SCREENING FITOQUÍMICO DE CÁSSIA IMPERIAL (CASSIA FISTULA L.) E ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DO EXTRATO HIDROLACOÓLICO DE FOLHAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15245103
Francisco José Mininel1
Silvana Márcia Ximenes Mininel2
RESUMO
A utilização de extratos vegetais vem se tornando uma alternativa importante para a prevenção de diversas doenças que assolam a humanidade. Este trabalho objetivou estudar a fitoquímica da espécie vegetal Cassia fistula L., de forma a caracterizá-la farmacognósticamente. Dessa forma, procurou-se investigar a presença de classes de substâncias presentes nos extratos simples de folhas e frutos, bem como, investigar a possível ação antifúngica frente aos microorganismos A. niger e C. albicans. Observou-se a presença de variedade de compostos, sendo preponderantes os compostos fenólicos, taninos, flavonoides, saponinas. Confirmou-se a eficácia de extratos hidroalcoólicos das folhas de Cassia fistula L., frente aos diferentes microorganismos testados, sendo a eficácia dependente da concentração dos extratos empregados. Inferimos serem necessários estudos complementares para a confirmação da eficácia destes extratos frente a outros microorganismos a fim de confirmar sua utilização na prevenção de doenças.
Palavras-chave: Cassia fistula L. Fitoquímica. Ação antifúngica.
ABSTRACT
The use of plant extracts has become an important alternative for the prevention of several diseases that plague humanity. This study aimed to study the phytochemistry of the plant species Cassia fistula L., in order to characterize it pharmacognostically. Thus, we sought to investigate the presence of classes of substances present in simple extracts of leaves and fruits, as well as to investigate the possible antifungal action against the microorganisms A. niger and C. albicans. The presence of a variety of compounds was observed, with phenolic compounds, tannins, flavonoids, and saponins being predominant. The efficacy of hydroalcoholic extracts of Cassia fistula L. leaves was confirmed against the different microorganisms tested, with the efficacy depending on the concentration of the extracts used. We infer that complementary studies are necessary to confirm the efficacy of these extracts against other microorganisms in order to confirm their use in disease prevention.
Keywords: Cassia fistula L. Phytochemistry. Antifungal action.
INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais como uma alternativa acessível e natural para cuidados básicos em saúde é uma prática antiga que ultrapassa gerações e ainda é largamente utilizada por grande parte da população mundial (JAMSHIDI-KIA; LORIGOOINI & AMINIKHOEI, 2017). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 80% da população mundial utiliza plantas medicinais em suas rotinas de cuidado. No Brasil, essa prática não é diferente, e a utilização de plantas medicinais é bastante popular em várias regiões do país. Este cenário aponta para a necessidade e urgência de investimentos em estudos sobre as propriedades medicinais de plantas e desenvolvimento de métodos para produção e controle de qualidade de fitoprodutos para que sua utilização seja efetiva e segura na promoção da saúde (LEITE; CAMARGOS & CASTILHO, 2021).
Dentre essas espécies, utilizadas com fins terapêuticos, encontra-se Cassia fistula L. (LEGUMINOSAE).
Cassia fistula é amplamente cultivada nos trópicos como planta ornamental devido às abundantes flores amarelas (Figura 1). Botanicamente, C. fistula é uma árvore que atinge uma altura de 6 a 9 m, com um tronco reto, cinza claro e casca lisa quando tenra, mas as cascas ficam marrons e ásperas quando maduras. Os galhos se espalham e são delgados (HAFEZ, et al., 2019). A espécie de planta tem folhas compostas, pinadas e decíduas que têm de 3 a 8 pares de folíolos. Possui flores com racemos pendulares, glabras, delgadas e pubescentes de 4 a 7 cm de diâmetro. Um cálice longo dividido da base, pubescente; com segmentos obtusos e oblongos, corola amarela e estames anteríferos. A espécie tem uma leguminosa como fruto com numerosas sementes que produzem um odor muito forte. As vagens verdes imaturas e longas gradualmente tornam-se pretas à medida que amadurecem, uma vez que as flores foram derramadas. A espécie apresenta polpa marrom-escura, pegajosa, mucilaginosa e adocicada, com odor característico bastante desagradável (HAFEZ, et al., 2019). A casca ocorre em fragmentos grossos, curvos ou achatados; superfície externa lisa a áspera contendo manchas verrucosas; verde-acinzentada passando a vermelha; superfície interna áspera, de coloração avermelhada apresentando estrias paralelas; laminada, fraturada; sabor e odor característicos doces e adstringentes (YÜCEDAĞ; BILIR & ÖZEL, 2019).
