TRABALHO SOCIAL DO PSICÓLOGO FRENTE A ESCOLA E A COMUNIDADE DIANTE DA VIOLÊNCIA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17917219
Caio Felipe Gomes Santos1
Danielly Francini Gomes2
Júlia Fagnani Rodrigues Lima3
Manoel Vitor Santana Pasqualini4
Samira de Castro França5
Daniela Emilena Santiago6
RESUMO
O presente texto é uma reflexão, de natureza teórica, sobre a atuação da Psicologia na Educação, recorrendo a estudos teóricos, além de se pautar também nas notas técnicas que orientam a atuação na área, que é, por essência, não clínica e social. A Psicologia na educação é fundamental porque ajuda a compreender como as relações, a cultura escolar e as condições sociais influenciam o comportamento e a aprendizagem. Ao atuar de forma preventiva, o psicólogo contribui para identificar fatores que geram conflitos e violência, promovendo diálogo, inclusão e práticas que fortalecem vínculos entre estudantes, professores e famílias. Nesse processo, as Notas Técnicas dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) são essenciais, pois orientam a atuação ética e crítica do profissional, afastando práticas medicalizantes e punitivas, e reforçando que a prevenção da violência escolar exige ações coletivas, políticas de convivência e atenção aos direitos humanos. Com isso, a Psicologia torna-se peça chave na construção de uma escola mais segura, acolhedora e comprometida com o desenvolvimento integral dos sujeitos.
Palavras-chave: Psicologia. Educação. Psicologia Social. Violência.
ABSTRACT
This text is a theoretical reflection on the role of Psychology in Education, drawing on theoretical studies, as well as relying on technical notes that guide practice in the field, which is, by its very nature, non-clinical and non-social. Psychology in education is fundamental because it helps to understand how relationships, school culture, and social conditions influence behavior and learning. By acting preventively, the psychologist contributes to identifying factors that generate conflict and violence, promoting dialogue, inclusion, and practices that strengthen bonds between students, teachers, and families. In this process, the Technical Notes of the Regional Psychology Councils (CRPs) are essential, as they guide the ethical and critical practice of the professional, moving away from medicalizing and punitive practices, and reinforcing that the prevention of school violence requires collective actions, policies of coexistence, and attention to human rights. Thus, Psychology becomes a key element in building a safer, more welcoming school committed to the integral development of individuals.
Keywords: Psychology. Education. Social Psychology. Violence.
1. INTRODUÇÃO
A psicologia social tem como principal objetivo compreender as relações entre indivíduo e ambiente social. Concentra-se nas preocupações sociais, tais como saúde, problemas com o
uso de substâncias, violência doméstica e de gênero, bullying, racismo e preconceito. É pensando nesse campo da psicologia que se vê a impotência do psicólogo no meio escolar.
A Lei de número 13935 de 11 de dezembro de 2019 dispõe sobre a prestação de serviço social nas redes públicas de educação básica. Mas não se tem a prática dessa lei. O profissional de psicologia juntamente com educadores poderiam ser o pilar para evitar essas tragédias, já que a grande maioria dos atuantes dos crimes são ou já foram alunos. Cleo Garcia, mestranda em educação na Unicamp e especialista em justiça afirma: “Necessitamos de investimentos em programas que preparem os educadores para que, além de perceberem sinais, possam lidar com esse aluno. A escola precisa ser acolhedora, dialógica e confiável”7 sendo a Psicologia um dispositivo central nesse processo.
Outrossim, investir em psicólogos nas redes públicas de educação é o caminho para evitar esses eventos. Um estudo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico ( Cnpq) mostrou que o bullying e o preconceito são sim uma parte dos motivadores para os ocorridos mas muito pouco comparado aos acontecimentos fora da escola. O profissional de psicologia tem o caráter acolhedor, esse profissional sendo mais presente na escola poderia se tornar o objeto de apoio de muitos alunos, como também enxergar aqueles possíveis motivos, tanto os que ocorrem dentro do ambiente educacional como o de ambiente familiar do aluno, podendo colaborar com a minimização dos eventos que envolvem o bullyng.
O psicólogo deve também orientar os pais e a sociedade sobre a atenção ao comportamento dos adolescentes. Como estão agindo? O que estão assistindo? Com quem falam na internet? É preciso ouvir esses adolescentes e acolhê-los de forma que se sintam seguros. A atuação social do psicólogo nesse âmbito se torna variada, começando nas escolas e terminando em casa com as famílias.
