RELAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZADO DOS ALUNOS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10345696
Yndia Goiana Remígio Moreira¹
1.INTRODUÇÃO
Considerando que o ser humano aprende constantemente pode-se afirmar que, a família é a primeira associação de uma criança, é ela que decide desde cedo o que seus filhos devem compreender, o caminho pelo qual devem seguir. São os pais que direcionam o que eles precisam aprender como, a índole e a sua personalidade, é ela também que encaminha a qual instituição que os mesmos devem seguir e frequentar para que se tornem cada vez melhores, onde no futuro poderá tomar decisões assertivas, sendo no meio social, familiar e religioso (MALUF, 2010).
A família possui uma forte influência no processo de aperfeiçoamento da criança dentro da sociedade, uma vez que é através desta que ocorre os primeiros contatos do indivíduo. Dessa forma este estudo se justifica pela necessidade de se falar sobre a relação entre família e escola, pois acredita-se que a participação dos pais no contexto escolar influencia diretamente na construção do comportamento dos alunos e promove uma facilidade maior para a resolução dos conflitos gerados no cotidiano escolar.
O contexto escolar é um processo pelo qual uma sociedade molda os indivíduos que a constituem, visando que estes abstraiam valores, saberes e interpretações do mundo à sua volta. Dessa forma, cabe à escola formar cidadãos críticos, reflexivos, e que consigam ser conscientes de seus direitos e deveres perante ao meio em que estão inseridos(CREPALDI, 2017).
Mediante a isto, objetivo geral deste estudo consiste em falar da importância da relação entre a família e a escola no processo de ensino aprendizado dos alunos, pois a função da escola e da família não consiste em apenas proporcionar a simples transmissão do conhecimento, ambas possuem o compromisso social para, além disso, prover a capacidade do aluno de buscar informações conforme as necessidades de seu desenvolvimento individual e social.
Assim, convém salientar que essa pesquisa é de cunho bibliográfico, pois se deu por meio da leitura de textos, artigos, monografias, dentre outros os quais contemplaram a referida temática. Ela se dividiu em sessões, na primeira e na segunda se aborda o conceito de família e escola, na terceira se fala dos fatores que dificultam o processo de ensino aprendizagem, na quarta e última, fomenta discussão sobre a atuação da família e da escola no ensino aprendizagem dos alunos.
2. CONCEITO DE FAMÍLIA
De acordo com Maluf (2010), a família é entendida originalmente como o lugar onde o homem se encontra inserido seja por nascimento ou adoção e nela se desenvolve, seja através das experiências vividas, da personalidade e caráter. No entanto, destaca que o conceito de família vem sofrendo mudanças de caráter público e privado no decorrer dos tempos, em detrimento do interesse e novo redimensionamento da sociedade.
Neste contexto, para esta mesma autora, a família sempre desempenhou um papel importante na vida do homem, representando a forma deste se desenvolver com o meio em que vivia, no entanto, chama a atenção para o fato de que a evolução e mutação do tempo histórico fez com que o rosto dessa família mudasse frente as novas configurações resultantes da experiência científica, da revolução dos costumes e das mudanças de paradigmas.
Assim, Maluf (2010) discorre que na atualidade o conceito de família se expandiu para além da família tradicional oriunda do casamento, tendo alcançado outras formas, que protegendo a identidade do ser humano, adquirem um caráter eminentemente social. Dessa maneira, destaca as diversas modalidades de família e que houve uma evolução constitucional da família, o que ressaltou o seu caráter de democratização, havendo assim a valorização suprema da dignidade humana.
No entendimento de Crepaldi (2017, p. 02), a família representa o primeiro ambiente no qual um indivíduo inicia sua vida em sociedade e destaca que em meio à família, as crianças, bem como os adolescentes e jovens recebem as primeiras orientações básicas de relacionamentos psicossociais, “inspiram-se em exemplos e influências socioculturais. Desta forma, à família cabe a transmissão de normas, ética, valores, ideais, e crenças que marcam a sociedade”.
