BULLYING NO DESENVOLVIMENTO DE COMPULSÃO ALIMENTAR E TRANSTORNOS ALIMENTARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15622370
Alieti Serafim da Silva1
Atila Barros2
RESUMO
Esta pesquisa explora a relação entre bullying e o desenvolvimento de transtornos alimentares em crianças e adolescentes, abordando como agressões psicológicas e físicas podem desencadear comportamentos alimentares disfuncionais, como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar. A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão de literatura, com foco nas implicações psicológicas do bullying e seus efeitos na autoestima, imagem corporal e saúde mental dos jovens. O estudo revela que o bullying, especialmente em relação à aparência física, resulta em distorções na percepção corporal, levando os adolescentes a adotarem estratégias alimentares extremas como tentativa de controle emocional diante do sofrimento gerado pelas agressões.
Palavras-chave: bullying, transtornos alimentares, compulsão alimentar, anorexia, intervenção, prevenção.
ABSTRACT
This article explores the relationship between bullying and the development of eating disorders in children and adolescents, addressing how psychological and physical aggression can trigger dysfunctional eating behaviors such as anorexia nervosa, bulimia nervosa, and binge eating. The research was conducted through a literature review, focusing on the psychological implications of bullying and its effects on self-esteem, body image, and mental health in young people. The study reveals that bullying, especially related to physical appearance, results in distortions in body perception, leading adolescents to adopt extreme eating strategies as an attempt to gain emotional control over the suffering caused by the aggression.
Keywords: bullying, eating disorders, binge eating, anorexia, intervention, prevention.
INTRODUÇÃO
O bullying, enquanto forma de violência sistemática, reiterada e intencional, encontra-se entre os mais graves fenômenos contemporâneos relacionados à vulnerabilização psíquica de crianças e adolescentes. Em seu desdobramento mais silencioso e insidioso, este tipo de agressão pode produzir efeitos profundos sobre a constituição subjetiva e corporal dos sujeitos em desenvolvimento, entre eles a compulsão alimentar e o desencadeamento de transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia e transtorno da compulsão alimentar periódica. Este ensaio pretende explorar as interfaces entre bullying (e sua vertente digital, o cyberbullying), a formação da autoimagem e os distúrbios alimentares, articulando um arcabouço teórico-conceitual e empírico baseado na literatura recente.
De acordo com Silva (2010), o bullying se manifesta como uma violência reiterada, exercida sobre sujeitos em situação de desigualdade real ou percebida, frequentemente ancorada em marcadores sociais como aparência física, peso corporal, cor da pele, identidade de gênero ou orientação sexual. Em consonância, Bortman (2019), demonstram como tais práticas de violência simbólica estão diretamente relacionadas ao sofrimento psíquico e, em casos extremos, ao suicídio entre adolescentes. A pesquisa de Morandau (2024), confirma que a recorrência do bullying compromete o desenvolvimento de uma autoestima saudável, conduzindo a um processo de autoimagem fragmentada, marcada por sentimentos de inferioridade, vergonha e rejeição. Neste contexto, o corpo torna-se palco de uma batalha interna onde se inscrevem as dores não simbolizadas: o comer compulsivo ou a privação alimentar passam a figurar como formas de expressão do sofrimento.
Com o advento das redes sociais e da vida digitalizada, o bullying ganhou um novo espaço de atuação: o ciberespaço. Segundo Domingues (2016), o cyberbullying tem o potencial de maximizar o sofrimento devido à sua persistência, invisibilidade parental e ampla difusão. Ferido pela opinião pública virtual, o sujeito infantil ou adolescente encontra dificuldade em estabelecer um espaço de refúgio. Nesse sentido, Ferreira (2018), destaca que a intensidade da violência virtual, muitas vezes anônima, contribui para estados de dissociação e perda de sentido de si, aprofundando comportamentos autolesivos ou de controle extremo sobre o corpo. No ambiente digital, como expõem Reis e Carramillo-Going (2024), a cultura da imagem se intensifica, reforçando padrões de beleza inatingíveis e a idealização do corpo magro como sinônimo de valor social. As agressões estéticas ganham destaque, alvejando principalmente meninas adolescentes, que respondem com comportamentos compensatórios alimentares ou estratégias de purga corporal.
Nos transtornos alimentares, como atestam os estudos psicodinâmicos, o corpo passa a ser vivido como objeto de punição, purga ou anestesia. Comer compulsivamente pode ser compreendido como tentativa desesperada de preencher o vazio existencial que emerge da exclusão simbólica e afetiva provocada pelo bullying. Nesse sentido, o alimento deixa de ser nutricional para tornar-se metáfora de acolhimento, amor e contenção emocional. Silva (2012), ao analisar o impacto da violência virtual sobre docentes, chama atenção para o caráter estrutural da agressão simbólica na cultura escolar, o que também incide sobre os estudantes. Crianças expostas a ambientes de degradação constante internalizam tais vozes como parte de sua narrativa identitária, promovendo mecanismos de controle que se manifestam no corpo através da alimentação disfuncional.
No Brasil, a legislação avançou no reconhecimento do bullying e do cyberbullying como formas de violência que exigem resposta institucional. A Lei nº 13.185/2015[3] institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, prevendo medidas de prevenção e formação de profissionais da educação. Do mesmo modo, a Lei nº 12.737/2012[4] (Lei Carolina Dieckmann) tipifica os crimes informáticos, abrindo espaço para a responsabilização penal de agressores digitais. Entretanto, como demonstram Simão e Ferreira (2024), tais medidas são insuficientes sem a mediação afetiva e a escuta qualificada no espaço escolar. A prevenção à violência não se faz apenas com punição, mas com formação emocional, cultura de cuidado e reconhecimento da vulnerabilidade dos corpos infantis e juvenis. Como reforça UNICEF (2019), 37% dos adolescentes brasileiros relatam ter sofrido bullying online, e o Brasil está entre os países com maior incidência de transtornos alimentares entre adolescentes.