(Fonte: https://pt.123rf.com/photo_184896848_cassia-f%C3%ADstula-flor-no-fundo-branco.html)
De acordo com dados da literatura, a caracterização fitoquímica de extratos de Cassia fistula L., mostrou a presença de alcaloides, fenóis, flavonoides, taninos e antraquinonas, e por cromatografia líquida de ultra-performance (UPLC) identificou-se a presença de rutina, kaempferol-3-O-rutinosídeo, kaempferol e reína.
Portanto, este trabalho teve como objetivos, fornecer subsídios ao fututo controle de qualidade de drogas e fitoterápicos obtidos a partir de drogas de folhas e frutos da espécie vegetal, efetuar a triagem fitoquímica (screening fitoquímico) das drogas de folhas e frutos e efetuar a caracterização cromatográfica em camada delgada das drogas de folhas e frutos (Figura 2).
(Fonte: lamy.com/vintage-botanical-engraving-of-cassia-fistula-flowering-plant-native-to-indian-subcontinent-popular-ornamental-plant-and-used-in-herbal-medicine-national-tree-of-thailand-image223800907.html)
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O gênero Cassia (Leguminosae) é constituído por mais de 600 espécies incluindo arbustos, árvores e ervas, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, incluindo a região semi-árida do Brasil (AGARKAR & JADGE, 1999). Cerca de 30 espécies já foram estudadas e relatadas como fontes ricas em derivados fenólicos, antracênicos e antraquinônicos, como Cassia fistula (GUPTA et al., 1989; KUO et al., 2018), Cassia torosa (KITANAKA et al., 1990) e Cassia sophera (MALHOTRA & MISRA, 1982). A Cassia fistula Linn, também conhecida como cassia-imperial, cássia-fistula, canafistula, chuva-de-ouro, pertence à família Fabaceae. É uma árvore de médio porte, podendo atingir de 8 a 15 metros de altura, possui floração amarelada que ocorre nos períodos de 39 setembro a dezembro e produz vagens marrom-escuras. Esta espécie é muito apreciada pela beleza de seus cachos de flores (Figura 4) que juntamente com suas folhas apresentam propriedade laxativa (SAMY & IGNACIMUTHU, 2000).
A análise fitoquímica do extrato das flores de Cassia fistula, apresentaram positividade para diversos metabólitos secundários como: flavonoides, ácidos fixos, chalconas, auronas e quinonas (MARTINS, 2019). Outras partes da planta também apresentaram metabólitos e relevância farmacológica, como o extrato do caule e a presença de catequina, e sua atividade hipoglicêmica (DAISY, 2010), e o extrato do fruto e isolamento de isoflavona, biochanina com atividade leishmanicida (SARTORELLI, 2009). Essa espécie também já demonstrou ação antitumoral, antioxidante e antimicrobiana (GUPTA et al., 2000; KUMAR et al., 2006).
Nos ecossistemas brasileiros, particularmente na Mata Atlântica, o gênero Cassia é muito freqüente, sendo que na região sudeste algumas espécies são bastante apreciadas devido à beleza de suas flores e, por conseqüência, muito utilizadas como plantas ornamentais18. Algumas espécies como Cassia acutifolia, C. angustifolia e C. fistula são bastante usadas na medicina tradicional como purgativos (VIEGAS JUNIOR, 2006). Cassia fistula, também conhecida como chuva-de-ouro ou simplesmente Senna, é muito apreciada pela beleza de seus cachos de flores amarelas e pelas propriedades laxativas de suas vagens, folhas e flores (VIEGAS JUNIOR, 2006). Além da ação laxativa, esta planta também é indicada em diversos países para tratamento de infecções bacterianas, reumatismo e lesões cutâneas (BAKTA, 1999).
