A RECONFIGURAÇÃO IMPOSTA PELA SOCIEDADE HÍBRIDA: É ESTRUTURAL, INCLUSIVE, COM IMPLICAÇÕE NA SUBJETIVIDADE HUMANA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14915002


NIlton Pereira da Cunha


RESUMO
A sociedade contemporânea está experimentando uma transformação profunda e irreversível, marcada pela fusão do mundo físico com o mundo digital, não há quase distinção entre esses dois mundos, tal fusão levou ao conceito de sociedade híbrida. Não é um processo de adaptação, mas de uma reconfiguração estrutural na forma como a sociedade se organiza e nas interações sociais. Ela tem implicações significativas na subjetividade humana, inclusive, afetando o embrutecimento das relações humanas. O que antes parecia uma coexistência paralela, hoje se tornou uma integração contínua. Neste novo cenário, as relações humanas, que antes eram fundamentadas em experiências sensoriais diretas – como o toque, a conversa face a face e a vivência de situações concretas – estão cada vez mais sendo mediadas por interações virtuais e digitais. A comunicação se torna cada vez mais filtrada por telas e algoritmos, como as trocas de mensagens instantâneas e o consumo de conteúdo virtual dominando as interações cotidianas. Essa mudança não afeta apenas as formas de convivência, mas também modifica profundamente a subjetividade humana. Essa reconfiguração estrutural, que está moldando a sociedade e a maneira como interagimos, tem implicações mais graves e complexas quando se observa seu impacto das interações digitais na construção da reflexão profunda, autoconsciência e no desenvolvimento dos sentidos e das emoções. Esse cenário levanta uma questão crucial: quais são os impactos da sociedade híbrida no desenvolvimento emocional e social das futuras gerações?
Palavras-chave: Reconfiguração estrutural. Mundo físico. Mundo Virtual. Sociedade híbrida.

ABSTRACT
Contemporary society is experiencing a profound and irreversible transformation, marked by the fusion of the physical world with the digital world, there is almost no distinction between these two worlds, this fusion has led to the concept of a hybrid society. It is not a process of adaptation, but of a structural reconfiguration in the way society is organized and in social interactions. It has significant implications for human subjectivity, including affecting the brutalization of human relationships. What once seemed like a parallel coexistence has today become a continuous integration. In this new scenario, human relationships, which were previously based on direct sensory experiences – such as touch, face-to-face conversation and the experience of concrete situations – are increasingly being experienced through virtual and digital interactions. Communication becomes increasingly filtered by screens and algorithms, with instant messaging and the consumption of virtual content dominating everyday interactions. This change not only affects forms of coexistence, but also profoundly changes human subjectivity. This structural reconfiguration, which is shaping society and the way we interact, has more serious and complex implications when observing the impact of digital interactions on the construction of deep reflection, self-awareness and the development of senses and emotions. This scenario raises a crucial question: what are the impacts of a hybrid society on the emotional and social development of future generations?
Keywords: Structural reconfiguration. Physical world. Virtual World. Hybrid society.

1. INTRODUÇÃO

Esta em curso na sociedade contemporânea uma transformação sem precedente, na qual o avanço das tecnologias digitais tem sido redefinido de maneira estrutural os aspectos mais fundamentais da experiência humana. Ensejando o conceito de sociedade híbrida, onde o físico e o virtual se mesclam, tornando-se quase indistinto.

Essa transição não é superficial, nem temporária. O impacto dela vai além da simples mudança na dinâmica social, representa uma mudança estrutural na interação social, laboral, educacional e no entretenimento. Ela traz consigo uma transformação na maneira como nos relacionamos, como percebemos o outro e, fundamentalmente, como nos entendemos enquanto seres humanos.

As experiências que antes eram mediadas por sensações físicas diretas, como o toque, o olhar, o diálogo face a face e a interação social no espaço público, deram lugar a um novo modo de existência, marcado pela comunicação mediada por telas, pela automatização das interações e reconfiguração estrutural, moldando incluive a subjetividade humana.

Em um nível macro, essa transformação pode ser observada na forma como as pessoas estão cada vez mais distantes umas das outras, mesmo quando estão fisicamente próximas. O tempo dedicado às interações digitais ultrapassou o tempo destinado às experiências sensoriais reais e ao contato humano genuíno. O número de horas gastas em redes sociais, em aplicativos de mensagens e no consumo de conteúdo digital é, frequentemente, superior ao tempo dedicado a atividades de interação pessoal que envolvem trocas emocionais verdadeiras, como conversas presenciais, encontros com amigos e família, ou até momentos de introspecção profunda. Essa definição de prioridades não é apenas um reflexo das mudanças tecnológicas, mas também um indicativo de um processo mais profundo de desconexão emocional que o resultado, muitas vezes, pode levar ao embrutecimento emocional.

Além disso, a busca incessante por aprovação nas redes sociais tem levado à formação de relacionamentos performáticos, automação das relações. A reconfiguração da sociedade híbrida representa uma alteração estrutural na dinâmica da sociedade e na vida do ser humano. Ela também afeta as crianças, que são especialmente vulneráveis ​​a essas mudanças.

O desenvolvimento infantil é um processo delicado que depende fortemente das experiências sensoriais, das interações emocionais diretas e da participação em ambientes que estimulam a empatia, a criatividade e o pensamento crítico. Porém, as crianças de hoje estão cada vez mais imersas em ambientes virtuais, onde as interações são mediadas por dispositivos digitais e onde a resposta imediata e a superficialidade das trocas emocionais prevalecem. A substituição de experiências sensoriais reais por interações digitais pode comprometer a neuroplasticidade cerebral.

Além disso, o tempo precoce e excessivo de exposição às telas, segundo relatos das pesquisas mais recentes, está diretamente relacionado ao enfraquecimento da capacidade de empatia e falta de habilidades para lidar com frustrações, dificuldades e complexidade das relações humanas.

Este é um grande desafio que a mudança estrutural mediada pela sociedade híbrida imprime a nós pais nesse um quarto (1/4) do século XXI.

2. ADAPTAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL

Quando se refere ao processo de reconfiguração da sociedade, especialmente no contexto das transformações sociais e tecnológicas, é crucial distinguir entre adaptação e transformação estrutural. Embora ambos os termos se refiram as mudanças da novas condições, a profundidade dos seus impactos são diferentes.

Heráclito de Éfeso (c. 535 aC - 475 aC), um dos filósofos pré-socráticos mais enigmáticos e influentes, dizia que a mudança não era apenas uma característica, mas era a essência fundamental da realidade humana.

Em um fragmento fomoso Heráclito diz: “Nada é permanente, exceto a mudança.” Ele acreditava que o universo é governado por um princípio divino e racional que ele chamava de "Logos". Para ele, o Logos era o príncipios da ordem e razão. O Logos não é um ente estático, mas uma “força dinâmica”, um padrão de mudança constante.

Portanto, mesmo em um mundo de transformações constantes, existe uma racionalidade que orienta e organiza essas mudanças. O Logos é o princípio uníficador que dá sentido integrado aos padrões universais, poderosas leis naturais e uma ordem racional que garante a continuidade.

A partir desse ponto de vista heraclítico, podemos distinguir duas formas de lidar com a realidade e com as transformações que ela nos impõe: adaptação e transformação estrutural.

A adaptação, em termos heraclitianos, corresponde a ajuste do ser ou do sistema a fluxo constante de mudança, sem alterar as estruturas essenciais. Assim como uma árvore que ajusta-se ao mundo em transformação, sem reconfigurar sua essência ou estrutura fundamental.

Na adaptação, o indivíduo ou sistema pode ajustar-se às novas condições, mas continuar a operar dentro das mesmas referências e de parâmetros de configurações básicas. Em outras palavras, é como se, ao entrar no rio nadar com a corrente, mas sem alterar a própria natureza do rio. Ou seja, as estruturas subjacentes do sistema permanecem intactas.

Características principais da adaptação:

  1. Ajuste dentro de um sistema já existente.

  2. Flexibilidade frente a novas condições externas.

  3. Preservação das estruturas subjacentes, que continuam sendo as mesmas.

  4. Caráter temporário ou de curto prazo.

No entanto, uma mudança estrutural não é um ajuste, mas um fluxo de ruptura com as estruturas fundamentais do sistema. Para Heráclito, a mudança é um processo que não é só de transição, mas de transformação radical, as bases do sistema são reconfiguradas. Se adaptarmos a metáfora do rio, a mudança estrutural seria como modificar o curso do rio em vez de apenas se ajustar às suas correntezas.

Uma mudança estrutural envolve uma alteração profunda da base do ser ou do sistema. É uma transição fundamental, onde as estruturas anteriores são transformadas, criando novas bases para o futuro.

Usando a metáfora do Logos, a mudança estrutural está mais ligada à ideia de que, embora o fluxo e a transformação sejam constantes, em alguns momentos o Logos não é apenas uma força que organiza e mantém, mas que transforma profundamente as estruturas e que pretende desafiar e reconfigurar as bases.

Quando uma sociedade sofre uma transformação estrutural, ela não apenas se ajusta às novas realidades, mas passa a transformar suas próprias fundações. Isso pode envolver novos valores, novos modos de produção, novas formas de governança, e até novas maneiras de interação entre os indivíduos. Aqui, o sistema inteiro pode ser reestruturado, criando novas fundações que orientam o futuro da sociedade.

A transformação estrutural não é apenas uma adaptação ao novo; ela cria algo radicalmente novo em termos de estruturas e princípios fundamentais.

No contexto da sociedade híbrida, a mudança estrutural refere-se à transformação nas relações sociais provocada pela integração do digital ao físico. Essa sociedade mudou a natureza das interações humanas, das instituições e das identidades, criando uma nova organização social, onde há simbiose entre o mundo físico e o digital reconfigurou o modo de vida.

Características principais da mudança estrutural:

  1. Transformação profunda das bases do sistema.

  2. Alteração nas instituições, nas relações de poder e nos valores culturais.

  3. Carácter permanente.

  4. Impacto duradouro na organização das interações sociais e no modo de vida.

O surgimento da sociedade híbrida, na qual a realidade digital não é uma extensão do mundo físico, mas uma parte fundamental da estrutura social. Essa transformação altera a maneira como as pessoas se relacionam, como as instituições funcionam e como as identidades sociais são formadas.

A chave para entender a distinção entre adaptação e mudança estrutural está no grau de transformação do sistema.

  • Adaptação é sobre ser flexível as novas condições sem modificar as estruturas essenciais que as sustentam.

  • A mudança estrutural, por outro lado, é sobre uma transformação profunda das próprias fundamentações do sistema, que remodela as relações sociais, instituições e valores fundamentais.

A sociedade híbrida exemplifica uma mudança estrutural porque ela não envolve apenas a adaptação a novas tecnologias, mas reconfigura a organização social de maneira tão profunda que as estruturas que antes sustentavam a interação humana e a organização não apenas se ajustam ao novo cenário, mas há uma transformação profunda.

O impacto da tecnologia digital nas relações sociais e nas instituições é uma mudança estrutural que transcende a simples adaptação a novas ferramentas. A interconexão entre o mundo físico e o digital cria um novo sistema de relações, que reflete uma reorganização da sociedade e dos valores culturais. Esse processo não é passageiro, mas sim permanente, dado que a integração do digital ao cotidiano humano está balizado pela estratégia de interação social, construção de identidade e formas de trabalho e produção.

Por exemplo:

  • Identidade Digital: identidades digitais em plataformas online, o que não era uma característica da sociedade pré-digital.

  • Relações de Trabalho: O conceito de home office e trabalho digitalmente remoto não são apenas mudanças adaptativas, mas uma reestruturação das próprias formas de trabalho, impactando as dinâmicas econômicas e sociais.

  • Relações Familiares e Educacionais: A maneira como as famílias se organizam e como a educação é vívida foram profundamente modificadas pela crescente presença digital, em que as interações sociais mundo físico e digital se entrelaçam.

A adaptação seria se as pessoas usassem os meios digitais para se comunicarem, mas mantivessem as mesmas estruturas sociais que existiam antes, sem impactar as formas tradicionais de interação e organização. Por exemplo, se a sociedade mantivesse sua base de relações interpessoais, suas instituições e suas normas culturais, assim, as tecnologias digitais se tornariam apenas ferramentas auxiliares no cotidiano, sem redefinir o modo como as pessoas se veem e se relacionam.

No entanto, a mudança estrutural, no contexto da sociedade híbrida, está relacionada com a reconfiguração das próprias instituições, das relações sociais e até da cultura. Essa mudança não é superficial ou passageira, mas envolve uma transformação radical e irreversível das bases que sustentam a nova realidade híbrida.

Tal transição resulta na criação de novas formas de organização social e cultural, em que os valores fundamentais são transformados para sustentar essa nova estrutura social. Com isso, surge uma nova sociedade, alterando profundamente a natureza das relações humanas, mudando de maneira substancial como as pessoas compreendem a si mesmas e aos outros. A forma como as identidades são construídas, tanto no espaço físico quanto no virtual, é modificada, criando novos fundamentos de pertencimento e ressignificando os conceitos de exclusão e inclusão social.

As dinâmicas de poder e as questões sociais podem ser redefinidas para quem tem acesso a diferentes espaços digitais, como informações, plataformas e redes, criando uma nova distribuição de poder na sociedade. A fluidez das interações, a possibilidade de anonimato e como ponto fundamental a transformação profunda nos comportamentos sociais.

Este novo comportamento da mudança estrutural, desafia as estruturas sociais tradicionais e as normas coletivas que antes organizavam o comportamento humano no espaço e agora com novas formas de engajamento cívico, mudando as formas de organização social e as estruturas de poder. Esse novo arranjo social não exige apenas um ajuste coletivo, mas mudança estrutural que é redefinida a partir das novas práticas digitais se estabelecem nos valores, normas e formas de pertencimento, exclusão social, interação social e redefinindo fundamentos da convivência humana.

3. A RÁPIDA TRANSIÇÃO À SOCIEDADE HÍBRIDA

Essa mudança estrutural, promovida pela integração cada vez mais intensa entre o mundo físico e o digital, aconteceu de forma tão rápida e inesperada que a sociedade não teve tempo de se adaptar plenamente. A transição para uma sociedade híbrida, onde as fronteiras entre o real e o virtual se tornam cada vez mais tênues, foi acelerada pela globalização digital, que, em poucas décadas, se reconfiguava como formas mais básicas de interação humana, comunicação, trabalho e aprendizagem. O processo foi tão vertiginoso que novas realidades digitais começaram a dominar as esferas sociais, econômicas e valores e como dinâmicas sociais. O que antes se dava de maneira limitada no espaço físico agora se expande em um universo digital interconectado, no qual as relações interpessoais e coletivas se moldam por novas tecnologias e práticas1.

Com a explosão do uso da internet, redes sociais e da digitalização da comunicação, expressão e organização social ocorreu uma ruptura com as formas tradicionais de convivência e estruturas sociais. Embora as novas tecnologias tenham permitido uma expansão das relações humanas e um aumento da conectividade, ela desencadeou a reformulação das instituições sociais e dos valores coletivos que antes sustentavam a convivência humana. As práticas sociais, antes fundamentadas em interações presenciais e em estruturas físicas, mudaram-se criando uma certa dissonância com as normas e valores tradicionais.

Essa mudança estrutural gerou, até certo ponto, um vazio social nas interações humanas e no desenvolvimento dos sentimentos de pertencimento. Antes, as relações presenciais, criavam a ideia de convivência social e construção do sentido de comunidade. Uma interação face a face proporciona experiência emocional mais concreta e rica, essencial para o fortalecimento de vínculos sociais e para o desenvolvimento da empatia.

Porém, ao migrarmos para uma sociedade híbrida, onde o virtual começou a se sobrepor ao presencial, esse ambiente digital não conseguiu e, provavelmente não conseguirá, de forma plena, suprir as necessidades humanas de conexões reais e de experiências sensoriais de sentimentos de pertencimento, já que é artificial. As relações mediadas por telas e algoritmos não geram a profundidade emocional necessária das interações face a face.

Esse vazio relacional gerado por essa transição abrupta para o virtual e digital dificultou e dificulta a adaptação do ser humano à uma identidade coletiva. A fluidez das relações digitais, apesar de conectar pessoas de diferentes partes do mundo, na maiorira da vezes, desencadeia a sensação de isolamento, de desconexão afetiva e de fragilidade nas estruturas.

Essa mudança tem gerado um impacto significativo nas relações sociais, tornando-as mais frágeis e, muitas vezes, distantes . As situações condicionais no ambiente digital, embora constantes, carecem da riqueza sensorial e emocional que os encontros presenciais proporcionaram, o que gera uma sensação de isolamento e falta de pertencimento.

Nesse contexto, a sociedade híbrida não é resultado de uma adaptação gradual, mas de uma ruptura abrupta que, devido à sua velocidade, deixou muitas lacunas nas práticas sociais. A falta de tempo para processar essas mudanças e reconstruir as estruturas sociais e culturais fundamentais gera dissonâncias sociais, com novos comportamentos e novas formas de poder surgindo sem uma base sólida de consenso coletivo. O efeito disso é uma sociedade que, embora já imersa no digital, ainda luta para reconstruir seus valores, suas normas e suas formas de convivência diante de uma realidade que se redefine constantemente.

Essa mudança estrutural foi tão rápida que a sociedade, com suas instituições e valores tradicionais, não teve tempo de se reorganizar das práticas digitais e das interações no mundo virtual, ultrapassando as capacidades da estrutura social para absorver essas mudanças de forma harmônica, criando um descompasso entre o que a sociedade e, sobretudo, o ser humano estava acostumado e as novas formas de conexão e convivência.

As relações humanas, antes centradas no contato físico e na proximidade social, agora se tornaram predominantemente digitais, o que concebe uma reconfiguração contínua das normas, das instituições e, principalmente, dos comportamentos humanos.

Uma interação social que sempre foi essencial para a coesão da sociedade, se viu profundamente alterada com a transição para o ambiente digital. Antes, as relações interpessoais se baseavam em encontros presenciais, gestos, expressões faciais, toque e tom de voz proporcionaram uma comunicação rica e significativa. Com o avanço das plataformas digitais, essas interações passaram a ser mediadas por fragmentação das relações sociais.

A interação, que antes era fluida e direta, se fornecida por diferentes aplicativos e redes, diluindo experiências de conexão e tornando as relações mais superficiais e imediatas. Essa mudança de formato das interações gerou uma fragilidade emocional, já que as trocas no ambiente digital não conseguem reproduzir a intimidação, a confiança e o sentimento de pertencimento de que se construíram no convívio presencial. Esse distanciamento emocional afetou as relações pessoais, tornando-as mais frágeis e, em muitos casos, desconectadas. Ao mesmo tempo, as estruturas sociais, que antes eram baseadas em convivência direta precisaram ser urgentemente adaptadas às novas realidades, a transformação não é apenas uma adaptação, mas uma reestruturação profunda das dinâmicas sociais, que exigiu uma reformulação contínua das práticas, das instituições e da própria forma de se relacionar.

Essa mudança estrutural foi tão rápida para que a sociedade, com suas instituições e valores tradicionais, pudesse se reorganizar e se adaptar completamente. As novas práticas digitais e as interações no mundo virtual tomaram uma proporção que a estrutura social não estava preparada para absorver de forma harmoniosa, exigindo uma reconfiguração contínua das normas, das instituições e, principalmente, dos comportamentos humanos no mundo híbrido. Assim, mais do que uma simples adaptação, estamos falando de um processo de transição e transformação profunda que ocorre em todo âmbito social e na subjetivida humana, cujas repercussões sociais e emocionais ainda não podemos mensurar, ou talvez, seja imensurável.

A pandemia de Covid-19 acelerou drasticamente este processo de transformação que já estava em curso na sociedade, mas que, se dava de forma mais gradual e dispersa. A passagem repentinamente intensificada pela necessidade de distanciamento, do isolamento e as restrições de mobilidade forçaram a humanidade a adota, de maneira abrupta, durante o período crítico da pandemia, uma nova realidade em que as interações sociais, a educação, o trabalho e o entretenimento passaram a ser mediadas quase que exclusivamente por tecnologias.

