REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O USO DO CELULAR COMO RECURSO DIDÁTICO OU FONTE DE DISTRAÇÃO EM AMBIENTE ESCOLAR

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17862174


Osmarina dos Reis1


RESUMO
Em um contexto escolar cada vez mais marcado pela presença das tecnologias digitais, o celular tem se destacado tanto como potencial recurso didático quanto como fonte recorrente de distrações em sala de aula. O objetivo é analisar o uso do telefone celular em contexto escolar, discutindo suas potencialidades como recurso didático e seus impactos enquanto possível fonte de distração no processo de ensino-aprendizagem. A metodologia, trata-se, de um ensaio teórico e um estudo bibliográfico através da abordagem qualitativa, e procedimento técnico descritivo. Os instrumentos de coletas dos dados foram estudos de publicações artigos científicos publicados nas plataformas como Scielo, Google acadêmico, biblioteca virtual. Os resultados destacaram que o uso do celular em ambiente escolar não é, por si só, positivo ou negativo, mas depende da intencionalidade pedagógica, das estratégias de mediação docente e das normas institucionais de uso do dispositivo. Assim, as escolas que orientam criticamente o uso do aparelho, articulando-o a objetivos de aprendizagem e à cultura digital dos estudantes, tendem a potencializar seus benefícios didáticos e a reduzir seus efeitos como fonte de distração e prejuízo ao processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Celular. Recurso Didático. Distração. Escola

ABSTRACT
In a school context increasingly marked by the presence of digital technologies, cell phones have stood out both as a potential teaching resource and as a recurring source of distraction in the classroom. The objective is to analyze the use of cell phones in a school context, discussing their potential as a teaching resource and their impacts as a possible source of distraction in the teaching-learning process. The methodology consists of a theoretical essay and a bibliographic study using a qualitative approach and descriptive technical procedure. The data collection instruments were studies of scientific articles published on platforms such as Scielo, Google Scholar, and virtual libraries. The results highlighted that the use of cell phones in a school environment is not, in itself, positive or negative, but depends on the pedagogical intentionality, the teacher's mediation strategies, and the institutional norms for the use of the device. Thus, schools that critically guide the use of the device, articulating it with learning objectives and the digital culture of students, tend to enhance its didactic benefits and reduce its effects as a source of distraction and harm to the teaching-learning process.
Keywords: Cell phone. Educational resource. Distraction. School.

INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade, é incontestável a influência da tecnologia na vida das pessoas, uma vez que ela se torna um vetor que transforma conhecimentos técnicos e científicos em instrumentos capazes de solucionar questões ou, ao menos, simplificar suas resoluções. Assim, o ser humano tem utilizado esses saberes para suprir as necessidades da geração presente, um exemplo são os progressos tecnológicos no campo da comunicação.

Nessa perspectiva, o telefone celular desponta como um dos artefatos tecnológicos mais presentes no cotidiano, especialmente entre crianças e adolescentes, o que repercute diretamente no ambiente escolar. Por um lado, ele pode ser compreendido como um recurso didático potencial, capaz de ampliar o acesso à informação, favorecer a aprendizagem colaborativa e possibilitar atividades interativas e multimodais em diferentes componentes curriculares. Por outro, sua presença em sala de aula também suscita preocupações quanto à dispersão de atenção, ao uso inadequado de redes sociais e à dificuldade de concentração dos estudantes nas tarefas propostas. Diante desse cenário ambivalente, coloca-se a seguinte questão: como o uso do celular em ambiente escolar pode ser entendido, ao mesmo tempo, como ferramenta pedagógica e como fonte de distração no processo de ensino-aprendizagem e nas relações escolares?

O objetivo geral é analisar o uso do telefone celular em contexto escolar, discutindo suas potencialidades como recurso didático e seus impactos enquanto possível fonte de distração no processo de ensino-aprendizagem. Seguidos dos específicos: identificar as principais formas de utilização do celular como ferramenta pedagógica em sala de aula e suas contribuições para a aprendizagem dos estudantes; discutir os efeitos negativos apontados pelos estudos referentes ao uso do celular como elemento de distração, considerando aspectos como atenção, disciplina e desempenho escolar.

