AQUILOMBAMENTO PELO SAMBA NO PROCESSO EDUCACIONAL EM UM QUILOMBO URBANO NA CIDADE DE MANAUS/AM

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15550772


Liberacy de Souza Oliveira1
Felipe Magno Silva Pires2


RESUMO
O objetivo deste estudo é compreender como o samba contribui para a autoafirmação da pessoa negra no Quilombo do Barranco de São Benedito, localizado no bairro Praça 14, região central de Manaus, capital do Amazonas, considerando os aspectos educacionais identitários e de resistência desinentes desse processo. O samba sempre foi uma das principais formas de expressão dos(as) negros(as) escravizados(as), uma forma de resistir ao processo de apagamento da cultura africana, de modo que se apresenta como um dos mais importantes instrumentos para o fortalecimento do Quilombo do Barranco de São Benedito, por meio de projetos sociais que integram toda a comunidade. A pesquisa foi realizada sob a perspectiva da etnografia antropológica, por meio de entrevistas de algumas pessoas envolvidas no processo que relaciona o samba e a educação às diferentes formas de resistência, no sentido de identificar na prática como essa relação é tecida e que resultados os projetos que envolvem a musicalidade têm alcançado seus intentos. Os resultados dão conta de que o processo de aquilombamento pelo samba tem obtido bons resultados, contribuindo de forma significativa na manutenção de suas tradições culturais.
Palavras-chave: Samba. Quilombo. Resistência. Manaus.

ABSTRACT
The objective of this study is to understand how samba contributes to the self-affirmation ofblack people in the Quilombo do Barranco de São Benedito, located in the Praça 14neighborhood, in the central region of Manaus, the capital of Amazonas, considering theeducational aspects of identity and resistance inherent to this process. Samba has always beenone of the main forms of expression for enslaved black people, a way of resisting the processof erasing African culture, so that it presents itself as one of the most important instrumentsfor strengthening the Quilombo do Barranco de São Benedito, through social projects thatintegrate the entire community. The research was conducted from the perspective ofanthropological ethnography, through interviews with some people involved in the processthat relates samba and education to different forms of resistance, in order to identify inpractice how this relationship is woven and what results the projects involving musicalityhave achieved their intentions. The results show that the quilombola process through sambahas achieved good results, contributing significantly to the maintenance of their culturaltraditions
Keywords: Samba. Quilombo. Resistance. Manaus.

1 INTRODUÇÃO

O samba é historicamente reconhecido como um elemento cultural da população negra no Brasil, que representa a máxima de seus movimentos simbólicos ante as adversidades submetidas enquanto povo escravizado, proibido de praticar sua cultura por meio da musicalidade e da espiritualidade.

Sobre a importância da dança no aspecto social e religioso da população negra, Souza (2018, p. 23) afirma que se trata de um “elemento do saber e do sagrado que envolve essa prática corporal”, em que os(as) ancestrais negros(as) cumpriam suas funções de serem comprometidos com as suas crenças, protegendo e reafirmando a existência enquanto sujeitos culturais. Batucando e dançando, reproduziam suas musicalidades por meio de toques nos instrumentos de percussão, principalmente no atabaque, instrumento que mais tem identificação com o samba e com a capoeira3, cujo intuito é saudar os deuses africanos.

Reconhecido como aspecto identitário entre as comunidades negras do Brasil, configurados os modos de pensar e agir em sua resistência e luta para manutenção da identidade e reconhecimento enquanto grupo social, constituíam seus aspectos materiais e imateriais em instrumentos de luta ressignificada nas interações contemporâneas entre e com os sujeitos negros. De acordo com Silva (2018, p. 13), “[...] precisamos salientar que o Brasil foi civilizado pela cultura africana, e o samba veio do semba, da África de fala banta”, de modo que investigar o samba não é só analisar a sua musicalidade ou corporalidade, é também entender que foram práticas ancestrais enraizadas na religiosidade.

O samba representa a significação e ressignificação nos rituais religiosos e culturais para a população negra, que sofreu com o processo diaspórico da África para o Brasil. Sobre tal análise, será realizada uma descrição do processo de aquilombamento da comunidade do Quilombo do Barranco de São Benedito, formada por descendentes de uma mulher negra vinda do Maranhão para na cidade de Manaus, Amazonas, onde fixou residência, constituindo nesse território sua vida subjetiva com a família consanguínea e com a família social, comunidade que fortalece e organiza as suas tradições culturais, identificadas pelas produções alimentares tradicionais e pela atuação e reprodução do samba enquanto identidade negra e quilombola.