3 METODOLOGIA
3.1. Prospecção Fitoquímica (Screening Fitoquímico)
A prospecção fitoquímica foi feita de acordo com as técnicas farmacognósticas recomendadas por Matos (1997), com adaptações, sendo realizada nos extratos para a detecção das classes de metabólitos secundários: taninos, flavonoides, saponinas, alcaloides e antraquinônicos.
A extração das folhas de Cassia fistula foi realizada usando procedimentos padrão conhecidos (HARBORNE, 1994). Os materiais vegetais foram secos à sombra e pulverizados em um moedor mecânico. O pó (25,0 g) dos materiais vegetais foi inicialmente desengordurado com éter de petróleo (60-80 °C), seguido por 900 ml de hidroálcool usando um extrator Soxhlet por 72 horas a uma temperatura não excedendo o ponto de ebulição do solvente. Os extratos foram filtrados usando papel de filtro Whatman (nº 1) enquanto quentes, concentrados em vácuo sob pressão reduzida usando evaporador de frasco rotativo e secos em um dessecador. O extrato hidroalcoólico produz um resíduo sólido esverdeado escuro pesando 5,750 g (23,0% p/p). Este extrato bruto hidroalcoólico foi utilizado para investigação adicional do potencial de propriedades antifúngicas (Figura 3).
(Fonte: MATOS, 1997)
3.2. Determinação dos parâmetros físicos aplicados à identificação das drogas de folhas e frutos de Cassia fistula L.
Foi efetuada a análise para determinação de cinza, resíduo seco e também análise da umidade das folhas e frutos. Os resultados obtidos para os parâmetros analisados forma expressos em gramas e porcentagem.
3.2.1. Cinzas
Em uma cápsula de porcelana previamente calcinada e tarada foi pesado 3,0020 g de folhas da planta e levadas à calcinação ao bico de Bunsen. Na sequência o material foi colocado na Mufla a 600° C, onde permaneceu até peso constante (Figura 4) .
Para os frutos foram pesados 3,0041 g e efetuado procedimento semelhante ao utilizado para folhas. Os ensaios realizados correspondem aos valores apresentados em porcentagem.
(Fonte: MATOS, 1997)
3.2.2. Umidade
Em cadinhos previamente secos na estufa a 130° C e tarado, foi pesado 48,652 g de folhas e 49,321 g de frutos da planta fresca e levados a estufa a 35°C, onde permaneceram até peso constante. Os ensaios foram realizados em triplicata, correspondendo os valores, a média representada em gramas.
3.3. Caracterização cromatográfica do extrato simples das drogas de folhas e frutos de Cassia fistula L.
A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica de adsorção líquido–sólido. Nesse caso, a separação se dá pela diferença de afinidade dos componentes de uma mistura pela fase estacionária. Por ser um método simples, rápido, visual e econômico, a CCD é a técnica predominantemente escolhida para o acompanhamento de reações orgânicas, sendo também muito utilizada para a purificação de substâncias e para a identificação de frações coletadas em cromatografia líquida clássica. O parâmetro mais importante a ser considerado em CCD é o fator de retenção (Rf), o qual é a razão entre a distância percorrida pela substância em questão e a distância percorrida pela fase móvel (Figura 5).
(Fonte: MATOS, 1997)
As amostras a serem analisadas por CCD devem ser diluídas, geralmente entre 1 a 2% em solvente volátil, e aplicadas sobre a placa com o auxílio de um capilar de vidro, a cerca de um centímetro da base da placa (fase estacionária). A placa então é introduzida numa cuba cromatográfica contendo a fase móvel adequada (MATOS, 1997).
A cromatografia se desenvolve com a fase móvel migrando através da fase estacionária por ação da capilaridade, a este processo chama-se "corrida". Ao ascender, o solvente irá arrastar mais os compostos menos adsorvidos na fase estacionária, separando-os dos mais adsorvidos. Assim, a partir de uma única mancha, obtém-se um cromatograma com várias “manchas”, tantas quantas os componentes da mistura. Como a maioria dos compostos orgânicos é incolor, faz-se necessária a utilização de um processo de revelação para que se possa analisar o resultado obtido via CCD.
