SÍNDROME DE BURNOUT: UM OLHAR PARA O ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DO DOCENTE UNIVERSITÁRIO

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10990047


Alexsandro Narciso de Oliveira1


RESUMO
A Síndrome de Burnout é um fenômeno crescente na saúde ocupacional, especialmente entre os docentes universitários, definido como um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelo estresse crônico no trabalho. No contexto acadêmico, os docentes enfrentam desafios únicos, contribuindo para o aumento do risco de desenvolvimento da síndrome. Estudos recentes no Brasil destacam sua prevalência preocupante, ressaltando a urgência de entender suas causas e estratégias de intervenção. Pesquisas internacionais oferecem insights valiosos sobre as melhores práticas para lidar com o Burnout, adaptáveis ao ambiente acadêmico. Este trabalho busca explorar a importância da síndrome no esgotamento profissional dos docentes, enfatizando o papel da enfermagem na promoção da saúde mental. Através de uma revisão da literatura e investigação empírica, pretende-se identificar fatores associados ao Burnout e o papel da enfermagem na sua prevenção e manejo. Espera-se que este estudo contribua para uma compreensão mais profunda da Síndrome de Burnout e informe políticas e práticas institucionais para promover o bem-estar dos docentes universitários.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout, docentes universitários, saúde ocupacional, esgotamento profissional, promoção da saúde mental.

ABSTRACT
Burnout Syndrome is a growing phenomenon in occupational health, especially among university professors, defined as a state of physical, emotional, and mental exhaustion caused by chronic work-related stress. In the academic context, professors face unique challenges, contributing to an increased risk of developing the syndrome. Recent studies in Brazil highlight its alarming prevalence, emphasizing the urgency of understanding its causes and intervention strategies. International research provides valuable insights into best practices for managing Burnout, adaptable to the academic environment. This work aims to explore the importance of the syndrome in the professional exhaustion of professors, emphasizing the role of nursing in promoting mental health. Through a literature review and empirical investigation, the aim is to identify factors associated with Burnout and the role of nursing in its prevention and management. It is expected that this study will contribute to a deeper understanding of Burnout Syndrome and inform institutional policies and practices to promote the well-being of university professors.
Keywords: Burnout Syndrome, university professors, occupational health, professional exhaustion, mental health promotion.

1. INTRODUÇÃO

A síndrome de burnout é um problema de saúde mental que tem recebido crescente atenção nos últimos anos devido ao seu impacto significativo nas vidas dos indivíduos e na sociedade em geral. De acordo com Maslach e Leiter (2016), a síndrome de burnout é caracterizada por uma exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal no trabalho. Esta condição afeta não apenas a saúde física e mental dos indivíduos, mas também pode levar a consequências negativas no ambiente de trabalho, incluindo absenteísmo, baixa produtividade e rotatividade de funcionários (Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001). Recentes pesquisas têm destacado a importância de compreender os fatores que contribuem para o desenvolvimento do burnout, bem como estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Segundo um estudo de Bianchi, Schonfeld e Laurent (2019), fatores como sobrecarga de trabalho, falta de apoio organizacional e conflitos no ambiente de trabalho estão entre os principais desencadeadores da síndrome de burnout. Além disso, a pandemia de COVID-19 exacerbou esses problemas, aumentando os níveis de estresse e ansiedade entre os trabalhadores em diversos setores (Pappa et al., 2020). No entanto, também tem havido um crescente reconhecimento da importância de abordagens baseadas em intervenções para ajudar os indivíduos a lidar com o burnout. Um estudo recente de Montero-Marin et al. (2021) destacou os benefícios das intervenções baseadas em mindfulness na redução dos sintomas de burnout e no aumento do bem-estar psicológico entre os profissionais de saúde. Além disso, programas de promoção da saúde no local de trabalho, como flexibilidade de horários, apoio social e treinamento em habilidades de enfrentamento, têm mostrado promessa na prevenção do burnout (Rudolph, Allan, Clark, Hertel, & Hirschi, 2020). A Síndrome de Burnout tem ganhado destaque como um fenômeno de significativa relevância no contexto da saúde ocupacional, sobretudo entre os profissionais da área da educação, como os docentes universitários. Conforme definido por Maslach (1976), trata-se de um estado de exaustão física, emocional e mental decorrente do estresse crônico relacionado ao trabalho. Este problema tem despertado preocupação devido ao seu impacto negativo na saúde e no desempenho profissional dos indivíduos afetados. No âmbito acadêmico, os docentes enfrentam desafios únicos, desde a pressão para produzir pesquisa de alta qualidade até a demanda por um ensino eficaz em um ambiente de constante mudança (Schaufeli et al., 2009; Benevides-Pereira, 2017).