Espera-se que este estudo não apenas aprofunde a compreensão sobre o uso do celular em ambiente escolar, mas também contribua para a reflexão crítica de professores, gestores e demais atores educacionais acerca de suas potencialidades pedagógicas e de seus riscos como fonte de distração. Ao sistematizar pesquisas já realizadas sobre o tema, esta revisão bibliográfica busca oferecer subsídios teóricos que auxiliem na construção de práticas conscientes, reguladas e eficientes, favorecendo um uso do aparelho alinhado aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem e à promoção de um ambiente escolar participativo e significativo.

1. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico, com abordagem qualitativa e procedimentos técnicos descritivos, sobre o uso do telefone celular como recurso didático e/ou elemento de distração no ambiente escolar, buscando analisar as contribuições e os desafios apontados na literatura especializada. A busca da coleta dos dados se deu por meios de artigos científicos publicados nas plataformas como Scielo, google acadêmico, biblioteca virtual. O critério para o estudo foram estudos dos últimos 10 anos, sem desconsiderar os relevantes para os estudos.

Portanto, na abordagem bibliográfica, Gil (2007), diz que a pesquisa bibliográfica é feita de materiais já existentes e constituída, especialmente, de livros e artigos científicos. Em relação a abordagem qualitativa, Creswell; Creswell (2017) explicam que representa uma forma de compreensão dos significados atribuídos a eventos específicos pelos seus participantes, considerando a existência de uma natureza subjetiva sobre um assunto a ser narrado ou descrito.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Principais Formas de Utilização do Celular Como Ferramenta Pedagógica em Sala de Aula

O celular, quando integrado de forma planejada ao trabalho docente, pode assumir múltiplas funções pedagógicas e deixar de ser apenas um elemento de distração para tornar-se um aliado no processo de ensino-aprendizagem. Desenvolvido em 1973 pelo engenheiro Martin Cooper, o aparelho pesava cerca de um quilo e apresentava dimensões de vinte e cinco centímetros de comprimento, sete centímetros de largura e três centímetros de espessura (Moura & Mantovani, 2005). O objetivo do telefone celular era tornar a comunicação mais acessível e, embora fosse bastante primitivo comparado aos dispositivos atuais, sua criação deu início a uma série de melhorias que culminaram nos sofisticados smartphones que utilizamos hoje.

Durante vários anos, houve debates sobre o papel da tecnologia nos contextos educacionais, especialmente em relação ao uso de celulares pelos estudantes. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) destacou a importância da cultura digital no ensino e na aprendizagem. O referido documento apresenta duas competências gerais vinculadas ao uso da tecnologia: a quarta e a quinta (Brasil, 2018).

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2018, p.9).

Sob essa mesma ótica, Kampff et al. (2004) destacam que vivemos em uma sociedade fundamentada na tecnologia, onde as transformações acontecem de forma rápida e contínua. Assim, é inviável desconsiderar as mudanças que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) provocam na percepção das pessoas sobre o mundo. Para esses autores, não é razoável ignorar o valor pedagógico que essas tecnologias podem oferecer quando integradas à educação. Portanto, é responsabilidade das instituições de ensino integrar essas ferramentas de maneira adequada, alinhando-as a propostas pedagógicas que sejam sólidas e capazes de atender às necessidades atuais.

