O PAPEL DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14053696
Emylle Gomes de Souza1
Isadora Araújo Monteiro2
RESUMO
Dentre os profissionais envolvidos na assistência à saúde da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o enfermeiro se destaca como o primeiro a estabelecer contato, mantendo uma proximidade significativa com esse paciente. No entanto, a temática dos cuidados de enfermagem voltados para o autismo infantil ainda é pouco difundida no meio científico e na prática do profissional enfermeiro, especialmente quando o enfoque é a saúde mental de crianças e adolescentes com TEA. o objetivo desse estudo é investigar o papel fundamental do profissional de enfermagem no cuidado de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com ênfase na promoção da saúde mental tanto desses indivíduos quanto daqueles que convivem diretamente com eles. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa e descritiva a partir de uma revisão bibliográfica sistemática utilizando os descritores “Transtorno do Espectro Autista”, “Enfermagem”, “Saúde mental”, "Criança", "Adolescente" nas plataformas científicas Google Acadêmico, PUBMED, LILACS, SCIELO e MEDLINE. Foram identificados 1.098 artigos, sendo 1.090 obtidos a partir da base de dados do Google Acadêmico, 4 na MEDLINE, 3 na SCIELO, 1 do PUBMED e nenhum do LILACS. Desse total, 28 foram considerados elegíveis após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Foi constatada uma enorme lacuna no âmbito da pesquisa brasileira no que tange a promoção da saúde mental de crianças e adolescentes com TEA por profissionais de Enfermagem. Assim, considera-se urgente a realização de estudos científicos que ofereçam ao enfermeiro mais conhecimento sobre o TEA, ajudando esse profissional no desenvolvimento de uma perspectiva crítica, analítica e humanizada.
Palavras-chave: Autismo; Enfermeiro; Saúde mental.
ABSTRACT
Among the professionals involved in the health care of children with Autism Spectrum Disorder (ASD), nurses stand out as the first to establish contact, maintaining significant proximity with this patient. However, the theme of nursing care aimed at childhood autism is still little disseminated in the scientific community and in the practice of nursing professionals, especially when the focus is the mental health of children and adolescents with ASD. The objective of this study is to investigate the fundamental role of nursing professionals in the care of children and adolescents with Autism Spectrum Disorder (ASD), with an emphasis on promoting the mental health of both these individuals and those who live directly with them. To this end, a qualitative and descriptive research was carried out based on a systematic bibliographic review using the descriptors “Autism Spectrum Disorder”, “Nursing”, “Mental health”, "Child", "Adolescent" in the scientific platforms Google Scholar, PUBMED, LILACS, SCIELO and MEDLINE. A total of 1,098 articles were identified, of which 1,090 were obtained from the Google Scholar database, 4 from MEDLINE, 3 from SCIELO, 1 from PUBMED and none from LILACS. Of this total, 28 were considered eligible after applying the inclusion and exclusion criteria. A huge gap was found in Brazilian research regarding the promotion of mental health of children and adolescents with ASD by nursing professionals. Therefore, it is considered urgent to conduct scientific studies that offer nurses more knowledge about ASD, helping them to develop a critical, analytical and humanized perspective.
Keywords: Autism; Nurse; Mental health.
1. Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se como um distúrbio que acomete elementos do neurodesenvolvimento, sendo bastante prevalente na infância, destacando-se pelo comprometimento de áreas sociais, resultando em implicações na comunicação e interação social, além de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades (NEVES et al., 2024).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é classificado em diferentes categorias, sendo seu comprometimento dividido em três níveis de gravidade: o nível um, caracterizado por sujeitos que podem ter obstáculos em situações sociais e comportamentais, precisando de pouco suporte e apoio cotidiano; o nível dois, que abrange pessoas com necessidade de um suporte mais substancial no que tange a suas atividades sociais, uma vez que esses podem ou não verbalizar, com comunicação curta; e no nível três, que são indivíduos que precisam de suporte intensivo, devido a dificuldades relevantes na comunicação e nas capacidades sociais, uma vez que grande parte desses indivíduos não verbalizam ou não usam muitas palavras para se comunicar, além de não saberem lidar com situações não rotineiras ou inesperadas, o que reforça a necessidade de apoio especializado de maneira contínua (SOUZA, 2021).
Sua etiologia permanece incerta, embora existam indícios de que a origem desse transtorno esteja associada a anomalias nas múltiplas regiões do cérebro, possivelmente oriundas de fatores genéticos ou ambientais, como infecções ou uso de determinados fármacos durante a gestação. Estima-se que cerca de 50 a 90% dos casos possuam caráter hereditário (SARAIVA et al., 2024). Nesse contexto, a sua causa envolve quatro paradigmas, dentre os quais o Paradigma Genético-Biológico; o Paradigma Relacional; o Paradigma Ambiental e o Paradigma da Neurodiversidade (COIMBRA et al., 2020).
