TECNOLOGIAS DIGITAIS E DESIGN INSTRUCIONAL: FACILITANDO A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15468435


Joana de Lourdes Evangelista1


RESUMO
Este artigo analisa a contribuição do design instrucional, articulado às tecnologias digitais, para promover uma transição fluida da educação infantil ao ensino fundamental, com foco no desenvolvimento das competências de leitura e escrita. O objetivo é analisar como a integração do design instrucional às tecnologias digitais pode promover uma transição pedagógica mais fluida e coerente da educação infantil para o ensino fundamental I, evitando rupturas abruptas, favorecendo o desenvolvimento da leitura e escrita, especialmente no contexto da escola municipal Dona Durvalina, em São João do Manhuaçu - MG. Trata-se de uma pesquisa com metodologia bibliográfica, qualitativa, fundamentada em obras de autores conceituados e contemporâneos. O estudo discute os fundamentos teóricos do design instrucional, o papel das tecnologias digitais no processo de alfabetização e sua aplicação integrada na prática docente. Os resultados evidenciam que a adoção intencional dessas estratégias favorece metodologias mais inclusivas, lúdicas e personalizadas, contribuindo para a continuidade pedagógica e o fortalecimento das aprendizagens iniciais. Conclui-se que a formação docente e o planejamento colaborativo são essenciais para a efetividade dessa integração na educação pública.
Palavras-chave: Design Instrucional. Tecnologias Digitais. Alfabetização. Educação Infantil. Ensino Fundamental.

ABSTRACT
This article analyzes the contribution of instructional design, combined with digital technologies, to promote a smooth transition from early childhood education to elementary school, focusing on the development of reading and writing skills. The objective is to analyze how the integration of instructional design with digital technologies can promote a more fluid and coherent pedagogical transition from early childhood education to elementary school I, avoiding abrupt ruptures and favoring the development of reading and writing, especially in the context of the Dona Durvalina municipal school, in São João do Manhuaçu - MG. This is a research with bibliographic, qualitative methodology, based on works by renowned and contemporary authors. The study discusses the theoretical foundations of instructional design, the role of digital technologies in the literacy process and their integrated application in teaching practice. The results show that the intentional adoption of these strategies favors more inclusive, playful and personalized methodologies, contributing to pedagogical continuity and the strengthening of initial learning. It is concluded that teacher training and collaborative planning are essential for the effectiveness of this integration in public education.
Keywords: Instructional Design. Digital Technologies. Literacy. Early Childhood Education. Elementary Education.

1 INTRODUÇÃO

A transição da educação infantil para o ensino fundamental representa um dos momentos mais sensíveis da trajetória escolar da criança. Nesse processo, é fundamental garantir a continuidade das práticas pedagógicas, respeitando as especificidades do desenvolvimento infantil e assegurando uma alfabetização significativa e contextualizada (Smolka, 2018; Braga & Carvalho, 2024).

No contexto da educação básica pública brasileira, especialmente nas escolas municipais, observa-se uma lacuna persistente entre as etapas educacionais. A articulação entre os níveis ainda é desafiadora, agravada por limitações estruturais e formativas. Isso compromete a qualidade do ensino e a continuidade dos processos de letramento e alfabetização (Kucybala, et al., 2022).

Com o avanço das tecnologias digitais, surgem novas possibilidades para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, a ausência de formação técnica em design instrucional entre os docentes dificulta o uso pedagógico eficiente desses recursos, gerando desigualdade no acesso e na efetividade das práticas educativas (Filatro, 2019; Sousa et al., 2024).

A alfabetização nos anos iniciais constitui a base para a aprendizagem contínua ao longo da vida escolar. Portanto, é essencial integrar metodologias ativas e recursos tecnológicos ao planejamento pedagógico, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada criança e garantindo o desenvolvimento das habilidades linguísticas desde os primeiros anos (Smolka, 2018; Dantas & Surdi, 2023).

Este artigo tem como objetivo analisar de que maneira os princípios e práticas do design instrucional, quando articulados ao uso de tecnologias digitais, podem promover uma transição pedagógica mais fluida e coerente da educação infantil para o ensino fundamental I, evitando rupturas abruptas nesse percurso formativo, favorecendo o desenvolvimento das competências de leitura e escrita, contribuindo para a consolidação do processo de alfabetização de crianças, como foco na realidade da Escola Municipal Dona Durvalina, situada no município de São João do Manhuaçu, no estado de Minas Gerais.