Neste contexto, Crepaldi (2017, p. 06) defende que a tarefa básica de educar é da família, que necessita proporcionar noções de limite e respeito, contribuindo para que a criança possa desenvolver os valores morais e comportamentais básicos. Assim, ressalta que a noção do certo/errado, bem como a internalização destes códigos de valores desenvolverá o autocontrole para a criança ter um bom convívio em sociedade. “O ser humano sofre influência do meio no qual está inserido, e que está em constante interação, permitindo-lhe tornar-se um(a) adulto(a) consciente, capaz de ser um(a) cidadão(ã) exemplar”.
Para Silva (2018, p. 02), a família se trata do primeiro ambiente de socialização de um indivíduo, sendo algo que faz parte da sociedade e atua na mesma como mediadora de padrões e normas sociais, dos modelos e das influências sociais e culturais, “assim, pode -se definir família como um conjunto um grupo de pessoas que precisam seguir regras e normas padrões, e que tem seu valor, seu lugar, seu tempo e sua história”.
Neste sentido, este mesmo autor traz a percepção de que a família reproduz os padrões da cultura na qual está submersa e, portanto, estabelece diálogo com o meio social amplo e ao mesmo tempo que a família é resultado de consequência, é também agente de mudança.
Silva (2018) enfatiza que a família brasileira tem passado por notáveis mudanças nos últimos tempos e dentre as novas configurações familiares, destaca o fato da mulher, mãe de família se inserir cada vez mais no mercado de trabalho, além de existir diversos modelos de família.
No entendimento do autor acima, a maneira como a família é estruturada vem refletindo na aprendizagem do educando, uma vez que discorre que de acordo com estudos, os alunos inseridos em um contexto saudável, com a devida alimentação, interação e harmonia entre a família, apresentam melhor desempenho tanto na vida escolar quanto social.
No entanto, Silva (2018, p. 03) ressalta que os alunos oriundos de famílias desestruturadas, na maioria das vezes apresentam baixo desempenho escolar, “são mais agressivos, isolados e quase não participam das atividades escolares. A ausência dos membros familiares no acompanhamento do rendimento do aluno pode levar a repetência e a evasão escolar”.
Neste sentido, as leituras mostram que o modelo e composição familiar variam conforme o período e tipo de sociedade, entretanto, independentemente dessa evolução, o que fica claro é que a família é entendida como a principal base na vida de um indivíduo e que, portanto, assume um papel imprescindível na educação, orientação e apoio ao mesmo, uma vez que de acordo com Gomes (2015), nesta instituição desenvolvemos a sociabilidade, o afeto e a solidariedade.
2.1 CONCEITO DE ESCOLA
Segundo Crepaldi (2017, p. 04), podemos compreender a escola como um espaço de comparação entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano dos alunos. Também destaca que este se trata de um espaço que se volta a formação de indivíduos que compreendam criticamente o contexto social em que se inserem, “que encontrem sentido no seu aprendizado, que tenham acesso ao conhecimento, e que, acima de tudo, sejam capazes de uma inserção transformadora na sociedade”.
Para Meneghetti et al (2017), a escola é um dos primeiros lugares em que o aluno aprende a conviver em sociedade, o que se apresenta como um grande desafio para o estudante, uma vez que cada um traz de casa seus costumes e maneiras de viver em família, o que as vezes vem a dificultar a convivência escolar, o que tende a gerar conflitos e desafios com os quais a escola enfrenta e precisa saber lidar. Assim, destaca que a instituição escolar também é um espaço de conhecimento em permanente mudança e que embora com os desafios existentes, objetiva promover um ensino eficaz e a formação de seres críticos e reflexivos.
No entendimento de Gomes (2015), a escola sempre foi enxergada como uma organização social presente nas mudanças do comportamento humano. O mesmo autor traz o entendimento também de que a escola passou por várias transformações ao longo dos anos e que em vários períodos da história as diferentes sociedades criaram e trilharam diferentes caminhos para conduzir os saberes e poderes que a escola carrega consigo. O mesmo autor também ressalta que a escola atual vem sendo objeto de muitos estudos, projetos e críticas que em muitas das vezes não levam em conta os que fazem parte dela.
A escola é uma instituição de grande importância no interior de uma sociedade, já que contribui não somente para formar trabalhadores, mas para a formação e preparação dos indivíduos para o exercício da cidadania plena. Neste contexto, ao fazer uma análise da educação brasileira, Gomes (2015) destaca que houveram muitas mudanças positivas no que tange a questão de uma educação mais igualitária, como exemplo a questão da inclusão no contexto escolar.