O uso pedagógico do celular diz respeito aos aplicativos educacionais e ambientes virtuais de aprendizagem, como Jogos didáticos, simuladores, plataformas de línguas, aplicativos de matemática e ciências são mobilizados para tornar o estudo mais interativo, favorecer a resolução de problemas e estimular a participação dos alunos. Em aulas de Língua Portuguesa, por exemplo, o smartphone tem sido utilizado para produção de textos colaborativos, reescrita e revisão, gravação de podcasts e leitura de diferentes gêneros digitais. Segundo Reginatto et al. (2021) o celular vem sendo explorado na gravação de podcasts de Língua Portuguesa: os estudantes planejam roteiros colaborativos em documentos compartilhados, gravam os episódios com o próprio smartphone e publicam em plataformas de streaming, articulando leitura, escrita e oralidade em práticas de multiletramentos alinhadas à cultura digital em que já estão inseridos.

Na Matemática, é empregado na construção de gráficos, no estudo de funções e na resolução de exercícios com apoio de calculadoras e aplicativos específicos. Para Santos e Vasconcelos (2021) destacaram que, no contexto do ensino da Matemática, é fundamental aproveitar ao máximo as vantagens oferecidas pelas TICs. O autor menciona diversos softwares disponíveis na época que poderiam ser incorporados a esse processo. Segundo ele, essa abordagem teria o potencial de enriquecer as metodologias de ensino em diversos temas das disciplinas exatas, onde os estudantes frequentemente enfrentam grandes dificuldades.

Outro suporte para o uso do celular em sala de aula é a produção de conteúdos multimodais: os alunos são incentivados a registrar experimentos em vídeo, fotografar atividades de campo, criar pequenos documentários, infográficos ou mapas conceituais, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, autoria e letramento digital (Botelho et al., 2024).

Em contextos de ensino de línguas, o aparelho é utilizado para gravação de áudio, prática de pronúncia, acesso a músicas, vídeos e aplicativos de conversação, aproximando o conteúdo escolar da cultura digital já presente no cotidiano dos estudantes. De acordo com Gomes et al., (2016), a aprendizagem móvel em língua inglesa mostra que o uso de aplicativos instalados em smartphones, como plataformas de exercícios, tradutores, dicionários on-line e ambientes de prática oral, torna as aulas dinâmicas, atrativas e alinhadas às práticas de comunicação típicas da cultura digital dos alunos.

Além disso, o celular tem sido explorado como ferramenta de comunicação e colaboração entre professores e alunos, por meio de grupos de mensagens instantâneas, fóruns e enquetes, que permitem sanar dúvidas, compartilhar materiais e realizar atividades extraclasse. Também é utilizado em processos de avaliação formativa, por meio de questionários on-line, quizzes em tempo real e sondagens rápidas de compreensão, possibilitando ao docente acompanhar a aprendizagem de maneira mais dinâmica e imediata.

2.2. Efeitos Negativos Referentes Ao Uso do Celular Como Elemento de Distração

Um dos principais obstáculos relacionados ao uso de celulares em sala de aula é a distração que esses dispositivos podem provocar nos alunos. Com a facilidade de acesso a jogos, redes sociais e diversas outras distrações na internet, os estudantes frequentemente encontram dificuldades para se concentrar nas tarefas escolares, podendo levar a um desempenho acadêmico inferior e a um comprometimento no processo de aprendizagem. Para reduzir essa distração, algumas estratégias eficazes incluem o estabelecimento de normas bem definidas sobre o uso do celular, a implementação de atividades dinâmicas e envolventes, além de promover a conscientização sobre as consequências negativas de uma distração constante.

O celular é hoje uma das TIC indispensáveis a maioria das pessoas, inclusive aos alunos de ensino básico. Há tempos esse aparelho deixou de servir apenas para realizar chamadas, como projetado inicialmente; mas passou a abarcar inúmeras funcionalidades, dentre as quais de servir como câmera para fotografias e filmagens, GPS, calculadora, navegação e pesquisa na internet, tradutor para uma infinidade de idiomas, acesso a redes sociais, leitura e postagem em blogs, comunicação instantânea por texto, voz ou vídeo; enfim, multifuncionalidades quase imensuráveis, principalmente quando se pensa nos aplicativos que podem ser baixados (Seabra, 2013).

