STORYTELLING NA EDUCAÇÃO

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16734028


Elizangela Mariot1


RESUMO
Este artigo aborda o uso do storytelling como recurso pedagógico, explorando suas potencialidades no processo de ensino-aprendizagem. Considerando que contar histórias é uma prática ancestral e humana, a pesquisa investiga como essa estratégia pode ser estruturada para fins didáticos. A pergunta norteadora é: de que forma o storytelling pode ser utilizado para potencializar a aprendizagem? O objetivo geral consistiu em analisar o storytelling como instrumento didático e suas contribuições para o ensino. Como objetivos específicos, buscou-se: apresentar seu conceito sob diferentes perspectivas teóricas; descrever sua estrutura e elementos essenciais; e evidenciar sua relevância para a prática pedagógica. A metodologia adotada é qualitativa, de natureza bibliográfica. O levantamento teórico foi realizado em bases como Scielo e Google Acadêmico, além de e-books e artigos científicos, seguindo critérios metodológicos rigorosos. A análise envolveu leitura e interpretação dos textos selecionados. Os resultados indicam que o storytelling, quando planejado intencionalmente, favorece o engajamento dos alunos, estimula a criatividade, desenvolve habilidades cognitivas e conecta conteúdos escolares às experiências pessoais. Sua força está no envolvimento emocional, na ativação de memórias e construção de sentido. Estruturas narrativas como a pirâmide de Freytag e a jornada do herói de Campbell auxiliam na criação de histórias educativas. O storytelling também promove interdisciplinaridade, empatia e pensamento crítico, contribuindo para uma educação mais sensível, contextualizada e centrada no sujeito. Conclui-se que o storytelling é uma metodologia ativa e transformadora, capaz de tornar o ensino mais dinâmico, acessível e humanizado. Sua aplicação amplia as possibilidades pedagógicas, favorecendo uma aprendizagem mais criativa e significativa.
Palavras-chave: Criatividade. Educação. Recurso Pedagógico. Storytelling.

ABSTRACT
This article addresses the use of storytelling as a pedagogical resource, exploring its potential in the teaching-learning process. Considering that storytelling is an ancestral and human practice, the research investigates how this strategy can be structured for didactic purposes. The guiding question is: how can storytelling be used to enhance learning? The general objective is to analyze storytelling as a didactic tool and its contributions to education. As specific objectives, it is sought: to present its concept from different theoretical perspectives; describe its structure and essential elements; and to highlight its relevance to pedagogical practice. The methodology adopted is qualitative, of a bibliographic nature. The theoretical survey was carried out in databases such as Scielo and Google Scholar, as well as e-books and scientific articles, following strict methodological criteria. The analysis involved reading and interpretation of the selected texts. The results indicate that storytelling, when planned intentionally, favors student engagement, stimulates creativity, develops cognitive skills and connects school content to personal experiences. Its strength lies in emotional involvement, in the activation of memories and the construction of meaning. Narrative structures such as Freytag's pyramid and Campbell's hero's journey aid in the creation of educational stories. Storytelling also promotes interdisciplinarity, empathy, and critical thinking, contributing to a more sensitive, contextualized, and subject-centered education. It is concluded that storytelling is an active and transformative methodology, capable of making teaching more dynamic, accessible and humanized. Its application expands pedagogical possibilities, favoring more creative and meaningful learning.
Keywords: Creativity. Education. Pedagogical Resource. Storytelling.

1 INTRODUÇÃO

storytelling, ou a arte de contar histórias, é uma prática milenar que transcende culturas e gerações. Nos últimos anos, ganhou destaque em diversas áreas, como marketing, comunicação e, principalmente, educação, devido à sua capacidade de engajar, emocionar e facilitar a aprendizagem. Essa técnica vai além do entretenimento, tornando-se uma ferramenta pedagógica poderosa para transmitir conhecimentos de forma criativa e impactante.

Em um mundo cada vez mais digital e repleto de informações, capturar e manter a atenção do público tornou-se um desafio. Na educação, onde a motivação e a retenção de conhecimento são essenciais, o storytelling surge como uma estratégia eficaz para transformar conteúdos complexos em narrativas acessíveis e memoráveis. Ao estruturar informações em forma de histórias, os educadores podem despertar maior interesse nos alunos, facilitando a compreensão e a fixação de conceitos.

Apesar de seu potencial, muitos educadores ainda desconhecem as técnicas eficazes de storytelling ou não sabem como aplicá-las em sala de aula. Esse desconhecimento limita o aproveitamento dessa ferramenta como recurso pedagógico. Diante disso, surge a pergunta-problema: de que forma o storytelling pode ser estruturado e utilizado para potencializar o processo de ensino-aprendizagem?

Partindo dessa questão, algumas hipóteses podem ser levantadas: o storytelling, quando bem aplicado, aumenta o engajamento dos alunos; narrativas bem estruturadas facilitam a compreensão de conceitos abstratos; e, essa técnica pode ser adaptada a diferentes contextos educacionais, desde a educação infantil até o ensino superior.

Para investigar essas possibilidades, este trabalho tem como objetivo geral analisar o storytelling como recurso pedagógico e suas contribuições para a educação. Para isso, estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos: apresentar o conceito de storytelling, sob a perspectiva de alguns autores; esclarecer como esse recurso se organiza e quais são seus elementos essenciais; e destacar as contribuições dessa ferramenta para a educação.

A discussão sobre o storytelling na educação é relevante porque oferece estratégias inovadoras para tornar o aprendizado mais significativo. Em uma era marcada por distrações digitais, narrativas cativantes podem ser a chave para manter o interesse dos alunos e melhorar o processo de ensino.

O estudo se consolidou por meio da pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa. O levantamento e a seleção dos estudos foram realizados nas plataformas: Scielo, Google Acadêmico, o que permitiu selecionar artigos de revistas eletrônicas e e-book. Os procedimentos técnicos adotados foram: leitura integral, a análise textual, a contextualização dos dados e informações e escrita da redação.

Na primeira parte, será abordado o conceito de storytelling, explorando sua definição, origens e diferentes perspectivas teóricas. Em seguida, será analisada a organização desse recurso, destacando elementos-chave como personagens, conflito e clímax, além de estruturas narrativas consagradas. Por fim, serão apresentadas as contribuições do storytelling para a educação, com casos reais em que histórias melhoraram a aprendizagem, como no ensino de línguas e ciências.

2 STORYTELLING NA EDUCAÇÃO

O storytelling, enquanto prática narrativa estruturada tem sido objeto de estudo em diferentes campos do conhecimento, incluindo a educação. Sua utilização no contexto pedagógico baseia-se na premissa de que narrativas podem servir como veículo para a transmissão de informações, conceitos e valores.

Diversas abordagens teóricas examinam o papel das histórias na construção do conhecimento, desde perspectivas cognitivas até análises socioculturais. Autores como Bruner (1991) discutem a narrativa como um modo de pensamento distinto, enquanto outros pesquisadores investigam sua aplicação em ambientes educacionais formais e informais.

Busca-se explorar três aspectos centrais do storytelling na educação: sua definição e origens, sua organização estrutural e suas possíveis contribuições para o processo de ensino-aprendizagem.

2.1 Conceito e origem do Storytelling

O storytelling, ou narrativa estruturada, constitui-se como uma prática comunicacional milenar que envolve a arte de contar histórias com propósito, intencionalidade e estrutura. Trata-se de um recurso importante capaz de transmitir conhecimentos, valores culturais, emoções e experiências de forma envolvente e significativa. Segundo Lambert (2013), o storytelling atua como um meio de expressão que dá voz às experiências humanas, promovendo a compreensão e a conexão entre indivíduos.

Embora o termo “storytelling” tenha ganhado destaque no campo da comunicação e da educação contemporânea, a prática de contar histórias é tão antiga quanto a própria humanidade. O storytelling surgiu nas sociedades orais da Antiguidade, antes mesmo da invenção da escrita, como forma de preservar a memória coletiva, transmitir conhecimentos e reforçar laços sociais. Nas cavernas pré-históricas, já se utilizavam narrativas visuais (como pinturas rupestres) para comunicar experiências e ensinar sobre o mundo. Não há um "criador" único do storytelling, pois ele é um fenômeno cultural coletivo, desenvolvido em diferentes partes do mundo de forma simultânea e espontânea, refletindo a necessidade humana de compreender e compartilhar a realidade.

Bruner (1991), um dos teóricos mais influentes sobre a cognição narrativa, enfatiza que o ser humano constrói significados por meio de histórias. Para ele, as narrativas organizam a experiência e são fundamentais para a construção da realidade, funcionando como um dos modos primários de pensamento humano. De forma semelhante, Gottschall (2012) argumenta que o ser humano é biologicamente programado para criar e consumir histórias, o que torna o storytelling uma prática universal e atemporal.

