APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17203049
Lucília Ferreira de Sousa1
Nadizenilda Sobrinho Rego2
Silvana Morais de Carvalho3
RESUMO
Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a aplicação da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) nas aulas de Língua Portuguesa no Ensino Médio, com base em estudos publicados entre 2020 e 2025. A investigação buscou compreender como a metodologia de projetos, quando articulada ao currículo, impacta a motivação, o engajamento e a aprendizagem dos estudantes em leitura, escrita e análise linguística. Os resultados apontam que a ABP, quando bem planejada, favorece a autoria discente, amplia a criticidade e contribui para o desenvolvimento de competências linguísticas e socioemocionais previstas na BNCC. Contudo, também foram identificados limites relacionados ao tempo pedagógico, à formação docente e à dificuldade de avaliação processual. Conclui-se que a ABP representa uma estratégia promissora para o ensino de Língua Portuguesa, desde que mediada de forma intencional, com clareza de objetivos e articulação interdisciplinar.
Palavras-chave: Aprendizagem Baseada em Projetos. Língua Portuguesa. Ensino Médio. Autoria. Competências.
ABSTRACT
This article presents a bibliographical research on the application of Project-Based Learning (PBL) in Portuguese Language classes in High School, based on studies published between 2020 and 2025. The investigation sought to understand how project methodology, when integrated into the curriculum, impacts students’ motivation, engagement, and learning in reading, writing, and linguistic analysis. The results indicate that PBL, when well planned, fosters student authorship, enhances critical thinking, and contributes to the development of linguistic and socioemotional competencies established by the BNCC. However, limitations were also identified, such as constraints related to pedagogical time, teacher training, and the challenges of process-oriented assessment. It is concluded that PBL represents a promising strategy for Portuguese Language teaching, provided it is intentionally mediated, with clear objectives and interdisciplinary articulation.
Keywords: Project-Based Learning. Portuguese Language. High School. Authorship. Competencies.
1 INTRODUÇÃO
O cenário educacional contemporâneo vem sendo marcado por rápidas transformações sociais, culturais e tecnológicas, que impactam diretamente os processos de ensino e aprendizagem. A escola, enquanto espaço responsável por democratizar o acesso ao conhecimento sistematizado, precisa se adaptar a esse novo contexto, oferecendo práticas pedagógicas que dialoguem com os interesses e as necessidades dos estudantes. Entre os desafios enfrentados pelo ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio, destacam-se o desinteresse pela leitura, a baixa motivação em atividades de produção textual e a percepção de que o estudo da gramática normativa é pouco significativo. Essas dificuldades revelam a urgência em adotar metodologias ativas capazes de tornar o aprendizado mais dinâmico, reflexivo e engajador.
Nesse horizonte, a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se apresenta como estratégia pedagógica inovadora, definida como uma metodologia que organiza o processo de ensino em torno da investigação de problemas reais e da construção de produtos concretos. Ao articular conteúdos curriculares a desafios práticos, a ABP mobiliza a motivação intrínseca dos estudantes, favorecendo sua participação ativa e promovendo aprendizagens significativas. Pesquisas recentes indicam que a aplicação da ABP em sala de aula contribui para ampliar o engajamento, fortalecer a colaboração, desenvolver a autonomia e integrar habilidades cognitivas e socioemocionais necessárias à formação.
No campo específico do ensino de Língua Portuguesa, estudos mostram que a ABP pode potencializar a compreensão leitora, a criticidade na produção textual e a aplicação prática do estudo da língua. Ferreira e Lima (2021) evidenciam que projetos autorais, como jornais e blogs escolares, aumentaram o interesse e a qualidade das produções dos alunos. De forma semelhante, Santos (2022) observa que projetos multimodais, como podcasts e vídeos educativos, estimularam a oralidade e reduziram a evasão em atividades online, indicando que a ABP pode ser aliada na permanência e no protagonismo discente.
Apesar dos resultados positivos, a literatura também aponta limites e incertezas. O tempo reduzido para a execução de projetos, a dificuldade em avaliar processos e produtos de forma consistente e a carência de formação docente específica são desafios recorrentes. Esses entraves evidenciam a importância de debater as condições de implementação da ABP, de modo a evitar que a metodologia seja aplicada de maneira superficial ou fragmentada, esvaziando seu potencial transformador.
