CONTABILIDADE GERENCIAL PARA OS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15550892
Maurilio Queiroz1
RESUMO
Este artigo examina a relevância da contabilidade gerencial no contexto dos negócios internacionais, enfatizando sua contribuição para a tomada de decisões estratégicas e operacionais, especialmente diante de desafios como as flutuações cambiais. Por meio de uma revisão bibliográfica, são explorados os principais conceitos da área e o desenvolvimento de ferramentas gerenciais, como o orçamento e a análise custo-volume-lucro. Ressalta-se que os profissionais da área devem possuir domínio em contabilidade gerencial, normas contábeis internacionais e gestão de riscos. O estudo também aborda o impacto de avanços tecnológicos, como inteligência artificial e blockchain, que têm o potencial de transformar a prática da contabilidade gerencial, além de destacar a importância crescente da responsabilidade social corporativa. Conclui-se que a contabilidade gerencial permanecerá indispensável para o sucesso competitivo de empresas no cenário global.
Palavras-chave: Contabilidade Gerencial. Negócios Internacionais. Tomadas de Decisão. Ferramentas Contábeis. Tecnologia. Responsabilidade Social.
ABSTRACT
This article examines the relevance of managerial accounting in the context of international business, highlighting its contribution to strategic and operational decision-making, especially in the face of challenges such as currency fluctuations. Through a literature review, key concepts in the field and the development of managerial tools, such as budgeting and cost-volume-profit analysis, are explored. It emphasizes that professionals in the field must possess expertise in managerial accounting, international accounting standards, and risk management. The study also addresses the impact of technological advancements, such as artificial intelligence and blockchain, which have the potential to transform the practice of managerial accounting, while underscoring the growing importance of corporate social responsibility. The conclusion asserts that managerial accounting will remain indispensable for the competitive success of companies in the global landscape.
Keywords: Managerial Accounting. International Business. Decision-making. Accounting Tools. Technology. Social Responsibility.
1 Introdução
No contexto globalizado atual, a contabilidade gerencial executiva desempenha um papel vital para o sucesso de organizações que atuam em múltiplos mercados. Ela fornece informações essenciais para decisões estratégicas e operacionais em cenários internacionais, ajudando as empresas a enfrentar desafios como flutuações cambiais e diferentes regulamentações. Ferramentas como orçamento, análise de custo-volume-lucro e balanced scorecard são fundamentais nesse processo.
Profissionais que atuam em negócios internacionais devem dominar contabilidade gerencial para atuar de forma eficaz em um ambiente global. Conhecimentos em princípios contábeis internacionais, análise financeira e gestão de riscos são indispensáveis para navegar na complexidade dos negócios internacionais. Em síntese, a contabilidade gerencial é indispensável para o sucesso das operações globais, e as organizações que desejam se destacar no mercado internacional devem valorizá-la e investir nela.
Para explorar esse tema, propomos uma discussão por meio de uma revisão bibliográfica, abordando a evolução histórica da contabilidade gerencial, sua relevância atual e as futuras perspectivas no cenário dos negócios internacionais.
2 Desenvolvimento
A Contabilidade é uma ciência de fundamental importância para a gestão organizacional, tendo como principal objeto o estudo do patrimônio das entidades, sejam elas públicas ou privadas. Segundo Marion (2008), a Contabilidade pode ser compreendida como a ciência que se dedica a estudar, registrar, controlar e fornecer informações sobre os atos e fatos de natureza econômica e financeira que afetam o patrimônio das organizações. Dessa forma, a principal função da Contabilidade é permitir o acompanhamento sistemático das mudanças no patrimônio, oferecendo subsídios para a tomada de decisão e a gestão eficiente dos recursos disponíveis.