São realizadas diversas atividades afirmativas identitárias como ferramentas de debates e inclusão dos(as) moradores(as) para o fortalecimento da comunidade e consequentemente os seus aquilombamentos individualizados e coletivos. As atividades culturais são realizadas no quilombo para a visibilização, em meio aos processos urbanos que persistem em não somente invisibilizar a presença dos negros na região do bairro Praça 14, mas apagá-la, principalmente quando esse apagamento é vinculado às tradições culturais e religiosas, caracterizando diversas relações de desigualdades e, consequentemente, suas interferências das interações aos aspectos importantes que definem e identificam a organização e estruturação de uma determinada comunidade.

Para uma comunidade tradicional como o Quilombo do Barranco de São Benedito, resistir ao processo urbanitário é o dilema dos moradores no que diz respeito a sobreviver ao esmagamento do seu território físico e cultural, dessa forma vão se reinventando em suas capacidades de criar relações sociais e políticas. Os(as) moradores(as) persistem e perduram no tempo vivendo em constante desequilíbrio social e ambiental, como bem apontam Elisa Algayer Casagrande e Margarete Fagundes Nunes no Artigo “Territórios Negros e Quilombos Urbanos: reflexões sobre patrimônio cultural e relações étnico-raciais em contextos metropolitanos”. Persistir e durar no tempo nas suas formas de vida se tornam um desafio para as populações negras nas cidades brasileiras”. O Quilombo do Barranco de São Benedito vem resistindo e persistindo, cultuando suas tradições e sua religiosidade.

Entre as atividades afirmativas de resistência e luta na comunidade está o samba, caracterizando um processo de aquilombamento, entendendo esse processo a partir de Abdias Nascimento (1980) que afirma ser luta e resistência, uma mobilização sociopolítica e sociocultural das comunidades afrodescendentes fortalecidas por suas próprias histórias na defesa e reafirmação enquanto grupo das memórias ancestrais, sobretudo que esse aquilombamento aconteça com e entre os(as) jovens e outros(as) moradores(as) que ainda não se reconhecem como negros(as) e quilombolas, identidades que são mobilizadas e orientadas a partir das construções sociais que buscam justificar as posições de superioridade e inferioridade, como aponta Almeida (2019, p. 49), ao afirmar que “[...] o negro faz-se humano com a negritude e com a consciência negra, que constituem a reação intelectual e política contra as condições impostas a ele pelo racismo”.

Para Fanon (2020, p. 127), a negritude é todo o escárnio que a humanidade fez com a população não branca, “[...] descobri minha negrura, meus traços étnicos – e então me arrebentaram o tímpano com a antropofagia, o atraso mental, o fetichismo, as taras raciais, os negreiros e, acima de tudo, acima de tudo o mais: ‘y’a bom banania’”. Ser ou não negro não passa apenas pelo processo de negação subjetiva, mas por todo um processo histórico que negou a sua humanidade de ser quem é sem rotulação de que a cor que faz e o fazem menos humano ou inteligente frente a branquitude.

E pensando sobre todo os processos construídos para definir os negros enquanto corpos marcados pela política e pela economia do escravismo, atravessados por diversas constituições identitárias, a comunidade negra cria suas próprias vivências nos quilombos, agrupamento que na atual conjuntura tem no seu conceito uma nova reestruturação que vai em confronto com o conceito criado pelo colonizador para nomear os grupos formados por escravizados em resistência e de acordo com os próprios quilombolas, como Bispo (2015, p.97), quando afirma elas são “[...] as sucessivas ressignificações das nossas identidades em meio aos mais perversos contextos de racismo, discriminação e estigmas; a readaptação dos nossos modos de vida em territórios retalhados.” A história dos negros e quilombolas são historicamente uma verdadeira ressignificação de conceitos, resistência, força e autoafirmação de sujeito protagonistas de suas vivências.

A identidade quilombola tem sua representatividade nos seus ancestrais em comum, garantida pelos traços culturais de pertencer a um grupo que historicamente criou alternativas sociais e culturais para se manter vivo enquanto sujeito criador e mantenedor tanto das suas subjetividades como das suas coletividades, como bem afirma Mumbuca (2017, p.50): “[...] somos aqueles que não pedimos e nem pediremos libertação, nós construímos e construiremos liberdades existenciais.” Os quilombolas e os negros vão assim formando suas identidades na força e na interação dos seus ambientes, sejam esses rurais ou urbanos, como vem acontecendo com a comunidade do Barranco de São Benedito, que reinventa suas estratégias para a manutenção de uma comunidade representada por uma população negra e quilombola que por décadas viveu o seu apagamento, consequência do projeto universal de superioridade.