Essas pressões, combinadas com fatores institucionais, burocráticos e interpessoais, aumentam o risco de desenvolvimento da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. Estudos recentes no contexto brasileiro têm destacado a prevalência preocupante desse fenômeno entre os professores universitários, evidenciando a urgência de compreender suas causas, consequências e estratégias de prevenção e intervenção (Pereira et al., 2019). Além disso, pesquisas internacionais têm fornecido insights valiosos sobre as melhores práticas para lidar com a Síndrome de Burnout em diferentes contextos profissionais, oferecendo um ponto de partida para a adaptação dessas estratégias ao ambiente acadêmico. Nesse sentido, este trabalho busca explorar a importância da Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários, destacando a relevância da enfermagem como agente de cuidado e promoção da saúde mental no ambiente acadêmico. Através de uma revisão abrangente da literatura e uma investigação empírica, pretende-se identificar os principais fatores associados à Síndrome de Burnout entre os docentes universitários, bem como avaliar o papel da enfermagem na prevenção e manejo desse fenômeno. Espera-se que este trabalho contribua para uma compreensão mais aprofundada da Síndrome de Burnout no contexto acadêmico e forneça subsídios para o desenvolvimento de políticas e práticas institucionais voltadas para a promoção da saúde mental e bem-estar dos docentes universitários.

2. DESENVOLVIMENTO

A importância da Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários é indiscutível e abrange diversas dimensões. Primeiramente, essa síndrome afeta não somente a saúde física e mental dos professores, mas também tem um impacto direto na qualidade do ensino e na experiência educacional dos alunos. Como afirmam Schaufeli, Leiter e Maslach (2009), quando os professores se encontram fisicamente exaustos, emocionalmente sobrecarregados e mentalmente esgotados, sua capacidade de desempenhar efetivamente suas funções acadêmicas, tais como planejar e ministrar aulas, orientar alunos e conduzir pesquisas, é severamente comprometida. Além disso, a Síndrome de Burnout pode ocasionar altos índices de absenteísmo e rotatividade entre os docentes, acarretando instabilidade e inconsistência no ambiente de ensino. Conforme enfatizado por Benevides-Pereira (2017), essa instabilidade pode impactar negativamente a continuidade do currículo, a coesão da equipe acadêmica e, consequentemente, a qualidade geral da educação oferecida pela instituição. Desse modo, o Burnout não é apenas uma questão individual para os professores afetados, mas também representa um desafio organizacional e institucional que requer atenção e intervenção. Ademais, a natureza do trabalho acadêmico, com suas exigências constantes de produtividade, pressão por publicações e competição por recursos, torna os docentes especialmente vulneráveis ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout. Nesse sentido, como aponta Maslach (1976), compreender e abordar as causas subjacentes do Burnout entre os professores universitários é fundamental para a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis no ensino superior. A Síndrome de Burnout entre os docentes universitários possui implicações mais amplas para a sociedade em geral, considerando o papel essencial desses profissionais na formação e no desenvolvimento dos futuros líderes, profissionais e cidadãos. Conforme argumentado por Schaufeli e Taris (2014), investir na saúde e no bem-estar dos docentes não apenas beneficia individualmente esses profissionais, mas também contribui para a qualidade e o impacto positivo da educação superior como um todo. A promoção da saúde dos profissionais de ensino superior é essencial para prevenir a Síndrome de Burnout e evitar o esgotamento profissional dos docentes universitários. Conforme ressaltado por Maslach et al. (2001), para melhorar a saúde desses profissionais e reduzir o risco de desenvolver a Síndrome de Burnout, é necessário adotar uma abordagem holística que aborde tanto os aspectos individuais quanto os organizacionais. Em primeiro lugar, é fundamental investir em programas de promoção da saúde mental e bem-estar emocional, oferecendo recursos e apoio psicológico aos docentes. Isso pode incluir sessões de aconselhamento, grupos de apoio e programas de treinamento em habilidades de enfrentamento do estresse e gerenciamento do tempo (Schaufeli & Taris, 2014). Além disso, é crucial criar uma cultura institucional que valorize o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, incentivando práticas de autocompaixão e autocuidado entre os docentes. Como destacado por Benevides-Pereira (2017), isso pode ser alcançado através da implementação de políticas flexíveis de trabalho, como horários de trabalho mais razoáveis, licenças remuneradas para cuidar da saúde mental e suporte para atividades de lazer e relaxamento. Outro aspecto importante é a promoção de ambientes de trabalho saudáveis e colaborativos, onde os docentes se sintam apoiados, respeitados e reconhecidos pelo seu trabalho. De acordo com Schaufeli, Leiter e Maslach (2009), isso pode envolver o estabelecimento de canais de comunicação abertos, oportunidades de desenvolvimento profissional e reconhecimento por conquistas e contribuições.