Complementando essa perspectiva, Basso (2005) define a Contabilidade como a ciência responsável por analisar e interpretar os acontecimentos que impactam os ativos das entidades. Isso é realizado por meio de registros contábeis detalhados, elaboração de relatórios financeiros e divulgação de informações relevantes. O objetivo central dessa prática é fornecer dados estruturados e confiáveis sobre a composição patrimonial da entidade, bem como seus resultados econômicos ao longo do tempo. Além disso, a Contabilidade envolve um conjunto integrado de conhecimentos técnicos, normas legais, princípios contábeis e métodos específicos de evidenciação. Seu foco está na observação e no controle do patrimônio em termos quantitativos (valores monetários) e qualitativos (natureza dos bens e direitos), por meio da coleta, classificação, registro, análise e apresentação das informações financeiras.
Para Sá (2008), a Contabilidade deve ser entendida como a ciência que estuda os fenômenos relacionados ao patrimônio, buscando compreender e avaliar a eficácia funcional das entidades no desempenho de suas atividades. Nos últimos anos, observa-se uma tendência crescente de harmonização das normas contábeis em âmbito internacional, com o objetivo de promover maior transparência, confiabilidade e comparabilidade das informações econômico-financeiras entre diferentes países e mercados. Sá também destaca a importância da Contabilidade Gerencial, a qual atua por meio de um sistema de informações estruturado que reúne métodos e conhecimentos aplicáveis à organização. Com base no planejamento e no monitoramento contínuo, esse ramo da Contabilidade é capaz de fornecer relatórios analíticos que demonstram os resultados das atividades operacionais, permitindo a comparação entre o que foi planejado e o que foi efetivamente realizado, contribuindo significativamente para a avaliação e o aprimoramento da gestão organizacional.
Padoveze (2010) reforça essa visão ao afirmar que a Contabilidade Gerencial, como um dos ramos da ciência contábil, tem ganhado destaque por seu papel estratégico no suporte à gestão empresarial. Com uma abordagem autônoma e voltada para a prática, a Contabilidade Gerencial se concentra em funções como o planejamento, o controle e a tomada de decisões. Ela está diretamente integrada aos sistemas de informação contábil, utilizando-se de dados internos da organização para gerar insights relevantes e apoiar o processo decisório em todos os níveis gerenciais.
Já Ludícibus (1998) acrescenta que a Contabilidade Gerencial constitui um enfoque específico dentro da contabilidade que se apropria de técnicas tradicionais, como a contabilidade financeira, a contabilidade de custos e a análise financeira, mas as utiliza de forma mais direcionada e detalhada. Essa abordagem permite que os gestores disponham de informações mais precisas e adaptadas às necessidades internas da organização, o que contribui para decisões mais acertadas e alinhadas aos objetivos estratégicos da entidade.
Por fim, a Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos (National Association of Accountants), conforme citado por Padoveze (2010), apresenta uma definição abrangente da Contabilidade Gerencial em seu relatório número 1A. Segundo essa entidade, a contabilidade gerencial é essencial para a boa gestão dos negócios, sendo responsável por todo o processo de identificação, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras e operacionais. Essas informações são fundamentais para o planejamento estratégico, a avaliação de desempenho e o controle das atividades internas de uma organização. Além disso, contribuem para a utilização eficiente dos recursos disponíveis, alinhando a contabilidade às necessidades informacionais da gestão e à melhoria contínua dos processos organizacionais.
2. 1 Contextualização Histórica da Contabilidade Gerencial
A contabilidade gerencial, como campo de conhecimento e prática, tem suas raízes na Revolução Industrial ocorrida no século XIX. Esse período foi marcado por transformações profundas nos modelos produtivos, com o surgimento de grandes corporações e o consequente aumento da complexidade das atividades empresariais. Com a necessidade crescente de acompanhar, controlar e otimizar as operações industriais, especialmente nas fábricas, emergiu a demanda por instrumentos que auxiliassem os gestores na análise de custos e na tomada de decisões. Nesse contexto, surgiram as primeiras aplicações práticas da contabilidade voltada para a gestão, com destaque para o desenvolvimento do sistema de contabilidade de custos. Esse sistema permitiu a mensuração detalhada dos custos de produção e se mostrou essencial para o aprimoramento da eficiência operacional (Johnson & Kaplan, 1987).