O projeto universal de intelectualidade pela cor que reafirma em suas políticas de classificação biológica e intelectual que aos negros restam a força física e a submissão, racializando esse povo, retirando suas identidades e negando suas subjetividades, foram e ainda são fatores que determinam os distanciamentos e o reconhecimento do ser negro e quilombola no Quilombo do Barranco de São Benedito, revelando assim uma proporção de poder e violência com alguns(algumas) componentes daquela comunidade, fazendo-os(as) desenvolver um distanciamento de viver seus corpos negros(as) e quilombolas, evadindo-se das lutas de resistências, representadas nas atividades que são realizadas. A resistência daqueles(as) que acreditam que as mudanças e consciência individual e coletiva não acontecem em uma mesma proporção do despertar estão fazendo a diferença no reconhecimento e no aquilombamento interno e externamente, fruto das inúmeras programações representadas nas oficinas, rodas de conversas e no samba, durante todo o ano, visibilizando e dando voz ao Quilombo do Barranco de São Benedito.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A comunidade do Barranco de São Benedito é formada por pessoas remanescentes de ex-escravizados, que deixaram sua cidade natal, Alcântara, no Estado do Maranhão, e vieram para a região norte, trabalhar no Amazonas, precisamente em Manaus, cidade que nos anos de 1890-1896 passava pelos seus primeiros processos de modernização arquitetônica e urbana. Foram trazidos a partir do apoio econômico e político do então governador da época, que também era negro e maranhense, Eduardo Ribeiro, governador do Amazonas. Desembarcaram nos portos de Manaus para trabalhar homens e mulheres com diversas habilidades profissionais, como carpinteiros, pedreiros e mestres de obras. Disposição e força foram os principais atributos para a o recrutamento dos negros ao Amazonas (Silva, 2018)

Os maranhenses, desde que aportaram na cidade de Manaus, são levados para morar na localidade que hoje é reconhecida como Praça 14, uma área urbana comercial que possui grande valor econômico quanto ao seu metro quadrado, configurando territorial e geograficamente contradições e conflitos ambientais, características do processo da urbanização e modernização das cidades.

De acordo com os(as) moradores(as), e aqui enfatizo as mulheres líderes e ativistas as quais tivemos contato na comunidade, que lembram saudosamente das suas infâncias, são muitas as descrições sobre a paisagem territorial e emocional dos igarapés, dos caminhos de barro e mata que percorriam para os deslocamentos até o perímetro urbanizado na época em que o bairro Praça 14 era apenas uma região de floresta, que tinha como presença populacional apenas a comunidade negra, hoje autorreconhecida quilombola, um ambiente em que tomavam banho, moravam, carregavam água para as casas, onde as mães, avós, filhas e netas lavavam roupas, brincavam nas águas, enquanto as mulheres adultas conversavam sobre suas vidas, seus tormentos e sonhos pessoais e coletivos, vivenciavam suas confluências, aqui indicada por Santos (2015, p.89) como “[...] a lei que rege a relação de convivência entre os elementos seja [...]. Por assim ser, a confluência rege também os processos de mobilização provenientes do pensamento plurista dos povos politeístas”. A partir do autor, a comunidade do Barranco de São Benedito reage ao seu território geográfico e humano.

Apesar das experiências, das confluências com o lugar, que para Santos (2023, p. 23) seriam “[...] os modos de ver, de sentir, de fazer as coisas, modos de vida”, a memória coletiva permanece leal à realidade daqueles(as) moradores(as), entendendo a memória aqui a partir de Halbwachs (2006, p. 23): “[...] se o que vemos hoje toma lu­gar no quadro de referências de nossas lembranças antigas, inversa­mente essas lembranças se adaptam ao conjunto de nossas percepções do presente”. Como afirma o autor, as lembranças do passado são os instrumentos para assimilações do que hoje vivem, ou seja, se de um lado tiveram os momentos das confluências com seu território e sua territorialidade, também vivenciaram momentos de práticas preconceituosas das pessoas que não moravam naquela região, que tinham medo de passar pelo bairro, o que Santos (2023, p. 21) conceitua como “Cosmofobia”, o medo que as pessoas da cidade criam por outras pessoas, principalmente as que são racializadas pela cor e classe social, nesse caso as negras e pobres daquela comunidade, desenvolvendo o complexo de superioridade e consequentemente o racismo.