A articulação entre bullying, cyberbullying e transtornos alimentares não pode ser reduzida a uma relação causal linear. Trata-se de um fenômeno multidimensional, onde violência simbólica, exclusão afetiva, culto à imagem e pressões de desempenho se entrelaçam. O corpo da criança e do adolescente torna-se um campo de batalha onde o sofrimento se corporifica. É imprescindível que a escola, as famílias e os profissionais de saúde e educação estejam atentos aos sinais silenciosos de sofrimento, entre eles os transtornos alimentares. A cultura escolar deve romper com a pedagogia da indiferença e assumir a formação para a empatia, para o acolhimento da diversidade corporal e subjetiva. Reconhecer que o bullying não é "brincadeira de criança" é o primeiro passo para um projeto educativo verdadeiramente humano.
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS
Os transtornos alimentares representam condições de saúde mental profundamente enraizadas em questões de identidade, autoestima e normas socioculturais, sendo particularmente prevalentes na adolescência. A anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica são as formas mais conhecidas desses distúrbios, caracterizadas, conforme o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), por comportamentos alimentares anormais e uma imagem corporal distorcida. No entanto, essas condições transcendem as questões físicas e nutricionais, refletindo processos psicossociais complexos que envolvem a percepção de si e o valor pessoal, frequentemente influenciados por fatores sociais, culturais e familiares.
A obra de Susie Orbach, Fat is a Feminist Issue (2002), oferece uma crítica contundente ao culto à magreza, argumentando que a obsessão por um corpo "ideal" é uma construção sociocultural que afeta de maneira particularmente significativa as mulheres jovens. Orbach sugere que muitas dessas mulheres definem seu valor pessoal com base em padrões estéticos impostos pela sociedade, uma visão profundamente internalizada que é exacerbada pela pressão social constante. Nesse contexto, o bullying, especialmente aquele que tem como alvo o corpo, torna-se um elemento estruturante que reforça esses padrões e agrava a pressão para atender às expectativas de um corpo "perfeito". O impacto do bullying no corpo não se limita à humilhação imediata, mas se estende à formação de uma relação complexa e muitas vezes disfuncional com a alimentação e a autoimagem, o que pode, de maneira significativa, aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares.
A relação entre bullying e transtornos alimentares é elucidada por pesquisas como a de Eisenberg et al. (2003), que investigaram as associações entre o bullying baseado no peso e o bem-estar emocional dos adolescentes. Os resultados indicam que os jovens que sofrem bullying relacionado ao corpo possuem uma tendência maior a desenvolver uma relação negativa com sua imagem corporal, muitas vezes recorrendo a métodos extremos de controle de peso. O estudo revela que esses comportamentos incluem dietas extremamente restritivas, uso de laxantes, indução de vômitos e outros métodos prejudiciais à saúde. A internalização dessas práticas, alimentada por uma contínua busca por aceitação estética, demonstra como o bullying reforça os estigmas corporais e perpetua um ciclo de autojulgamento e descontrole emocional.
Neste mesmo campo, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021) destaca, em seu relatório sobre saúde mental adolescente, a crescente prevalência de transtornos alimentares entre jovens que enfrentam discriminação baseada no peso corporal. O bullying escolar emerge como um dos fatores primários de risco para o sofrimento emocional desses adolescentes, uma vez que o ambiente escolar, muitas vezes, reflete e amplifica os estigmas e os padrões estéticos da sociedade. A pressão por se enquadrar a um modelo de corpo perfeito se intensifica em um contexto em que a discriminação e o bullying tornam-se cotidianos, afetando profundamente a autoestima dos jovens. Quando consideramos o bullying e os transtornos alimentares sob essa ótica, é possível perceber que o problema não reside apenas em um fator individual, mas em uma construção social que marginaliza e subjuga os indivíduos a padrões estéticos limitantes e muitas vezes danosos. A luta contra o bullying, nesse sentido, também é uma luta pela reconstrução da autoestima e da identidade dos jovens, em que a imposição de um ideal estético, muitas vezes associado à magreza, deve ser desconstruída em um processo de conscientização crítica.
O cenário de transtornos alimentares decorrentes do bullying exige, portanto, uma abordagem que vá além do simples tratamento das consequências físicas dos distúrbios. As políticas públicas, os programas educacionais e as intervenções psicológicas devem considerar, de maneira integral, os aspectos socioculturais que influenciam a percepção corporal dos adolescentes. A promoção de um ambiente escolar que combata ativamente o bullying e que ofereça suporte emocional adequado a esses jovens é essencial para prevenir o desenvolvimento de transtornos alimentares e para promover o bem-estar psíquico dos estudantes. Nesse sentido, a Lei nº 13.185 de 6 de novembro de 2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying), deve ser vista como um passo importante, mas que necessita ser acompanhado de estratégias educacionais e psicológicas que visem a conscientização e a emancipação dos jovens frente aos padrões estéticos impositivos.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada com base em uma revisão de literatura, com o objetivo de investigar como o bullying pode desencadear compulsão e transtornos alimentares em crianças e adolescentes. A escolha deste método se deve à sua capacidade de reunir e sintetizar as contribuições de diferentes estudiosos, proporcionando uma visão abrangente e aprofundada sobre o tema. A revisão de literatura permitiu a análise crítica das obras já publicadas, possibilitando a compreensão das relações entre as agressões psicológicas, como o bullying, e o desenvolvimento de distúrbios alimentares em jovens.
A abordagem adotada foi qualitativa, pois a pesquisa buscou compreender de forma detalhada as experiências subjetivas e os impactos emocionais dos adolescentes que vivenciam o bullying e desenvolvem transtornos alimentares. A natureza exploratória da pesquisa teve como finalidade mapear e identificar as principais abordagens e lacunas na literatura existente, oferecendo uma análise teórica que possibilitasse uma reflexão mais profunda sobre a questão.