A capacitação dos líderes e gestores acadêmicos para reconhecer e lidar com os sinais precoces de Burnout entre os docentes é essencial. Conforme salientado por Schaufeli et al. (2009), isso inclui fornecer treinamento em habilidades de liderança, gestão de equipe e resolução de conflitos, para que possam oferecer suporte adequado e implementar estratégias de prevenção eficazes. Melhorar a saúde dos profissionais de ensino superior e prevenir a Síndrome de Burnout requer uma abordagem multifacetada que envolva tanto os indivíduos quanto as instituições acadêmicas. Ao adotar medidas proativas de promoção da saúde mental, criar ambientes de trabalho saudáveis e oferecer suporte adequado aos docentes, podemos ajudar a proteger seu bem-estar e garantir a qualidade do ensino superior.

3. A VISÃO DA PSICOLOGIA

A visão da Psicologia sobre a Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários é amplamente fundamentada na compreensão dos processos psicológicos, emocionais e sociais envolvidos no desenvolvimento e manejo dessa condição. A Psicologia reconhece a complexidade desse fenômeno e sua relação intrínseca com o ambiente de trabalho e as características individuais dos professores. Como destacado por Schaufeli, Leiter e Maslach (2009), a Síndrome de Burnout é caracterizada por três componentes principais: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Esses aspectos são frequentemente influenciados por fatores psicossociais, como a sobrecarga de trabalho, conflitos interpessoais e falta de reconhecimento, que são especialmente relevantes no contexto universitário.

A Psicologia enfatiza a importância de compreender os processos emocionais e cognitivos que contribuem para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. Estudos como os de Benevides-Pereira (2017) destacam a relação entre a exaustão emocional e a falta de recursos psicológicos para lidar com o estresse no trabalho. Os docentes podem enfrentar dificuldades para gerenciar suas emoções, estabelecer limites entre vida pessoal e profissional e manter uma perspectiva positiva em relação ao seu trabalho, o que pode aumentar o risco de Burnout. A Psicologia busca entender esses processos intrapessoais e identificar estratégias eficazes para fortalecer a resiliência dos docentes e promover seu bem-estar emocional.

Além disso, a Psicologia destaca a importância das relações interpessoais e do suporte social no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários. Pesquisas recentes, como as de Schaufeli e Taris (2014), têm enfatizado o papel das relações de trabalho na promoção do bem-estar dos professores e na prevenção do Burnout. Um ambiente de trabalho positivo, caracterizado pelo apoio dos colegas, supervisores e líderes institucionais, pode mitigar os efeitos negativos do estresse e promover a resiliência dos docentes. A Psicologia busca entender como essas relações influenciam a saúde mental dos professores e como podem ser fortalecidas para prevenir o Burnout.

Além disso, a Psicologia está interessada em identificar estratégias de intervenção eficazes para o manejo da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. Intervenções baseadas na terapia cognitivo-comportamental, mindfulness e promoção da resiliência têm mostrado resultados promissores na redução dos sintomas de Burnout e no aumento do bem-estar dos professores (Benevides-Pereira, 2017). A Psicologia busca desenvolver abordagens personalizadas e adaptadas às necessidades específicas dos docentes, levando em consideração seus recursos individuais, características do ambiente de trabalho e fatores contextuais. Ao fornecer suporte psicológico e intervenções direcionadas, a Psicologia pode desempenhar um papel crucial na prevenção e manejo da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários, promovendo assim sua saúde mental e qualidade de vida no trabalho.