São inúmeros os depoimentos dos(as) moradores(as) do Quilombo sobre as relações etnocêntricas. Lugar este que antes do processo da urbanização era conhecido e reconhecido como “vila maranhense”, “vila da negada” ou “morro do querosene”, apontando aí lugar temido, prevalecendo o que nos aponta Carneiro (2011, p. 15) que “[...] a prevalência da concepção de que certos humanos são mais ou menos humanos do que outros, o que, consequentemente, leva à naturalização da desigualdade de direitos”, direitos esses negados e naturalizados.

A urbanização, além de transformar o ambiente material e imaterial da comunidade, reforçou e ainda reforçam as práticas preconceituosas aos moradores. Preconceitos e racismo, como afirmam as suas lideranças, sempre fizeram parte das relações com o outro, que se coloca como superior ao negro, ao quilombola. Os(as) moradores(as), e aqui especificamente as mulheres que estão à frente do movimento de resgate e fortalecimento da identidade negra e quilombola, afirmam que tiveram sempre que estar se reinventando em suas interações sociais e culturais em seu território, para que pudessem ocorrer mudanças positivas quanto a vulnerabilidade social e econômica. Ao vivenciar diversas contradições, o coletivo quilombola sempre buscou estratégias de vencer as divergências sociais e culturais, principalmente no que se refere à religiosidade da comunidade, buscando o seu passado como guia para viver o seu presente.

Essa reinvenção se fortalece nesse presente instrumentalizada política e culturalmente pelo samba, estratégia de força e fortalecimento para a valorização subjetiva e, consequentemente, objetivo da negritude. Após o processo de certificação pela Fundação Palmares no ano de 2014, o Quilombo do Barranco de São Benedito passa pelos caminhos de reconhecimento do ser negro e quilombola, contudo, com o passar dos anos do reconhecimento territorial da comunidade quilombola, nem todos os moradores se autorreconhecem como negros(as) nem quilombolas.

Uma das interlocutoras, F.S, mulher negra, casada, mãe, professora, pesquisadora e produtora cultural, só entendeu seu lugar de fala e sua identificação negra depois de muito tempo, viabilizando assim sua construção discursiva do ser negro(a) na sua emocionalidade (Souza, 2021). Para Souza (2021, p. 46), “[...] saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade”. F. S. busca junto à comunidade o fortalecimento do movimento negro e quilombola com aqueles(as) que ainda não se reconhecem em sua negritude e no seu ser quilombola, consequência de todo o processo de subjugação da raça negra. “[...] A definição inferiorizante do negro perdurou mesmo depois da desagregação da sociedade escravocrata e da substituição pela sociedade capitalista, regida por uma ordem social competitiva” (Souza, 2021, p. 49).

As consequências do racismo impactam até hoje no autorreconhecimento em suas formas físicas e psíquicas, como afirmam as lideranças femininas quilombolas ao mencionar a dificuldade de alguns (algumas) moradores(as) em suas identificações”. Tais negações podem ser atribuídas aos conceitos de raça, que dividiram a humanidade entre aqueles que são superiores e os que são inferiores, como aponta Carneiro (2023, p.16): “[...] dessas ideias decorreram e se reproduzem as conhecidas desigualdades sociais que vêm sendo amplamente divulgadas nos últimos anos no Brasil”.

Pensando em todas as questões de violência, desumanização e despersonalização do povo negro, e pensando na realidade do quilombo que F. S, uma das lideranças da comunidade, faz o caminho de ressignificar não somente a sua história subjetiva, mas o resgate e a recriação da potencialidade identitária do coletivo, escrevendo e propondo um projeto no ano de 2020, através da Lei Aldir Blanc (Brasil, 2020), Lei esta que tem como princípio uma política pública para a cultura, com iniciativas comunitárias que difundem a cultura negra e quilombola na retomada da história ancestral e no fortalecimento das identidades, nos seus autorreconhecimentos, sob a perspectiva da gastronomia, do artesanato e do samba. As ações desenvolvidas pelo projeto se dão através de oficinas, palestras e aulas práticas, tanto no setor da gastronomia como da musicalidade.

O ano de 2020 foi um período em que o mundo passava por alerta do sistema da saúde, pois vivenciamos um momento pandêmico do Covid-19 (Brasil, 2020), pois toda a humanidade foi obrigada a se reinventar no tocante às suas interações sociais e, por conseguinte, a sua própria segurança de vida, momento em que estávamos na condição de experienciar uma vida em isolamento social.

Para executar seus projetos, a comunidade do Barranco de São Benedito teve que criar movimentos internos de socialização, adaptações para a realização do projeto, que tiveram os devidos cuidados para a realização das atividades. Algumas estratégias foram estabelecidas, como não se aglomerar, usar máscaras e realizar limpezas constantes no espaço e nos materiais usados nas oficinas, com álcool em gel. Todos os aspectos foram seguidos com rigidez e cuidado.

A primeira edição do projeto teve muita aceitação, considerando uma ação importante para o quilombo como uma das ferramentas que dariam muito mais visibilidade àquela comunidade, já que no passado intencionalmente houve uma invisibilização daquelas presenças no Amazonas, como bem aponta o processo histórico de apagamento propagado por racismo, como afirma Melo (2020, p. 32):

[...] os caminhos de um modo de pensar – e de recortar – a realidade que fez com que os números modestos da demografia se transmutassem em invisibilidade e, posteriormente, em negação da presença negra é tarefa que não pode ser concluída em uma única invertida... Há que se refletir com mais acuidade sobre as múltiplas formas de expressão e de ação do racismo estrutural que atravessa a sociedade em todos os seus níveis.

E foi pensando nesse silêncio estrutural que a comunidade do Barranco de São Benedito, por meio de suas lideranças, principalmente pela ação feminina com parcerias como a pesquisadora e a historiadora A., produtora cultural e oficineira, escrevem um projeto focado no samba como um elemento educacional e antirracista, fomentando uma maior participação da comunidade como protagonista do fazer cultural e educacional consciente. Assim afirma a liderança negra e quilombola F. S, que o principal motivo da realização do projeto Samba na Comunidade é fazer esse resgate histórico do ser negro(a) e quilombola. Desde 2020 são realizadas oficinas de percussão, contempladas através da Lei Cultural Aldir Blanc (Brasil, 2020),

Nessa versão do projeto, o samba então é o protagonista e ferramenta educacional no que se refere ao fortalecimento e empoderamento da comunidade e, consequentemente, da sua identidade negra e quilombola, descontruindo conceitos autoritários etnicamente falando, que continuam fortalecendo uma baixa autoestima do ser negro em uma sociedade que criou paradigmas sociais e culturais classificatórios:

Dirijo-me a ti, Eu hegemônico, falando do lugar do “paradigma do Outro”, consciente de que é nele que estou inscrita por ti e que, “graças” a ele, expectativas se criaram em relação a mim. Estou ciente de que mesmo tentando negá-las, elas podem se realizar, já que me encontro condicionada por uma “unidade histórica e pedagogicamente anterior” da qual eu seria uma aplicação. Uma aplicação histórica cuja consciência se renova permanentemente pela memória d’alma da escravidão herdada de minha ancestralidade e, antes dela, das representações negativas que estiveram desde longe associadas ao meu corpo negro. Uma aplicação histórica também da modernidade ocidental que dissecou cientificamente minha inferioridade natural que constitui hoje o espetáculo de indigência humana que exibo ao mundo (Carneiro, 2023, p. 09)

A comunidade do Barranco de São Benedito passa, como outras comunidades negras, pelas experiências das negações, dos não reconhecimentos de ser sujeito negro e quilombola, negações que estão entranhadas no consciente e inconsciente do povo negro. Nesse sentido, o coletivo, a partir do projeto, vem com a proposta social e cultural de resgatar os sujeitos que, oprimidos pela classificação do que é superior e inferior, buscam em suas existências socioculturais o seu auto apagamento de ser negro(a) ou quilombola. A história do passado continua surtindo efeito no presente, como afirma Carneiro (2023), que as heranças ainda estão nas entranhas memoriais dos corpos negros que se sentem e agem consciente ou inconscientemente como seres inferiores na aparência física, cultural e intelectual, que hoje acontecem com alguns(algumas) moradores(as) da comunidade do Barranco de São Benedito, considerando que tal negação não é um fenômeno isolado, mas também histórico.

Para quem não entende e ou não quer entender todo esse processo de negação e inferioridade que sente e vive uma pessoa negra, e não quer admitir como o processo do branqueamento interferiu e interfere as relações socioculturais, basta identificar as presenças de cargos hierárquicos nas instituições educacionais, políticas, religiosas, jurídicas, públicas e privadas, etc., que se fundamentam não somente pelas narrativas, mas sobretudo nas práticas e na manutenção da presença dos brancos em cargos superiores, reafirmando pensamentos preconceituosos que os negros, além de não serem capazes de ocupar um lugar hierárquico, também enfraqueceriam e tirariam a excelência administrativa das instituições, resultando, como afirma Bento (2022), no pacto narcísico como caminho para o aumento do favoritismo dos brancos no mundo social e cultural.