Para análise cromatográfica das folhas e frutos de Cassia fistula L., foram pesados 2 g de drogas (folhas e frutos). Foram adicionados 10 mL de solventes (hexano, acetato de etila e metanol) para cada amostra analisada, obtendo-se extrações simples. Os padrões utilizados na análise cromatográfica foram a rutina (0,1%) e quercetina (0,1%).
3.3.1. Sistema cromatográfico
Suporte da fase estacionária: placa de vidro;
Tamanho do suporte da fase estacionária: 20 cm x 20 cm;
Fase estacionária: sílica gel;
Espessura da camada da fase estacionária: 300 µm;
Fase móvel: tolueno: benzeno: acetato de etila (50:50:03);
Percurso da fase móvel: 12 cm
Saturação da câmara cromatográfica: completa;
Desenvolvimento: ascendente simples;
Amostra: extrato simples hexano; extrato simples acetato de etila; extrato simples metanólico;
Quantidade de amostra aplicada: 20 µL;
Reveladores: ácido sulfovanílico 5%, posterior aquecimento a 60°C por 5 a 10 minutos.
3.4. Atividade Antifúngica de extratos de Cassia fistula L.
A atividade antimicrobiana dos extratos de Cassia fistula foi estudada em diferentes concentrações do extrato hidroalcoólico nas concentrações (5, 25, 50, 100 e 250 μg/ml) contra duas cepas fúngicas (Aspergillus niger e Candida albicans) pelo método de difusão em disco de ágar (ALZOREKY & NAKAHARA , 2003). O potencial antifúngico dos extratos foi avaliado em termos da zona de inibição do crescimento bacteriano. Os resultados da atividade antifúngica estão apresentados na Tabela 17.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A caracterização farmacognóstica de plantas medicinais é importante para garantir a segurança e eficácia do uso de plantas medicinais. Dessa forma a identificação taxonômica é importante para identificar a espécie vegetal corretamente e é fundamental para evitar o uso incorreto de plantas medicinais, que pode impactar diretamente a saúde humana. Determinar a família botânica e o nome científico da planta é importante para evitar equívocos, já que espécies diferentes podem ter o mesmo nome popular.
É extremamente importante proceder a caracterização química, uma vez que a análise fitoquímica permite caracterizar os componentes químicos presentes nas plantas, que podem servir como marcadores químicos da espécie. A caracterização físico-química e fitoquímica de drogas vegetais é importante para garantir a segurança e eficácia.
É preciso proceder também ao controle de qualidade para garantir a segurança e eficácia do uso de plantas medicinais. As plantas devem ser corretamente identificadas, cultivadas e coletadas, e estar livres de material estranho, partes de outras plantas e contaminações.
4.1. Pesquisa de classes de substâncias nas drogas de folhas e frutos de Cassia fistula L.
4.1.1. Caracterização biológica de extratos simples das drogas de folhas e frutos.
Tabela 1. Resultado da reação indicativa de taninos por hemoaglutinação.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Hemoaglutinação | + | + |
+ = positivo
4.1.2. Resultado das reações gerais indicativas da presença de taninos.
Tabela 2. Reações gerais indicativas da presença de taninos.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Solução aquosa de cloridrato de papaverina 10% | +++ | ++ |
Solução de acetato de chumbo | ++ | ++ |
Solução de acetato de cobre | + | + |
Solução aquosa de cloreto férrico | ++ | ++ |
+ = formação de precipitado com pouca intensidade
++ = formação de precipitado com intensidade média
+++ = formação de precipitado com muita intensidade
4.1.3. Resultado das reações específicas indicativas da presença de taninos.
Tabela 3. Reações específicas indicativas da presença de taninos.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Solução aquosa de acetato de chumbo e ácido acético glacial | + | + |
Reativo de Wasicky | - | - |
Reativo de molibdato de amônio | - | + |
Reativo de floroglucina-clorídrica | + | + |
+ = positivo
- = negativo
4.2. Caracterização de alcaloides em extratos simples das drogas de folha e frutos.
Tabela 4. Resultado das reações gerais indicativas da presença de alcaloides.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Reativo de Dragendorff | - | - |
