REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10344781
Giovanna Bruno Lima Moreira¹
Orientador: Prof. Me. Rogério Bailly²
RESUMO
A indústria petrolífera exige cada vez mais equipamentos e materiais que garantam alta eficiência, qualidade e segurança operacional, de modo a maximizar sua produção. Neste sentido, os sistemas de gestão de qualidade são indispensáveis no que tange a garantir a qualidade desses equipamentos. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi analisar a importância de adotar a gestão de qualidade nas operações de tubos flexíveis em embarcações PLSV. Para tanto, a metodologia utilizada no presente trabalho foi de cunho estritamente bibliográfico de natureza qualitativa enriquecida com uma revisão literária em livros, artigos científicos, teses e trabalhos de conclusão que abordavam sobre o tema debatido. Ficou evidenciado que os tubos flexíveis assumem importante papel nas embarcações PLSV, o que culmina na necessidade de um alto padrão de qualidade desses dutos, para minimizar possíveis falhas mecânicas ou físicas. Portanto, a gestão de qualidade corrobora para garantir a eficiência desses equipamentos e atender as necessidades do mercado offshore.
Palavras-chave: Tubos Flexíveis. Embarcações PLSV. Operações. Offshore.
ABSTRACT
The oil industry increasingly demands equipment and materials that ensure high efficiency, quality and operational safety, in order to maximize production. In this sense, quality management systems are indispensable when it comes to ensuring the quality of this equipment. Thus, the objective of the present work was to analyze the importance of adopting quality management in the operations of flexible tubes in PLSV vessels. To this end, the methodology used in the present work was strictly bibliographical and qualitative in nature, enriched with a literature review of books, scientific articles, theses and conclusion papers on the subject under discussion. It was evidenced that flexible pipes play an important role in PLSV vessels, which culminates in the need for a high standard of quality of these pipelines, to minimize possible mechanical or physical failures. Therefore, quality management helps to ensure the efficiency of this equipment and to meet the needs of the offshore market.
Keywords: Flexible Pipes. PLSV Vessels. Operations. Offshore.
1. INTRODUÇÃO
Um dos fatores chaves para o sucesso das organizações é a qualidade do serviço prestado no atendimento ao cliente, o qual não é mais visto como um diferencial e sim uma exigência no mercado. A Gestão da Qualidade é imprescindível para que seja mantido um alto padrão, sendo assim, seus principais componentes são: o planejamento da qualidade, a garantia da qualidade, o controle da qualidade e a melhoria da qualidade (LOBO, 2019).
A qualidade é determinante na competitividade das organizações, tendo em vista o aumento da concorrência, a evolução tecnológica e as exigências dos clientes. O termo se remete a fazer certo da primeira vez para seus clientes, seus funcionários, seu negócio e o ambiente operado.
Nesta perspectiva, no cenário de exploração e produção petrolífera, a gestão de qualidade é extremamente importante, tendo em vista que, envolve atividades e operações de custos elevados, além dos altíssimos riscos, o que implica na necessidade de projetos, cada vez mais, planejados estrategicamente e com padrão de qualidade elevado.
Isto posto, nas operações de petróleo em alto mar (offshore), os navios PLSV (Pipe Laying Support Vessel) são embarcações especializadas de apoio marítmo que lançam, posicionam e recolhem tubulações no mar, utilizadas para conectar as plataformas a sistemas de produção de petróleo, podem ser de tubos flexíveis, tubos rígidos ou ambos (GOMES, BIANCO e CHAVES, 2015).
Nas embarcações PLSV de tubos flexíveis, a gestão da qualidade é voltada para a operação, o que engloba o planejamento da qualidade sendo elaborados procedimentos para cada etapa da operação a serem seguidos, a garantia da qualidade através de inspeções rotineiras com a equipe Offshore, levando em consideração que, toda a operação e os equipamentos utilizados, o controle da qualidade através de cursos e treinamentos atualizados aos colaboradores, como o de prevenção de danos em linhas, para que seja mantido nas operações o mesmo alto padrão e a melhoria da qualidade através de lições aprendidas.