As falas preconceituosas e hierarquizadas sempre mantiveram pesos sociais e culturais ao olhar e definir o outro, principalmente se este for negro e indígena; mesmo com o passar dos anos, as relações no sentido de inferiorizar e subestimar as capacidades dos negros ainda permanecem como fio condutor para a manutenção de ações hegemônicas, tratando aqueles como incapazes de manter e desenvolver comportamentos profissionais e intelectuais tais quais os brancos, como afirma F.S:

Eu não me reconhecia negra, eu alisava o cabelo para me encaixar com os brancos..., e ai a gente precisa lembrar da importância desse Movimento Negro que foi a partir dele, a partir da Associação das Crioulas que eu fui entender a minha própria história, que eu aceitei o meu cabelo, e ai foi nessa época que eu assumi minha negritude, fui procurar entender a minha história que eu era uma mulher negra e que eu precisava trabalhar essas questões dentro da sala de aula, eu precisava fazer com que a comunidade entendesse , eu precisava chegar nas crianças…4 (Informação verbal).

Mesmo historicamente vivenciando outras eras, décadas, outros momentos socioculturais, tais práticas ainda perduram de maneira irracional e intencional, com um peso marcado pela intolerância, posicionando o negro com estereótipos, acentuando assim as dificuldades aos reconhecimentos identitários da negritude, seja esse negro quilombola ou não, dimensionado a viver encontros e desencontros em seus reconhecimentos do ser negro:

...descobrir-se negro/a e/ou tornar-se negro/a não é um acontecimento “apenas” político na vida de uma pessoa afro-brasileira, é um despertar em diversos sentidos: espiritual, ancestral, cultural... é, para todos efeitos, lembrança, encontro, reunião, cura, cultivo das memórias e expurgo do esquecimento que subjuga secularmente a existência dos/as racialmente oprimidos à invisibilidade e/ou à subalternidade (Alves; Garcia-Filice, 2021, p. 11)

Os comunitários do Quilombo do Barranco de São Benedito passaram e ainda passam por várias situações de preconceito e de intolerância por serem quem são: negros(as) e quilombolas. Antes da urbanização chegar no bairro, de acordo com F.S., as pessoas tinham medo de subir no barranco do bairro, de passar pela vila porque moravam negros(as) ali. “Antes de passar o trator na rua, pra assentar a terra, ninguém passava por ali, porque tinham medo de subir, e lá foram dados vários nomes pejorativos para o lugar” (F.S., 2024).

Foi repensando ou reestruturando novas formas de vivenciar a negritude, especificamente nas comunicações e escrevivências da sua territorialidade coletiva de ser, que F.S escreveu o projeto “Do quilombo se fez samba raiz”, que já está na sua quarta edição, cuja proposta educacional e metodológica é evidenciar a comunidade e movimentar o espaço cultural com as oficinas propostas pelo projeto do ensino participativo.

O projeto “Do quilombo se fez samba raiz” é inovador para a própria comunidade, que até então não tinha experienciado tal vivência coletiva. Esta perspectiva educacional vem possibilitar à comunidade uma educação popular, uma educação participativa e integradora, pois os(as) moradores(as) participam de toda a realização das aulas, os instrutores são da própria comunidade, ressaltando que todos, segundo as mentoras do projeto, são autodidatas.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (Freire, 1996, p. 13). Assim são as oficinas de construções de saberes e práticas a partir da musicalidade no samba, que tem a sua representação cultural material e imaterial nos aspectos identitários da negritude. O samba é histórico e, como tal, não tem somente uma significação musical, mas sim contextual da historicidade negra, que usou e usa o samba como aspecto de resistência e de afirmação étnica com suas experiências cosmológicas.

A metodologia aplicada nas oficinas é sempre participativa, promovendo uma educação coletiva. A proposta do projeto não é somente o aprendizado de saber tocar um instrumento de percussão, mas de interagir com a história da comunidade, do aluno, seguindo da ativa participação do aluno com a sua história e da sua comunidade, ter orgulho de ser negro(a) e quilombola. Entender que seu autorreconhecimento é importante para o fortalecimento do quilombo e principalmente para o fortalecimento da sua autoestima. As aulas do projeto têm obtido resultados positivos, alguns(algumas) moradores(as) já estão agregando com suas participações, aproximações que os(as) fazem perceber que não se trata apenas de um projeto na comunidade, pelo contrário, se trata da intensificação da existência e presença cultural do samba na comunidade não como musicalidade, mas como processo histórico de força e resistência, que a comunidade negra sempre usou como identificação social e cultural do ser negro e do ser quilombola. O samba é toda uma confluência com a história, com as vivências e com as relações da subjetividade e coletividade religiosa.