A seleção das fontes foi criteriosa, envolvendo a análise de artigos revisados por pares, livros, dissertações, teses e outros documentos acadêmicos que tratam de bullying, transtornos alimentares e suas inter-relações. Para garantir a relevância e a atualidade dos dados, a pesquisa se concentrou em publicações dos últimos 20 anos, priorizando estudos que abordassem a relação direta entre bullying e distúrbios alimentares, como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar. Fontes que não abordaram o impacto psicológico do bullying ou os transtornos alimentares em contexto adolescente foram excluídas, assim como aquelas que não passaram por processo de revisão por pares ou que não estavam diretamente relacionadas ao tema em questão.
A busca pelas fontes foi realizada em bases de dados acadêmicas, como Google Scholar, PubMed, SciELO, Scopus e outras fontes científicas. As palavras-chave utilizadas nas buscas foram relacionadas ao bullying e aos transtornos alimentares, incluindo expressões como "bullying e transtornos alimentares", "bulimia e bullying", "compulsão alimentar e agressões psicológicas" e "efeitos psicológicos do bullying". Esse processo visou identificar artigos e estudos que fornecessem uma visão abrangente sobre os efeitos do bullying na saúde mental dos jovens e a sua relação com distúrbios alimentares.
A análise dos dados seguiu os princípios da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), a qual foi utilizada para organizar, classificar e interpretar os dados encontrados nas fontes selecionadas. O procedimento de análise envolveu uma leitura cuidadosa das publicações, seguida pela identificação de temas e padrões relevantes. A partir disso, as informações foram organizadas em categorias temáticas, como "tipos de bullying", "efeitos psicológicos do bullying", "transtornos alimentares associados" e "intervenções e estratégias preventivas". A análise foi conduzida de forma a destacar as relações entre bullying e transtornos alimentares, bem como os mecanismos psicológicos subjacentes que mediavam essas relações.
Além da análise qualitativa, a revisão também envolveu uma reflexão crítica sobre a literatura existente, com ênfase nas limitações dos estudos e nas lacunas na pesquisa sobre o impacto do bullying nos transtornos alimentares. Embora muitos estudos apontem para uma relação entre bullying e transtornos alimentares, ainda existem poucos estudos longitudinais que acompanhem as vítimas de bullying ao longo do tempo, o que limita a compreensão do desenvolvimento de tais transtornos.
A revisão de literatura revelou que o bullying, especialmente o relacionado à aparência física, pode ter efeitos psicológicos profundos, como a diminuição da autoestima, distorções na imagem corporal e, consequentemente, o desenvolvimento de transtornos alimentares. Muitos estudos destacaram que o bullying se configura como um fator desencadeante e agravante de distúrbios alimentares, com adolescentes usando comportamentos alimentares disfuncionais, como a restrição alimentar ou a compulsão alimentar, para lidar com o sofrimento emocional provocado pelas agressões.
As fontes revisadas também destacaram que a relação entre bullying e transtornos alimentares não é única nem linear. A experiência de bullying pode ser mediada por uma série de fatores, como a resiliência do adolescente, o apoio social que ele recebe, os padrões culturais de beleza e as expectativas familiares. Isso sugere que o bullying pode ter diferentes efeitos sobre indivíduos distintos, e a forma como cada adolescente lida com as agressões pode determinar a manifestação de transtornos alimentares.
A análise crítica das fontes também apontou a necessidade de estratégias mais eficazes de prevenção e intervenção. Embora haja consenso sobre a importância de combater o bullying nas escolas, poucos estudos discutem a necessidade de um tratamento integrado que aborde tanto as questões emocionais geradas pelo bullying quanto os comportamentos alimentares disfuncionais. A literatura sugere que intervenções multidisciplinares, que envolvam psicólogos, médicos e educadores, são essenciais para lidar com o impacto do bullying na saúde mental e física dos adolescentes. Apesar da riqueza de estudos sobre o tema, a revisão de literatura identificou uma lacuna importante na pesquisa: a escassez de estudos que explorem a relação entre bullying e transtornos alimentares em contextos culturais específicos. A maioria das pesquisas se concentra em populações ocidentais, deixando de lado os impactos do bullying em contextos mais amplos e diversificados. Essa limitação destaca a necessidade de mais pesquisas que considerem as diferenças culturais e sociais na manifestação de distúrbios alimentares relacionados ao bullying.
Em conclusão, a revisão de literatura proporcionou uma compreensão mais ampla sobre como o bullying pode desencadear transtornos alimentares em crianças e adolescentes, destacando os efeitos psicológicos profundos dessas agressões, a importância do apoio emocional e social, e a necessidade de intervenções adequadas para prevenir e tratar os transtornos alimentares. A análise crítica das fontes indicou a urgência de estratégias mais eficazes e integradas, que abordem não apenas os sintomas, mas também as causas subjacentes do problema. A pesquisa também apontou para a necessidade de mais estudos que abordem o tema em diferentes contextos culturais, a fim de ampliar o entendimento sobre as dinâmicas do bullying e seus efeitos no desenvolvimento de transtornos alimentares.
O BULLYING NAS ESCOLAS
O bullying nas escolas brasileiras é uma questão complexa, com sérios impactos na saúde emocional e social dos estudantes. Entre suas diversas formas, o cyberbaiting se destaca como uma das variantes mais insidiosas do bullying. Este fenômeno se refere a ações de intimidação e assédio que ocorrem através de plataformas digitais, muitas vezes envolvendo o compartilhamento de informações, fotos ou vídeos de um indivíduo com o objetivo de ridicularizá-lo ou humilhá-lo publicamente.