3. FATORES QUE DIFICULTAM O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
Neste tópico será tecida uma breve reflexão relativa aos fatores que interferem e dificultam o processo de ensino aprendizagem, assim, primeiramente cabe salientar que para Tabile et al (2017, p. 75) é possível entender a aprendizagem “como um processo dinâmico e interativo da criança com o mundo que a cerca, garantindo-lhe a apropriação de conhecimentos e estratégias adaptativas a partir de suas iniciativas e interesses e dos estímulos que recebe de seu meio social”. Neste sentido, estas autoras ressaltam que:
A educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas. Entre esses problemas, encontram-se as dificuldades na aprendizagem e na socialização. É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem por algum tempo (TABILE et al 2017, p. 76).
Diante do exposto, é possível entender que a dificuldade de aprendizagem é algo que se faz presente no contexto escolar, o que requer atenção por parte dos envolvidos neste processo. Assim, de acordo com Tabile et al (2017), geralmente é o professor o primeiro a identificar tais dificuldades na maioria dos casos, já que as crianças normalmente podem apresentar desde cedo um atraso no desenvolvimento da fala e movimentos, o que os levam a se mostrarem desmotivadas e incomodadas com as atividades escolares, o que decorre do sentimento de incapacidade, que acaba por gerar frustração.
Então, para Tabile et al (2017, p. 76), “a desordem no aprendizado afeta a capacidade do cérebro em receber e processar informações, o que pode comprometer o ato de aprender”. Desta forma, ressaltam a importância de não se confundir a dificuldade de aprendizagem com a falta de interesse em realizar as tarefas.
Neste sentido, se compreende que tais dificuldades refletem no processo de aprendizagem, que vem a se caracterizar como resultado de construção de experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Assim, nota-se que a aprendizagem pode ser entendida como uma construção pessoal que resulta de um processo experimental inerente à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento. Sabe-se que a aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais (TABILE et al, 2017, p. 76).
Já Meneghetti et al (2017) discorrem que existem problemas relativos à aprendizagem na educação brasileira, para os quais não se deve fechara os olhos e ressalta que estes não atuam de maneira isolada, já que podem ser biológicos, psicológicos e sociais. Sendo assim, defende que é fundamental refletir sobre a concepção dos educadores a respeito da formação dos alunos, sobretudo daqueles que possuem dificuldades de aprendizagem, bem como sobre a participação da família na escola, sobre as políticas educacionais e a formação dos alunos e da relação entre família, escola e sociedade.
Neste sentido, ao refletir sobre as dificuldades de aprendizagem, Meneghetti et al (2017) destacam que a escola não consegue erradicar sozinha essa problemática, já que vários são os fatores que dificultam o processo de ensino aprendizagem, o que requer que cada um assuma sua responsabilidade neste contexto.
Como se observa, vários fatores podem contribuir para dificultar o ensino aprendizagem de forma satisfatória, assim, uma vez que estes problemas podem abalar e frustrar significativamente o aluno, a autora acima defende que o professor se caracteriza como um facilitador neste processo, já que deve atuar de forma a levar este educando a se desenvolver, a acreditar em si mesmo e se apropriar de forma tranquila, segura e eficaz do processo de ensino aprendizagem e assim desenvolver várias habilidades esperadas para a sua série e faixa etária.
Neste contexto, Meneghetti et al (2017) trazem o entendimento de que a ausência familiar na vida escolar do aluno também é um fator que contribui para gerar dificuldades relativas à aprendizagem, desta forma, reforça que a família deve assumir papel importante na participação e apoio ao estudante com dificuldades de aprendizagem e que juntamente com o professor, necessita buscar subsídios para que o educando se sinta acolhido em ambas as instituições, envolvendo escola/professor e família e assim, possa sanar suas dificuldades de aprendizagem.
