos digitais, informações desordenadas e experiências emocionais precocemente mercantilizadas pela Economia da Atenção

A escola, nesse cenário, não é mais o primeiro espaço de socialização, mas o ambiente em que se revela a crise formada muito antes, dentro de uma infância capturada pela lógica do consumo e da recompensa imediata.

Combater essa exaustão emocional exige uma mudança de perspectiva. Não basta culpa a escola ou esperar que ela, sozinha, resolva os problemas, como também culpar os pais, se eles não compreendem a problemática do momento atual.

É necessário reconhecer a corresponsabilidade entre família, escola e sociedade (inclui-se aqui o poder público), como descrever a própria Constituição Federal ao tratar da proteção integral da criança e do adolescente (art. 227).

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.  

Somente quando esses três pilares se unirem em torno da missão de resgatar a infância como etapa de formação humana – e não como alvo de consumo e de algoritmos – será possível reduzir a violência, restaurar vínculos e reconstruir a esperança de uma geração menos vulnerável a graves problemas de saúde mental.

Resgatar a infância é resgatar a própria humanidade que se esvai no excesso. É compreender que a criança não precisa de mais estímulos, mas de vínculos sólidos, limites amorosos e espaços de convivência real.

E é nesse gesto coletivo de proteção que está a chance de transformar a violência, não em mais um ciclo de dor, mas em um alerta para a urgência de reconstruir o humano em tempos de fragmentação e descontinuidade.

Estamos vivendo na fase da lógica da Economia da Atenção de Herbert Simon: se não tocarmos no emocional, o racional não fixa; se não sustentarmos no racional, o emocional se dispersa (Nilton Cunha).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Professor, Pesquisador, Escritor e Coordenador Educacional do Instituto Nacional de Evolução Humana. Graduado e Pós-graduação Lato e Stricto Sensu na área da Educação, também graduado e pós-graduado em Direito, com artigos e livros publicados em português e castelhano em vários países: Brasil, Argentina e Colômbia, tais como: O autismo e a interação social: Como desenvolver uma criança saudável na Era Digital; El autismo y la interacción social: como desarrollar una crianza saludable en la Era Digital; Educação, Família e Geração Digital: os desafios e perspectivas da pós-modernidade. @nilton.cunha.900. WhatsApp: +54 11 4989-3292.

2 ARAÚJO, Bruno. Menina morta após agressão em escola é enterrada em Pernambuco. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/nordeste/pe/menina-morta-apos-agressao-em-escola-e-enterrada-em-pernambuco/. Consultado em: 10/09/2025.

3 CUNHA, Nilton Pereira da. Da sociedade analógica à sociedade híbrida: seus ecossistemas e o impacto no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/da-sociedade-analogica-a-sociedade-hibrida-seus-ecossistemas-e-o-impacto-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 09/set/2025.

4 L’ECUYER, Catherine. Educar na realidade. São Paulo: Matrioska, 2017.

5 GOLEMAN, Daniel. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

6 SIGMAN. Aric. Time for a view on screen time. Archives of Disease in Childhood, v. 97, n. 11, p. 935-942, 2012.

7 CUNHA, Nilton Pereira da. Educação Infantil: a chave para a eficácia da Lei 15.100/2025. Disponível em: EDUCAÇÃO INFANTIL: A CHAVE PARA A EFICÁCIA DA LEI 15.100/2025. Consultado em: 09/set/2025.

8 CUNHA, Nilton Pereira da. Da sociedade analógica à sociedade híbrida: seus ecossistemas e o impacto no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/da-sociedade-analogica-a-sociedade-hibrida-seus-ecossistemas-e-o-impacto-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 09/set/2025.

9 GOLEMAN, Daniel. Idem. 2013.

10 L’ECUYER, Catherine. Idem. 2017.

11 CUNHA, Nilton Pereira da. Da sociedade analógica à sociedade híbrida: seus ecossistemas e o impacto no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/da-sociedade-analogica-a-sociedade-hibrida-seus-ecossistemas-e-o-impacto-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 10/setembro/2025.

12 SIGMAN, Aric. Idem. 2012.

13 L’ECUYER, Catherine. Idem. 2017.

14 WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desafios da leitura na nossa era. São Paulo: Contexto, 2019.

15 GOLEMAN, Daniel. Idem. 2013.

16 L’ECUYER, Catherine. Idem. 2017.

17 SIGMAN, Aric. Idem. 2012.

18 L’ECUYER, Catherine. Idem. 2017.

19 GOLEMAN, Daniel. Idem. 2013.

20 BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. São Paulo: Paz e Terra, 1980.

21 EKMAN, Paul. El rosto de las emociones. Barcelona: RBA Libros, 2024.

22 ANTÓNIO, Damásio R. O erro de descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

23 PASCUAL-LEONE, Álvaro; IBAÑEZ, Álvaro Fernandez; BARTRES-FAZ, David. Barcelona: Plataforma Actual, 2002.

24 DAMÁSIO, António R. Idem, 2000

25 EKMAN, Paul. A linguagem das emoções. São Paulo: Lua de Papel, 2011.