Na esfera educacional, essa abordagem ganha relevância à medida que possibilita uma aprendizagem mais sensível, contextualizada e engajadora. McKee (1997), renomado autor da área de roteiros, reforça que as boas histórias despertam emoções, e isso favorece a retenção de informações, transformando conteúdos abstratos em experiências significativas para os aprendizes.

2.2 A Organização e os Elementos do Storytelling

A eficácia do storytelling reside, fundamentalmente, na forma como a narrativa é estruturada e nos elementos que a compõem. Uma história bem construída não é apenas uma sequência de fatos; ela envolve planejamento, emoção, ritmo e propósito comunicativo. Para que uma narrativa seja envolvente e consiga capturar a atenção do público — seja ele leitor, ouvinte ou espectador —, é essencial que ela possua uma organização lógica e emocional capaz de provocar identificação, reflexão e, por vezes, transformação.

Entre os modelos clássicos de estrutura narrativa, destaca-se a pirâmide dramática de Freytag (1863), composta por cinco etapas: exposição, desenvolvimento do conflito, clímax, queda da tensão e desfecho. Essa estrutura, inicialmente desenvolvida para analisar tragédias gregas e obras literárias, mostra-se ainda hoje altamente eficaz na construção de histórias dramáticas e envolventes. Ao aplicar esse modelo ao contexto educacional, o professor pode estruturar suas aulas como narrativas, oferecendo aos estudantes uma jornada coerente que desperta curiosidade, apresenta desafios e culmina em aprendizados significativos.

Outro modelo amplamente reconhecido é o da Jornada do Herói, proposto por Joseph Campbell (1949). Segundo o autor, há um padrão narrativo recorrente em mitos e histórias de diversas culturas, que envolve etapas como o chamado à aventura, o enfrentamento de provações, o auxílio de mentores, a transformação e o retorno com o elixir. Essa estrutura pode ser uma poderosa metáfora no ensino, ao representar a trajetória de aprendizagem do aluno como uma jornada de autoconhecimento, superação e protagonismo. Nesse sentido, o professor deixa de ser o detentor exclusivo do saber e assume o papel de mentor, guiando o estudante em sua travessia de desafios intelectuais e emocionais.

Ohler (2013) reforça essa perspectiva ao destacar o potencial das narrativas pedagógicas, nas quais os estudantes são protagonistas do processo de construção do conhecimento. Ao organizar conteúdos curriculares em formato narrativo, com personagens bem delineados, cenários ricos, conflitos intelectuais e resoluções significativas, o educador favorece tanto o envolvimento emocional quanto o engajamento cognitivo dos aprendizes.

Nesse sentido, os elementos estruturais do storytelling tornam-se ferramentas essenciais no planejamento pedagógico. De acordo com Beque, Facco e Bocca (2020), uma narrativa eficaz geralmente é composta por quatro elementos básicos:

Apresentação: parte inicial da narrativa, que introduz os personagens, o contexto temporal e espacial, e fornece as primeiras pistas sobre o enredo. No ambiente educacional, esse momento pode corresponder à contextualização do conteúdo, despertando o interesse e criando expectativas nos estudantes.

Complicação: representa o surgimento de um conflito ou problema a ser resolvido. É o ponto em que a aprendizagem se torna desafiadora e instigante convidando o estudante a participar ativamente da busca por soluções.

Clímax: corresponde ao ápice da tensão narrativa. No processo pedagógico, pode estar associado ao momento de maior complexidade conceitual, quando o estudante precisa mobilizar saberes, refletir criticamente e tomar decisões.

Desfecho: parte final da narrativa, onde os conflitos são resolvidos e os aprendizados se consolidam. Podem manifestar-se na forma de sínteses, produções, avaliações ou reflexões finais.

Embora essa estrutura seja amplamente utilizada, é importante destacar que ela não é rígida nem engessada. Os elementos narrativos podem ser reorganizados, subvertidos ou apresentados de maneira implícita, dependendo da intencionalidade do educador, do perfil da turma e das especificidades do meio de comunicação utilizado (textual, audiovisual, digital, entre outros).