A estrutura deste artigo contempla, além da presente introdução, uma seção conclusiva em que são apresentadas as considerações finais, com ênfase nas conclusões alcançadas, nas limitações do estudo e proposições para futuras pesquisas de campo. Entre essas duas seções, há seção de referencial teórico, subdividida em quatro tópicos: o primeiro explora os fundamentos teóricos do design instrucional; o segundo discute o papel das tecnologias digitais no processo de alfabetização; o terceiro analisa a aplicação integrada do design instrucional em articulação com as tecnologias digitais; e o quarto apresenta os resultados obtidos e a respectiva análise crítica.

2 Abordagens Integradas do Design Instrucional as Tecnologias Digitais para a Alfabetização na Educação Infantil

2.1 Design Instrucional e seus Fundamentos Teóricos

O design instrucional na educação surgiu como uma abordagem voltada à organização sistemática do ensino, visando à efetividade da aprendizagem. Sua origem remonta às teorias comportamentais e cognitivas, tendo evoluído para modelos mais integrativos que consideram as necessidades dos alunos, os contextos educacionais e os recursos disponíveis (Filatro, 2019; Sousa et al., 2024).

Segundo Filatro (2019), “o design instrucional contextualizado articula objetivos educacionais, perfis dos aprendizes, estratégias didáticas e tecnologias disponíveis”, buscando a criação de experiências de aprendizagem significativas. Essa perspectiva amplia o papel do professor para além da transmissão de conteúdos, transformando-o em designer de experiências pedagógicas.

Modelos como o ADDIE (Análise, Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação) e o SAM (Modelo Ágil de Design Instrucional) oferecem estruturas flexíveis que auxiliam no planejamento educacional. Esses modelos promovem um ensino mais centrado no aluno, permitindo a personalização de conteúdos e estratégias conforme os diferentes ritmos de aprendizagem (Azevedo et al., 2024).

De acordo com Sousa et al. (2024), o uso de tecnologias digitais emergentes aliado ao design instrucional permite potencializar o engajamento dos alunos e facilitar a compreensão de conteúdos abstratos. Assim, a prática pedagógica torna-se mais dinâmica, reflexiva e adaptada às demandas contemporâneas da educação, especialmente nos contextos digitais.

O papel do professor também se transforma nesse cenário. Martins et al., (2019) defendem que o docente precisa ser visto como um “professor-designer de experiências de aprendizagem”, especialmente na educação infantil, onde o lúdico e o sensorial são essenciais para o desenvolvimento da linguagem e da escrita inicial.

O design instrucional, quando bem aplicado, favorece a articulação entre as metodologias tradicionais e os recursos tecnológicos, proporcionando um ambiente de aprendizagem mais significativo. A estrutura planejada, centrada nas necessidades da criança, permite o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais essenciais para a alfabetização (Queiroz & Silva, 2024).

A mediação pedagógica estruturada pelo design instrucional contribui para a criação de percursos formativos mais coerentes e contínuos, especialmente em contextos de transição escolar. Ao considerar os aspectos emocionais, sociais e cognitivos da criança, essa abordagem fortalece vínculos entre as etapas educativas e promove maior segurança no processo de alfabetização (Braga & Carvalho, 2024).

Compreender os fundamentos do design instrucional é essencial para inovar nas práticas pedagógicas. Ele não apenas organiza o ensino, mas também orienta a integração eficaz de tecnologias digitais, promovendo o desenvolvimento integral da criança, especialmente no momento sensível da transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental (Azevedo et al., 2024).

Essa integração entre planejamento didático e tecnologia requer que o professor compreenda não apenas os conteúdos, mas também os meios mais adequados para apresentá-los. O design instrucional, nesse sentido, funciona como uma ferramenta que auxilia na tomada de decisões pedagógicas fundamentadas, considerando os objetivos de aprendizagem e o perfil dos alunos, especialmente na educação infantil.

O design instrucional também favorece a diversidade metodológica, permitindo a inclusão de diferentes estilos de aprendizagem. Isso é especialmente relevante nos primeiros anos da escolarização, quando as crianças ainda estão desenvolvendo suas capacidades cognitivas e motoras. A personalização das estratégias didáticas amplia as possibilidades de sucesso escolar e fortalece a autonomia dos estudantes.

Outro aspecto relevante diz respeito à avaliação formativa, que é potencializada quando integrada aos modelos de design instrucional. Ao prever momentos sistemáticos de feedback e reorientação pedagógica, o professor consegue ajustar continuamente sua prática. Com isso, é possível garantir que a aprendizagem ocorra de forma contínua e significativa, respeitando os tempos e processos individuais de cada criança.