Diante desse cenário, o problema de pesquisa que orienta este estudo é: como a Aprendizagem Baseada em Projetos tem sido aplicada no ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio e quais são seus potenciais e limitações? O objetivo geral consiste em analisar a produção científica recente (2020–2025) sobre o tema, sistematizando estratégias, resultados e desafios relatados. Como objetivos específicos, busca-se: (i) identificar as principais práticas de ABP aplicadas em aulas de Língua Portuguesa; (ii) analisar os impactos observados em leitura, escrita e oralidade; (iii) discutir as limitações e riscos apontados pela literatura; e (iv) apresentar recomendações para uso pedagógico da metodologia.
A justificativa desta pesquisa reside na relevância teórica e prática do tema. Do ponto de vista teórico, contribui para ampliar a compreensão sobre metodologias ativas e sobre a inovação pedagógica no Ensino Médio. Do ponto de vista prático, oferece subsídios a professores e gestores no planejamento de projetos mais eficazes, alinhados à BNCC e às demandas de uma formação linguística crítica, participativa e significativa. Nesse sentido, a presente pesquisa busca preencher lacunas da literatura e fortalecer o papel da ABP como recurso metodológico consistente, não apenas como alternativa didática, mas como prática de aprendizagem significativa e transformadora.
2 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS
A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é uma metodologia ativa que ganhou destaque a partir dos anos 2000, especialmente em contextos educacionais que buscam superar modelos tradicionais de ensino centrados na transmissão de conteúdos. De acordo com Thomas (2020), trata-se de um processo em que os estudantes investigam problemas ou questões complexas, desenvolvendo soluções ou produtos que tenham relevância prática e social. Entre os elementos mais comuns estão a definição de um problema norteador, a investigação orientada, a colaboração em equipe, a integração interdisciplinar e a apresentação pública de resultados. Para Behrens (2021), o interesse pela ABP cresce porque ela promove autonomia, pensamento crítico e engajamento em tarefas que muitas vezes seriam consideradas descontextualizadas pelos estudantes.
No campo educacional, a ABP se articula ao movimento das metodologias ativas, colocando o aluno no centro do processo de aprendizagem. Segundo Mota e Silva (2022), ao planejar projetos, o professor cria condições para que os conteúdos curriculares sejam explorados de maneira contextualizada e significativa, transformando o ensino em uma experiência que conecta teoria e prática. Contudo, esse alinhamento exige planejamento pedagógico consistente, clareza de objetivos e acompanhamento formativo para que cada etapa contribua para aprendizagens profundas e duradouras.
2.1 ABP na educação básica
O uso da ABP na educação básica tem se expandido como estratégia de enfrentamento à desmotivação escolar e à fragmentação curricular. Como aponta Carvalho e Gomes (2024), os estudantes contemporâneos buscam conexões entre o que aprendem em sala de aula e sua realidade social, o que torna insuficientes os métodos centrados exclusivamente em memorização. Nesse sentido, a ABP se apresenta como um recurso de aproximação, permitindo que a escola dialogue com os interesses e repertórios culturais dos jovens.
Pesquisas recentes indicam que projetos interdisciplinares podem gerar resultados positivos em diversas áreas. Para Mota e Silva (2022), a ABP contribui para desenvolver a persistência dos estudantes em tarefas de longa duração, estimula a colaboração entre pares e diversifica os instrumentos de avaliação. Contudo, os autores também destacam que seus efeitos não são automáticos: dependem do planejamento, da clareza dos objetivos e do nível de engajamento docente.
2.2 ABP e o ensino de Língua Portuguesa
No caso específico do ensino de Língua Portuguesa, a ABP vem sendo explorada como alternativa metodológica para integrar leitura, escrita, oralidade e análise linguística em situações reais de comunicação. Ferreira e Lima (2021) constataram que projetos de jornal escolar no Ensino Médio ampliaram a participação e o senso de autoria, favorecendo a produção de textos mais argumentativos. Já Santos (2022) verificou que a realização de podcasts como produto final de projetos colaborativos resultou em maior persistência dos estudantes, estimulando tanto a oralidade quanto o estudo da norma padrão em contextos significativos.
Segundo Oliveira e Santos (2023), o trabalho com projetos literários colaborativos aumentou o interesse dos alunos pela leitura, favorecendo debates críticos sobre obras clássicas e contemporâneas. Esses resultados indicam que a ABP pode transformar atividades antes consideradas rotineiras em experiências envolventes, nas quais os estudantes assumem papel protagonista na construção do conhecimento.
2.3 Potenciais e benefícios identificados
A revisão da literatura aponta benefícios recorrentes da aplicação da ABP em aulas de Língua Portuguesa. Para Ferreira e Lima (2021), um dos aspectos mais evidentes é a autoria discente, pois os estudantes passam a produzir textos com maior responsabilidade e criticidade. Segundo Santos (2022), a ABP também fortalece a autonomia e a colaboração, uma vez que os projetos exigem divisão de tarefas e corresponsabilidade entre os participantes.
Outro aspecto relevante é a integração curricular. De acordo com Carvalho e Gomes (2024), a ABP permite conectar Língua Portuguesa a outras áreas, como História, Artes e Ciências Sociais, favorecendo aprendizagens mais completas e contextualizadas. Esse processo amplia a relevância das atividades escolares, estimulando maior engajamento e senso de pertencimento.
2.4 Limitações e desafios da ABP
Apesar dos benefícios, a literatura destaca limitações importantes. Oliveira e Santos (2023) ressaltam que a falta de tempo pedagógico e a organização curricular rígida dificultam a implementação de projetos consistentes no Ensino Médio. Outro desafio está na avaliação: como aponta Mota e Silva (2022), acompanhar tanto o processo quanto o produto final exige critérios claros e instrumentos variados, o que pode gerar sobrecarga docente.
Além disso, há entraves relacionados à formação de professores. Carvalho e Gomes (2024) observam que a ABP requer competências específicas em gestão de projetos, mediação de grupos e uso de tecnologias, nem sempre contempladas na formação inicial. Sem preparo adequado, o risco é a aplicação superficial, reduzida a atividades pontuais, sem garantir aprendizagens significativas.
3 METODOLOGIA
A presente investigação caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e caráter exploratório, voltada à análise de produções científicas que abordam o uso da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) no ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio. De acordo com Gil (2018), a pesquisa bibliográfica tem como finalidade principal reunir, sistematizar e discutir conhecimentos já produzidos sobre determinado tema, permitindo identificar avanços, tendências e lacunas existentes na área.
Optou-se por uma abordagem qualitativa por compreender que o objetivo do estudo não é mensurar dados estatísticos, mas analisar concepções, interpretações e experiências relatadas na literatura. A pesquisa é exploratória, uma vez que busca proporcionar maior familiaridade com o fenômeno da ABP em aulas de Língua Portuguesa, favorecendo a construção de novas reflexões teóricas e a proposição de recomendações pedagógicas.
O universo considerado para este estudo compreende artigos científicos, dissertações, teses e anais de congressos publicados entre 2020 e 2025, em língua portuguesa e inglesa, que tratam da temática da Aprendizagem Baseada em Projetos no contexto da educação básica. Para a amostragem, foram selecionados estudos que, além de discutirem a ABP no ensino em geral, apresentassem experiências ou análises relacionadas especificamente ao ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Trabalhos duplicados, de caráter opinativo ou publicados em veículos não indexados foram excluídos, garantindo maior rigor científico à análise.
As fontes de pesquisa incluíram bases acadêmicas digitais como Google Scholar, Scielo, Periódicos CAPES, ResearchGate e repositórios institucionais de universidades brasileiras. Os descritores utilizados nas buscas foram: “Aprendizagem Baseada em Projetos”, “ensino de Língua Portuguesa”, “Ensino Médio”, “metodologias ativas” e suas respectivas traduções para o inglês (Project-Based Learning, Portuguese language teaching, high school). Foram utilizadas combinações de palavras-chave para refinar a seleção, de modo a identificar produções alinhadas ao problema de pesquisa.