Reativo de Bertrand | + | - |
Reativo de Bouchardat | - | - |
+ = positivo
- = negativo
4.3. Caracterização de antraderivados através da reação geral de Bortraeger em extratos simples das drogas.
Tabela 5. Resultado da reação geral indicativa da presença de compostos antraquinônicos.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Reativo de Borntraeger | + | + |
+ = positivo
Tabela 6. Resultado das reações químicas e microquímicas presença de compostos antraquinônicos.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Solução de hidróxido de sódio | + | + |
Água de cal-SR | + | + |
+ = positivo
4.4. Caracterização de flavonoides através de reações químicas em extratos simples das drogas de folhas e frutos.
Tabela 7. Resultado das reações químicas indicativas da presença de flavonoides.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Reação de Shinoda ou Cianidina | + | + |
Reação de cloreto de alumínio | + | + |
Reação de cloreto férrico | + | + |
Reação com hidróxido de sódio | + | + |
Reação com reativo oxalo-bórico | + | + |
+ = positivo
4.5. Saponinas
Tabela 8. Teste Afrogênico: Resultado indicativo da presença de saponinas em extratos simples (resultado observado durante 30 minutos).
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Espuma inicial | 1,5 cm | 3,5 |
Espuma 30´ | 1,0 cm | 1,5 cm |
Tabela 9. Resultado da reação indicativa da presença de saponinas por hemólise.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Hemólise | + | + |
+ = positivo
4.6. Caracterização de saponinas através de processos químicos (reações gerais em extratos simples).
Tabela 10. Resultado das reações indicativas da presença de saponinas.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Reação de Rossol | + | + |
Reação de Mitchel | - | + |
Reação sulfo-vanílico | - | + |
Reação Rosenthalen | + | + |
Reação de Lieberman | - | - |
+ = positivo
- = negativo
4.6.1. Caracterização de saponinas através de processos químicos: reações executadas sobre a solução clorofórmica.
Tabela 11. Resultado da reação geral indicativa da presença de saponinas.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Ácido tricloroacético | - | - |
- = negativo
Tabela 12. Resultado da reação indicativa da presença de saponinas.
DROGAS | ||
Folha | Fruto | |
Reação de Salkowiski | + | + |
+ = positivo
4.7. Determinação dos parâmetros físicos aplicados à identificação de Cassia fistula L.
4.7.1. Cinza em drogas de folhas e frutos.
Tabela 13. Cinza em folhas e frutos de Cassia fistula L.
AMOSTRAS | TARA + CINZA (g) | CINZA (g) | % CINZA |
Folha | 26,089 | 0,165 | 0,00051% |
Fruto | 28,432 | 0,15 | 0,00043% |
4.7.2. Umidade em drogas.
Tabela 14. Umidade em drogas de folhas e frutos de Cassia fistula L.
AMOSTRAS | TARA (g) | TARA + AMOSTRA VERDE (g) | MASSA SECA (g) | % MASSA SECA | UMIDADE |
Folha | 47,454 | 66,597 | 2,388 | 12,475% | 87,525% |
Fruto | 47,261 | 62,333 | 3,057 | 20,283% | 79,717% |
4.8. Cromatografia em camada delgada dos extratos (acetato de etila, hexânico e metanólico) das drogas de folhas e frutos de Cassia fistula L.
A caracterização cromatográfica de extratos de folhas e frutos mostrou uma variedade de manchas de cores e tamanhos diferentes. Observou-se manchas características dos padrões rutina e quercetina (Figura 6).
EAcFo = Extrato Acetado de Etila de folhas; EHFo = Extrato Hexânico de folhas; EHFr = Extrato Hexânico de frutos; EMFr = Extrato Metanólico de frutos.
(Fonte: Os autores)
Tabela 15. Tabela indicativa do perfil cromatográfico (Figura 5) dos extratos de folhas de Cassia fistula L.
Rf | Cor da mancha | Formato da mancha | EAc folha | EH folha | EM folha | Padrão Rutina | Padrão Quercetina |
0,17 | vermelho | Arredondada | +++ | + | + | + | - |
0,25 | verde | Arredondada | - | + | ++ | + | - |
0,29 | vermelho | Arredondada | ++ | - | - | - | - |
0,33 | Vermelho | Arredondada | +++ | - | - | - | - |
0,38 | Vermelho | Arredondada | + | - | - | - | - |
0,63 | Vermelho | Arredondada | +++ | - | + | - | - |
Fonte: Os autores.
Eac = Extrato acetato de etila
EH = Extrato hexânico
EM = Extrato metanólico
+ = Baixa intensidade
++ = Média intensidade
+++ = Alta intensidade
- = Ausência
Tabela 16. Tabela indicativa do perfil cromatográfico (Figura 5) dos extratos de frutos de Cassia fistula L.
Rf | Cor da mancha | Formato da mancha | EAc folha | EH folha | EM folha | Padrão Rutina | Padrão Quercetina |
0,17 | vermelho | Arredondada | +++ | ++ | ++ | + | - |
0,25 | verde | Arredondada | - | + | ++ | + | + |
0,29 | vermelho | Arredondada | ++ | + | - | - | - |
0,33 | Vermelho | Arredondada | +++ | - | - | - | - |
0,38 | Vermelho | Arredondada | +++ | - | - | - | - |
Fonte: Os autores.
Eac = Extrato acetato de etila
EH = Extrato hexânico
EM = Extrato metanólico
+ = Baixa intensidade
++ = Média intensidade
+++ = Alta intensidade
- = Ausência
4.9. Análise da atividade antifúngica dos extratos hidroalcoólico de folhas de Cassia fistula L.
Os resultados obtidos para a atividade antifúngica do extrato hidroalcoólico de folhas indica que houve aumento da zona de inibição variando linearmente com o aumento da concentração. A zona de inibição de crescimento medida variou de 14 a 20 mm para cepas fúngicas, conforme indicado na Tabela 17. Portanto, o extrato hidroalcoólico obtido de folhas de Cassia fistula mostraram forte atividade contra as cepas fúngicas testadas (Figuras 7 e 8). Dessa forma, os extratos de Cassia fistula não foram inativos contra nenhuma das cepas fúngicas, sendo que estas não foram resistentes ao extrato testado . Os resultados demonstraram que a atividade do extrato hidroalcoólico de Cassia fistula apresenta atividade antifúngicas significativas, carecendo mais estudos de comparação com antibióticos padrão.
Tabela 17. Atividade antifúngica das folhas de Cassia fistula L.
ATIVIDADE ANTIFÚNGICA (ZONA DE INIBIÇÃO) | |||||
CONCENTRAÇÃO DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO (µg/mL) | |||||
5 | 25 | 50 | 100 | 250 | |
Microorganismos | |||||
A.niger | - | 14 | 16 | 18 | 20 |
C. albicans | - | 12 | 14 | 16 | 20 |
Valores correspondem a média + SD; (-) indica que não teve zona de inibição.
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os extratos vegetais são preparações obtidas a partir de matérias primas vegetais, que podem ter ações terapêuticas fortes ou ser destinados à indústria alimentícia. É importante realizar um controle de qualidade criterioso de fitoterápicos para que sua inserção na prática clínica se dê de maneira segura. Neste trabalho buscou-se a caracterização farmacognóstica de Cassia Imperial (Cassia fistula L.).
Observou-se que os extratos provenientes das drogas vegetais de folhas e frutos apresentam uma variedade de substâncias químicas com propriedades terapêuticas, tais como compostos fenólicos. Dessa forma, os resultados farmacognósticos obtidos para a identificação de flavonóides, taninos, saponinas e alcalóides estão de acordo com o histórico das drogas vegetais estudadas. Conclui-se que os testes empregados foram suficientes para os estudos de pré-formulação, ressaltando as prováveis ações antifúgicas do extrato hidroalcoólico em estreita ligação com a presença de flavonóides e taninos.
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VIEGAS JUNIOR, Cláudio et al. Aspectos químicos, biológicos e etnofarmacológicos do gênero Cassia. Química Nova, v. 29, p. 1279-1286, 2006.
1 Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade Brasil, Campus de Fernandópolis-SP. Doutor em Química pelo Instituto de Química (UNESP- Campus de Araraquara-SP). E-mail: [email protected]
2 Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade Brasil, Campus de Fernandópolis-SP. Mestre em Química (PPGQUIM/UNESP-Araraquara-SP). E-mail: [email protected]