Dados do DataSenado revelam que cerca de 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência escolar nos últimos doze meses, o que representa 11% dos alunos matriculados no Brasil. Dentre esses, 33% relataram ter vivenciado bullying, e o fenômeno do cyberbaiting é uma preocupação crescente, especialmente entre os jovens, que estão cada vez mais expostos às mídias sociais (Rádio Senado, 2023). Essa prática pode ter consequências devastadoras para a saúde mental das vítimas, incluindo baixa autoestima, depressão e, em casos extremos, pensamentos suicidas (UNICEF, 2023). Além disso, o cyberbaiting se diferencia do bullying tradicional, pois ocorre em um espaço virtual que amplia o alcance do assédio, tornando as vítimas vulneráveis não apenas em seu ambiente escolar, mas em suas vidas cotidianas. A exposição pública nas redes sociais pode gerar um ciclo de humilhação contínuo, onde a vítima é constantemente relembrada do ataque, mesmo fora da escola. A pesquisa do UNICEF mostra que 23% dos estudantes brasileiros já enfrentaram episódios de bullying, destacando a importância de abordar também as formas digitais desse problema.
Cerca de 20% dos jovens brasileiros que sofrem bullying já pensaram em suicídio, conforme dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa pesquisa indica que um em cada cinco jovens se sente tão afetado que considera que a vida não vale a pena. Além disso, entre 2016 e 2021, as taxas de suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentaram para 6,6 por 100 mil habitantes (ClassNet, 2023). Campanhas de conscientização, como a "Delete essa Ideia", promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2023, têm sido essenciais para educar a população sobre o bullying e suas manifestações digitais, incluindo o cyberbaiting. A campanha visa incentivar a criação de ambientes escolares mais seguros e inclusivos, onde o respeito e a empatia prevaleçam (ABP, 2023).
Em breve síntese, é indispensável que escolas e famílias adotem uma abordagem integrada para lidar com o bullying e suas variantes, incluindo o cyberbaiting. Medidas como treinamento de professores, programas educativos e a promoção de uma cultura de respeito nas interações, tanto presenciais quanto virtuais, são decisivas para garantir a segurança e o bem-estar dos alunos.
BULLYING E TRANSTORNOS ALIMENTARES
O bullying é uma prática agressiva e repetida que visa prejudicar, humilhar ou excluir alguém, sendo um fenômeno frequentemente observado no contexto escolar. Seus efeitos são profundos e podem se manifestar de diversas maneiras, afetando o bem-estar físico, psicológico e social das vítimas. Entre as consequências mais graves do bullying, destacam-se os transtornos alimentares, que incluem distúrbios como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar. Estes distúrbios podem ser considerados respostas disfuncionais ao sofrimento psicológico causado por agressões repetidas. Este ensaio visa explorar como o bullying pode desencadear compulsão e transtornos alimentares em crianças e adolescentes, articulando com pensamentos de especialistas no tema, a fim de compreender as implicações de tais práticas no desenvolvimento psíquico desses indivíduos.
O bullying pode ser entendido como uma agressão intencional, sistemática e repetida, que se caracteriza pela prática de humilhar, intimidar ou excluir a vítima, podendo ocorrer tanto de forma física quanto psicológica. Definido por Olweus (1993), um dos principais estudiosos do fenômeno, o bullying é uma forma de violência que envolve uma relação desigual de poder entre o agressor e a vítima, sendo frequentemente praticado em ambientes escolares, mas podendo ocorrer em outros contextos sociais. Os efeitos psicológicos do bullying são vastos e podem incluir desde a baixa autoestima até transtornos mais graves, como depressão, ansiedade, e transtornos do comportamento alimentar. De acordo com o trabalho de Bortman (2019), o bullying tem um impacto profundo na saúde mental dos adolescentes, sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos, como os transtornos alimentares. Crianças e adolescentes vítimas de bullying podem desenvolver um sentimento de inadequação e perda de controle sobre suas vidas, o que pode levar ao uso de comportamentos alimentares disfuncionais como uma forma de tentar restaurar o controle perdido.
Os transtornos alimentares são distúrbios psicológicos caracterizados por comportamentos alimentares anormais que podem envolver a restrição alimentar, o uso de purgativos ou a compulsão alimentar. Estes transtornos, que incluem anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), têm sido cada vez mais prevalentes em adolescentes, especialmente no contexto de uma sociedade que valoriza excessivamente a imagem corporal. De acordo com a literatura psicológica, o bullying pode atuar como um gatilho para o desenvolvimento de transtornos alimentares, especialmente em crianças e adolescentes que já apresentam uma predisposição a questões de imagem corporal ou insegurança emocional. Os agressivos comentários sobre o corpo ou a aparência física podem afetar gravemente a percepção que a vítima tem de si mesma, promovendo o desenvolvimento de uma imagem corporal distorcida. A pressão constante para atender a padrões estéticos impostos pela sociedade pode exacerbar essas percepções distorcidas, fazendo com que o indivíduo adote comportamentos alimentares disfuncionais para tentar atingir um ideal de corpo perfeito.
Um estudo significativo sobre essa questão é o de Fairburn (2008), que descreve a anorexia nervosa e a bulimia nervosa como transtornos alimentares em que os indivíduos frequentemente utilizam a alimentação como uma forma de lidar com a ansiedade, depressão ou sensação de impotência. O bullying, ao afetar diretamente a autoestima e a percepção corporal, pode ser um dos fatores que contribuem para a busca de controle sobre o corpo, que se expressa no controle extremo da alimentação.
A compulsão alimentar, caracterizada pelo consumo excessivo e descontrolado de alimentos em um curto período, é um dos sintomas mais evidentes em adolescentes vítimas de bullying, principalmente quando eles utilizam a alimentação como uma forma de lidar com o estresse emocional e a ansiedade gerados pelas agressões. Em muitos casos, a compulsão alimentar pode ser uma tentativa de aliviar o sofrimento emocional causado pelo bullying, funcionando como uma espécie de mecanismo de coping. No contexto do bullying, essa compulsão pode ser vista como uma tentativa de "preencher o vazio" deixado pelas agressões emocionais, proporcionando uma sensação temporária de conforto. Ainda, a compulsão alimentar pode ser associada a sentimentos de vergonha e culpa, uma vez que o indivíduo sente que não tem controle sobre seus impulsos alimentares. Esses sentimentos, por sua vez, podem aumentar a ansiedade e a depressão, criando um ciclo vicioso de comportamentos alimentares disfuncionais. Nesse contexto, o bullying não só atua como um gatilho para o transtorno, mas também como um reforço contínuo de uma percepção negativa de si mesmo, que mantém e agrava o problema.