No início do século XX, a contabilidade gerencial deu um salto qualitativo com a introdução de novas abordagens e técnicas voltadas ao controle financeiro e ao planejamento orçamentário. Destacam-se, nesse período, os trabalhos de Alexander Hamilton Church, que se dedicou ao estudo dos custos indiretos, e de Henry Metcalfe, autor da obra "The Cost of Manufactures and the Administration of Workshops" (1885), ambos fundamentais para a consolidação de sistemas de informação mais robustos e eficazes, voltados à gestão empresarial (Church, 1889; Metcalfe, 1885).
Durante a década de 1920, o campo da contabilidade gerencial continuou sua trajetória evolutiva, incorporando o controle orçamentário e a análise de variações como instrumentos estratégicos. Essas ferramentas contribuíram significativamente para o aperfeiçoamento do planejamento financeiro e do controle das operações, permitindo às organizações maior previsibilidade e eficiência em suas ações (Chandler, 1977).
Já na década de 1950, a contabilidade gerencial consolidou-se tanto como disciplina acadêmica quanto como prática amplamente difundida no meio empresarial. Novas metodologias passaram a ser aplicadas, entre elas o custo-padrão, a análise custo-volume-lucro (CVL) e a orçamentação flexível, proporcionando aos gestores informações mais detalhadas e úteis para a tomada de decisão (Horngren, 1957).
Um importante avanço conceitual nesse período foi proposto por Robert N. Anthony, com a introdução do conceito de contabilidade por responsabilidade. Esse modelo enfatizava a descentralização da responsabilidade financeira, atribuindo a indivíduos e departamentos específicos o controle sobre seus próprios custos e desempenho. Tal abordagem representou uma significativa inovação no campo da gestão organizacional, contribuindo para uma administração mais eficaz e transparente (Anthony, 1956).
Nas décadas de 1980 e 1990, a contabilidade gerencial passou por um novo ciclo de transformações, impulsionado por mudanças tecnológicas e pela intensificação da competitividade entre as empresas. Nesse período, surgiram metodologias inovadoras como o custeio baseado em atividades (ABC – Activity-Based Costing), desenvolvido por Kaplan e Cooper, que proporcionou uma alocação mais precisa dos custos indiretos, permitindo uma análise mais realista da rentabilidade e dos processos organizacionais (Kaplan & Cooper, 1998).
Adicionalmente, em 1992, Robert Kaplan e David Norton lançaram o Balanced Scorecard (BSC), uma ferramenta revolucionária que ampliou o escopo da contabilidade gerencial. O BSC propôs uma abordagem integrada de avaliação de desempenho, incluindo não apenas indicadores financeiros, mas também métricas relacionadas à satisfação dos clientes, à eficiência dos processos internos e à capacidade de aprendizado e inovação organizacional. Essa mudança de paradigma fortaleceu o papel estratégico da contabilidade gerencial na governança corporativa e no direcionamento das ações empresariais (Kaplan & Norton, 1992).
2. 2 Relevância da Contabilidade Gerencial na Atualidade
Na atual conjuntura econômica global, marcada por intensos fluxos de capitais, rápidas transformações tecnológicas e crescente interdependência entre os mercados, a contabilidade gerencial assume um papel estratégico de suma importância para o êxito e a sustentabilidade das organizações. Em especial para empresas que operam em contextos internacionais, esse ramo da contabilidade torna-se essencial, uma vez que oferece suporte analítico e informacional diante dos inúmeros desafios impostos pela globalização, tais como as flutuações cambiais, diferenças culturais e regulatórias, barreiras comerciais e complexidade das cadeias globais de suprimentos (Kaplan & Atkinson, 2015).
A contabilidade gerencial contemporânea transcende a simples apuração de custos e análise de receitas. Ela se estabelece como um sistema integrado de apoio à decisão, permitindo que gestores compreendam de maneira mais profunda e estratégica o desempenho organizacional. Por meio da análise combinada de dados financeiros e não financeiros, é possível construir um panorama abrangente das operações empresariais, identificando tanto os pontos fortes quanto as áreas que demandam melhoria ou reestruturação (Drury, 2018).