Para tanto, percebe-se então que, cada vez mais, torna-se relevante discutir a respeito da necessidade de implementação de uma gestão de qualidade nas operações de tubos flexíveis em embarcações PLSV na exploração petrolífera em alto mar.
Neste sentido, surge então uma questão problematizadora que norteou o presente estudo: qual a importância de se implementar um sistema de gestão de qualidade nas operações de dutos flexíveis em embarcações PLSV? Para tanto, para responder a seguinte problemática foram propostos os objetivos gerais e específicos do trabalho.
O trabalho foi dividido em cinco capítulos, no primeiro capítulo foram abordados conceitos sobre o tema pesquisado, abordando a problemática em questão, em seguida apresentou-se a justificativa enfatizando a relevância do estudo e, por fim, a definição dos objetivos.
No segundo capítulo foram detalhados os caminhos metodológicos utilizados para a pesquisa, seguido disso, foram explicitadas as principais fontes de pesquisa utilizadas e os descritores para obter os resultados da pesquisa.
No terceiro capítulo foi organizada a fundamentação teórica do trabalho a respeito da exploração petrolífera no mar, como as embarcações atuavam neste cenário e como elas emergiram, enfatizando ainda o processo histórico da exploração offshore no Brasil
No quarto capítulo foram detalhadas as caracterizações a respeito das embarcações PLSV, descrevendo os seus principais equipamentos e suas respectivas funções, além de destacar ainda uma conceptualização a respeito dos tubos flexíveis, seu processo de fabricação e de instalação.
No quinto capítulo, aludiu-se acerca da importância de se adotar uma gestão de qualidade no contexto da exploração e produção de petróleo, levando em consideração ainda aspectos relacionados aos possíveis riscos e prejuízos de aniquilar a implementação da gestão de qualidade.
No sexto capítulo foram abordadas as considerações finais do trabalho, dialogando com os objetivos do trabalho, verificando se foram alcançados com êxito, fazendo a sistematização dos resultados encontrados, apontando as principais conclusões que foram possíveis se obterem ao longo da pesquisa.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral da presente pesquisa é analisar a importância de adotar a gestão de qualidade nas operações de tubos flexíveis em embarcações PLSV.
1.2.2 Objetivo Específicos
⦁ Realizar uma abordagem acerca do contexto histórico da exploração petrolífera offshore;
⦁ Averiguar conceptualizações a respeito das embarcações PLSV e as operações de tubos flexíveis;
⦁ Descrever a importância da gestão de qualidade.
1.3 JUSTIFICATIVA
Posto isso, o presente projeto de pesquisa justifica-se por abordar de forma enfática e delineada o contexto da exploração de petróleo, os métodos utilizados para a sua extração no mar, bem como sobre os principais desafios que podem ser perceptíveis no contexto offshore, enfatizando ainda a necessidade da gestão de qualidade, além de descrever os equipamentos que constituem as embarcações PLSV.
Assim, esta pesquisa caracteriza-se como sendo de grande relevância tanto para a indústria de petróleo e gás, quanto para a comunidade acadêmica de engenharia de petróleo. Além disso, é ainda importante para a sociedade, para que fique ressaltado a importância da gestão de qualidade neste cenário.
Concomitante a isso, infere-se então ressaltar a imprescindibilidade de discorrer a respeito da necessidade de haver a gestão de qualidade nas embarcações, tendo em vista a relevância do cenário em que atuam e, sobretudo, os altos investimentos destinados a eles (LOBO, 2019).
2. METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura com o intuito de investigar como o fenômeno acontece, através do qual foi possível obter conhecimento necessário acerca de suas causas e efeitos, além de atribuir importantes conclusões. A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Desta forma, o método bibliográfico objetiva-se em fundamentar e responder os assuntos aqui propostos.
Após estabelecido o tema da pesquisa, problematizou-se a temática em questão, e concomitante a isso, foram delimitados os objetivos da pesquisa, após isso foi feito uma revisão na literatura, buscando entender a importância de se implantar um sistema de gestão de qualidade em operações de tubos flexíveis em embarcações do tipo PLSV.