É elementar que o tratamento e a prevenção do bullying e dos transtornos alimentares em crianças e adolescentes envolvam abordagens integradas, que contemplem tanto o aspecto psicológico quanto o social. Segundo Gorenstein (2005), é imprescindível um trabalho terapêutico que combine intervenções cognitivas e comportamentais, para ajudar os indivíduos a lidarem com suas emoções e distorções cognitivas relacionadas à imagem corporal. A psicoterapia, em especial a terapia cognitivo-comportamental (TCC), tem se mostrado eficaz no tratamento de transtornos alimentares, sendo capaz de auxiliar os pacientes a identificarem e modificarem pensamentos disfuncionais sobre o corpo e a alimentação. Além disso, a prevenção do bullying deve ser uma prioridade nas escolas, com programas de conscientização que promovam a empatia, o respeito à diversidade e a construção de uma cultura de não violência. A inclusão de temas relacionados ao bullying e aos transtornos alimentares no currículo escolar, bem como o treinamento de professores e gestores para lidarem com essas questões, é essencial para a criação de um ambiente escolar mais saudável.
A discussão sobre a relação entre bullying e transtornos alimentares em crianças e adolescentes é de extrema relevância, especialmente no contexto atual, em que o bullying tem se tornado um problema crescente nas escolas e nas redes sociais. As consequências desse fenômeno vão além das agressões físicas ou verbais imediatas, estendendo-se para aspectos profundos da saúde mental dos indivíduos, como o desenvolvimento de distúrbios alimentares. É imprescindível que a sociedade, incluindo instituições educacionais, familiares e profissionais da saúde, compreendam a gravidade do bullying e seus impactos a longo prazo, adotando medidas eficazes de prevenção e tratamento. O transtorno alimentar como resultado do bullying não é apenas uma questão de saúde individual, mas também um reflexo das pressões sociais, culturais e familiares que influenciam o desenvolvimento de jovens vulneráveis. Portanto, a luta contra o bullying e seus efeitos deve ser um compromisso coletivo, que envolva a conscientização e a ação em múltiplos níveis. Ao promover um ambiente de respeito e inclusão, será possível não apenas reduzir as agressões físicas e psicológicas, mas também prevenir o surgimento de transtornos alimentares, contribuindo para a formação de indivíduos emocionalmente mais saudáveis e resilientes.
Em resumo, o bullying é uma prática que vai além das agressões imediatas, podendo desencadear efeitos psicológicos de longo prazo, como transtornos alimentares. A relação entre bullying e transtornos alimentares em crianças e adolescentes é complexa e envolve uma série de fatores, incluindo a pressão social sobre a imagem corporal e a busca de controle emocional diante da dor psicológica. O tratamento e a prevenção dessas questões exigem uma abordagem multifacetada, que inclua suporte psicológico, programas educacionais e mudanças culturais, para criar um ambiente mais seguro e saudável para os jovens.
A DIMENSÃO SOCIAL E CULTURAL DA RELAÇÃO ENTRE BULLYING E TRANSTORNOS ALIMENTARES
A questão do bullying, ao desencadear transtornos alimentares em crianças e adolescentes, não pode ser dissociada do contexto social e cultural em que esses indivíduos estão inseridos. A pressão para atender a padrões estéticos rígidos, frequentemente exacerbada por mídias sociais, publicidade e cultura de consumo, constitui um cenário propício para o desenvolvimento de distúrbios alimentares. A estética corporal tornou-se um elemento central na definição do valor individual, especialmente na adolescência, um período de intensas transformações físicas e psicológicas. Nesse contexto, o bullying relacionado à aparência física pode gerar um impacto devastador, potencializando a internalização desses padrões de beleza inalcançáveis.
Autores como Stice e Shaw (2002) discutem a relação entre normas culturais de beleza e os transtornos alimentares, observando que, em sociedades ocidentais, a mídia frequentemente exibe corpos idealizados, magros e esbeltos, como o modelo de sucesso e felicidade. Para muitos adolescentes, a não conformidade a esses padrões pode ser vista como um fracasso, desencadeando sentimentos de inadequação. Quando o bullying se alia a essa pressão externa, a vítima tende a desenvolver uma percepção distorcida de seu corpo, o que facilita o desenvolvimento de comportamentos alimentares disfuncionais. A literatura de Gremillion (2003) expõe como a sociedade moderna, ao promover a magreza como sinônimo de saúde e sucesso, cria um ciclo vicioso em que o indivíduo, muitas vezes vítima de bullying, busca controlar o corpo como uma forma de responder a essa marginalização social. Assim, o transtorno alimentar não é apenas uma forma de lidar com os efeitos imediatos do bullying, mas também uma tentativa de reverter ou fugir de uma percepção negativa imposta pela sociedade. Além da dimensão social e cultural, é fundamental compreender os mecanismos psicológicos que tornam o bullying um fator desencadeante para os transtornos alimentares. O bullying, especialmente aquele que envolve ataques à aparência física, pode gerar uma autoimagem profundamente distorcida. De acordo com a teoria da dismorfia corporal, proposta por Cash (2004), a percepção de um corpo disforme pode ser exacerbada por agressões repetidas, levando o indivíduo a acreditar que seu corpo é inadequado ou repulsivo. Este sentimento pode motivar uma série de estratégias alimentares, desde a restrição extrema até a purgação ou compulsão, na tentativa de atingir um ideal de corpo perfeito.