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão referente à atuação do psicólogo no âmbito escolar e na comunidade, diante de acontecimentos violentos e ameaças que vieram à tona em nosso país atualmente. Para auxiliar na análise e no estudo de caso feito a partir da pesquisas bibliográficas e leitura de notícias para que pudéssemos ter um entendimento ainda maior a respeito da onda de violência e de quais são os indícios. A pesquisa foi efetuada por meio da leitura de artigos que discutiam essa inserção, sendo que será apresentada, no decurso do texto, a revisão teórica proveniente dessa sistematização. Também foi realizado o estudo sobre as orientações do Conselho Regional de Psicologia (CRP) em relação a atuação na educacional.
2. DESENVOLVIMENTO (ANÁLISE E DISCUSSÃO)
Os ataques às escolas têm sido um problema crescente, como evidenciado por estudos recentes da Unicamp. O debate sobre como evitá-los e interromper o ciclo de ódio que leva os jovens a esses atos é crucial. Para evitar esses ataques, os especialistas entrevistados pelo R7 argumentam que a prevenção é essencial, incluindo o acompanhamento psicológico dos alunos e o treinamento adequado dos professores para lidar com situações conflitantes entre os alunos. É importante acolher tanto as vítimas de bullying quanto aqueles que o praticam, fornecer ajuda e fomentar o diálogo tanto em casa quanto na escola8.
Quando já ocorreu um ataque, é importante oferecer atendimento especializado às vítimas e à comunidade escolar, focado na prevenção de problemas de saúde mental. Além disso, as escolas precisam de treinamento em saídas de emergência e rotas de fuga para minimizar danos. No entanto, os especialistas enfatizam que a segurança nas escolas não é a solução para enfrentar a violência nas escolas, mas sim uma escola que acolha e escute os alunos.
Também é crucial evitar dar protagonismo aos autores de ataques às escolas, já que a divulgação de suas fotos, nomes e métodos pode encorajar outros a fazerem o mesmo. É importante adotar uma abordagem que ajude a identificar os sinais precoces de violência e lidar com eles antes que se tornem ataques violentos.
Em uma live, transmitida pelo canal no YouTube do Conselho Regional de Psicologia - Minas Gerais (CRP-MG), foi abordado o tema "Reflexões da Psicologia sobre os atentados nas escolas"9. Nele, Daniela Reis e Silva, doutora e Mestre em Psicologia Clínica (PUC/SP), iniciou a fala trazendo suas contribuições como profissional atuante em emergências e desastres no Espírito Santo. A psicóloga colocou em pauta que os jovens estão passando por um processo de adoecimento que atinge diversos sujeitos, como os efeitos traumáticos que podem ocorrer por muitos anos.
Ela destacou que o profissional de Psicologia não é preparado para trabalhar com as situações de violência no ambiente escolar e que a problemática tem aparecido com cada vez mais frequência nas escolas. Apontou também que é preciso ampliar o olhar dessa atuação para observar não somente os alunos afetados fisicamente, mas também os que experienciam vulnerabilidades psicoemocionais. A profissional comentou as normativas do Conselho Federal de Psicologia, que tratam sobre o atendimento da psicologia em emergências e desastres, bem como as diretrizes éticas da profissão e de trabalho em campo.
Outro elemento que orienta a atuação do profissional de Psicologia na área educacional são os dispositivos do CRP e , dentre eles, a Nota Técnica EDUCAÇÃO – Orientação sobre as atribuições do psicólogo no contexto escolar e educacional tem como principal finalidade esclarecer o papel profissional do psicólogo que atua em instituições educacionais, orientando práticas alinhadas aos princípios éticos da Psicologia e ao compromisso social da profissão. O documento enfatiza que a intervenção do psicólogo na escola não deve restringir-se à leitura individualizante de problemas, mas precisa considerar os múltiplos fatores institucionais, sociais, culturais e pedagógicos que atravessam o cotidiano escolar. Ao longo do texto, o CRP-SP destaca que a prática psicológica deve estar comprometida com os direitos humanos, a promoção da dignidade humana e o respeito à diversidade. Assim, o psicólogo deve atuar com responsabilidade social e compreender a escola como um espaço complexo, marcado por relações históricas, políticas e sociais que influenciam tanto o processo de ensino-aprendizagem quanto o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos.