A pandemia trouxe consigo uma transformação radical nas formas de interação social, levando o mundo virtual a se converter na principal esfera de comunicação e convivência, muito mais do que as relações presenciais. Durante esse período, o digital não foi apenas uma ferramente que deveria ser usada quando tivesse necessidade; ele (o muno vitual) se tornou a principal forma de interação, desafiando a ideia de que as relações humanas eram intrinsecamente dependentes do contato direto, do toque e da proximidade. A necessidade de distanciamento social forçou uma subversão temporária, mas profunda, interfaces digitais – computadores, smartphones para a interação virtual que passou a ser norma, e não a exceção.

As plataformas digitais se tornaram, em um piscar de olhos, os novos espaços de convivência social. O mundo virtual, que até então era um complemento das interações físicas, tornou-se o meio predominante de socialização.

Essa mudança não ocorreu sem consequências. As interações digitais, embora úteis, trouxeram à tona um vazio emocional . A intimidade e a compreensão profunda, características das interações face a face, se perdem na superficialidade das conversas por texto e vídeo. A falta de contato físico resultou em uma fragilidade das conexões emocionais, afetando a qualidade das relações e gerando um ambiente onde o isolamento e a solidão se convertem em problemas pronunciados, uma especie de sentimento de pertencimento se viu comprometido, pois, ao passo que o mundo digital permitia uma conexão contínua e sem fronteiras, ele também criou um distanciamento das experiências sensoriais reais, que são fundamentais para a criação de laços afetivos sólidos.

As interações humanas estão cada vez mais mediadas por tecnologias que automatizam a forma como nos relacionamos. A automação não se refere apenas aos processos e tarefas, mas também ao modo como nos conectamos e nos comunicamos com os outros. As tecnologias, principalmente as digitais, têm tornado as relações mais rápidas, superficiais e, muitas vezes, desprovidas de sentimentos de pertença e o embrutecimento das relações sociais, não aceitar opiniões diferentes, possivelmente, está intimamente ligado da troca das experiências sensoriais reais pelas interações digitais.

As pessoas, atualmente, estão gastando cada vez mais horas em interações digitais, frequentemente em frente às telas, trocando mensagens rápidas ou consumindo conteúdo online, enquanto as experiências sensoriais reais – como conversas face a face, toques, olhares e momentos de presença plena – se tornam cada vez mais raras. Esse distanciamento das interações humanas genuínas e das vivências que estimulam nossas emoções e empatia pode estar levando a sociedade a um processo de embrutecimento emocional.

O mundo virtual, portanto, não é apenas uma substituição das interações presenciais, mas passou a ser o novo espaço de convivência onde, paradoxalmente, as relações se tornaram mais amplas, mas ao mesmo tempo que as presenciais estão sendo diminuídas substancialmente. A necessidade de compreender à nova realidade híbrida, reformulação das bases de como as pessoas se conectam, com a digitalização é algo que ainda não conseguimos compreender.

Esse movimento não foi apenas uma mudança na forma de se comunicar, mas também nas dinâmicas sociais que estruturam as relações humanas. O virtual passou a ser o espaço privilegiado de experiência à socialização das relações humanas de maneira irreversível e exigindo uma nova compreensão das dinâmicas de convivência e conexão no mundo híbrido.

A transição para a sociedade híbrida não foi apenas estrutural, no sentido social, laboral e educacional, mas também psicológica, emocional e comportamental, gerando um impacto profundo nas dinâmicas de convivência.

A sociedade não estava preparada para absorver de forma tão rápida essa transição impactante. O processo de transformação para um mundo onde as interações digitais passaram a ser predominantes em relação as interações físicas, presenciais, gera um choque cultural, psicológico, emocional e social. Por exemplo, as instituições tradicionais, como a educação e o trabalho, que foram moldadas por décadas de práticas sociais presenciais, tiveram que se reconfigurar, ou seja, desestruturação nas bases.

Esse processo abrupto não permitiu que a sociedade tivesse o tempo necessário para refletir sobre as mudanças que estão em curso e desenvolver novas formas de convivência social . Ao contrário, foi imposto de forma imediata, obrigando as pessoas a se adaptarem de forma reativa, não planejada. As conexões sociais passaram a ser mediadas por telas, sem o contato físico, sem a intimidação emocional e sem a experiência sensorial que as interações presenciais possibilitam para o adequado e equilibrado desenvolvimento dos sentimentos e da salubridade emocional.

Além disso, os impactos dessa mudança abrupta não se estudou suficientemente sobre as dinâmicas emocionais e psicológicas no ser humano. O distanciamento social, o isolamento e a fragilidade das relações digitais criam um vazio emocional que a sociedade não estava preparada para lidar. A experiência de pertencimento, que foi construída ao longo de anos em ambientes presenciais, foi afetada de maneira direta diante da interação virtual, ela não é capaz de fornecer o mesmo grau de conexão profunda e de afetividade.