Embora a literatura aponte inúmeras potencialidades pedagógicas para o uso do celular em contexto escolar, diversos estudos evidenciam efeitos negativos quando o dispositivo é utilizado de forma indiscriminada, sem critérios pedagógicos claros ou sem regras de uso estabelecidas. Um dos principais problemas é a dispersão da atenção dos estudantes: notificações constantes, acesso às redes sociais, jogos e conversas em aplicativos de mensagens competem diretamente com o foco nas explicações do professor e nas atividades propostas em sala de aula. Para Cavalcanti (2025), o uso frequente e inadequado do celular em sala de aula compromete a atenção, a assimilação dos conteúdos e o engajamento dos estudantes, constituindo um obstáculo significativo ao processo de ensino-aprendizagem.

Outro efeito negativo frequentemente é o aumento de comportamentos de indisciplina e desrespeito às normas escolares, pois o uso do celular para fins pessoais durante as aulas pode desencadear conflitos entre alunos e professores, uma vez que muitos estudantes resistem a desligar o aparelho ou a interromper o acesso às redes sociais. Além disso, o envio de mensagens, fotos e vídeos inadequados, bem como a gravação não autorizada de colegas e docentes, pode configurar situações de exposição, cyberbullying e constrangimento, afetando o clima escolar e as relações interpessoais. Para Verduyn et al. (2017), determinadas formas de uso intensivo das redes sociais, sobretudo quando marcadas por exposição frequente a conteúdos negativos e interações hostis, estão associadas ao aumento de sintomas depressivos e à redução do bem-estar subjetivo entre adolescentes e jovens adultos.

A literatura também destaca que o uso excessivo do celular em sala de aula está associado a sobrecarga cognitiva, ao tentar realizar várias tarefas simultaneamente, como acompanhar a explicação do professor enquanto interage em redes sociais ou responde mensagens, o estudante fragmenta sua atenção e reduz a capacidade de processamento das informações, prejudicando o armazenamento e a consolidação do conhecimento. De acordo com Junco (2012), o uso inadequado do celular durante as aulas pode resultar em uma desconexão social entre os estudantes, redução da concentração e desinteresse nas tarefas escolares.

Do ponto de vista pedagógico, o uso descontrolado do celular pode reforçar uma relação superficial com o conhecimento, baseada em respostas rápidas, cópias de materiais prontos e busca de atalhos em vez de processos mais elaborados de leitura, reflexão e produção autoral por Kenski (2012. Assim, quando não há mediação intencional do professor, o dispositivo corre o risco de ser utilizado apenas para reprodução de conteúdo ou consumo passivo de informações, enfraquecendo o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia intelectual dos estudantes.

De acordo com Moran et al. (2000), os recursos tecnológicos disponíveis na internet têm o potencial de impactar o processo educacional.

O computador permite cada vez mais pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugar e ideias. Com a Internet pode-se modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender. Procurar estabelecer uma relação de empatia com os alunos, procurando conhecer seus interesses, formação e perspectivas para o futuro. É importante para o sucesso pedagógico a forma de relacionamento professor/aluno (Moran et al., 2000, p. 16).

Entretanto, o telefone celular, uma tecnologia que se tornou parte integrante de nosso cotidiano, tem se mostrado um fator que gera distração nas aulas. Sua habilidade de permitir acesso imediato a jogos, redes sociais, mensagens e diversos aplicativos pode desviar a concentração dos estudantes das tarefas escolares, prejudicando seu rendimento e a eficácia do aprendizado. O uso excessivo, traz efeitos negativos relacionados à saúde física e emocional, como fadiga visual, sono prejudicado, ansiedade diante da necessidade constante de estar conectado e dificuldade de estabelecer limites para o uso do aparelho. De acordo com Ehrenberg (2010, p. 120), a cultura digital contribui para o aumento da ansiedade, da depressão e da baixa autoestima.”

Vale ressaltar, que em tempos contexto pandêmico da Covid-19, professores e estudantes passaram a explorar, aprender e utilizar o aparelho celular como principal ferramenta de trabalho e acesso às aulas. Assim, o uso do celular foi profundamente ressignificado, deixando de ser visto apenas como fonte de distração para assumir o papel de principal suporte tecnológico do ensino remoto emergencial. Diante do fechamento das escolas e da ausência de computadores em muitas famílias, o smartphone tornou-se o dispositivo mais utilizado para acessar atividades escolares, participar de aulas on-line, receber materiais via aplicativos de mensagens e manter a comunicação entre professores e estudantes, especialmente entre os alunos das camadas populares. Segundo Arruda et al. (2021), uso intensivo do celular também evidenciou desigualdades de acesso à internet, limitações de conexão e sobrecarga de tempo de tela, o que exigiu dos docentes a criação de estratégias pedagógicas mais simples, flexíveis e adaptadas à realidade dos estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade atual é marcada pelo uso constante da tecnologia em todas as áreas, o que tem transformado o modo pelo qual as pessoas se relacionam, negociam e até mesmo estudam. Sob esse prisma, a educação também se transforma ao mudar suas formas de aprendizagem. E o uso do celular é uma das tecnologias que tem se inserido no campo educacional como uma ferramenta na disseminação do conhecimento.

Assim, observa-se que as principais formas de utilização do celular como ferramenta pedagógica em sala de aula envolvem seu uso para pesquisas rápidas, acesso a materiais digitais, realização de atividades em plataformas virtuais e produção de conteúdos multimodais, como vídeos, áudios e registros de projetos. Quando orientado pelo professor e integrado de maneira planejada aos objetivos de aprendizagem, o smartphone deixa de ser apenas um dispositivo de entretenimento e passa a compor o conjunto de recursos didáticos da escola, contribuindo para aproximar o ensino das práticas da cultura digital vivenciada pelos estudantes e favorecendo a participação ativa e colaborativa nas atividades escolares.

Os efeitos negativos do uso do celular como elemento de distração em sala de aula manifestam-se, principalmente, na quebra da atenção e na dificuldade de concentração dos estudantes nas atividades propostas. As constantes notificações, o acesso a redes sociais, jogos e conversas paralelas favorecem a dispersão, a realização de múltiplas tarefas ao mesmo tempo e a superficialidade na aprendizagem, o que pode comprometer o rendimento escolar e a participação nas aulas. Além disso, o uso inadequado do aparelho pode gerar conflitos nas relações interpessoais, situações de desrespeito às regras escolares e exposição a práticas como o cyberbullying, reforçando um clima de insegurança e tensão no ambiente educativo.

Diante do cenário atual da pandemia de Covid-19, que forçou as instituições de ensino a adotarem o ensino remoto, foi necessário superar rapidamente a resistência ao uso de celulares como ferramenta educativa para assegurar a continuidade do aprendizado. Dessa forma, espera-se que, ao abandonarem o medo de integrar os celulares como recurso didático, as salas de aula aproveitem melhor as vantagens que esses dispositivos oferecem quando as aulas voltarem a ser presenciais.

Este estudo contribui para ampliar a compreensão sobre as potencialidades e os riscos do uso do celular no contexto escolar, oferecendo subsídios teóricos e reflexões críticas que podem orientar professores, gestores e demais atores educacionais na elaboração de estratégias pedagógicas e normativas de uso mais conscientes e responsáveis. Ao destacar tanto as vantagens quanto os impactos adversos do dispositivo, a análise também enriquece a discussão sobre a importância da capacitação de professores para a utilização pedagógica das tecnologias digitais, alinhando-se às exigências da sociedade atual.

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1 Graduação em Pedagogia pela Faculdade Integradas de Ariquemes – FIAR (1998). Pós-graduada em Gestão Escolar pela Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR (2003). Pós-graduada em Gestão Escolar Integrada: Inclusão, Supervisão, Orientação com ênfase em Psicologia Educacional (2018). E-mail: [email protected]