A coleta de dados ocorreu em três etapas: (i) busca sistemática por meio dos descritores, (ii) leitura dos resumos para seleção preliminar dos trabalhos e (iii) leitura integral das obras escolhidas para verificação da pertinência e categorização temática.
Após a seleção, os estudos foram organizados em fichamentos analíticos, contendo informações sobre autores, ano, contexto da pesquisa, objetivos, metodologia utilizada e principais resultados. A análise foi realizada a partir da técnica de análise de conteúdo temática, proposta por Bardin (2016), que possibilita a categorização de informações em eixos centrais. Dessa forma, foram definidas três categorias de análise: (a) potenciais da ABP no ensino de Língua Portuguesa; (b) desafios e limitações relatados; e (c) recomendações e perspectivas para aplicação pedagógica.
Os dados foram interpretados de forma crítica e comparativa, buscando-se identificar convergências, divergências e lacunas nos estudos. Essa sistematização permitiu construir um quadro conceitual e analítico capaz de sustentar as discussões apresentadas nos resultados e considerações finais.
A escolha da pesquisa bibliográfica justifica-se pela necessidade de compreender o estado da arte sobre a Aprendizagem Baseada em Projetos no ensino de Língua Portuguesa, uma vez que esse campo ainda se encontra em expansão no Brasil. Além disso, a abordagem permite levantar subsídios teóricos e práticos que orientem futuras pesquisas e práticas docentes, contribuindo tanto para a reflexão acadêmica quanto para a aplicação pedagógica em sala de aula.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise da literatura selecionada sobre Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) no ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio permitiu organizar os resultados em três eixos: (i) contribuições e benefícios relatados, (ii) desafios e limitações identificados e (iii) recomendações e perspectivas para aplicação pedagógica. A seguir, apresentam-se os principais achados.
Os estudos analisados evidenciam ganhos significativos em motivação e engajamento. De acordo com Ferreira e Lima (2021), projetos de jornal escolar ampliaram a participação dos estudantes em atividades de leitura e escrita, promovendo autoria e criticidade. Santos (2022) verificou que o desenvolvimento de podcasts como produto final de projetos colaborativos favoreceu maior persistência, estimulando o estudo da norma padrão e a oralidade em situações reais de comunicação.
Outro ponto relevante foi a contribuição da ABP para a integração curricular. Segundo Carvalho e Gomes (2024), projetos interdisciplinares permitiram aproximar a Língua Portuguesa de áreas como História e Artes, promovendo aprendizagens contextualizadas e maior sentido para os conteúdos. Para Mota e Silva (2022), a metodologia contribuiu também para a avaliação processual, uma vez que os registros de etapas e a socialização dos resultados possibilitaram feedback contínuo e reflexivo.
No quadro a seguir, sintetizam-se os principais benefícios relatados pela literatura::
Aspecto | Benefícios observados | Autores |
---|---|---|
Motivação e engajamento | Maior participação em leitura e escrita; protagonismo discente | Ferreira & Lima (2021); Santos (2022) |
Integração curricular | Conexão entre Língua Portuguesa e outras áreas do conhecimento | Carvalho & Gomes (2024) |
Avaliação processual | Feedback contínuo e acompanhamento formativo | Mota & Silva (2022) |
Autonomia e colaboração | Trabalho em equipe e corresponsabilidade no desenvolvimento de projetos | Oliveira & Santos (2023) |
Apesar dos resultados positivos, os estudos também apontam limitações significativas. Oliveira e Santos (2023) ressaltam que a execução de projetos demanda tempo pedagógico ampliado, o que nem sempre se compatibiliza com o currículo tradicional do Ensino Médio. Outro desafio refere-se à avaliação: como destaca Mota e Silva (2022), acompanhar tanto o processo quanto o produto exige critérios diversificados, o que pode sobrecarregar o professor.
Outro entrave está relacionado à formação docente. Para Carvalho e Gomes (2024), muitos professores ainda não dominam metodologias de gestão de projetos, mediação de grupos e uso de tecnologias digitais, o que compromete a qualidade da implementação. Além disso, a falta de infraestrutura escolar e a resistência a mudanças metodológicas dificultam a adoção ampla da ABP.