Ao desenvolver essa educação popular, no qual acontece no espaço cultural da comunidade, referência para a realização de diversas atividades, o projeto, através das oficinas educacionais, é ministrado com teorias e práticas nos usos e manuseios de diversos instrumentos de corda e percussão previamente escolhidos pelos alunos no ato da sua inscrição. O(a) aluno(a) é incentivado(a) a se enxergar em todo o processo do conhecimento, vivenciar uma educação participativa em um espaço de aprendizagem atravessado por um processo de culturalização e socialização negra e quilombola, levando-os(as) aos seus empoderamentos identitários.

Para as mentoras do projeto, este caminho que estão fazendo na realização das atividades são estratégias entre tantas outras que o negro usou como forma de compreensão sobre a atuação das forças externas que sempre exploraram, oprimiram e alienaram, os fazendo reféns de suas próprias vidas sociais e culturais quando negam suas origens biológicas e culturais. (Nascimento, 1980).

Intensificando as palavras das lideranças, o projeto de um samba enquanto educação popular e participativa foi pensado para o fortalecimento e reconhecimento da identidade negra e quilombola pelos(as) moradores(as), sua autonomia e valorização do ser negro em um espaço urbano que tendencia a apagar e inferiorizar, o que historicamente ainda não foi superado pelos corpos marcados por conceituações de inferioridade sociocultural, que lideranças como F.S afirma:

O principal motivo dessa realização do samba na comunidade é trazer esse resgate histórico, tanto que desde 2020 a gente tem as oficinas de percussão, oficina que fui a proponente é da Aldir Blanc5 e que eu trouxe toda essa questão que a gente chama de “celeiro cultural” de dentro da comunidade de não só o samba, veio a culinária , gastronomia, a fala dos mais velhos, a memória que eles tinham dentro do território, então desde 2020 que a gente trabalha aqui dentro, efetivamente no território a questão da música e do samba, e a gente ver que essa questão é muito importante porque traz toda essa economia solidária , essa economia criativa mostrando os sujeitos de dentro do território, mostrando os saberes ancestrais, mostrando o saber da ancestralidade do que eles trazem, porque a gente fala que eles(instrutores) são autodidatas, ninguém chegou e disse assim que se toca a gente já cresceu nesse meio e a gente trabalha essa questão, e eles(instrutores) trabalham isso com muita potência dentro do espaço do pagode, tanto que são os nomes que são vistos por ai pelo samba, eles vivem da música.6 (Informação verbal)

O projeto “Do quilombo se fez samba raiz” é uma proposta educacional e metodológica de usar o samba a partir dos ensinamentos dos usos dos instrumentos como ferramentas para o reconhecimento e autorreconhecimento da comunidade, a partir dos seus(suas) moradores(as) que não se reconhecem como negros(as) e quilombolas, fazendo uma reflexão pontual sobre o seu lugar e sobre seus corpos sociais e culturais marcados pelas características físicas de se verem e “aceitarem” a existência em uma sociedade que tem como herança a reprodução da desigualdade retratada na violência do racismo modelado na conjuntura socioeconômica, sociocultural.

O resgate cultural, no caso do projeto “Do quilombo se fez samba raiz”, está metodologicamente representado no samba como um elemento “[...] do saber e do sagrado que envolve essa prática” (Souza, 2018, p. 23), não somente na musicalidade. A comunidade também vai usar essa mesma perspectiva mencionada pelo autor, resgatando o processo histórico, vivenciado pelos mais velhos, legado que descendentes como as lideranças femininas vão reproduzindo e experienciando com os mais novos da comunidade em seus processos de aquilombamento, assim como oportunizando vivências aos sujeitos externos da comunidade no aprender a tocar algum instrumento e, consequentemente, integrar-se ao coletivo e às suas histórias, estabelecendo novos sentidos nos empoderamentos quilombolas e não quilombolas, teias de relacionamentos com os sujeitos sociais com seus espaços e tempos demarcados por interesses individuais e coletivos, uma vez que o aprender e ensinar os manuseios instrumentais nas oficinas não estão unicamente dimensionados pelo conhecimento ocidental com metodologias definidas em espaços específicos, mas valorando os conhecimentos ancestrais, como descrevem Alves e Garcia-Filice (2021, p. 8): “pelo ser, pelo fazer, pelo saber, pelo tempo, pela história, pela memória, pelos ritos, por suas práticas, múltiplas, diversas e historicamente pautadas”.