O atendimento a pessoa com TEA obteve avanços significativos a partir de 2013, quando o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes importantes para este grupo no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre essas iniciativas, destacam-se a busca por diretrizes de atenção e reabilitação para pessoas com TEA, bem como o incentivo à criação de uma Linha de Cuidado para a atenção às pessoas com TEA e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do SUS. No entanto, a concretização dessas normas ainda enfrenta desafios consideráveis, sendo imprescindível que o cuidado a pessoa com TEA seja pautado na integralidade, de modo a abranger tanto o cuidado na Atenção Básica por meio das Unidades Básicas de Saúde e das Equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), bem como na atenção especializada, com o suporte dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) (DE SOUZA CORREA et al., 2023).
Dentre os profissionais envolvidos na assistência à saúde da criança com TEA, o enfermeiro se destaca como o primeiro a estabelecer contato, mantendo uma proximidade significativa com esse paciente. No entanto, a temática dos cuidados de enfermagem voltados para o autismo infantil ainda é um tabu para muitos profissionais. Além de cuidar da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o enfermeiro pode utilizar sua experiência para orientar a família sobre as possibilidades de cuidado com o paciente, sobretudo no que tange à saúde mental (COSTA et al., 2024).
Em muitos casos, a realidade observada é que a mãe assume o papel de principal cuidadora, enquanto o pai atua como suporte. Outro fator de interessante observação são os efeitos do diagnóstico e da rotina com o TEA para a saúde mental daqueles que convivem com a criança e o adolescente. Diante dessa realidade, cabe ao profissional da enfermagem potencializar estratégias de adaptação, cuidado e estímulo, de modo a fortalecer a atenção aos cuidados necessários (JERÔNIMO et al., 2023). Desse modo, o profissional de enfermagem assume relevante importância no que tange ao exercício de sua competência no cuidado ao paciente e sua família, caracterizando-se então como um profissional apto a integrar o cuidado domiciliar e a contribuir na dinâmica familiar (COSTA et al., 2024).
Assim, o objetivo desse estudo é investigar o papel fundamental do profissional de enfermagem no cuidado de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com ênfase na promoção da saúde mental tanto desses indivíduos quanto daqueles que convivem diretamente com eles.
2. Material e Métodos
Foi realizada uma pesquisa qualitativa e descritiva a partir de uma revisão bibliográfica sistemática, composta das seguintes etapas: formulação do tema e elaboração da pergunta de pesquisa; seleção de amostras por critérios inclusivos e exclusivos; identificação das informações a serem utilizadas dos artigos selecionados; análise e discussão dos resultados.
A investigação científica foi baseada na busca de artigos científicos publicados de 2014 e 2024 utilizando os descritores “Transtorno do Espectro Autista”, “Enfermagem”, “Saúde mental”, "Criança", "Adolescente" nas seguintes plataformas científicas: Google Acadêmico, PUBMED - National Library of Medicind National Institutes of Health dos EUA, LILACS - Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde, SCIELO - Cientific Eletronic Library Online e MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrievel System Online.
Após a identificação dos artigos, foram catalogados os estudos primários, de acordo com a questão norteadora. Para seleção dos estudos foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: disponibilidade dos artigos na íntegra, artigos publicados em português e inglês, artigos publicados no período de 2014 a 2024, que abordem a importância do profissional de enfermagem na atenção à criança e ao adolescente com Transtorno do Espectro Autista. A seleção dos artigos foi baseada na leitura dos títulos, resumos e metodologia utilizada. Os critérios de exclusão adotados foram artigos duplicados, estudos realizados fora do Brasil e estudos que não se encaixem dentro da temática pré-definida.
3. Resultados e Discussão
Foram identificados 1.098 artigos durante a busca eletrônica utilizando os descritores “Transtorno do Espectro Autista”, “Enfermagem”, “Saúde mental”, "Criança", "Adolescente", dos quais 1.090 foram obtidos a partir da base de dados do Google Acadêmico, 4 na MEDLINE, 3 na SCIELO, 1 do PUBMED e nenhum do LILACS (Figura 1).
Figura 1- Busca, seleção e inclusão de estudos que abordaram a importância do profissional de enfermagem na atenção a criança e ao adolescente do Transtorno do Espectro Autista publicados entre 2014 e 2024.