Os dados do presente trabalho foram coletados, por meio de doze revisões distribuídas em livros, artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso e teses, publicados entre os anos de 2002 e 2019. Para a busca nos bancos de dados e serviços de informações científicas existentes, tais como: o Scientific Electronic Library Online (Scielo), o Google Acadêmico e as revistas eletrônicas, foram utilizadas as seguintes categorias de análise: Tubos Flexíveis, Embarcações PLSV, Operações e Offshore.
3. UMA CONTEXTUALIAÇÃO ACERCA DA LOGÍSTICA DE SERVIÇO NO BRASIL: AS EMBARCAÇÕES
A busca por reservas petrolíferas no mar deu-se início nas bacias sedimentares das áreas costeiras. Gradualmente, pode-se mencionar que, essa exploração foi movendo-se para áreas mais distantes da costa, alcançando lâminas d’água cada vez mais profundas, a Petrobras se caracterizou por ser uma estatal enfática e que se destacou consideravelmente no que tange a apresentar tecnologias que possibilitaram o avanço contínuo da extração de petróleo em alto mar (BARBASSA, 2007).
As explorações nesta etapa objetivavam-se em ampliar significativamente o número de reservas de petróleo do país, esta etapa é extremamente relevante para a economia do Brasil, tendo em vista que, as novas jazidas petrolíferas encontradas com altos potenciais econômicos possibilitaram as exportações de petróleo.
Neste sentido, faz-se então relevante mencionar que, com o desenvolvimento de novos projetos para exploração e produção do petróleo offshore, emergiu também a necessidade de haver embarcações, para que assim houvesse um melhor auxílio e suporte nas operações, como forma de garantir o transporte dos trabalhadores, de alimentação, equipamentos e materiais (PEREIRA, FERREIRA, MACIEL, 2020).
Ficou perceptível que, entre a década de 68 e 75 houve a importação da Petrobras de cerca de treze embarcações para suporte da exploração offshore. No entanto, o período de maior relevância para a estatal foi entre 1968 e 1975, haja vista que houve uma expansão significativa das embarcações, passando de treze para quarenta e quatro navios (ORTIZ NETO e COSTA, 2007).
Neste período de tempo instituiu-se a Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM) para assim unificar as primeiras empresas brasileiras que prestavam apoio para o âmbito offshore de exploração de petróleo (ORTIZ NETO e COSTA, 2007).
Em 1980 houve a realização das operações pioneiras de suporte às plataformas semissubmersíveis, sendo notório que a frota do Brasil chegou a atingir 110 navios, representando um importante avanço. No entanto, com a abertura da economia brasileira entre 1990 e 1997 percebeu-se um decréscimo de 43 navios da frota brasileiro devido a chegada de concorrentes internacionais, trazendo assim uma série de consequências, como: redução de empregos, minimização da venda de navios, fechamento de empresas, entre outros (GOMES, 2018).
Concomitante a isso, a ABEAM propôs então um programa com o intuito de modernizar a frota e consequentemente mais tecnológicas para então estarem apropriadas para operarem em águas mais profunda, com vantagens competitivas em relação aos concorrentes.
Neste sentido, toda essa metamorfose no cenário industrial atrelado ao avanço e modernização da Petrobras contribuiu demasiadamente para que a estatal ampliasse e trouxesse melhorias relevantes para às embarcações de suporte à exploração e produção do petróleo em alto mar.
3.1 EMBARCAÇÕES DE SUPORTE PARA OPERAÇÕES OFFSHORE
As atividades que englobam o apoio e suporte ao setor offshore implicam na necessidade de uma série de embarcações específicas para o transporte das pessoas que trabalham na operação, o transporte de materiais e equipamentos, de modo geral.
Neste viés, infere-se então mencionar que as embarcações emergem como um contexto favorável e viável no que tange a garantir o funcionamento do processo de distribuição dos serviços de logística. De modo que, se objetivam sempre em manter os níveis almejados dos serviços que são desenvolvidos em alto mar, atingindo parâmetros altos de qualidade, segurança e saúde ocupacional (SALES, 2019).