Percebe-se a importância da valorização da história da comunidade quanto a escolha dos músicos, que não só conhecem os(as) moradores(as), mas que são os conhecedores e multiplicadores do conhecimento cultural do local e os conhecedores técnicos nas aulas dos instrumentos de percussão, como afirma Carine (2025, p. 92): “[...] pensadoras que se projetam de um modo livre e plural no desenvolvimento dos seus múltiplos saberes”. Saberes que foram passados de geração em geração e sendo na atualidade adaptados às realidades vividas naquele espaço de cultura e sobrevivência social.

Os instrutores desenvolvem uma interação e aproximação afetiva e profissional com os alunos e que, segundo a própria mentora do projeto, fazem a diferença na participação e aceitação dos(das) alunos(as) como para o sucesso do próprio projeto, ao ser aceito por toda uma comunidade interna, pelos(as) moradores(as) e pela comunidade externa, visitantes que geralmente conhecem as atividades do quilombo pelas redes sociais, agregando também suas participações, oportunizando conhecer melhor a comunidade em sua história cultural e religiosa.

O projeto “Do quilombo se fez samba raiz”, além de vim com a proposta do empoderamento social e cultural da comunidade, representado pelo autorreconhecimento negro(a) e quilombola, busca adequação do ambiente e das pessoas que nele estão, pessoas negras e quilombolas que precisam se sentir pertencentes nas suas escreviências, ou seja, viver e escrever suas histórias individuais e coletivas, constituindo novas noções de bem estar e de produtividade no estar e no ser. O projeto vai ressignificando as formas de ensinar e aprender em um espaço de vivências comunitárias.

O projeto “Do quilombo se fez samba raiz”, além das principais finalidades do autorreconhecimento identitário do ser negro(a) e quilombola, também privilegia o empoderamento econômico dos(as) moradores(as), fortalecendo a economia solidária e criativa, contratando todos os profissionais da música da comunidade, contratando pessoas da comunidade para preparar os lanches (em todo o período das aulas são oferecidos para os participantes). Os espaços onde as aulas são realizadas também são alugados, sendo residências dos(as) moradores(as) da comunidade, gerando renda. O projeto, além de agregar valores culturais, agrega os valores econômicos com o desenvolvimento da economia solidária e criativa.

3 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os projetos já se consolidaram com seus sucessos, pois em todas as edições são matriculados novos(as) alunos(as). Qualquer pessoa moradora ou não do quilombo pode se matricular por meio de um link disponibilizado nas redes sociais das lideranças e dos instrutores. Cada edição conta não somente nas vozes das mentoras daquela proposta metodológica, como também dos(as) alunos(as) que afirmam que as finalizações das edições são tidas como saudades e ficam aguardando com muitas ansiedade novas datas para o novo ciclo das aulas, das atividades que não só movimenta a comunidade, como todos(as) os (as) participantes que se matriculam.

Os projetos executados na comunidade são hoje referências de resistências e aquilombamentos, que estrategicamente atuam enquanto processo educacional e cultural, educando e aquilombando a comunidade na importância dos seus autorreconhecimentos identitários de serem negros(as) e quilombolas. Uma educação que está em consonância com o mundo daquela comunidade, ou seja, com a sua realidade e com os anseios no resgate de ser o que são: negros(as) e quilombolas. Os projetos têm como princípios de ensino o fortalecimento das tradições culturais e religiosas através da oralidade nas contações de histórias das ancestralidades quilombola da Praça 14, buscando a inserção de uma perspectiva crítica e reflexiva, como aponta Gomes (2024, p. 12): “[...] é a criação de um espaço inclusivo e colaborativo, possível de construir uma relação de confiança entre docentes e estudantes, a fim de se tornarem agentes de mudança em suas próprias vidas em comunidades”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Doutorando do curso de Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas. E-mail: [email protected]

2 Doutorando do curso de Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas. E-mail: [email protected]

3 Dança e luta que foram ressignificadas pelos negros escravizados no Brasil.

4 Aula ministrada por F.S na Universidade Estadual do Amazonas-UEA, ao curso de Pedagogia, 14.06.2024.

5 Lei Federal que fomenta o setor cultural: com projetos de desenvolvimento sociocultural.

6 Entrevista cedida em 01 de junho de 2024.