2.2 Tecnologias Digitais no Processo de Alfabetização

O uso de tecnologias digitais no processo de alfabetização tem ampliado as possibilidades pedagógicas ao introduzir recursos interativos, jogos educativos e plataformas digitais no cotidiano escolar. Essas ferramentas contribuem para a aprendizagem significativa ao despertar o interesse dos alunos e favorecer a construção ativa do conhecimento (Sousa et al., 2024).

Ao explorar o potencial dos dispositivos tecnológicos, como tablets, lousas digitais e aplicativos educativos, observa-se uma mudança na relação das crianças com a leitura e a escrita. Os estímulos visuais e sonoros proporcionam experiências multissensoriais que fortalecem a memória e incentivam o engajamento, especialmente nas etapas iniciais do processo alfabetizador (Moran, 2018).

As tecnologias digitais não substituem o ensino tradicional, mas complementam e enriquecem as práticas pedagógicas. Quando integradas ao planejamento com intencionalidade didática, tornam-se instrumentos valiosos para potencializar habilidades linguísticas, como a consciência fonológica, a ampliação do vocabulário e a estruturação de frases (Smolka, 2018).

Dantas e Surdi (2023) ressaltam que a presença das tecnologias no cotidiano das crianças deve ser mediada pedagogicamente, respeitando o tempo de aprendizagem e os processos cognitivos em desenvolvimento. A atuação consciente do professor é decisiva para que os recursos digitais não sejam apenas entretenimento, mas promovam aprendizagem com sentido.

A familiaridade que as crianças têm com dispositivos tecnológicos pode ser aproveitada pedagogicamente na construção de atividades interativas e colaborativas. Aplicativos com jogos de letras, formação de palavras e leitura de imagens contribuem para a alfabetização ao tornar o processo mais lúdico e motivador (Kucybala et al., 2022).

Na prática, os recursos digitais devem ser utilizados como ferramentas de mediação e não como fins em si mesmos. A intencionalidade pedagógica, alicerçada em metodologias ativas, permite que a tecnologia seja um canal para promover a autoria e o protagonismo da criança no processo de aprendizagem (Martins et al., 2019).

Adicionalmente, a tecnologia contribui para o desenvolvimento de competências do século XXI, como a comunicação, a criatividade e o pensamento crítico. Tais habilidades são essenciais para uma alfabetização integral, que não se limita ao domínio técnico da leitura e da escrita, mas abrange aspectos culturais e sociais (Moran, 2018).

As plataformas virtuais de aprendizagem oferecem espaços personalizados que respeitam os diferentes ritmos dos alunos, promovendo maior inclusão. Essa personalização favorece a adaptação de estratégias de ensino às necessidades individuais, sobretudo em contextos heterogêneos como as escolas públicas municipais (Sousa et al., 2024).

Contudo, a incorporação das tecnologias no processo de alfabetização exige preparo docente. Muitos professores ainda precisam de formação específica para integrar recursos digitais ao currículo de forma eficaz. Segundo Filatro (2019), a ausência de conhecimento técnico e pedagógico pode limitar o uso potencial dessas ferramentas em sala de aula.

Nesse contexto, a formação continuada em design instrucional e o apoio institucional são fundamentais para garantir práticas pedagógicas efetivas e tecnologicamente mediadas. A atuação docente qualificada permite que a tecnologia seja integrada de forma crítica, criativa e articulada às diretrizes curriculares (Azevedo et al., 2024).

O uso das tecnologias digitais deve ser pautado por princípios éticos, pedagógicos e inclusivos. A alfabetização, como prática social, deve considerar as realidades dos alunos e valorizar seus saberes, promovendo o acesso equitativo às ferramentas digitais e o respeito à diversidade cultural e cognitiva (Braga & Carvalho, 2024).

Para que a integração das tecnologias digitais seja efetiva, é imprescindível que as políticas públicas de educação assegurem infraestrutura adequada nas escolas, incluindo acesso à internet de qualidade, equipamentos atualizados e suporte técnico. Tais condições materiais são indispensáveis para que o processo de alfabetização mediado por tecnologias aconteça de maneira equitativa e eficaz, especialmente em contextos vulneráveis.

2.3 Aplicação Integrada do Design Instrucional e Tecnologias Digitais na Educação Infantil

A integração entre design instrucional e tecnologias digitais na educação infantil demanda planejamento pedagógico intencional e centrado no aluno. O foco deve ser o desenvolvimento global da criança, respeitando suas fases cognitivas, afetivas e sociais, em uma abordagem que favoreça o brincar, a experimentação e a descoberta (Filatro, 2019).