A psique do adolescente em fase de desenvolvimento é particularmente vulnerável à internalização de críticas e humilhações. Segundo a teoria psicanalítica de Winnicott (1965), o desenvolvimento da identidade e da autoestima está intrinsecamente ligado ao ambiente afetivo e ao reconhecimento social. Quando esse ambiente é interrompido por agressões sistemáticas, como o bullying, a capacidade de desenvolvimento saudável da identidade e da autoestima pode ser comprometida. O bullying, nesse sentido, interfere diretamente na capacidade do adolescente de formar uma identidade positiva, desencadeando sentimentos de desamparo e inutilidade, que podem ser mascarados ou abafados por meio de comportamentos alimentares disfuncionais.
O conceito de "controle" também é central nesse processo. Como discute Herman (1992), muitos transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia, podem ser vistos como tentativas desesperadas de controlar um aspecto da vida quando outros estão fora de controle. Para uma criança ou adolescente que sofre bullying, especialmente em um ambiente escolar ou familiar onde se sente impotente, o controle sobre a alimentação pode ser uma das poucas formas de recuperar o poder sobre sua vida. A comida, então, torna-se não apenas um meio de resposta ao sofrimento, mas um mecanismo simbólico para lidar com a angústia existencial e a sensação de vulnerabilidade. Enquanto a restrição alimentar ou a tentativa de emagrecimento extremo é uma resposta para o bullying em muitos casos, o comportamento oposto — a compulsão alimentar — também emerge com frequência em adolescentes que lidam com essas agressões. A compulsão alimentar é caracterizada pela ingestão descontrolada de grandes quantidades de alimentos, muitas vezes seguidas de sentimentos de culpa e vergonha. A compulsão alimentar é uma tentativa de aliviar a dor emocional, mas, paradoxalmente, só agrava os sentimentos negativos que a desencadearam.
O comportamento alimentar compulsivo, no contexto do bullying, é frequentemente uma tentativa de preencher um "vazio emocional". A dor psicológica, frequentemente desencadeada por humilhações ou a percepção de rejeição social, leva o adolescente a recorrer ao alimento como uma forma de alívio temporário. No entanto, o ato de comer de forma descontrolada não resolve a angústia emocional, e sim a agrava, levando a um ciclo vicioso de alimentação compulsiva, seguido por arrependimento, culpa e mais vergonha.
A compulsão alimentar, como mecanismo de coping, pode ser interpretada através da teoria de Regulação Emocional proposta por Gross (2002), que sugere que indivíduos em situações de estresse emocional, como as provocadas pelo bullying, podem recorrer a comportamentos de regulação de afeto, como comer, a fim de reduzir a tensão emocional. Nesse sentido, a compulsão alimentar pode ser vista como uma tentativa de contornar o sofrimento, embora, com o tempo, se torne um problema autossustentável, dificultando ainda mais a recuperação emocional da vítima.
O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO E NA PREVENÇÃO
O tratamento de adolescentes vítimas de bullying e afetados por transtornos alimentares exige uma abordagem multifacetada que envolva não apenas profissionais de saúde mental, mas também o ambiente social em que o jovem está inserido, como a escola e a família. O trabalho preventivo nas escolas é fundamental para minimizar o impacto do bullying e interromper o ciclo de sofrimento emocional que pode levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares.
A escola deve desempenhar um papel ativo na implementação de programas de conscientização sobre bullying, além de criar um ambiente escolar mais inclusivo e seguro, onde a diversidade é respeitada e as agressões são ativamente combatidas. A implementação de programas de educação emocional, pode ajudar os alunos a reconhecer e gerenciar suas emoções de forma mais saudável, reduzindo o impacto do bullying e prevenindo comportamentos alimentares disfuncionais. Por outro lado, a família também desempenha um papel essencial na prevenção e no tratamento de transtornos alimentares relacionados ao bullying. A comunicação aberta entre pais e filhos, o apoio emocional e a construção de um ambiente familiar saudável são fundamentais para que a criança ou adolescente se sinta acolhido e valorizado, diminuindo a probabilidade de recorrer ao controle alimentar como uma forma de lidar com o sofrimento. A psicoterapia familiar, em casos de transtornos alimentares graves, pode ser uma ferramenta importante para restaurar a dinâmica emocional da família e ajudar o jovem a recuperar sua saúde mental e emocional.
O bullying, ao afetar profundamente a autoestima e a percepção corporal de crianças e adolescentes, pode ser um fator desencadeante significativo para o desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia nervosa, bulimia e compulsão alimentar. A relação entre essas questões é complexa e envolve não apenas aspectos psicológicos, mas também dimensões sociais e culturais, como a pressão para atender a padrões estéticos idealizados. A prevenção e o tratamento eficazes desse ciclo de sofrimento exigem um esforço coletivo, envolvendo a colaboração de profissionais de saúde, educadores, familiares e toda a sociedade. Além disso, é fundamental que a sociedade como um todo repense os padrões de beleza e as pressões sociais que impõem aos indivíduos, especialmente aos mais jovens, para criar um ambiente que favoreça o desenvolvimento saudável e respeitoso de todos. Assim, é necessário que se priorize a construção de ambientes seguros, acolhedores e inclusivos, tanto nas escolas quanto nas famílias, onde as crianças e os adolescentes possam se sentir respeitados e valorizados por quem são, e não por como se apresentam fisicamente. A luta contra o bullying e os transtornos alimentares é, portanto, uma questão de saúde pública e de promoção do bem-estar emocional e psicológico das gerações futuras.
APROFUNDAMENTO DA QUESTÃO DE SAÚDE MENTAL
A questão da saúde mental e física relacionada ao bullying, especialmente em crianças e adolescentes, possui implicações profundas e duradouras. O bullying não é apenas um fenômeno social ou emocional; suas consequências são multifacetadas, envolvendo uma série de repercussões no estado de saúde das vítimas. Entre as mais alarmantes estão os transtornos alimentares, que, em sua essência, não se limitam ao comportamento alimentar desregulado, mas envolvem distúrbios psicológicos graves com impactos diretos na saúde física e mental.