A Nota Técnica reforça que, historicamente, a Psicologia Escolar enfrentou o desafio de romper com práticas que se centravam na patologização e na medicalização de estudantes, atribuindo a eles, de maneira isolada, a responsabilidade por dificuldades de aprendizagem ou de comportamento. Segundo o documento, essa abordagem reducionista tende a desconsiderar fatores como metodologias pedagógicas inadequadas, condições socioeconômicas, preconceitos, desigualdades estruturais e problemas de gestão escolar. Por isso, a Nota enfatiza a necessidade de uma atuação crítica, contextualizada e comprometida com a transformação social, defendendo que o psicólogo considere o contexto em sua totalidade e analise como esse contexto produz sofrimento ou limita o desenvolvimento dos sujeitos. Essa compreensão amplia o escopo da atuação psicológica, que passa a integrar dimensões institucionais, relacionais e comunitárias.
Além disso, a Nota orienta que o psicólogo escolar deve trabalhar de forma articulada com toda a comunidade educativa, incluindo professores, gestores, funcionários, estudantes e famílias. A prática psicológica é apresentada como uma ação coletiva, que envolve diálogo constante com diferentes setores da escola e da rede intersetorial, especialmente saúde, assistência social e cultura. Tal articulação favorece ações preventivas, projetos institucionais e intervenções que promovam o bem-estar e fortaleçam vínculos comunitários. O documento também destaca a importância de o psicólogo participar da elaboração, implementação e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP), contribuindo com reflexões que ajudem a escola a formular propostas inclusivas, democráticas e coerentes com sua realidade.
A Nota Técnica ainda ressalta que o psicólogo tem um papel fundamental na promoção da saúde e da qualidade de vida de toda a comunidade escolar. Isso inclui compreender e intervir nos processos que geram sofrimento, conflitos e exclusões, bem como promover ações que fortaleçam a autonomia, o protagonismo e o acesso aos bens culturais. Para isso, é indispensável que o psicólogo compreenda a diversidade presente no espaço escolar – diversidade étnico-racial, de gênero, de religião, de condições sociais, de modos de vida – e atue em defesa de uma educação que respeite tais diferenças e enfrente discriminações e violências.
Outro ponto enfatizado pelo documento é a responsabilidade do psicólogo em socializar o conhecimento psicológico, tornando-o acessível à comunidade escolar. Isso significa compartilhar saberes de forma dialógica, participativa e contextualizada, evitando uma postura hierárquica que crie distanciamento entre o profissional e os demais atores educativos. A Nota defende que o psicólogo não deve apenas "aplicar técnicas", mas construir práticas colaborativas, em constante análise e reformulação, sempre fundamentadas no rigor ético e científico. Assim, a atuação deixa de ser centrada na figura do especialista e passa a ser uma prática coletiva, em que o psicólogo auxilia a escola a compreender e enfrentar seus desafios cotidianos.
Em síntese, a Nota Técnica orienta que a atuação do psicólogo escolar seja crítica, contextualizada e socialmente comprometida. O psicólogo é chamado a compreender a escola como instituição social complexa, a trabalhar de forma interdisciplinar e a promover ações que contribuam para a democratização das relações, a inclusão e a garantia de direitos. Longe de práticas individualizantes ou medicalizantes, o documento reafirma a Psicologia Escolar como campo voltado à transformação institucional, ao fortalecimento de vínculos e à construção de condições que favoreçam aprendizagem, desenvolvimento humano e bem-estar coletivo. Trata-se, portanto, de uma orientação que reposiciona o psicólogo como agente ético-político dentro da escola, responsável por ajudar a construir um ambiente educativo mais justo, plural e humanizado.
Outro documento importante é a Nota Técnica de Psicologia Escolar/Educacional do CRP20. A Nota Técnica de Psicologia Escolar/Educacional do CRP20 tem como objetivo orientar profissionais da Psicologia que atuam em instituições educacionais, esclarecendo atribuições, fundamentos éticos e diretrizes de intervenção. O documento parte do princípio de que o trabalho do psicólogo na escola não deve se limitar ao atendimento clínico individual ou à responsabilização exclusiva do aluno por dificuldades de aprendizagem, comportamento ou adaptação. Pelo contrário, a nota enfatiza que a Psicologia Escolar deve compreender a escola como uma instituição social complexa, marcada por relações de poder, processos históricos, desigualdades sociais, práticas pedagógicas e dinâmicas coletivas que influenciam o desenvolvimento dos sujeitos.
O CRP20 destaca que a atuação profissional precisa romper com perspectivas medicalizantes ou patologizantes que reduzem o estudante a um conjunto de sintomas. A aprendizagem e o comportamento escolar são entendidos como fenômenos multideterminados, influenciados por fatores culturais, econômicos, familiares, pedagógicos e institucionais. Por isso, o psicólogo deve analisar o contexto escolar como um todo, investigando práticas de gestão, metodologias de ensino, relações entre professores e estudantes, condições materiais da escola e processos de inclusão ou exclusão presentes no cotidiano educativo.