No contexto da educação infantil, a aplicação do design instrucional não deve seguir modelos rígidos, mas sim adaptar-se à realidade da criança, ao ambiente de aprendizagem e às diretrizes curriculares. O modelo ADDIE, por exemplo, pode ser reorganizado para considerar os tempos e ritmos próprios da infância (Sousa et al., 2024).

As tecnologias digitais, quando aliadas ao design instrucional, tornam-se facilitadoras de experiências de aprendizagem criativas e significativas. Aplicativos educativos, plataformas interativas e jogos digitais são recursos que podem ser organizados de maneira estruturada, promovendo objetivos claros de aprendizagem e respeitando a ludicidade (Martins et al., 2019).

A experiência da Escola Municipal Dona Durvalina, em São João do Manhuaçu, no estado de Minas, evidencia a possibilidade de articular práticas de ensino tradicionais e inovadoras por meio do design instrucional. O uso de recursos tecnológicos tem sido eficaz para estimular a atenção e o interesse das crianças em fase de pré-alfabetização.

A proposta de atividades digitais mediadas por objetivos pedagógicos bem definidos contribui para o desenvolvimento de habilidades fundamentais para a alfabetização, como a discriminação auditiva, a identificação de letras, a coordenação motora e a construção de repertório linguístico (Kucybala et al., 2022).

Dantas e Surdi (2023) apontam que a transição da educação infantil para o ensino fundamental é um período sensível, em que a continuidade das metodologias e a manutenção de vínculos afetivos e pedagógicos são essenciais. O design instrucional integrado às tecnologias permite essa continuidade sem rupturas abruptas.

Nesse sentido, a personalização do ensino é uma das maiores contribuições dessa integração. Através de recursos digitais, o professor pode adaptar atividades para diferentes perfis de aprendizagem, permitindo que cada criança avance em seu próprio ritmo, sem perder o vínculo com a proposta pedagógica coletiva (Queiroz & Silva, 2024).

A ludicidade, característica central da educação infantil, encontra nas tecnologias digitais um espaço privilegiado de atuação. O design instrucional organiza essas experiências para que não percam sua intencionalidade pedagógica, garantindo que o brincar seja também um meio eficaz de aprendizagem (Azevedo et al., 2024).

O design instrucional promove a avaliação contínua, por meio de instrumentos integrados às plataformas digitais, como registros de desempenho, produções multimodais e devolutivas interativas. Essa prática contribui para um acompanhamento mais preciso do desenvolvimento da criança (Sousa et al., 2024).

O sucesso da aplicação integrada depende, ainda, do envolvimento da gestão escolar e da formação docente. É fundamental que o corpo docente seja capacitado para planejar, executar e avaliar propostas didáticas com base nos princípios do design instrucional, incorporando a tecnologia como ferramenta pedagógica (Filatro, 2019).

A integração entre design instrucional e tecnologias digitais na educação infantil não representa uma ruptura, mas uma evolução nas práticas pedagógicas. Quando bem planejada, essa articulação promove aprendizagens significativas, respeitando a infância como tempo de experimentação, imaginação e construção de saberes (Moran, 2018).

A parceria entre escola e família torna-se ainda mais relevante nesse processo de integração. A utilização das tecnologias digitais planejadas com base no design instrucional favorece o diálogo entre os ambientes escolar e doméstico, ampliando as possibilidades de aprendizagem para além da sala de aula. Quando os responsáveis compreendem os objetivos das atividades e se envolvem no cotidiano educacional das crianças, reforça-se a continuidade do processo educativo, fortalecendo vínculos e promovendo uma alfabetização mais contextualizada e afetiva.

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos, esta pesquisa adotou uma metodologia bibliográfica, qualitativa, exploratória e aplicada. A escolha desta metodológica fundamenta-se na análise de materiais disponíveis em livros e artigos científicos, acessados tanto em formato impresso quanto por meio de plataformas acadêmicas digitais. O levantamento teórico teve como critério a seleção de publicações relevantes dos últimos dez anos, priorizando produções nacionais e obras internacionais traduzidas para o português que abordassem os temas centrais do estudo.

Foram desconsideradas as fontes que não apresentavam coerência com o referencial teórico ou que se distanciavam dos objetivos da investigação. A análise dos dados foi conduzida por meio de uma abordagem interpretativa, para identificar padrões, reflexões e contribuições significativas à compreensão da problemática em questão. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a definição adequada da metodologia e a criteriosa escolha das fontes são essenciais para garantir a validade científica e a profundidade da análise em pesquisas acadêmicas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise da integração entre design instrucional e tecnologias digitais na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental revela impactos positivos na construção das competências iniciais de alfabetização. A estruturação didática proposta pelo design instrucional facilita o planejamento e a mediação docente em ambientes híbridos e multimodais (Queiroz & Silva, 2024).