Para Haven (2007), a força do storytelling está na sua capacidade de ativar regiões cerebrais associadas à emoção e à memória, tornando os conteúdos mais significativos e duradouros. Em outras palavras, as histórias "grudam" na mente. Quando bem planejadas, elas não apenas transmitem informações, mas criam experiências de aprendizagem memoráveis, que promovem a internalização dos conhecimentos e estimulam a formação de vínculos afetivos com os temas estudados.

Assim, ao integrar elementos narrativos à prática pedagógica, o storytelling deixa de ser apenas uma técnica de comunicação para se tornar uma estratégia didática poderosa, que transforma o conteúdo em experiência, o aluno em protagonista e o ensino em uma jornada de descobertas, emoções e aprendizagens profundas.

2.3 Contribuições do Storytelling para a Educação

O storytelling, mais do que uma técnica narrativa, é uma poderosa metodologia ativa que impacta positivamente os aspectos cognitivos, afetivos e sociais do processo de ensino-aprendizagem. Sua aplicação vai muito além do contar histórias: trata-se de uma abordagem pedagógica que reconhece a importância do envolvimento emocional e da construção de sentido na formação dos sujeitos. Ao articular conteúdos por meio de narrativas, o educador cria pontes entre o conhecimento escolar e as experiências de vida dos estudantes, ampliando o engajamento, a motivação e a retenção do conteúdo.

Uma das contribuições mais significativas do storytelling está no desenvolvimento do pensamento crítico. Ao ouvir, analisar e criar histórias, os alunos são estimulados a refletir sobre diferentes perspectivas, identificar relações de causa e consequência, inferir significados e construir argumentos sólidos. Essa prática favorece uma aprendizagem ativa, na qual o estudante é desafiado a interpretar, questionar e reconfigurar o conteúdo de forma autônoma.

Ergan (1986) enfatiza que a utilização de narrativas no contexto educacional estimula a imaginação educacional, um elemento central no desenvolvimento do pensamento criativo e simbólico. Para o autor, a narrativa tem o poder de tornar o conteúdo escolar mais vívido, concreto e significativo, ultrapassando a mera memorização mecânica de informações. Ao se envolverem com histórias ricas em emoção, contexto e simbolismo, os alunos constroem significados mais duradouros e estabelecem conexões profundas com o conhecimento.

Na mesma linha, Ergan (1996) destaca que a imaginação não deve ser tratada como um adereço, mas como uma competência essencial que precisa ser cultivada desde os primeiros anos escolares. Ela é a base para a reinterpretação crítica do mundo, permitindo que os estudantes não apenas absorvam conteúdos, mas os analisem, questionem e ressignifiquem com base em suas vivências e valores. Assim, o storytelling torna-se uma ferramenta estratégica na formação de sujeitos reflexivos, criativos e conscientes de seu papel social.

Rossiter (2002) acrescenta que as histórias despertam a curiosidade natural dos estudantes, aumentam sua motivação intrínseca e facilitam conexões pessoais com o conteúdo. Ao incorporar dilemas humanos, conflitos éticos, jornadas de superação e experiências cotidianas, as narrativas tocam dimensões subjetivas do aluno, criando um elo afetivo com o objeto de estudo. Essa conexão emocional é um fator decisivo para o aprofundamento da aprendizagem, pois favorece a atenção plena, a memória de longo prazo e o envolvimento significativo com o saber.

Rossiter (2002) também chama atenção para o potencial do storytelling na educação de jovens e adultos, pois respeita e valoriza o conhecimento prévio e as experiências de vida dos aprendizes, promovendo uma aprendizagem mais dialógica, contextualizada e emancipadora. Ao permitir que os alunos compartilhem suas próprias histórias e escutem as de outros, o ensino ganha em diversidade, empatia e criticidade.

Outra contribuição relevante do storytelling está na sua versatilidade interdisciplinar. Ribeiro (2019) defende que o uso de narrativas no ambiente escolar rompe com a fragmentação tradicional do currículo e favorece a integração entre diferentes áreas do conhecimento. Uma única história pode mobilizar saberes da História, Geografia, Ciências, Artes, Língua Portuguesa, Filosofia, entre outras. Essa abordagem holística permite que os estudantes compreendam os conteúdos de maneira mais contextualizada, conectando o que aprendem à realidade que os cerca.