A saúde mental das vítimas de bullying é frequentemente comprometida devido à natureza contínua e insidiosa das agressões. Como descrito por Olweus (1993), o bullying cria uma relação de desigualdade de poder, onde o agressor possui controle emocional sobre a vítima, levando a um ambiente de constante estresse, ansiedade e insegurança. A exposição prolongada a essa violência psicológica pode resultar em transtornos de ansiedade, depressão, transtornos de estresse pós-traumático (TEPT) e, em muitos casos, transtornos alimentares. O impacto psicológico do bullying é o primeiro fator a ser considerado, pois ele cria um terreno fértil para o desenvolvimento de distúrbios alimentares. A diminuição da autoestima e a internalização de críticas sobre a aparência podem fazer com que a criança ou adolescente se sinta impotente em relação ao seu corpo, levando à adoção de comportamentos de controle alimentar como forma de compensação ou busca por uma sensação de controle (Fairburn, 2008).
A relação entre ansiedade, depressão e transtornos alimentares em vítimas de bullying é amplamente discutida na literatura médica. Estudos sugerem que a ansiedade gerada pelas agressões repetidas é uma das principais respostas psicológicas ao bullying, sendo que as vítimas frequentemente buscam maneiras de lidar com esse estresse. De acordo com a literatura psicológica, a busca pelo controle do corpo (como na anorexia ou na bulimia) surge como uma tentativa de aliviar a sensação de impotência que as vítimas sentem em relação aos ataques que sofrem. A ingestão excessiva de alimentos ou a restrição alimentar extrema são mecanismos usados para enfrentar a ansiedade e a baixa autoestima causadas pelo bullying. O transtorno depressivo maior, frequentemente associado ao bullying, também tem um papel importante no desenvolvimento de distúrbios alimentares. De acordo com Gorenstein (2005), os adolescentes que sofrem bullying frequentemente experimentam tristeza profunda, desespero e apatia, sintomas típicos da depressão, o que os leva a procurar formas rápidas e acessíveis de alívio emocional. A alimentação, muitas vezes, surge como um escape, mesmo que temporário, do sofrimento emocional.
Os transtornos alimentares não são apenas problemas comportamentais, mas síndromes complexas com causas multifatoriais, nas quais fatores biológicos, psicológicos e sociais se entrelaçam. Quando associados ao bullying, os transtornos alimentares se tornam um reflexo da tentativa de restaurar o equilíbrio emocional perdido, muitas vezes com sérias consequências para a saúde física e mental do indivíduo.
A anorexia nervosa é caracterizada pela restrição extrema da alimentação, acompanhada por um medo persistente de ganhar peso e uma distorção da imagem corporal. Quando o bullying está presente, especialmente nas formas de comentários sobre o corpo, esse transtorno se desenvolve como uma tentativa desesperada de manter o controle sobre o corpo, como se ele fosse a única parte da vida que a vítima pode controlar. Estudos como o de Fairburn (2008) sugerem que esse transtorno é muitas vezes alimentado pela angústia emocional e pela necessidade de escapar do sofrimento causado pelas agressões, resultando em um ciclo vicioso de restrição alimentar.
A bulimia nervosa, por outro lado, é caracterizada por episódios de compulsão alimentar seguidos por comportamentos para evitar o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos ou o uso excessivo de laxantes. A compulsão alimentar em si é uma tentativa de lidar com emoções intensas geradas pelo bullying, e o comportamento purgativo serve como um mecanismo de controle, na tentativa de "apagar" os sentimentos negativos. A pressão por uma aparência física idealizada, exacerbada pelas críticas de colegas ou familiares, leva à adoção desses comportamentos alimentares como uma forma de encontrar alívio para o sofrimento emocional (Herman, 1992).
O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) também está intimamente relacionado ao bullying, especialmente entre adolescentes que buscam aliviar o sofrimento emocional com a ingestão excessiva de alimentos. A compulsão alimentar é muitas vezes vista como uma resposta emocional, onde o alimento se torna um "substituto" temporário para o vazio emocional. Essa busca pelo preenchimento do vazio, no entanto, apenas agrava os sentimentos de culpa e vergonha, levando a um ciclo contínuo de comportamento alimentar disfuncional.
O ato de comer excessivamente não resolve a raiz do problema emocional, mas serve como um alívio temporário da ansiedade e do estresse causado pelo bullying. Esse comportamento pode se tornar crônico, resultando em obesidade e outros problemas de saúde física, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. Além disso, a compulsão alimentar, muitas vezes associada a sentimentos de vergonha e auto-repulsão, tende a agravar a saúde mental do indivíduo, criando um ciclo de sofrimento emocional e físico que é difícil de quebrar. Além dos efeitos psicológicos, os transtornos alimentares têm sérias consequências para a saúde física. A anorexia e a bulimia, por exemplo, podem causar desidratação, desequilíbrios eletrolíticos, distúrbios cardiovasculares, osteoporose, entre outros problemas graves. A falta de nutrientes essenciais devido à restrição alimentar na anorexia pode afetar o funcionamento de órgãos vitais, enquanto os episódios repetidos de purgação na bulimia podem resultar em danos aos dentes, ao sistema digestivo e ao equilíbrio nutricional do corpo.
A compulsão alimentar, por sua vez, está associada a um aumento no risco de obesidade, o que implica um risco elevado de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. O impacto psicológico de tais condições físicas também é significativo, uma vez que as vítimas podem ser estigmatizadas e sofrer mais bullying, criando um ciclo de isolamento e sofrimento. Dada a complexidade dos transtornos alimentares e a interconexão entre bullying, saúde mental e saúde física, o tratamento eficaz exige uma abordagem multidisciplinar que envolva profissionais de saúde mental, médicos, nutricionistas e outros especialistas. A psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), tem mostrado eficácia no tratamento de transtornos alimentares, ajudando os pacientes a reestruturar suas percepções sobre o corpo e a alimentação, além de aprender formas saudáveis de lidar com emoções difíceis. Além disso, a prevenção deve ser uma prioridade em ambientes escolares e familiares. Programas de conscientização e educação sobre bullying e transtornos alimentares podem ajudar a identificar os sinais precoces desses problemas, permitindo intervenções mais eficazes. A promoção de um ambiente escolar positivo, inclusivo e livre de violência é essencial para reduzir o impacto do bullying e prevenir o desenvolvimento de transtornos alimentares.