Os dados teóricos demonstram que o uso de tecnologias digitais, quando articulado a um design pedagógico bem definido, estimula o interesse, a participação ativa e a autonomia da criança. Essas condições favorecem a emergência de habilidades linguísticas e cognitivas essenciais para a alfabetização (Sousa et al., 2024; Martins et al., 2019).

A prática pedagógica estruturada a partir de modelos de design instrucional possibilita maior coerência entre os objetivos de aprendizagem e os recursos utilizados. Isso garante a intencionalidade das ações docentes e favorece o acompanhamento do progresso das crianças durante o processo de alfabetização (Filatro, 2019).

Outro resultado observado refere-se à continuidade entre as etapas de ensino. A presença do design instrucional colabora para que a transição não seja uma ruptura abrupta, mas sim uma progressão planejada, que respeita os tempos da infância e mantém a ludicidade como eixo articulador do conhecimento (Dantas & Surdi, 2023).

Essa abordagem integrada ainda contribui para o fortalecimento do vínculo entre criança, professor e conhecimento, um aspecto essencial no processo de adaptação ao Ensino Fundamental. A segurança emocional proporcionada por atividades familiares, adaptadas com novos recursos, reduz a resistência e estimula a curiosidade (Braga & Carvalho, 2024).

A literatura também destaca que, ao incorporar tecnologias, a prática pedagógica ganha dinamismo e acessibilidade. Recursos interativos possibilitam uma abordagem mais sensorial e lúdica dos conteúdos, o que amplia as possibilidades de aprendizagem para crianças com diferentes estilos cognitivos (Azevedo et al., 2024).

No entanto, nota-se que a aplicação eficaz dessas estratégias depende diretamente da formação dos professores. Muitos ainda carecem de domínio técnico sobre o design instrucional e de práticas pedagógicas que integrem tecnologia de forma crítica e reflexiva (Sousa et al., 2024; Filatro, 2019).

Outro ponto relevante da análise está na necessidade de políticas públicas que incentivem e sustentem essa integração nas escolas públicas municipais. A realidade educacional brasileira, especialmente em regiões com baixos investimentos, ainda apresenta carências estruturais que dificultam a plena implementação dessas práticas (Moran, 2018).

Ainda assim, a experiência da Escola Municipal Dona Durvalina mostra que, mesmo diante de limitações, é possível desenvolver propostas inovadoras e eficazes. O planejamento cuidadoso das atividades, orientado por princípios do design instrucional, viabilizou a aplicação de recursos digitais com intencionalidade pedagógica.

Essa experiência reforça a importância de que a transição escolar seja mediada por propostas que respeitem o contexto da infância e garantam a continuidade entre as etapas. A articulação entre design instrucional e tecnologias digitais se apresenta como uma estratégia potente para fortalecer o processo de alfabetização desde os anos iniciais (Kucybala et al., 2022).

Os resultados discutidos evidenciam que a combinação entre planejamento didático, mediação docente qualificada e uso intencional das tecnologias digitais pode transformar significativamente o processo de aprendizagem. A transição da educação infantil para o ensino fundamental deve ser planejada como continuidade, e não como ruptura, para promover o pleno desenvolvimento infantil.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais do estudo confirmam que os objetivos propostos foram plenamente alcançados. A análise evidenciou que a integração entre o design instrucional e as tecnologias digitais contribui significativamente para a alfabetização e o letramento nos anos iniciais, além de facilitar a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. As estratégias pedagógicas planejadas de forma intencional e contextualizada favoreceram o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais nas crianças, respeitando seus ritmos de aprendizagem e particularidades.

A pesquisa demonstrou, de forma clara, que o uso de recursos digitais aliados a uma estrutura didática bem elaborada torna o processo de ensino-aprendizagem mais significativo e motivador. A abordagem metodológica utilizada permitiu a observação dos impactos práticos dessas ferramentas no cotidiano escolar, revelando avanços no desempenho dos alunos e apontando a necessidade de formação continuada dos docentes. Assim, conclui-se que a proposta analisada é efetiva e pode ser considerada uma alternativa viável e promissora para qualificar a prática pedagógica nas escolas públicas municipais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Graduação em Pedagogia. Especialista em Educação Inclusiva. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected].