A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12796827


Ozeias Pires Silva1


RESUMO
O estudo do comportamento organizacional é de fundamental importância para qualquer organização. Em seus diversos aspectos é importante considerar tudo aquilo que causa impacto dentro da organização. No contexto atual é necessário entender o papel que a inteligência artificial tem desempenhado na cultura e dinâmica organizacional e quais impactos são perceptíveis nas interações entre as pessoas. É inegável que a inteligência artificial se propõe a simular o raciocínio humano e a forma de resolução de problemas. Essa possibilidade, em determinadas circunstâncias, coloca em confronto o uso da máquina em situações antes dominadas pelo homem. Este estudo teve como propósito fazer uma correlação entre o comportamento organizacional e a inteligência artificial. Deste modo, a metodologia utilizada nesta pesquisa foi a revisão de artigos científicos e textos bibliográficos que tratam com propriedade do tema. Para sustentar a argumentação proposta, analisou-se também todo o material teórico da disciplina Organizational Behavior. Constatou-se ao final que nos tempos atuais a inteligência artificial contribui em muitos aspectos para a solidez da organização além de propor elementos novos para as relações entre líderes e liderados.
Palavras-chave: Inteligência Artificial. Comportamento Organizacional. Ética. Liderança.

ABSTRACT
The study of organizational behavior is of fundamental importance for any organization. In its various aspects, it is important to consider everything that has an impact within the organization. In the current context, it is necessary to understand the role that artificial intelligence has played in organizational culture and dynamics and what impacts are noticeable in interactions between people. It is undeniable that artificial intelligence aims to simulate human reasoning and the way of solving problems. This possibility, in certain circumstances, puts the use of machines in situations previously dominated by man into conflict. This study aimed to make a correlation between organizational behavior and artificial intelligence. Therefore, the methodology used in this research was the review of scientific articles and bibliographic texts that properly address the topic. To support the proposed argument, all the theoretical material from the Organizational Behavior discipline was also analyzed. In the end, it was found that in current times artificial intelligence contributes in many aspects to the solidity of the organization in addition to proposing new elements for relationships between leaders and followers.
Keywords: Artificial Intelligence. Organizational Behavior. Ethic. Leadership.

1 Introdução

O comportamento organizacional está relacionado com a questão humana da gestão e da organização. Diz respeito à preocupação em observar os aspectos intrínsecos a cada pessoa e de que forma essas características reverberam no contexto organizacional.

Não é possível pensar em organização sem levar em consideração as pessoas. Aliás, o bem mais precioso deve ser, sem dúvida, as pessoas. Embora já se tenha diversas funções desempenhadas por máquinas e robôs, com o uso da inteligência artificial, são as pessoas que dão vida à organização.

Nesse sentido, Ivancevich, Szilagyi, Jr. e Wallace (1977) salientam que:

O comportamento organizacional preocupa-se com o estudo do comportamento, das atitudes e do desempenho dos trabalhadores em um ambiente organizacional; o efeito da organização e do grupo informal sobre as percepções, sentimentos e ações dos trabalhadores; o efeito do ambiente sobre a organização, seus recursos humanos e objetivos; e o efeito dos trabalhadores sobre a organização, no que tange a sua eficiência, eficácia e efetividade.

Evidente que já existe uma preocupação enorme sobre a possibilidade de a inteligência artificial ocupar os espaços de atividades humanas. Isso acarretaria desemprego em massa e conseqüentes prejuízos emocionais aos envolvidos. Essa preocupação advém da inserção descontrolada desse artifício, e até mesmo pela falta de leis regulamentadoras sobre a questão.

Dessa forma, as corporações que encabeçam os maiores projetos de inteligência artificial detêm quase uma liberdade total. Merece destaque, entretanto, as investidas recentes de organismos governamentais para, de certa forma, frear essa suposta liberdade. O que se busca, na verdade é um meio termo, de forma que se tenham avanços significativos para o bem da humanidade, mas que estes sejam utilizados de forma ética e responsável. Esse é um ponto crucial que será tratado em ponto específico deste trabalho.

Neste sentido, objetivando uma melhor apresentação do conteúdo, esta pesquisa está dividida da seguinte forma: resumo em que se traz a importância do tema abordado; introdução, com a apresentação geral do tema e sua relevância, como também, os objetivos e a metodologia utilizada na pesquisa; desenvolvimento, com o aprofundamento para a compreensão de todo o cenário abordado. Ao final propõe-se breve conclusão e direcionamentos para outras pesquisas.

2 Desenvolvimento

A proposta de pesquisa sugerida a partir da disciplina norteadora (Organizational Behavior) requer a abordagem de diversos pontos considerados cruciais para o entendimento do tema inteligência artificiais.

Desse modo propôs-se uma divisão por tópicos e temas mais sensíveis, a saber: refletir sobre o Impacto da Inteligência Artificial no Comportamento Organizacional; apresentar os Desafios Éticos e Sociais ligados ao tema; abordar aspectos da Liderança e Habilidades Humanas requeridas nesse novo cenário e trazer considerações sobre o Futuro do Comportamento Organizacional com a Inteligência Artificial.

2.1 Impacto da Inteligência Artificial no Comportamento Organizacional

Segundo Costa, Melo e Neto (2024, p.11), a inteligência artificial é conceituada como um ramo da ciência da computação que procura desenvolver sistemas inteligentes que simulem tanto o raciocínio humano, quanto a sua forma de pensar e também de resolver problemas.