4. METODOLOGIA

Para realizar esta revisão bibliográfica, adotaremos uma abordagem sistemática que envolve os seguintes passos: 1. Definição dos critérios de seleção: Serão estabelecidos critérios claros para a seleção dos estudos a serem incluídos na revisão, como período de publicação, idioma, tipo de estudo e relevância para o tema. 2. Identificação da literatura relevante: Faremos uma busca abrangente em bases de dados acadêmicas, como PubMed, Scopus e Web of Science, Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando termos de busca específicos relacionados à Síndrome de Burnout e ao esgotamento profissional de docentes universitários. 3. Seleção dos estudos: Os artigos serão selecionados com base nos critérios pré-definidos, inicialmente por meio da leitura dos títulos e resumos e, em seguida, pela análise completa do texto. 4. Extração de dados: Serão extraídos dados relevantes de cada estudo incluído, como autor(es), ano de publicação, metodologia utilizada, principais resultados e conclusões. 5. Análise e síntese dos resultados: Os dados extraídos serão analisados e sintetizados para identificar padrões, tendências e lacunas na literatura sobre o tema. 6. Redação do relatório: Por fim, os resultados da revisão serão compilados e redigidos em um relatório claro e conciso, que apresentará uma visão abrangente do estado atual do conhecimento sobre a Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários. Com esta metodologia, buscamos garantir uma revisão bibliográfica dos últimos 5 anos rigorosa e abrangente, que contribua para uma compreensão mais profunda desse importante fenômeno na saúde ocupacional.

5. DISCUSSÃO

Na discussão dos resultados desta revisão bibliográfica, é essencial examinar e interpretar os achados à luz das diversas contribuições da literatura sobre a Síndrome de Burnout e o esgotamento profissional dos docentes universitários. Vários estudos foram utilizados para embasar essa discussão, entre eles o trabalho de Maslach (1976), que é considerado um marco na compreensão da Síndrome de Burnout. A pesquisa de Maslach definiu os principais componentes dessa síndrome, incluindo exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, fornecendo uma estrutura conceitual que ainda é amplamente utilizada na área. Além disso, Benevides-Pereira (2017) destacou a importância de considerar os desafios específicos enfrentados pelos docentes universitários, como a pressão para produzir pesquisa de alta qualidade e a demanda por um ensino eficaz, o que pode aumentar o risco de Burnout. Esses estudos fornecem uma base sólida para compreender a natureza e os determinantes da Síndrome de Burnout entre os professores de ensino superior.

Outro aspecto discutido é a influência dos fatores organizacionais e institucionais no desenvolvimento do Burnout entre os docentes universitários. Estudos como os de Schaufeli et al. (2009) e Schaufeli & Taris (2014) destacam a importância do ambiente de trabalho na promoção da saúde e bem-estar dos professores. Esses estudos identificaram fatores como sobrecarga de trabalho, falta de autonomia, conflito de papéis e falta de reconhecimento como preditores significativos de Burnout. Esses achados ressaltam a necessidade de intervenções direcionadas não apenas para os indivíduos afetados, mas também para as instituições acadêmicas, visando modificar aspectos do ambiente de trabalho que podem predispor os docentes ao Burnout.

Além disso, a discussão aborda a eficácia das estratégias de prevenção e intervenção no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários. Estudos como os de Maslach et al. (2001) e Schaufeli et al. (2009) destacam a importância de intervenções baseadas na promoção do bem-estar emocional, no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento do estresse e na criação de ambientes de trabalho mais saudáveis e apoiadores. Essas intervenções podem incluir programas de treinamento em habilidades de autorregulação emocional, workshops sobre gerenciamento do estresse e implementação de políticas institucionais que promovam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