A nota reforça que o psicólogo escolar deve trabalhar de forma articulada com toda a comunidade educativa, especialmente com professores, gestores e famílias. Esse trabalho inclui ações preventivas, escuta qualificada, mediação de conflitos, formação continuada de educadores e participação ativa na elaboração ou revisão do Projeto Político-Pedagógico. O documento também destaca que o psicólogo precisa atuar como mediador no enfrentamento de violências, discriminações e desigualdades, com atenção especial às questões de gênero, etnia, diversidade cultural, inclusão de estudantes com deficiência e proteção de crianças e adolescentes.
Outro ponto central é a defesa de uma prática fundamentada na ética e na garantia de direitos. O CRP20 aponta que a Psicologia no contexto escolar deve promover saúde, bem-estar e desenvolvimento integral, ampliando a participação de estudantes e fortalecendo vínculos comunitários. O psicólogo é visto como um agente que contribui para a construção de ambientes inclusivos, democráticos e que respeitem a pluralidade de modos de vida. A nota ressalta, ainda, a importância da articulação intersetorial com políticas de saúde, assistência e direitos humanos, especialmente em situações de vulnerabilidade ou risco social.
Além disso, o documento orienta que o psicólogo não deve se limitar ao uso de testes, diagnósticos ou encaminhamentos indiscriminados. Esses instrumentos somente devem ser utilizados quando realmente necessários e sempre contextualizados, evitando rótulos e práticas que reforcem estigmas. O foco principal do trabalho é a análise crítica da instituição e a construção coletiva de respostas para os desafios do cotidiano escolar, fortalecendo processos educativos e promovendo transformações sociais.
Em síntese, a Nota Técnica do CRP20 reafirma uma Psicologia Escolar comprometida com a inclusão, com a justiça social e com a compreensão histórica e social dos fenômenos educativos. A atuação do psicólogo é concebida como prática ética, coletiva e política, cujo objetivo é colaborar para uma escola capaz de acolher diferenças, enfrentar desigualdades e promover condições reais de aprendizagem, participação e desenvolvimento para todos os sujeitos que dela fazem parte.
Na psicologia social, vemos que tem um papel importante na compreensão dos ataques às escolas, uma vez que esse fenômeno envolve uma interação complexa entre indivíduos, grupos sociais, normas culturais e ambiente em que eles estão inseridos.
Um dos princípios da psicologia social que pode ser aplicado nesse contexto é o de influência social, que se refere ao processo pelo qual as pessoas são apoiadas por ações, opiniões e comportamento dos outros. Em um ambiente escolar, os estudantes podem ser influenciados por diversos fatores, como a pressão dos colegas, a necessidade de se encaixar em determinados grupos e a busca por reconhecimento e status social. Esses fatores podem levar alguns alunos a adotar comportamentos agressivos e violentos como forma de chamar atenção ou demonstrar poder. Isso porque o relacionamento firmado entre os pares se dá a partir das relações sociais que o ser humano estabelece em sua vida. “O psiquismo humano constitui-se nas e pelas relações sociais, sendo impossível compreendê-lo fora das condições concretas de existência que o produzem.” (Lane, 2008, p. 30). No entanto, podem também receber influências positivas, e, a para o qual seria vital o trabalho de mediação realizado pelo Psicólogo.
Outro conceito importante da psicologia social que pode ser aplicado aos ataques às escolas é o de identidade social, que se refere ao senso de pertencimento a certos grupos sociais. “O homem é determinado pelas condições materiais de existência, pelas relações sociais que estabelece e pela forma como se apropria da realidade.”
(Lane, 2008, p. 17). Em muitos casos de ataques a escolas, os autores são jovens que se sentem isolados, marginalizados ou excluídos dos grupos sociais a que gostariam de pertencer. Esses indivíduos podem desenvolver uma identidade social negativa, que os leva a se identificar com grupos que promovem a violência e o ódio, e buscar reconhecimento e aceitação por meio de comportamentos agressivos.
Essa abordagem também pode contribuir para o entendimento dos fatores que podem prevenir os ataques às escolas. Estudos têm mostrado que a criação de um ambiente escolar saudável, que promove a inclusão social, o respeito às diferenças e o diálogo aberto entre os alunos e com os professores, pode reduzir significativamente a incidência de comportamentos violentos. Além disso, o apoio emocional e psicológico aos alunos que estão passando por dificuldades pode ajudá-los a lidar com suas emoções e a encontrar formas mais positivas de se relacionar com os outros.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicologia social busca analisar o ser como um indivíduo social, não vincula ele à imagem dele próprio, mas analisa o comportamento do indivíduo em decorrência de suas relações sociais. A presença do psicólogo nesse momento é de extrema importância, pois é de muita necessidade ter profissionais treinados que identifiquem qual mudança cultural/social está acontecendo, qual é a raiz do impacto, quais são as abordagens corretas para lidar com a situação.