Esse choque entre o mundo físico e o digital gerou, portanto, uma tensão constante na sociedade, que tentou se ajustar de forma apressada a uma nova realidade sem os devidos preparativos. A urgência do processo de adaptação e a falta de suporte institucional para lidar com a transformação gera um descompasso nas relações sociais, tornando-se acelerado e abrupto, que, embora tenha sido necessário, as implicações de tais tranformações necessitam ser estudadas de forma mais profunda.

Essa falta de tempo para reflexão, adaptação e reorganização não é algo trivial; é um fator que impacta profundamente a maneira como as pessoas percebem e vivenciam o mundo ao seu redor, essa mudança estrutural, traz desafios emocionais e psicológicos para os indivíduos, especialmente para o grupo mais frágil, as crianças. As consequências desse processo abrupto não são passageiras. Elas moldarão as futuras gerações, que crescerão, onde as relações digitais serão a norma, o desafio de preencher o vazio deixado pela ausência das interações presenciais se apresentará como um dos maiores desafios no presente cenário da sociedade híbrida.

4. O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PREDOMINÂNCIA DO MUNDO VIRTUAL

A predominância do virtual pode acarretar uma série de desafios para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças.

A socialização, que sempre foi um pilar do desenvolvimento infantil, passa a ser mediada por telas. As interações presenciais, com troca de afetos, olhares, gestos e toques, essenciais para o aprendizado das crianças sobre empatia, respeito e habilidades emocionais, ficam comprometidas no ambiente digital. Ao contrário das interações presenciais, que permitem uma leitura mais completa das emoções e expressões, o ambiente virtual limita o desenvolvimento do aprendizado dessa leitura.

As habilidades emocionais das crianças, como a regulação emocional , o autocontrole e a empatia, estão diretamente ligadas às experiências sociais reais e à convivência com os outros em contextos diversos, como resolução de conflitos e a compreensão das emoções alheias. A predominância do virtual, ao reduzir essas experiências, pode resultar em uma fragilidade emocional e em dificuldades de adaptação social à medida que as crianças crescem.

O uso precoce e excessivo do mundo virtual e digital pode gerar prejuízos profundos na área social do desenvolvimento infantil, afetando a capacidade das crianças de interagir, se comunicar e estabelecer vínculos emocionais saudáveis ​​com seus pares e com os adultos ao seu redor. Socializar-se é uma das principais habilidades adquiridas na infância, e as interações face a face, com a troca de afeto, expressões faciais, contato físico e compreensão das emoções dos outros, são essenciais para o desenvolvimento da identidade social e emocional robusta.

A interação virtual é notoriamente mais superficial em comparação com as interações físicas. As crianças que passam muito tempo em plataformas digitais, possivelmente terão dificuldades em desenvolver habilidades de empatia, compreensão emocional e resolução de conflitos. As interações virtuais, especialmente em redes sociais e jogos online, são muitas vezes distantes da realidade afetiva das relações presenciais. Isso pode gerar um distanciamento emocional e uma incapacidade de entender as complexas dinâmicas sociais do mundo.

Sem a prática de interpretação de sinais sociais (como expressões verbais, linguagem corporal e tom de voz), as crianças podem enfrentar dificuldades ao se envolverem em interações sociais presenciais, o que pode levá-las ao isolamento social. A ausência de momentos de convivência direta com seus colegas também pode resultar em uma falta de habilidades sociais básicas, como o compartilhamento, o trabalho em equipe e o controle de impulsos.

Quando uma criança é exposta a um mundo digital e virtual de forma precoce e excessiva, o córtex pré-frontal pode não se desenvolver de forma aprimorada, comprometendo habilidades de se relacionar com os outros e de interpretar emoções de maneira precisa. Isso ocorre porque o córtex pré-frontal depende de interações sociais reais, em que o feedback emocional, como o tom de voz, os gestos, os olhares e o toque, são essenciais para o entendimento das emoções2.

A plasticidade neural (organização do cérebro) que é essencial para moldar essas conexões sociais, pode ser atrapalhada, resultando em dificuldades para entender e reagir adequadamente às emoções. Quem comenta sobre tal processo é neurocientista, da Escola de Medicina de Harward, Alvaro Pacqual-Leone, citado por Nicholas Carr3.

As crianças, assim, podem se tornarem mais impacientes, agressivas ou distantes, pois a capacidade de regular suas emoções sociais e impulsos – funções diretamente associadas ao córtex pré-frontal – podem se tornar mais prejudicadas. Essa mudança na percepção emocional pode afetar, inclusive, a construção de relações afetivas saudáveis, tornando mais difícil a construção de vínculos sólidos com amigos, familiares e professores.

Em um cenário digital, onde as expressões são muitas vezes limitadas ou filtradas, a amígdala pode ser submetida a uma exposição reducionista à complexidade das emoções humanas. As crianças que interagem predominantemente em um ambiente virtual podem ter suas capacidades emocionais enfraquecidas. Eles podem, por exemplo, dificultar a leitura de microexpressões visuais, sinais de afeto genuíno e de angústia emocional, e, como resultado, não atenderem de forma adequada a essas necessidades emocionais nos outros.

A amígdala, uma região do cérebro envolvida na percepção e no processamento das emoções, especialmente o medo e a ansiedade, também desempenha um papel central no desenvolvimento social. Ela é crucial para o reconhecimento de sinais emocionais, como expressões faciais, e para a resposta emocional a essas interações.

Além disso, o uso constante de dispositivos digitais pode contribuir para um aumento da exposição ao estresse digital, como pressão social virtual e a superexposição de informações. Isso pode sobrecarregar a amígdala, promovendo uma hiperatividade emocional, ansiedade e medo no mundo real, já que as interações online frequentemente envolvem altos níveis de ansiedade social e o desejo de validação constante.

A exposição excessiva e precoce ao mundo digital pode interferir no desenvolvimento normal da plasticidade cerebral, causando uma alteração na formação dessas conexões sociais. Em vez de os circuitos neurais se fortalecerem por meio da experiência interações superficiais, criando um cérebro social menos eficaz e adaptável. Isso significa que as crianças podem se tornar mais dependentes de estímulos digitais para gerar satisfação emocional, dificultando a interação e a resolução de conflitos no conflitos.

A plasticidade cerebral, ou a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neurais, é especialmente relevante na infância, quando o cérebro está mais submetido a mudanças. Essa plasticidade é fundamental para a aprendizagem social e emocional, com a construção de circuitos neurais que permitem o processamento das emoções e a adaptação a novas situações sociais.

Se essa reconfiguração do cérebro for exacerbada durante os primeiros anos de vida, pode haver uma alteração permanente das funções sociais e emocionais do cérebro, levando a consequências de longo prazo para o desenvolvimento da personalidade e das relações interpessoais. Crianças que não experimentam uma socialização física rica e variada podem ter dificuldades de desenvolver habilidades interpessoais essenciais para a vida adulta, como negociação, compaixão e empatia.

O córtex pré-frontal e a amígdala podem não funcionar de maneira eficaz para regular o comportamento social e emocional, afetando diretamente a forma como as crianças se comportam e se relacionam com outras pessoas. O isolamento social resultante dessa alteração no cérebro pode levar a uma vida adulta marcada de dificuldade em formar laços duradouros, pela alienação emocional e pela diminuição da qualidade de vida social.

Essa alienação e essa diminuição na qualidade ocorre devido a poda neural, ou seja, quando a área social do cérebro, como o córtex pré-frontal e a amigdala, não são suficientemente ativadas podem ser fortemente podadas. Isso significa dizer que as habilidades sociais, como a capacidade de interpretar emoções, formular respostas empáticas e construir relacionamentos sociais complexos, tornam-se mais difíceis de desenvolver de maneira adequada. O cérebro, ao focar em atividades predominantemente digitais, pode perder a capacidade de formar as conexões sociais essenciais, resultando em déficits nas habilidades de socialização e regulação emocional, que perdurarão ao longo da vida.

As consequências da poda neural no desenvolvimento social podem ser dolorosas, já que o cérebro da criança se adapta ao que é mais exposto. Quando a exposição ao mundo virtual e digital substitui interações físicas e sociais mais ricas, as áreas do cérebro responsáveis ​​pela regulação emocional e social não se desenvolvem de forma plena, comprometendo a formação de relações interpessoais e a capacidade de construir vínculos duradouros4.

As experiências digitais não substituem a complexidade das interações face a face, e a falta dessa estimulação emocional rica e diversificada deixa marcas no cérebro da criança, afetando o modo como ela será capaz de se comunicar, se relacionar e se adaptar ao longo de sua vida adulta. Ou seja, esse uso precoce e excessivo de telas pode privar a criança de uma base sólida para o entendimento de emoções humanas complexas e de como agir em situações sociais reais.

O prejuízo causado pela poda neural associada ao uso excessivo e precoce do mundo digital não é apenas um prejuízo imediato para o desenvolvimento social infantil, mas sim uma alteração estrutural do próprio funcionamento cerebral. Essas alterações resultam em desafios emocionais e sociais persistentes, como dificuldade em compreender sinais sociais, deficiência na formação de vínculos afetivos e uma complexidades das relações humanas ao longo da vida5.

Como também, o uso precoce e excessivo do mundo digital não é apenas uma questão de comportamento externo, mas também um fator de transformação profunda nas bases do desenvolvimento social e emocional das crianças6. A interação com o mundo real, com suas nuances emocionais e sociais complexas, é essencial para o desenvolvimento saudável do córtex pré-frontal e da amígdala. Quando essas interações são interativas por experiências digitais limitadas e de baixo envolvimento emocional, há um risco significativo de deficiência no desenvolvimento cerebral em áreas envolvidas para a socialização, empatia e inteligência emocional7.

Assim, é crucial refletir sobre o impacto da sociedade híbrida e do uso excessivo da tecnologia nas funções executivas, para que possamos encontrar maneiras equilibradas de promover o desenvolvimento saudável das crianças. As funções executivas, como atenção, controle dos impulsos, tomada de decisão e resolução de problemas, são dependentes de uma interação constante com o ambiente real, que envolvem desafios sociais, emocionais e cognitivos. O uso excessivo de dispositivos digitais pode prejudicar a formação dessas habilidades, já que elas exigem a prática de situações dinâmicas e complexas.

Isso é extremamente importante que os pais tenham essa consciência para poder evitar que a área social do cérebro da criança seja atingida, esse é um desafio que a sociedade híbrida trouxe diante de sua mudança estrutural que pode afetar o desenvolvimento infantil das futuras gerações, ou seja, o futuro da humanidade.

5. CONCLUSÃO

A transição quando provoca um impacto estrutural, como é o caso da sociedade híbrida, não pode ser concebida como uma simples adaptação, mas sim como uma mudança estrutural profunda, que reconfigura as bases sociais, culturais e da própria subjetividade humana. Esta sociedade é marcada pela integração cada vez mais intensa do mundo físico com o virtual, gerando um novo arranjo nas interações sociais e na organização de todo o âmbito da sociedade

Essa mudança estrutural é particularmente preocupante quando observamos o impacto do uso excessivo e precoce de dispositivos digitais nas crianças, especialmente nos primeiros anos de vida. Em um momento crucial do desenvolvimento cerebral, a interação social real, face a face que está sendo substituída por uma interação mediada por telas, o que compromete a estimulação de áreas fundamentais do cérebro. Especialmente suas áreas sociais, como, o córtex pré-frontal, responsável pelas funções de planejamento, controle dos impulsos, empatia e tomada de decisão e as amígdalas, cruciais para a percepção e o reconhecimento de emoções, são regiões que dependem de interações sociais diretas para seu pleno desenvolvimento.

Quando essas áreas não são suficientemente ativadas, como ocorre no contexto de uma predominância do ambiente digital, o cérebro infantil não consegue desenvolver habilidades sociais específicas, o que pode resultar em déficits emocionais e comportamentais.

O processo de poda neural, que é a eliminação de conexões neurais não utilizadas, ocorre de maneira mais acentuada quando determinadas áreas específicas, como as relacionadas à socialização, são superadas. Isso evidencia que, mais do que uma adaptação, estamos tratando de uma transformação estrutural no desenvolvimento neurológico, que pode ter consequências significativas na formação da identidade, nas capacidades emocionais e na habilidade de construir relações saudáveis ​​e equalizadas.

Portanto, à medida que avançamos, cada vez mais, para a troca de interações reais pelas virtuais, deixamos de ativar a parte social do cérebro. Este processo é de tamanha preocupação quando tratamos de crianças de 0 aos 3 anos de vida, que é o período crítico do desenvolvimento do cérebro.

A sociedade híbrida trouxe um grande desafio para nós pais, que é, vivermos dentro dela e educarmos nossos filhos, especialmente nos 3 primeiros anos de vida, balizado por uma interação da socieade pré-híbrida ou analógica. Esta é a única forma de fazer com que as crianças desenvolvam os sentimentos e as emoções de forma equilibrada e saudável.

São as emoções e os sentidos que determinam a qualidade de vida da nossa existência. As emoções são parte da regulação homeostática e um poderoso mecanismo para o processo de apendizagem. Ou seja, desenvolvê-las de forma equilibra e equalizada é uma necessidade sine qua non para a qualidade de vida das crianças, ou seja, para o futuro da humanidade.

Este é o desafio que a sociedade híbrida impôs a nós pais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COELHO, Eva Lúcia Gonçalves. Neurodesenvolvimento na era digital.

COLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. São Paulo: Objetiva, 2012.

CUNHA, Nilton Pereira da. Da sociedade analógica à sociedade híbrida: os seus ecossistemas e o impacto no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/da-sociedade-analogica-a-sociedade-hibrida-seus-ecossistemas-e-o-impacto-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 30/01/2025.

DAMÁSIO, António. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

EKMAN, Paul. El rostro de las emociones: Qué nos revelan las expresiones faciales.

HOLFAMAN, W.; SCHMEICHEL B. J. BADDELEY, A. D. Funções executivas e autoregulação. Disponível em: https://www.cell.com/trends/cognitive-sciences/abstract/S1364-6613(12)00028-9?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS1364661312000289%3Fshowall%3Dtrue. Consultado em: 19/02/2025.


1 CUNHA, Nilton Pereira da. Da sociedade analógica à sociedade híbrida: os seus ecossistemas e o impacto no desenvolvimento infantil. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/da-sociedade-analogica-a-sociedade-hibrida-seus-ecossistemas-e-o-impacto-no-desenvolvimento-infantil. Consultado em: 30/01/2025.

2 DAMÁSIO, António. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

3 CARR, Nicholas. SUPERFICIALES: ¿Qué está haciendo internet con nuestras mentes? Taurus: Bogotá, 2011.

4 EKMAN, Paul. El rostro de las emociones: Qué nos revelan las expresiones faciales.

5 HOLFAMAN, W.; SCHMEICHEL B. J. BADDELEY, A. D. Funções executivas e autoregulação. Disponível em: https://www.cell.com/trends/cognitive-sciences/abstract/S1364-6613(12)00028-9?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS1364661312000289%3Fshowall%3Dtrue. Consultado em: 19/02/2025.

6 COELHO, Eva Lúcia Gonçalves. Neurodesenvolvimento na era digital.

7 COLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. São Paulo: Objetiva, 2012.