A discussão enfatiza a necessidade de abordagens multifacetadas e integradas para lidar com a Síndrome de Burnout e o esgotamento profissional dos docentes universitários. Estudos como os de Schaufeli et al. (2009) e Benevides-Pereira (2017) ressaltam a importância de reconhecer a complexidade desse fenômeno e adaptar as intervenções às necessidades específicas dos docentes e das instituições acadêmicas. Na discussão sobre a Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários, é crucial considerar a visão da Psicologia, que oferece uma compreensão profunda dos aspectos psicológicos, emocionais e sociais envolvidos nesse fenômeno. A Psicologia reconhece a complexidade da Síndrome de Burnout e sua interação com fatores individuais e organizacionais. Estudos recentes, como o de Benevides-Pereira (2017), ressaltam a importância de compreender os processos emocionais e cognitivos que contribuem para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. A exaustão emocional, a despersonalização e a diminuição da realização pessoal são aspectos centrais dessa síndrome, frequentemente influenciados por fatores psicossociais, como a sobrecarga de trabalho e conflitos interpessoais. Além disso, a visão da Psicologia destaca a relevância das relações interpessoais e do suporte social no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários. Estudos como os de Schaufeli e Taris (2014) enfatizam o papel das relações de trabalho na promoção do bem-estar e na prevenção do Burnout. Um ambiente de trabalho positivo, caracterizado pelo apoio dos colegas, supervisores e líderes institucionais, pode mitigar os efeitos negativos do estresse e promover a resiliência dos docentes. A Psicologia busca entender como essas relações influenciam a saúde mental dos professores e como podem ser fortalecidas para prevenir o Burnout.

Ademais, a Psicologia está interessada em identificar estratégias de intervenção eficazes para o manejo da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. Intervenções baseadas na terapia cognitivo-comportamental, mindfulness e promoção da resiliência têm mostrado resultados promissores na redução dos sintomas de Burnout e no aumento do bem-estar dos professores (Benevides-Pereira, 2017). A Psicologia busca desenvolver abordagens personalizadas e adaptadas às necessidades específicas dos docentes, levando em consideração seus recursos individuais, características do ambiente de trabalho e fatores contextuais. Ao fornecer suporte psicológico e intervenções direcionadas, a Psicologia pode desempenhar um papel crucial na prevenção e manejo da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários, promovendo assim sua saúde mental e qualidade de vida no trabalho.

6. CONCLUSÃO FINAL

Após uma análise abrangente da Síndrome de Burnout no contexto do esgotamento profissional dos docentes universitários, é evidente que se trata de um problema complexo e multifacetado que requer atenção e intervenção. Através da revisão da literatura e da consideração da visão da Psicologia sobre o assunto, foi possível compreender melhor os fatores que contribuem para o desenvolvimento do Burnout entre os professores de ensino superior. A sobrecarga de trabalho, a falta de reconhecimento, os conflitos interpessoais e a falta de recursos emocionais são apenas alguns dos elementos que podem desencadear e perpetuar essa síndrome entre os docentes universitários.

Além disso, a análise da literatura revelou a importância das relações interpessoais e do suporte social no ambiente de trabalho como fatores de proteção contra o Burnout. Um ambiente de trabalho positivo, caracterizado pelo apoio dos colegas, supervisores e líderes institucionais, pode desempenhar um papel fundamental na prevenção do Burnout e na promoção do bem-estar dos docentes universitários. Investir na construção de relacionamentos saudáveis e no fortalecimento do suporte social dentro das instituições de ensino superior pode ser uma estratégia eficaz para mitigar os efeitos negativos do estresse ocupacional.

Ademais, a revisão da literatura destacou a importância das intervenções preventivas e de intervenção no manejo da Síndrome de Burnout entre os docentes universitários. Estratégias baseadas na promoção do bem-estar emocional, no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento do estresse e na criação de ambientes de trabalho saudáveis têm o potencial de reduzir os sintomas de Burnout e melhorar a qualidade de vida dos docentes (Benevides-Pereira, 2017). É crucial que as instituições acadêmicas reconheçam a importância de investir em programas e políticas que visem prevenir e gerenciar o Burnout entre os seus colaboradores, promovendo assim um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável.

É fundamental reconhecer que a Síndrome de Burnout não é apenas um problema individual, mas também um reflexo das condições de trabalho e da cultura organizacional. Portanto, abordagens eficazes para lidar com o Burnout entre os docentes universitários devem ser holísticas e integradas, considerando não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores contextuais e organizacionais. Somente através de uma abordagem colaborativa e multidisciplinar, que envolva psicólogos, gestores de recursos humanos, líderes institucionais e os próprios docentes, será possível enfrentar efetivamente esse desafio e promover o bem-estar no ambiente acadêmico.

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1 Mestrando em Gestão de Cuidados da Saúde pela Must University. Especialista em Enfermagem em Saúde Mental e Dependência Química pela Faculdade FAVENI. E-mail: [email protected]