Assim, as notas técnicas são muito importantes para a sistematização do fazer psi no contexto educacional. As Notas Técnicas dos Conselhos Regionais de Psicologia destacam que o psicólogo tem um papel fundamental na área educacional por atuar como profissional capaz de compreender os processos subjetivos, institucionais e sociais que atravessam o cotidiano das escolas. Segundo esses documentos, a importância do psicólogo não se limita ao atendimento individual, mas está especialmente vinculada à capacidade de analisar criticamente as condições que produzem sofrimento, dificuldades de aprendizagem e desigualdades dentro do espaço escolar. Os CRPs afirmam que a presença do psicólogo é essencial porque ele contribui para que a escola deixe de interpretar problemas educacionais de forma isolada ou patologizante, passando a entender que os desafios vividos por estudantes, professores e famílias são resultado de múltiplos fatores — pedagógicos, emocionais, sociais, econômicos, culturais e institucionais.
As notas enfatizam que o psicólogo é importante porque atua como mediador de relações, ajudando a escola a construir ambientes saudáveis, democráticos e acolhedores. Sua prática favorece o fortalecimento de vínculos, a mediação de conflitos, a promoção da participação dos estudantes e o desenvolvimento de estratégias que respeitam a diversidade. Para os CRPs, esse profissional amplia a compreensão da comunidade educativa sobre temas como inclusão, preconceitos, violências, desigualdades sociais e desafios contemporâneos que impactam os sujeitos, contribuindo para uma educação mais justa e com garantia de direitos.
Além disso, os documentos reforçam que o psicólogo tem papel relevante na formação continuada de professores e na elaboração de políticas internas das escolas, como o Projeto Político-Pedagógico. Sua atuação orienta a escola a refletir sobre suas próprias práticas, rotinas, formas de gestão e processos pedagógicos, permitindo que a instituição se transforme e se torne mais sensível às necessidades reais dos estudantes. Nesse sentido, o psicólogo não trabalha apenas com indivíduos, mas também com grupos, equipes e com a estrutura institucional como um todo.
As Notas Técnicas também destacam que o psicólogo é importante porque contribui para ações preventivas, e não apenas interventivas. A prevenção envolve identificar fatores que possam gerar sofrimento, exclusão ou vulnerabilidade, e construir estratégias coletivas para enfrentá-los antes que se agravem. Isso exige articulação intersetorial com saúde, assistência social e demais políticas públicas, evidenciando o papel do psicólogo como profissional que integra redes de proteção e cuidado.
Ao analisar o contexto social pode ser possível alcançar um parâmetro de quais medidas poderiam ser incluídas em sistemas de saúde e a maneira como isso seria disponibilizado e apresentado ao povo, ampliar alcance de projetos para atingir toda comunidade em prol a conscientização sobre o assunto.Se torna fundamental uma rede de apoio para as famílias em vulnerabilidade, assim como reestruturar os programas anti-bullying nas escolas com abordagens mais aprofundadas e diretas. É um momento crucial para um tema recorrente que não pode ser ignorado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATENTADOS às escolas e as contribuições da Psicologia são abordados em live da série “janeiro a janeiro”. Profissionais psicólogas(os) abordaram os múltiplos fatores que desencadeiam os ataques, [S. l.], p. 1, 2 mar. 2023.
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É preciso estudar a violência escolar. Entrevista com o bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, José Leon Crochick, [s. l.], 2 maio 2023.
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo, Brasiliense, 2008.
Minayo, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14ª edição. São Paulo: Hucitec, 2014.
1 Graduando em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]
2 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]
3 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]
4 Graduando em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]
5 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]
6 Docente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. Mestre em Pedagogia e Psicologia pela Unesp de Assis, Mestre em História pela Unesp de Assis e Doutora em História pela Unesp de Assis. E-mail: [email protected]
7 Disponível em https://sites.usp.br/psicousp/do-preparo-de-educadores-aos-psicologos-saiba-como-ataques-a-escolas-podem-ser-prevenidos/. Acesso: 30 nov. 2025.
8 Disponível em https://noticias.r7.com/educacao/escolas-criam-espaco-para-discussao-do-bullying-na-internet-23082018/. Acesso: 30 nov de 2025.
9 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=k_0Wjr7CwEc. Acesso: 30 nov de 2025.