Assim, a distribuição pode então ser subdividida em determinados níveis, a necessidade primária é a de assistência às sondas de uma forma geral, incluindo as unidades de produção flutuantes, os Navios Cisterna, navios Especiais, Navios Petroleiros, entre outros. Já a demanda secundária diz respeito aos serviços relacionados ao transporte de suprimentos, combustíveis, inspeções, ancoragem, dentre outros (SALES, 2019).
Dessa forma, sucintamente, pressupõe-se então que, os principais serviços disponibilizados pelas embarcações é a montagem, bem como o lançamento de uma série de equipamentos e tubulações, atrelado a isso tem- se o mantimento e também todo o apoio de ordem logística que é oferecido, manuseio de tubos variados, manutenção preditiva, preventiva e corretiva nas estruturas que se encontram submersas, entre outras coisas.
Paralelo a isso, ressalta-se então que, todo o mercado relacionado as embarcações de apoio marítimo offshore se mostra extremamente intraespecífico, de modo que, e o seu funcionamento está diretamente relacionado à finalidade petrolífera para qual está destinado.
A partir disso, torna-se então imprescindível ressaltar que, entre os mais variados tipos de embarcações que atuam no cenário offshore, é possível inferir que os mais comuns são os seguintes: Anchor Handling, Tug and Supply (AHTS), Platform Supply Vessel (PSV), Multipurpose Supply Vessel (MPSV), Diving Support Vessel (DSV) e Pipe Laying Support Vessel (PLSV) (COSTA, 2008).
A AHTS caracteriza-se como sendo uma embarcação altamente utilizada nas operações que se objetivam em manobrar as âncoras e posicionamento das plataformas situadas em alto mar, além disso, apresentam como intuito o transporte de cargas (tubos, peças e equipamentos, água), podendo ainda evidenciar que realizam o lançamento de âncoras denominadas como torpedos, para que haja a ancoragem das plataformas do tipo semissubmersível e de sondas, proporcionando assim instalações em profundidades maiores que 2000 metros (SHANGES-VARELA et al., 2018).
Assim, na figura 1 é evidenciado uma embarcação do tipo AHTS que pode medir de 60 a 80 metros de comprimento, além de apresentar uma potência em torno de 6.000 até 20.000 HP. Nos dias atuais, essas embarcações são extremamente perceptíveis na crosta brasileira e implicam na necessidade de uma mão de obra qualificada para execução das operações que se mostram complexas (SHANGES-VARELA et al., 2018).
Figura 1: Embarcação Far Santana (AHTS)
Fonte: Solstad Farstad (2017).
É possível mencionar ainda que, além dos serviços citados acima que podem ser efetuados pela referida embarcação, elas ainda podem atuarem em aspectos secundários, como por exemplo no resgate de pessoas em situações de possíveis acidentes, recolher óleo derramado ou até mesmo combate ao incêndio.
Respectivamente, torna-se então viável discorrer a respeito do PSV, o qual se caracteriza por ser um navio que fornecem materiais ou produtos de pequeno e médio porte, mediante as demandas das plataformas, sondas ou até embarcações de níveis mais complexos que estão em operação (SATPATHI, BALIJEPALLI e UKIL, 2017).
No que tange as suas características estruturais, é possível inferir que apresentam em torno de 60 a 100 metros em comprimento, atingindo valores entre 5.000 HP de potência. Além disso, se responsabilizam pelo movimento de cargas para as plataformas, como por exemplo: peças, lama (pig), fluídos que são usados durante a perfuração e produção, diesel, água potável, entre outras coisas (SATPATHI, BALIJEPALLI e UKIL, 2017).
Assim, a figura 2 deixa explícita a embarcação Scandi Gamma supridora de projeto, do tipo PSV, sendo possível ressaltar ainda que, nestes navios podem atuar em torno de 20 tripulantes para garantir uma operação eficaz e com segurança.
Figura 2: Embarcação Skandi Gamma (PSV)