A interseção entre bullying e transtornos alimentares é uma questão de saúde pública que exige a atenção de múltiplas frentes: educacional, psicológica, médica e social. A relação entre o sofrimento emocional causado pelo bullying e o desenvolvimento de distúrbios alimentares demonstra a complexidade do fenômeno e a necessidade de respostas interligadas. Enquanto o bullying é uma prática socialmente destrutiva, cujas consequências podem ser devastadoras para a saúde mental e física, a prevenção e o tratamento eficazes dos transtornos alimentares exigem não apenas uma abordagem terapêutica, mas também mudanças profundas na cultura e no ambiente social dos jovens. É essencial que a sociedade se engaje na luta contra o bullying, não apenas para prevenir os transtornos alimentares, mas para proteger a saúde e o bem-estar das futuras gerações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão de literatura realizada nesta pesquisa permitiu uma compreensão mais aprofundada da relação entre o bullying e o desenvolvimento de transtornos alimentares em crianças e adolescentes. Ao examinar as interações entre essas duas questões, ficou evidente que o bullying, especialmente aquele relacionado à aparência física, pode gerar impactos psicológicos profundos, que, por sua vez, podem desencadear comportamentos alimentares disfuncionais. A diminuição da autoestima e a distorção da imagem corporal, frequentemente exacerbadas pelas agressões psicológicas e físicas associadas ao bullying, são fatores cruciais que contribuem para o desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.
A pesquisa revelou que o bullying atua não apenas como um fator desencadeante, mas também como um elemento persistente, agravando os sintomas de transtornos alimentares e criando um ciclo vicioso de sofrimento emocional. Os adolescentes vítimas de bullying muitas vezes adotam comportamentos de controle alimentar, seja por meio da restrição extrema (como na anorexia), da purgação (como na bulimia) ou da compulsão alimentar, na tentativa de lidar com a ansiedade e a dor emocional provocadas pelas agressões. Esses comportamentos, no entanto, raramente oferecem alívio duradouro, e sim perpetuam o ciclo de autocrítica, vergonha e sofrimento. Outro ponto importante identificado na pesquisa é que a relação entre bullying e transtornos alimentares não é homogênea e linear. Diferentes adolescentes podem reagir de maneiras distintas às agressões, dependendo de uma série de fatores como a resiliência emocional, o apoio social disponível e as influências familiares e culturais. Isso destaca a importância de se considerar as especificidades de cada indivíduo ao analisar o impacto do bullying e ao propor intervenções adequadas.
A revisão de literatura também apontou a necessidade urgente de mais pesquisas sobre o tema, especialmente em contextos culturais diversos, uma vez que muitos estudos se concentram em populações ocidentais, deixando de lado as influências culturais que podem mediar a relação entre bullying e transtornos alimentares. Além disso, a escassez de estudos longitudinais que acompanhem as vítimas de bullying ao longo do tempo limita a compreensão de como esses fenômenos se desenvolvem e são tratados em diferentes fases da vida. Essas lacunas indicam que ainda há muito a ser explorado no campo da psicologia social e dos transtornos alimentares.
No que diz respeito à intervenção e prevenção, a literatura revisada reforça a importância de abordagens multidisciplinares para o tratamento de adolescentes vítimas de bullying. A colaboração entre psicólogos, psiquiatras, educadores e outros profissionais da saúde é essencial para ajudar os jovens a lidar com os efeitos psicológicos do bullying e com os transtornos alimentares que possam ter se desenvolvido em resposta a esses ataques. Além disso, a promoção de ambientes escolares seguros, inclusivos e respeitosos, onde a diversidade seja valorizada e o bullying seja ativamente combatido, é fundamental para prevenir tanto as agressões quanto os transtornos alimentares. A criação de políticas públicas que incentivem a saúde mental, a promoção do bem-estar e o combate ao bullying nas escolas é uma medida essencial. A Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying), representa um avanço nesse sentido, mas sua implementação e efetividade ainda precisam ser avaliadas e aprimoradas (Brasil, 2015).
Em conclusão, esta pesquisa destacou a complexidade da relação entre bullying e transtornos alimentares e a necessidade de estratégias mais eficazes e integradas para tratar e prevenir esses problemas. As descobertas sugerem que a combinação de intervenções psicológicas, sociais e educativas pode ser crucial para promover o bem-estar dos adolescentes e ajudá-los a superar os efeitos do bullying, especialmente no que se refere à sua saúde mental e comportamento alimentar. O campo continua a necessitar de mais estudos e ações colaborativas para melhorar a qualidade de vida dos jovens e prevenir as consequências graves do bullying.
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1 Discente do Curso de Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá (Campus Teresópolis).
2 Docente dos Cursos de Pedagogia, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Ciências da Computação (UNESA-RJ). Doutorando em Educação pela Universidade Nacional de Rosário (UNR-ARG). Mestrado em Educação (UNESA-RJ). MBA em Data Warehouse e Business Intelligence (FI - PR). Pós-Graduado em Engenharia de Software, Antropologia, Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Educação no Campo, Filosofia e Ciência da Religião (FAVENI-MG). Historiador pela Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU-SP). E-mail: [email protected]
3 A Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015, institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) no Brasil. Seu objetivo é prevenir e combater a prática de bullying em todo o território nacional, especialmente no ambiente escolar, promovendo uma cultura de paz, respeito mútuo e valorização da diversidade (Brasil, 2015).
4 A Lei 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, entrou em vigor há 10 anos. A aprovação aconteceu menos de dois anos após a divulgação de imagens íntimas da atriz, que teve seu computador invadido e 36 fotos roubadas, além de sofrer uma tentativa de extorsão (L12737, 2012).