Após aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão dos estudos pré-selecionados, 28 estudos foram considerados elegíveis por atender a esses critérios e foram subdivididos em três eixos temáticos: 18 estudos (64%) avaliaram a importância da atenção do profissional de enfermagem a criança e ao adolescente do Transtorno do Espectro Autista (Tabela 1), 7 estudos (25%) avaliaram a importância da atenção do profissional de enfermagem a saúde mental dos pais e dos cuidadores da criança e do adolescente do Transtorno do Espectro Autista (Tabela 2) e 3 estudos (11%) avaliaram os impactos da pandemia da Covid-19 para a saúde mental de crianças e adolescentes do Transtorno do Espectro Autista (Tabela 3).
Tabela 1 - Estudos que avaliaram a importância da atuação do profissional de enfermagem na atenção a criança e ao adolescente com Transtorno do Espectro Autista publicados entre 2014 e 2024, selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos.
Autor; Ano de publicação | Título | Revista de Publicação | Objetivo | Metodologia utilizada | Principais resultados |
FEIFER et al., 2020 | Cuidados de Enfermagem a Pessoa com Transtorno do Espectro Autista: Revisão de Literatura | Revista Uningá | Analisar a produção científica relacionada a assistência de enfermagem e multiprofissional a pessoas com Transtorno do Espectro Autista | Revisão de literatura, utilizando como critérios de inclusão artigos em português relacionados à temática abordada, publicados no ano de 2007 a 2017 | Os profissionais possuem uma necessidade de acrescer seus conhecimentos sobre o tema, para embasar suas ações de proteção e educação em saúde, de forma que possa ser realizado o diagnóstico precoce, no entanto para melhorar a qualidade do cuidado, faz-se necessária a realização de capacitações, para que os profissionais consigam realizar um cuidado integral para o paciente e família |
CARVALHO et al., 2021 | Transtorno do Espectro Autista em Crianças: Desafios para a Enfermagem na Atenção Básica à Saúde | Revista Epitaya | Analisar como a literatura científica brasileira reporta a assistência do enfermeiro a crianças autistas no âmbito da Atenção Básica à Saúde | Revisão bibliográfica descritiva, com abordagem qualitativa realizada na Biblioteca Virtual de Saúde no período de maio a setembro de 2021 a partir de estudos dos últimos dez anos | Permitiu constatar o papel fundamental do enfermeiro no cuidado a crianças autistas, sobretudo, frente ao desafio da ampliação do acesso e da qualidade de atenção aos indivíduos que se encontram dentro do espectro |
NASCIMENTO et al., 2018 | Transtorno do Espectro Autista: Detecção Precoce pelo Enfermeiro na Estratégia Saúde da Família | Revista Baiana de Enfermagem | Identificar a atuação do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família na detecção precoce do Transtorno do Espectro Autista em crianças | Pesquisa descritiva, exploratória e qualitativa. A coleta de dados ocorreu em 2014 por meio de entrevista individual, observação direta e diário de campo | Enfermeiros da Estratégia Saúde da Família apresentaram deficiências na detecção precoce do Transtorno do Espectro Autista em crianças |
MOURA et al., 2022 | O papel do Enfermeiro na Assistência a Crianças com Transtorno do Espectro Autista | Research, Society and Development | Investigar o papel do enfermeiro na assistência a crianças com Transtorno do Espectro Autista | Revisão bibliográfica, exploratória e qualitativa | Constatou-se que o enfermeiro é o profissional da saúde que tem mais contato com a criança. Além disso, pode exercer seu papel auxiliando a família e a comunidade. Contudo, a literatura afirma que faltam enfermeiros capacitados |
COSTA et al., 2024 | Assistência de enfermagem às crianças com Transtorno do Espectro Autista | Research, Society and Development | Analisar na literatura a intervenção de assistência em cuidados de enfermagem com crianças com TEA | Trata-se de uma revisão narrativa de literatura de abordagem qualitativa e de natureza exploratória | O profissional de enfermagem que assiste a criança com TEA. deve possuir habilidades que devem ser adquiridas a partir de cursos de treinamentos e ações com novos métodos de cuidados, tanto na atenção à saúde como na prática clínica |
CUMIM; MADER, 2020 | Espaço que a criança e adolescente com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista ocupa na rede de atenção psicossocial: Revisão Integrativa da Literatura | Psicologia Revista | Compreender e discutir qual o espaço que a criança e o adolescente com transtorno do espectro autista ocupam na rede de atenção psicossocial | Revisão Bibliográfica de artigos publicados entre 2014 e 2019 | Os resultados sugerem a necessidade do estabelecimento de objetivos e critérios mais específicos para cada ponto de atenção, visto que está havendo a sobreposição de atendimentos para algumas pessoas ou até mesmo a falta dele para outras |
SIMÃO et al., 2023 | Evidências sobre a Assistência à Criança com Transtorno do Espectro do Autismo na Atenção Primária à Saúde: Revisão Integrativa | Revista Contemporânea | Analisar as evidências disponíveis na literatura a respeito da assistência à criança com suspeita ou diagnóstico de TEA na atenção primária à saúde no Brasil | Revisão de escopo com publicações entre os anos de 2017 a 2021, listadas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), US National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Cochrane Library e SCOPUS | Os últimos anos foram marcados por avanços nas pesquisas dos profissionais da APS sobre a compreensão da patologia, diagnóstico e possíveis intervenções para o TEA. Por fim, destaca a importância do trabalho integrado entre crianças, famílias e equipe composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, entre outros. |
JERÔNIMO et al., 2023 | Assistência do Enfermeiro(a) a Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro Autista | Acta Paulista de Enfermagem | Apreender a representação de Enfermeiros(as) sobre a assistência a crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista nos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil | Pesquisa qualitativa, exploratória, descritiva, com entrevista a cinco Enfermeiros(as) de Centros de Atenção Psicossocial Infantil. Realizada análise de conteúdo à luz da teoria das representações sociais | A assistência do(a) Enfermeiro(a) a crianças/adolescentes com transtorno do espectro autista demanda conhecimento para identificação e avaliações, cuidado individual, em grupos, à família/cuidadores e, para tal encontram-se dificuldades que podem ser suplantadas por meio da inclusão da temática em processos de formação e de educação permanente em saúde |
BARBOSA; DE LIMA PEREIRA, 2021 | O Enfermeiro nos Cuidados ao Paciente no Transtorno do Espectro Autista Infantil na Unidade Básica de Saúde- Revisão Integrativa | Revista Eletrônica da Estácio Recife | Identificar os cuidados realizados no atendimento do Enfermeiro da UBS ao paciente infantil suspeitas e/ou no TEA | Pesquisa de revisão integrativa, sendo realizada nas bases de dados: SCIELO e BVS/LILACS-BDENF utilizando os termos de busca: "Unidade Básica de Saúde”, “Assistência de Enfermagem ", “Transtorno do Espectro Autista”, Incluídos artigos publicados no período de dezembro de 2011 a dezembro de2020 | A enfermagem é relevante para o monitoramento dos sinais do TEA durante as consultas de enfermagem, sendo necessário estimular o interesse e fomentar discussões específicas da temática no meio científico para inserção da criança, assim, uma intervenção especializada com a equipe multidisciplinar o mais precocemente, e há a necessidade deste assunto ser ministrado na graduação, a fim de que sejam produzidos estudos que capacitem os profissionais enfermeiros, proporcionando uma assistência qualificada |
GARCIA et al., 2017 | Autismo Infantil: Acolhimento e Tratamento pelo Sistema Único de Saúde | Revista Valore | Investigar a relação entre o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista em crianças, o acolhimento oferecido à família e ao tratamento multidisciplinar oferecidos pelo SUS | A pesquisa foi norteada pelas Dimensões Novikoff (2010) | O acolhimento global deve ser assegurado a todas as famílias pelo SUS e, devido à escassez de artigos multidisciplinares na área, este estudo torna-se relevante uma vez que se propõe compreender se há, de fato, um amparo oferecido aos portadores de autismo |
FRANZOI et al., 2016 | Intervenção Musical como Estratégia de Cuidado de Enfermagem a Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo em um Centro de Atenção Psicossocial | Texto & Contexto-Enfermagem | Relatar a experiência da aplicação da música como tecnologia de cuidado a estas crianças em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil | Trata-se de um projeto de intervenção baseado na ideia de ação-reflexão-ação por meio das etapas de diagnóstico da realidade, teorização e aplicação na realidade | A intervenção musical favoreceu e orientou novas experiências lúdicas, sensoriais, motoras, de linguagem e de interação de crianças com transtorno do espectro do autismo, sendo possível abarcar a tríade de alterações – interação, comunicação e comportamento de forma lúdica e musical |
CONTERNO et al., 2022 | Assistência de Enfermagem a Criança com Transtorno do Espectro Autista: Revisão Integrativa | Varia Scientia-Ciências da Saúde | Identificar em publicações científicas da área da saúde brasileira como tem sido abordada a assistência de enfermagem à criança com TEA | Revisão integrativa de literatura, realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), composta por bancos de dados como Lilacs, Medline, Bdenf | Constatou-se que há poucos estudos que abordem, a temática acerca da assistência de enfermagem à criança com TEA. Essa revisão traz à tona a importância de mais estudos sobre a assistência de enfermagem a criança com TEA, considerando que os profissionais têm tido cada vez mais contato com as crianças pertencentes ao espectro |
BRAZ et al., 2024 | Atuação da enfermagem no acompanhamento da criança do transtorno autista | Revista JRG de Estudos Acadêmicos | Descrever a atuação da enfermagem diante da criança com espectro autista. | Revisão integrativa de abordagem qualitativa e de cunho descritivo | O Sistema Único de Saúde (SUS), ainda precisa superar muitos obstáculos, como as restrições orçamentárias, e com isso buscar investir mais nas políticas de saúde mental e priorizar os serviços comunitários em detrimento dos hospitais e postos de saúde psiquiátricos |
DA SILVA BARBOSA; DOS REIS NUNES, 2017 | A Relação entre o Enfermeiro e a Criança com Transtorno do Espectro do Autismo | Múltiplos Acessos | Refletir a importância do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o autismo, e incentivar a capacitação em busca de uma assistência de enfermagem de qualidade | Pesquisa Bibliográfica, com busca em sites especializados, como Scielo e PubMed, além de bancos de dados de universidades, livros e manuais técnicos que tratam do tema | Observou-se que a falta de preparo e a má formação profissional do enfermeiro para atuar junto a pacientes na área da saúde mental, e mais especificamente, à criança com TEA, impede que o cuidado seja prestado através de um processo interpessoal, promovendo uma assistência biopsicossocial |
SABEH; VEIGA, 2024 | Cuidado Sensível: Abordagem da Equipe de Enfermagem em Pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) | Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences | Explorar a interação entre o cuidado da equipe de enfermagem e os pacientes autistas, destacando a importância de práticas sensíveis e inclusivas | Revisão Bibliográfica descritiva e exploratória de estudos encontrados em base de dados, como Scielo, PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde (VBS) | A equipe de enfermagem deve promover interações sociais eficazes e criar espaços que atendam às necessidades específicas dos pacientes, incluindo a utilização de elementos visuais e a redução de estímulos sensoriais excessivos. Essas adaptações ajudam a diminuir ansiedade e estresse, além de apoiar o desenvolvimento e bem-estar do paciente |
DOS SANTOS et al., 2024 | Potencialidades e Limitações da Assistência de Enfermagem em Atenção às Crianças com Transtorno do Espectro Autista: Revisão Integrativa | Revista Saúde.com | Identificar na literatura científica as potencialidades e limitações da assistência de enfermagem às crianças com Transtorno do Espectro Autista | Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada entre julho e agosto de 2022, nas plataformas SciELO, Google Acadêmico e BVS. Foram utilizados os descritores: “Transtorno do Espectro Autista”, “Criança” e “Enfermagem” | É necessário que o(a) enfermeiro(a) tenha conhecimento suficiente para identificar sinais e sintomas característicos do Transtorno do Espectro Autista, facilitando que numa abordagem multiprofissional envolvendo psicólogo e psiquiatra trace precocemente o diagnóstico, pois vai favorecer a eficiência das atividades terapêuticas favorecendo uma melhor qualidade de vida da criança |
DARTORA et al., 2014 | A equipe de enfermagem e as crianças autistas | Journal of Nursing and Health | Conhecer a percepção da Equipe de Enfermagem frente ao atendimento às crianças autistas, na pediatria de um Hospital Universitário no Sul do Rio Grande do Sul | Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Os participantes do estudo foram seis profissionais da equipe de enfermagem | Observou-se que há incutido em cada profissional uma visão limitada sobre crianças autistas, por vezes preconceituosa. O conhecimento empírico sobrepôs-se ao científico e com isso a assistência às crianças com autismo mostrou-se fragilizada |
MARTINS et al., 2021 | Assistência do Enfermeiro à Criança Autista na Atenção Básica | Brazilian Journal of Health Review | Evidenciar a atuação do Enfermeiro frente aos cuidados com a criança autista | Trata-se de uma revisão bibliográfica caracterizada pelo estudo qualitativo, caracterizado como descritivo, com delineamento do tipo revisão de literatura | A pesquisa demonstrou a fragilidade de Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento as pessoas com Transtorno do Espectro Autista |
Tabela 2 - Estudos que avaliaram a importância da atenção aos pais e cuidadores de crianças com Transtorno do Espectro Autista publicados entre 2014 e 2024, selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos.
Autor; Ano de publicação | Título | Revista de Publicação | Objetivo | Metodologia utilizada | Principais resultados |
DA SILVA; PANSERA, 2023 | Sobrecarga, Ansiedade e Depressão em Cuidadores de Crianças no Transtorno do Espectro Autista: Um estudo de correlação | Saúde e Desenvolvimento Humano | Investigar possíveis correlações entre os graus de autismo com os níveis de ansiedade, depressão e sobrecarga nos pais de crianças diagnosticadas | Contou-se com a participação de 33 pais, os quais responderam a um questionário online contendo a Escala HADS, a Zarit Burden Interview e a Escala CARS | Quanto maiores os níveis de sobrecarga, maiores os sintomas depressivos e ansiosos nos cuidadores, bem como quanto mais intensa a sintomatologia do TEA, mais presente será a ansiedade, depressão e sobrecarga |
FREITAS et al., 2023 | Desafios enfrentados pela enfermagem no atendimento às famílias com crianças portadoras do transtorno do espectro autista | OPEN SCIENCE RESEARCH | Descrever os desafios enfrentados pela enfermagem no atendimento às famílias com crianças do Transtorno do Espectro Autista | Revisão Narrativa da Literatura, em que foram utilizadas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde e o Google Acadêmico | O profissional de enfermagem que cuida de crianças com autismo, deve estar completamente familiarizado com o TEA e em alinhamento com a equipe multidisciplinar. Sua função primordial é acompanhar e auxiliar os familiares, prestar assistência e focar no bem-estar da criança |
BELLINI et al., 2023 | Grupo Psicoterapêutico com Famílias de Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo: Um Relato de Experiência | OPEN SCIENCE RESEARCH | Apresentar a experiência vivida em um grupo terapêutico ofertado para familiares de pessoas com TEA, em uma Organização Não Governamental (ONG) no Triângulo Mineiro, Minas Gerais, Brasil | Utilizou-se como instrumentos para coleta dos dados a observação e o diário de campo que continha anotações sistemáticas ao longo dos encontros | Constatou-se que o grupo tem potencial terapêutico, pois incita o cuidado. Os pais apresentavam demandas em relação a temáticas como o desenvolvimento dos filhos, maternagem e sentimentos vividos com o processo de cuidar. Portanto, pode-se considerar que o grupo promoveu o acolhimento, o suporte nas dificuldades, o compartilhamento de sentimentos e a interação entre profissional-familiar |
ROSSINI et al., 2024 | Transtorno do Espectro Autista (TEA): Desafios e Recursos para Indivíduos e Familiares | Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences | Estudar o estresse em pais e cuidadores de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) e identificar ferramentas que podem ser utilizadas para reduzir o estresse emocional e promover a saúde mental | Revisão da literatura científica elaborada a partir da literatura científica publicada entre 2017 e 2024 sobre estresse parental em cuidadores de crianças com transtorno do espectro do autismo | A gravidade dos sintomas do TEA foi a principal causa do estresse parental. Pensar demais é o maior estresse que as mães enfrentam. Devido ao aumento do estresse, do estresse familiar e que afeta diretamente a qualidade de vida, faz-se necessário estabelecer uma rede de apoio psicológico à família e orientação |
SAAD et al., 2024 | Perspectivas Profissionais e Maternas no Transtorno do Espectro Autista: Paradigmas e Cuidados em Saúde Mental | Revista Psicologia e Saúde | Compreender sentidos sobre o Transtorno do Espectro Autista e das relações familiares da criança com o transtorno, à luz dos paradigmas psiquiátrico e psicossocial, a partir da perspectiva de profissionais de saúde e de mães | Utilizou-se abordagem qualitativa, com enfoque descritivo e corte transversal. Fora aplicado questionário para equipe de saúde e realizada entrevista com mães | Revelaram perspectivas sobre déficits do transtorno, influenciados por comportamentos desafiadores, como crises de nervosismo, dificuldades alimentares e distúrbios do sono em crianças |
REIS et al., 2020 | Qualidade de vida de cuidadores de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento | Revista Eletrônica de Enfermagem | Identificar a qualidade de vida relacionada à saúde de cuidadores de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e analisar os fatores associados | Estudo com delineamento observacional, transversal de abordagem quantitativa. Aplicado instrumento de caracterização em 25 cuidadores | Cuidadores de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento se percebem cansados e pouco dispostos. Crença religiosa, estado marital e idade se constituíram em fatores relacionados |
PINTO; CONSTANTINIDIS et al., 2020 | Revisão Integrativa sobre a Vivência de Mães de Crianças com Transtorno de Espectro Autista | Revista Psicologia e Saúde | Identificar na literatura científica a sobrecarga das mães de crianças com TEA e as formas encontradas por elas para lidar com dificuldades cotidianas decorrentes dessa problemática | Revisão Integrativa da literatura dos últimos doze anos, em artigos científicos relacionados à temática citada | Os resultados apontam a sobrecarga emocional com o enfrentamento dessa fase, a perda do filho idealizado, confusão de sentimentos, medo, estresse, ter de lidar com o preconceito, assim como a necessidade dessa mãe em ter auxílio no cuidado com o filho |
Tabela 3 - Estudos que avaliaram os impactos da pandemia de covid-19 a saúde mental de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista publicados até 2024, selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos.
Autor; Ano de publicação | Título | Revista de Publicação | Objetivo | Metodologia utilizada | Principais resultados |
ATAIDE et al., 2021 | Impacto do distanciamento social na rotina de crianças e adolescentes com TEA | Research, Society and Development | Analisar os impactos do distanciamento social na rotina diária de crianças e adolescentes com TEA | Pesquisa transversal de abordagem quantitativa, realizada através do Formulário Google | Constatou-se a repercussão negativa ocasionada pelo distanciamento social concomitante a descontinuidade do tratamento especializado das crianças e adolescentes com TEA; que desencadearam ou intensificaram os comportamentos disruptivos |
GIVIGI et al., 2021 | Efeitos do isolamento na pandemia por COVID-19 no comportamento de crianças e adolescentes com autismo | Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental | Analisar os efeitos do isolamento no comportamento desses sujeitos | Estudo descritivo, de caráter transversal, no qual pais ou responsáveis responderam um questionário online | Os resultados da pesquisa apontaram que o confinamento acentuou os sintomas do autismo. Conclui-se que são necessárias medidas de intervenções com os sujeitos e suas famílias |
FERNANDES et al., 2021 | Desafios cotidianos e possibilidades de cuidado com crianças e adolescentes com TEA frente à COVID-19 | Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional | Refletir a partir de aspectos teórico-práticos sobre os desafios e as possíveis implicações da pandemia no cotidiano de crianças e adolescentes com TEA | Ensaio reflexivo, oriundo de ações desenvolvidas em um projeto de extensão intitulado “Estratégias de cuidado em Saúde Mental Infantojuvenil na pandemia da COVID-19” | Evidencia-se a necessidade do investimento em práticas e estudos que se pautem nas particularidades dessa população durante a pandemia, de forma a contribuir para o melhor enfrentamento da situação |
Apesar do enfoque inicial desse estudo ser investigar do papel do profissional de enfermagem no cuidado de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com ênfase na promoção da saúde mental tanto desses indivíduos quanto daqueles que convivem diretamente com eles, o cenário encontrado na literatura foi de escassez de estudos voltados especificamente para a questão da saúde mental dos próprios indivíduos com TEA. Desse modo, vale ressaltar a enorme lacuna existente no âmbito da pesquisa brasileira no que tange a promoção da saúde mental de crianças e adolescentes com TEA por profissionais de Enfermagem. Um único relato de caso abordou o uso da musicalidade como uma estratégia de enfermagem para promover experiências lúdicas, sensoriais, motoras, de linguagem e de interação de crianças com TEA, tornando possível a abordagem da tríade de alterações: interação, comunicação e comportamento, de forma lúdica e musical (FRANZOI et al., 2016).
Vale ressaltar a importância do empenho dos profissionais de enfermagem em aprofundar seus conhecimentos no que tange aos métodos e estratégias do uso da música terapêutica em saúde mental com o objetivo de ampliar a utilização no cuidado às crianças com TEA. Para tanto, estudos e investigações que contribuam com o desenvolvimento e ampliação da utilização da música como recurso terapêutico no cuidado em enfermagem e saúde são imprescindíveis (FRANZOI et al., 2016). Foi observado que a literatura carece de estudos que investiguem a efetividade desse recurso.
Os poucos estudos encontrados no âmbito da saúde mental se preocuparam inicialmente com aqueles que convivem rotineiramente com as crianças e adolescentes com TEA. Por exemplo, Da Silva & Pansera (2023) investigaram as possíveis correlações entre os graus de autismo com os níveis de ansiedade, depressão e sobrecarga nos pais de crianças diagnosticadas com TEA, e constatou que quanto maiores os níveis de sobrecarga, maiores os sintomas depressivos e ansiosos nos cuidadores, bem como quanto mais intensa a sintomatologia do TEA, mais presente será a ansiedade, depressão e sobrecarga.
O diagnóstico do TEA desconstrói as expectativas e idealizações da família em relação a criança, resultando em mudanças no que tange a dinâmica familiar, trazendo impactos emocionais e psicológicos para todos os componentes do convívio social da criança. Com a confirmação do diagnóstico, a família vivencia um conjunto de emoções e passam a adotar estratégias para o enfrentamento do TEA, com o objetivo de promover qualidade de vida para a criança (AMARAL et al., 2024).
Os desafios para se adaptar às novas demandas de cuidados familiares gera o estresse parental. Modelos de estresse parental sugerem que o nível de estresse vivenciado no papel de cuidador é fortemente influenciado por características própria dos pais, como o bem-estar psicológico, além de características da criança, como problemas de comportamento, e pelo grau de conflito na relação entre pai e filho. Assim, é observado que o aumento do estresse parental contribui para resultados negativos da saúde física e mental tanto de cuidadores como de crianças (SILVA et al., 2020).
Para pais de crianças com TEA, o estresse parental se associa com taxas elevadas de psicopatologias, como ansiedade e depressão (AMARAL et al., 2024), além de aumento na pressão das relações familiares, incluindo uma correlação positiva entre a presença do TEA e as elevadas taxas de divórcio (FERREIRA et al., 2024). Ademais, um estudo longitudinal com famílias de crianças em idade escolar com TEA identificou uma relação transacional entre o estresse parental e os resultados negativos ao longo do tempo (MARQUES et al., 2021).
Outro achado interessante foram os estudos que investigaram os impactos da pandemia de Covid-19 na saúde mental das crianças e adolescentes com TEA. Por exemplo, Ataíde (2021) analisou os impactos do distanciamento social na rotina diária de crianças e adolescentes com TEA, e observou uma repercussão negativa ocasionada pelo distanciamento social concomitante a descontinuidade do tratamento especializado das crianças e adolescentes com TEA; que desencadearam ou intensificaram os comportamentos disruptivos.
Vale ressaltar a enorme lacuna existente na atuação do profissional de Enfermagem no que tange a atenção a criança e ao adolescente com TEA. Diversos estudos aqui relatados concluem a incapacidade notória do enfermeiro em auxiliar esse paciente (GARCIA et al., 2017; NASCIMENTO et al., 2018; FEIFER et al., 2020; BARBOSA; DE LIMA PEREIRA, 2021; MOURA et al., 2022; JERÔNIMO et al., 2023; COSTA et al., 2024).
O entendimento em enfermagem abrange ações que objetivem auxiliar a criança com TEA no reconhecimento de suas capacidades, habilidades e potencialidades, de modo a aceitar, enfrentar e conviver com suas limitações. Assim, auxilia a sua habilitação e reabilitação, que são metas da intervenção terapêutica (CONTERNO et al., 2022).
O profissional de enfermagem que atua no âmbito da saúde mental deve desempenhar suas atividades por meio de um relacionamento terapêutico, desenvolvendo habilidades que favoreçam a interação com os pacientes. Isso permitirá maior compreensão sobre o significado de seus comportamentos, possibilitando assim, um suporte eficaz (DOS SANTOS NASCIMENTO et al., 2022).
No entanto, a significativa lacuna pode ser parcialmente atribuída à atuação do profissional de enfermagem com foco apenas em atividades técnicas, uma característica adquirida durante sua formação. Isso ocorre porque o profissional não recebeu formação para o desenvolvimento de competências relacionais e solidárias no contexto dos serviços de saúde mental. Tais conhecimentos são considerados basilares para as condutas e atitudes dos enfermeiros que trabalham com crianças e adolescentes com TEA (JERÔNIMO et al., 2023).
O insuficiente preparo do profissional do enfermeiro em sua formação no que tange a atuação com pacientes na área da saúde mental, mais especificamente à criança com TEA, impede que o cuidado seja oferecido por meio de um processo interpessoal, o que resulta na limitação da promoção de uma assistência biopsicossocial (CONTERNO et al., 2022).
Assim, existe a urgente necessidade de avanços na prestação de um atendimento qualificado para crianças autistas. Mesmo diante da realidade de aumento de casos, o assunto ainda é pouco discutido e os trabalhos científicos que abordam protocolos eficazes para uma assistência de qualidade são incipientes (DOS SANTOS NASCIMENTO et al., 2022).
Assim, é urgente tanto a realização como a ampla disseminação de estudos científicos que ofereçam ao enfermeiro mais conhecimento sobre o TEA, ajudando no desenvolvimento de uma perspectiva crítica, analítica e humanizada. Isso permitirá que esse profissional desenvolva suas competências com mais segurança e autonomia, além de realizar intervenções em colaboração com uma equipe multiprofissional, com ênfase no diagnóstico precoce e na redução da manifestação de movimentos repetitivos e estereotipados, bem como das carências relacionadas com a interação social e comunicação (COSTA et al., 2024).
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