Nesse contexto, destaca-se o papel da contabilidade gerencial executiva, voltada à alta gestão, como elemento chave na interpretação de informações estratégicas. Ela fornece suporte crítico à avaliação do desempenho das diversas unidades de negócios, linhas de produtos e serviços, possibilitando análises comparativas entre diferentes mercados ou regiões, o que é fundamental para organizações com atuação multinacional.
Um dos instrumentos mais representativos dessa evolução é o Balanced Scorecard (BSC), idealizado por Kaplan e Norton (1992), que ampliou significativamente a abrangência da avaliação de desempenho. Ao incorporar, além de indicadores financeiros, medidas relativas à satisfação dos clientes, eficiência dos processos internos, capacidade de inovação e aprendizado organizacional, o BSC oferece uma visão multidimensional da organização. Isso possibilita alinhar as operações com os objetivos estratégicos globais, promovendo maior coerência entre a execução e a formulação estratégica.
Assim, a contabilidade gerencial moderna é indispensável não apenas para monitorar o desempenho, mas também para orientar decisões mais assertivas, antecipar riscos, identificar oportunidades e sustentar vantagens competitivas em um ambiente de negócios dinâmico e globalizado. Seu valor reside na capacidade de transformar dados em conhecimento estratégico, essencial à gestão organizacional eficaz em todos os níveis hierárquicos e geográficos.
2. 2.1 Ferramentas e Relatórios Essenciais
A contabilidade gerencial, enquanto ferramenta estratégica de apoio à gestão, disponibiliza um conjunto diversificado de instrumentos analíticos e relatórios gerenciais cuja principal função é subsidiar a tomada de decisões fundamentadas nas organizações. Essas ferramentas não apenas viabilizam o controle eficiente dos recursos, mas também fornecem suporte à elaboração de estratégias, à avaliação de desempenho e ao alcance dos objetivos corporativos. Dentre os principais instrumentos utilizados, destacam-se:
Orçamento e Planejamento Financeiro: O processo orçamentário é uma das principais práticas de gestão financeira, sendo essencial para a previsão de receitas, despesas e investimentos. Por meio de relatórios financeiros detalhados, os gestores conseguem estabelecer metas financeiras, controlar gastos e direcionar a alocação de recursos de forma racional. O orçamento possibilita, ainda, simular diferentes cenários e propor ajustes em tempo hábil, contribuindo para o equilíbrio financeiro e a sustentabilidade da organização (Drury, 2018).
Análise de Custo-Volume-Lucro (CVL): A análise de CVL é uma metodologia que permite aos gestores compreenderem a inter-relação entre os custos, o volume de produção e o lucro gerado. Essa ferramenta facilita a identificação do ponto de equilíbrio, ou seja, o nível mínimo de vendas necessário para cobrir os custos totais, sem gerar prejuízo. Além disso, permite avaliar o impacto de mudanças nos preços, nos custos variáveis e na estrutura de produção, sendo fundamental para decisões sobre precificação, mix de produtos e expansão da capacidade produtiva (Horngren, Datar & Rajan, 2018).
Relatórios de Desempenho: Esses relatórios comparam os resultados efetivamente obtidos com os planejados, fornecendo informações valiosas sobre o desempenho das unidades operacionais, áreas funcionais ou projetos específicos. Ao identificar desvios e suas causas, os gestores são capazes de promover correções estratégicas, estabelecer novos parâmetros de avaliação e melhorar a eficiência organizacional. Esses relatórios também favorecem a accountability e o controle gerencial (Anthony & Govindarajan, 2007).
Análise de Variância”A análise de variância, como técnica complementar aos relatórios de desempenho, detalha as diferenças entre os valores planejados e os realizados, revelando o quanto essas variações impactam nos resultados financeiros. Essa abordagem analítica é amplamente empregada para monitorar a eficiência operacional, controlar custos e aperfeiçoar os processos internos, servindo como um importante termômetro da performance organizacional (Hilton & Platt, 2016).
Balanced Scorecard (BSC): O Balanced Scorecard é um sistema de medição de desempenho que propõe uma abordagem multidimensional. Desenvolvido por Kaplan e Norton (1996), o BSC amplia a visão tradicional centrada em resultados financeiros, ao incorporar também indicadores ligados à satisfação dos clientes, aos processos internos e ao aprendizado e crescimento organizacional. Essa perspectiva holística facilita o alinhamento entre a execução das atividades e a estratégia corporativa de longo prazo.
Custeio Baseado em Atividades (ABC): O método de custeio baseado em atividades (Activity-Based Costing – ABC) é uma ferramenta que aprimora a alocação dos custos indiretos, proporcionando maior precisão na identificação dos custos associados a produtos, serviços e processos. Desenvolvido por Cooper e Kaplan (1991), o ABC permite compreender de forma mais acurada a rentabilidade de cada componente da operação, sendo especialmente útil em ambientes empresariais com elevada complexidade operacional e diversificação de produtos.
Dessa forma, o uso integrado dessas ferramentas e relatórios confere à contabilidade gerencial uma posição central no processo decisório, promovendo maior transparência, controle e eficácia nas estratégias empresariais.
2. 2.2 Conhecimentos Essenciais para Profissionais de Negócios Internacionais
No contexto da globalização e das intensas transformações econômicas mundiais, os profissionais que atuam em negócios internacionais devem dominar um conjunto robusto de competências em contabilidade gerencial. Essa área do conhecimento não apenas sustenta o processo decisório nas organizações, como também permite o desenvolvimento de estratégias adaptadas às realidades multiculturais e multilaterais dos mercados globais. O domínio de temas como orçamento, análise de custos e gestão de investimentos é fundamental para o desempenho eficaz desses profissionais.
Compreensão dos Princípios Contábeis Internacionais: É imprescindível que gestores internacionais compreendam as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS), que visam padronizar as demonstrações contábeis em diferentes países. A adesão a esses princípios garante a transparência, comparabilidade e confiabilidade das informações financeiras, aspectos fundamentais para negociações transnacionais, atração de investidores e conformidade regulatória. (Epstein & Jermakowicz, 2010).
Análise Financeira e Estratégica: A capacidade de interpretar indicadores financeiros e alinhá-los a planos estratégicos é uma habilidade essencial em ambientes empresariais dinâmicos e competitivos. A análise estratégica integrada à contabilidade gerencial permite a identificação de oportunidades de crescimento sustentável, expansão de mercados e maximização da lucratividade. (Palepu & Healy, 2013).
Gestão de Riscos em Mercados Internacionais: A atuação global exige sensibilidade e habilidade para identificar, avaliar e mitigar riscos financeiros, operacionais, regulatórios e cambiais. Uma estrutura de contabilidade gerencial bem desenvolvida oferece subsídios para o monitoramento desses riscos, contribuindo para a resiliência organizacional diante de incertezas globais. (Fraser & Simkins, 2016).
Tecnologia e Sistemas de Informação Gerencial: O domínio de ferramentas tecnológicas, como os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), é crucial para a coleta, o processamento e a análise de dados contábeis e gerenciais em tempo real. Esses sistemas promovem a integração das informações entre setores e possibilitam uma gestão mais precisa e eficiente dos recursos empresariais. (Romney & Steinbart, 2018).
Comunicação e Colaboração Intercultural: A comunicação eficaz e a habilidade de colaborar com equipes culturalmente diversas são competências indispensáveis no ambiente corporativo internacional. Profissionais devem desenvolver sensibilidade cultural e empatia, de modo a compreender diferentes contextos e práticas empresariais, facilitando negociações, liderança global e cooperação entre filiais multinacionais. (Adler & Gundersen, 2008).
2. 3 O Que Esperar da Contabilidade Gerencial no Futuro
O cenário futuro da contabilidade gerencial projeta-se como altamente dinâmico e tecnológico, sendo profundamente influenciado pelos avanços em inteligência artificial, machine learning e big data. Tais inovações estão redesenhando o papel da contabilidade nas organizações, promovendo maior eficiência operacional, precisão analítica e suporte estratégico à gestão.