Além disso, a construção e interpretação de histórias exigem habilidades como leitura crítica, escrita criativa, comunicação oral, pesquisa, colaboração, empatia e pensamento sistêmico, promovendo uma formação integral do sujeito. Segundo Ribeiro (2019), o storytelling é uma das estratégias mais eficazes para enfrentar os desafios contemporâneos da educação, como a falta de engajamento dos estudantes, a complexidade dos saberes e a necessidade de personalização do ensino.

Casos práticos reforçam essa perspectiva. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, o storytelling permite que os estudantes pratiquem vocabulário, estruturas gramaticais e habilidades comunicativas em contextos reais ou ficcionais, o que torna o aprendizado mais funcional e prazeroso. Já no ensino de Ciências, narrativas explicativas sobre fenômenos naturais, como o ciclo da água ou a fotossíntese, ajudam os alunos a visualizarem processos abstratos, transformando conteúdos complexos em enredos compreensíveis e envolventes.

No ensino de História, o storytelling pode reconstituir acontecimentos por meio da perspectiva de personagens fictícios ou históricos, estimulando a empatia, a análise de fontes e o entendimento de diferentes versões de um mesmo fato. Na Matemática, problemas contextualizados dentro de narrativas também podem estimular a resolução criativa e o raciocínio lógico.

Por fim, Zipes (1995) enfatiza que as histórias têm um importante papel na humanização do ensino. Elas revelam emoções universais, experiências comuns e diferentes modos de ver o mundo, aproximando os sujeitos da aprendizagem e fortalecendo vínculos afetivos dentro da sala de aula. Para o autor, o storytelling transforma o espaço educativo em um ambiente mais acolhedor, democrático e significativo, onde os alunos se sentem escutados, respeitados e motivados a participar da construção do saber coletivo.

A sala de aula, nesse contexto, deixa de ser um lugar de transmissão unilateral de conteúdo e passa a ser um espaço dialógico, onde todos têm voz, onde o conhecimento circula em múltiplas direções e onde cada história contada, seja do professor, do aluno ou do conteúdo, contribui para um processo formativo mais afetivo, crítico e transformador.

Assim, o storytelling não é apenas uma forma de embelezar o ensino ou de entreter os alunos, mas uma metodologia que ressignifica o ato educativo, tornando-o mais próximo da vida, mais conectado com as emoções humanas e mais eficazes na construção do conhecimento. Ele transforma o ensino e a aprendizagem em uma jornada de sentido, protagonismo e descobertas, atributos essenciais para formar cidadãos críticos, criativos e empáticos, preparados para os desafios do século XXI.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo geral analisar o storytelling como recurso pedagógico e suas contribuições para a educação, desenvolvendo-se em três objetivos específicos. O primeiro, que buscava apresentar o conceito de storytelling, foi atendido por meio de uma discussão sobre sua definição e origens, destacando-se a narrativa como uma forma fundamental de organização do pensamento humano e sua relevância no contexto educacional.

O segundo objetivo, que visava esclarecer como esse recurso se organiza e quais são seus elementos essenciais, foi abordado com a exploração de estruturas narrativas consagradas, como a jornada do herói e a pirâmide dramática, além da apresentação dos componentes-chave de uma narrativa, como apresentação, complicação, clímax e desfecho, reforçando a importância dessa organização para o engajamento e a memorização. Por fim, o terceiro objetivo, que destacava as contribuições do storytelling para a educação, foi cumprido ao demonstrar como essa ferramenta favorece o pensamento crítico, a motivação, a interdisciplinaridade e a humanização do ensino, com exemplos práticos de sua aplicação em diversas disciplinas.

Dessa forma, a estrutura do trabalho seguiu uma progressão lógica, partindo da fundamentação teórica, passando pela organização narrativa e culminando em suas aplicações pedagógicas, validando as hipóteses iniciais de que o storytelling, quando bem aplicado, aumenta o engajamento dos alunos, facilita a compreensão de conceitos abstratos e pode ser adaptado a diferentes contextos educacionais. Assim, o estudo confirmou que o storytelling é uma ferramenta valiosa para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, significativo e eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ROSSITER, M. Narrativa e histórias no ensino e aprendizagem de adultos. ERIC Digest, 2002.

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1 Formada em Física (Licenciatura Plena) pela UNOESTE - Presidente Prudente/SP. Pós-Graduada em Metodologia da Física para o Ensino Médio pela FERLAGOS/RJ. Mestranda em Tecnologias emergentes em Educação pela Must University Florida – USA. E-mail: [email protected]