Os estudos analisados oferecem recomendações práticas para o uso da ABP em aulas de Língua Portuguesa. Ferreira e Lima (2021) sugerem que projetos sejam planejados a partir de problemas autênticos, capazes de mobilizar leitura crítica e produção textual significativa. Santos (2022) recomenda a utilização de recursos multimodais, como podcasts e blogs, para valorizar a oralidade e integrar tecnologias digitais. Já Carvalho e Gomes (2024) destacam a importância de planejar etapas bem definidas, com acompanhamento constante e espaço para reflexão coletiva.
No que se refere às perspectivas futuras, Oliveira e Santos (2023) ressaltam a necessidade de pesquisas longitudinais que avaliem os impactos da ABP na formação leitora e escritora ao longo de um ciclo completo de ensino. Para Mota e Silva (2022), também é essencial investigar como a metodologia pode contribuir para reduzir desigualdades educacionais, considerando diferentes perfis de estudantes.
Os resultados obtidos confirmam que a Aprendizagem Baseada em Projetos representa um recurso metodológico promissor para o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Há consenso entre os autores de que sua utilização contribui para o aumento do engajamento, da autonomia e da criticidade dos estudantes, bem como para a integração de diferentes linguagens e áreas do conhecimento. Contudo, a literatura alerta que esses efeitos positivos só se concretizam quando a ABP é planejada com intencionalidade pedagógica, acompanhada de mediação docente adequada e apoiada por condições estruturais favoráveis.
Comparando-se com estudos internacionais, observa-se convergência quanto à importância da investigação orientada e da apresentação pública dos resultados como elementos centrais da ABP. No contexto brasileiro, entretanto, persistem barreiras ligadas ao tempo pedagógico, à formação docente e à organização curricular, que dificultam sua implementação plena.
Assim, os resultados indicam que a Aprendizagem Baseada em Projetos deve ser entendida não como solução única para os desafios do ensino de Língua Portuguesa, mas como uma estratégia complementar e consistente, que, quando bem planejada, pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade da aprendizagem.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa atinge o objetivo de analisar a aplicação da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) no ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio, sistematizando seus potenciais e limitações. O estudo confirma que a ABP favorece motivação, engajamento e protagonismo dos estudantes, fortalecendo práticas de leitura, escrita, oralidade e análise crítica.
A investigação demonstra que a ABP contribui para a diversificação metodológica e amplia as possibilidades de avaliação processual, ao valorizar o percurso de aprendizagem e estimular a autoria discente. O trabalho evidencia que os efeitos positivos se manifestam quando os projetos são planejados de forma intencional, com etapas bem estruturadas, integração interdisciplinar e mediação docente coerente com os objetivos pedagógicos.
A análise revela que a implementação superficial da ABP, reduzida a atividades pontuais sem conexão curricular, não garante aprendizagens significativas e pode gerar frustrações quanto aos resultados esperados. Também se identifica que a falta de tempo pedagógico, a carência de formação específica dos professores e a rigidez curricular constituem limitações importantes para sua plena adoção no contexto das escolas públicas brasileiras.
O estudo contribui para a consolidação do debate sobre metodologias ativas, oferecendo subsídios teóricos e práticos para professores e gestores que buscam inovar o ensino de Língua Portuguesa. A pesquisa indica a necessidade de novos estudos longitudinais que avaliem os impactos da ABP em diferentes dimensões da aprendizagem, especialmente na construção da autoria, no desenvolvimento da argumentação e na formação leitora.
Conclui-se que a Aprendizagem Baseada em Projetos se configura como recurso metodológico promissor, mas não substitui o papel central do professor no processo educativo. O trabalho mostra que seus resultados dependem do planejamento pedagógico, da formação docente e das condições estruturais da escola, reforçando a importância de abordagens integradas, colaborativas e reflexivas para que a metodologia contribua efetivamente para a melhoria da qualidade da educação no Ensino Médio.
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1 Discente do Curso Superior de Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação da Must University. E-mail: [email protected]
2 Discente do Curso Superior de Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação da Must University. E-mail: [email protected]
3 Discente do Curso Superior de Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação da Must University. E-mail: [email protected]