Avanços Tecnológicos e Transformação Digital: A automatização de processos contábeis, por meio da digitalização, já permite reduzir erros, eliminar tarefas repetitivas e gerar análises em tempo real. Esses avanços tecnológicos tornam a contabilidade gerencial mais ágil e estratégica, otimizando a tomada de decisão em ambientes complexos e voláteis. (Davenport & Harris, 2017; Warren, Reeve, & Duchac, 2019).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa: A crescente valorização do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social corporativa torna a contabilidade gerencial uma aliada essencial para mensurar e reportar os impactos sociais e ambientais das atividades empresariais. Nesse contexto, os contadores deverão desenvolver competências em relatórios integrados, ética, ESG (Environmental, Social and Governance) e contabilidade socioambiental. (Gray, Adams & Owen, 2014).
Novas Metodologias e Ferramentas Analíticas: O uso de tecnologias emergentes, como blockchain, análise preditiva e mineração de dados, está transformando a forma como os dados financeiros são capturados, validados e utilizados. Tais recursos ampliam a transparência das informações e permitem identificar padrões e tendências de mercado, contribuindo significativamente para decisões mais informadas e estratégicas. (Tapscott & Tapscott, 2016).
Diante desse cenário, é esperado que os profissionais da contabilidade gerencial do futuro sejam não apenas especialistas técnicos, mas também líderes estratégicos capazes de interpretar dados complexos, propor soluções sustentáveis e atuar com inteligência emocional e sensibilidade ética no ambiente globalizado.
3 Considerações Finais
A contabilidade gerencial executiva ocupa um papel cada vez mais estratégico na administração contemporânea, especialmente em um cenário globalizado, competitivo e altamente tecnológico. Mais do que um conjunto de ferramentas técnicas para controle financeiro, ela se apresenta como uma aliada indispensável na formulação de estratégias empresariais sustentáveis, na gestão eficiente dos recursos e no monitoramento do desempenho organizacional sob múltiplas perspectivas.
A evolução histórica dessa área da contabilidade demonstra sua capacidade de adaptação às transformações industriais, econômicas e sociais ao longo do tempo. Desde seu surgimento como instrumento de registro e controle até seu papel atual como suporte para decisões corporativas complexas, a contabilidade gerencial é uma disciplina dinâmica, que responde com agilidade às demandas do ambiente de negócios.
No presente, seu valor reside não apenas na produção de informações, mas também na capacidade de integrar aspectos como inovação tecnológica, responsabilidade socioambiental e inteligência analítica. Assim, os profissionais que atuam nessa área precisam reunir competências diversificadas, que vão além do domínio contábil tradicional, incluindo habilidades em tecnologia da informação, pensamento crítico, comunicação intercultural e sensibilidade ética.
A crescente interdependência entre mercados, a digitalização dos processos empresariais e o fortalecimento das agendas sustentáveis indicam que a contabilidade gerencial continuará se expandindo como campo estratégico. Sua capacidade de oferecer uma visão ampla e integrada do desempenho organizacional torna-a essencial para decisões assertivas e para a construção de vantagens competitivas duradouras.
Portanto, investir na formação contínua de profissionais da contabilidade gerencial, promover sua atualização frente às novas metodologias e estimular sua atuação estratégica são medidas indispensáveis para que as organizações estejam preparadas para os desafios do futuro. Nesse contexto, a contabilidade gerencial não apenas apoia a tomada de decisão, mas contribui ativamente para a construção de empresas mais resilientes, transparentes e sustentáveis.
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1 Graduado em Ciências Contábeis pela PUC-MG e em Psicologia pela Universidade FUMEC. Pós-graduado em Psicopedagogia pela Universidade FUMEC. Mestrando em Administração de Empresas pela Must University. Cursando MBA em Tecnologia para Negócios: AI, Data Science e Big Data pela PUC-RS. [email protected].