Com a utilização da inteligência artificial as organizações podem compreender melhor todos os seus dados disponíveis, bem como realizar uma análise do cenário que o cerca, possibilitando uma melhor tomada de decisão por parte dos gestores.

Sua utilização já se observa na melhoria de processos e serviços como: automação de tarefas repetitivas, análise de grande quantidade de dados, diagnósticos na área de saúde. Ocorre que a utilização dessa ferramenta requer um conhecimento adicional do líder sobre seus impactos nas relações humanas, e, por conseguinte, no comportamento organizacional.

O tema da IA preocupa a sociedade de forma geral, sobretudo pela chegada a automação e da robotização. Isso implica possíveis perdas de postos de trabalho em atividades repetitivas que podem ser realizadas por máquinas. Nesse aspecto, o cenário exigirá também maior capacitação dos trabalhadores como nunca exigido antes.

Noutra análise pode-se também entender que com o advento da inteligência artificial e todas as inovações agregadas, diversas áreas terão crescimento significativo, como a ciência de dados e programação. É mister analisar o contexto de sua aplicabilidade, bem como as implicações das interações da IA com as pessoas.

2.2 Desafios Éticos e Sociais

As questões éticas que envolvem a inteligência artificial é ainda um grande entrave à efetiva utilização dessa ferramenta. Lidar com a privacidade de dados é sem dúvida uma preocupação quando se trata do uso da inteligência artificial.

Não se pode perder de vista os direitos humanos já consagrados. Qualquer avanço tecnológico que vai de encontro à dignidade humana deve ser de todo refutado. Num mundo em que impera a busca constante de lucro, sob qualquer forma, exige-se cada vez mais uma postura vigilante das pessoas e instituições para assegurar que os direitos pessoais coadunem com os interesses organizacionais.

No Brasil já existem algumas legislações iniciais que cuidam dessa questão. Inicialmente foi instituída a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que dispõe sobre o tratamento de dados feito por pessoa física ou jurídica de direito público ou privado e engloba um amplo conjunto de operações efetuadas em meios manuais ou digitais.

2.3 Liderança e Habilidades Humanas

O tema liderança está na ordem do dia. Foi-se o tempo em que essas questões eram desconsideradas no ambiente organizacional. O desenvolvimento da liderança é questão de sobrevivência institucional. As grandes empresas que já perceberam isso têm feito esforços significativos para concretizar esse objetivo.

O líder visionário não abrirá mão de entender os aspectos da inteligência artificial que podem ser aplicados na organização. Contudo, não desprezará o principal ativo da organização que são as pessoas.

Sobre essa questão, Paludo (2013. Pág 392) considera que:

As pessoas (com a informação/conhecimento) são o principal ativo de uma organização: são elas que dão vida aos planos, projetos e ações; são elas que podem tornar realidade as mudanças pretendidas e o alcance dos objetivos estabelecidos.

Para lidar com as constantes mudanças no campo da inteligência artificial as pessoas terão que buscar novos conhecimentos para desenvolver novas habilidades.

2.4 Futuro do Comportamento Organizacional com a IA

Há uma grande possibilidade de desenvolvimento humano a partir da utilização da IA. É notável os ganhos que poderão ser observados com o uso da inteligência artificial. Já é possível notar sua presença marcante nas áreas relacionadas à saúde, gestão e liderança de pessoas, indústria e comércio, dentre outros.

Como já enfatizado em tópico anterior, é necessário apenas que haja controle governamental, por meio de políticas que incentivem a observância da ética no trato, sobretudo com dados e informações pessoais.

O uso da inteligência artificial proporciona diversos benefícios à coletividade. A melhoria da eficiência nas tarefas e agilidade no processamento de informações são alguns deles. De outro lado, as preocupações com a privacidade e a segurança de dados chamam a atenção de autoridades. Há grande receio ainda de que as máquinas substituam os trabalhadores levando a desemprego e desvalorização da mão de obra especializada.

Não se pode perder de vista que a IA é apenas uma ferramenta, e que a despeito de sua importância, sempre deverá ser supervisionada pelos seres humanos.

3 Considerações Finais

A utilização da inteligência artificial não tem por propósito substituir o trabalho humano, embora em muitos casos seja perceptível tal questão. Ela pode ser utilizada de forma complementar ao trabalho humano a fim de melhorar os aspectos de tomada de decisão e da execução de atividades.

As abordagens aqui apresentadas não tiveram como propósito esgotar o tema. Pelo contrário, serviram para evidenciar ainda mais a necessidade de novas pesquisas e novos aprofundamentos. Entendemos que os conceitos aqui expostos, contribuirão para trazer maior clareza aos gestores sobre a importância de equilibrar o uso das ferramentas impostas pela inteligência artificial e as execuções humanas, fazendo disso um diferencial competitivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costa. M. M; Melo. C. M; Neto. J. R. M. A. (2024). Inteligência Artificial e Educação 6.0. Editora Processo. Rio de Janeiro-RJ.

Ivancevich, John M; Szilagyi, Andrew D. & Wallace, Marc J. (1977) Organizational Behaviorand Performance. Santa Monica, Ca: Goodyear Publishing.

Paludo. A. (2013). Administração Geral e Pública. Editora Elsevier. 2ª Edição. Rio de Janeiro-RJ.


1 Mestrando em of Science in Business Administration pela Must University. E-mail: [email protected]