Desta maneira, Meneghetti et al (2017) defendem que o espaço escolar precisa garantir através do professor o resultado de uma metodologia educacional que responda as especificidades do aluno, para que estes se sinta amparado pela escola em suas dificuldades. Em contrapartida, entendem que a escola carece muito da atuação e participação familiar para se criar de fato uma atmosfera favorável ao desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes, deste modo, enfatizam que a família deve se atentar constantemente à vida estudantil do filho em todas as áreas do desenvolvimento.
Diante deste contexto, se nota que infelizmente muitos familiares não têm se dado conta dessa responsabilidade de educar, delegando muitas vezes essa função à escola, mas é importante que tenham consciência de que a família tem “sua função primordial na vida pessoal de seus filhos e também na vida escolar, principalmente quando se trata de dificuldade de aprendizagem esta responsabilidade se torna maior ainda. (MENEGHETTI, 2017, p. 08).
Neste contexto, para Tabile et al (2017, p. 84), inegavelmente existem vários fatores que contribuem para acentuar as dificuldades de aprendizagem, sendo assim, além da participação constante da família na vida escolar do filho (a), reconhecem a necessidade de o educador potencializar as relações de ensino aprendizagem, tornando este desenvolvimento mais prazeroso e efetivo. Também ressalta que o professor deve ter habilidades e conhecimentos teóricos para perceber e intervir nas situações de dificuldades de aprendizagem e a partir de estratégias diversificadas, possibilitar “um clima de segurança, confiança e respeito à individualidade de cada indivíduo que, por consequência, trará liberdade de expressão emocional, física e criativa”.
3.1 A ATUAÇÃO DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
De acordo com Oliveira (2018, p. 09), a relação entre escola e família é de sua relevância, já que considera que a família como espaço de orientação da identidade de um indivíduo carece promover junto a escola o desenvolvimento integral da criança e do adolescente. Assim, destaca que, “o foco principal dessa relação é favorecer uma participação que gere o compromisso da família com a aprendizagem e o sucesso escolar das crianças da rede regular de ensino, a participação da escola com a inserção curricular da família e da comunidade”.
Neste sentido, a autora acima defende que a parceria entre família e escola estará assegurando o pleno cumprimento da função social da escola, ressaltando que uma depende da outra para alcançar o melhor futuro para a vida do educando, o que consequentemente, irá refletira na sociedade.
Para Silva (2018), a falta de acompanhamento da família na vida escolar do aluno pode comprometer significativamente a aprendizagem e o desenvolvimento escolar destes assim defende que a parceria entre escola e família contribui não somente para enriquecer o processo de ensino aprendizagem dos educandos, mas também para tornar este processo mais significativo e prazeroso. Desta forma, salienta que:
A família precisa conscientizar de que não é suficiente apenas ser pai, mas que ele deve participar da vida do filho. O sucesso do processo educacional também está relacionado a participação dos responsáveis pelas crianças, não apenas acompanhando o que ocorre na escola, mas principalmente pela integração com os alunos, que seja intensificado o diálogo, seja auxiliando nos trabalhos escolares ou conversando com seu filho sobre as atividades da sala de aula (SILVA, 2018, p. 04).
Diante do exposto se verifica que é fundamental que a família faça parte do processo educacional do filho (a), mas que essa participação seja mais efetiva, de forma que de fato possa ser compreendida como uma verdadeira integração entre família e escola, o que possibilita inúmeros ganhos para o educando.
Neste sentido, segundo Oliveira (2018) muitas pessoas ainda pensam que o professor é o único que pode educar, mas ressalta que essa ideia deve ser desconstruída, já que ressalta que os educadores necessitam da participação dos pais na educação dos alunos, assim ressalta que o professor não detém o saber mas sim orienta na aprendizagem e que precisa da colaboração de todos, portanto destaca que os pais precisam ser parceiros da educação, expressando a opinião frente aos assuntos que envolve a educação dos filhos, por exemplo.
É comum os pais acharem que cabe à escola tomar a iniciativa de procurá-los, enquanto a escola, por sua vez, coloca toda a responsabilidade sobre os pais. Em muitos casos, a famílias só são chamadas para falar sobre os filhos quando ocorre algum problema. Quando os pais ou responsáveis tomam a iniciativa de procurar a escola está nem sempre se mostra preparada para acolhê-los e o inverso também ocorre: diretores que tentam atrair as famílias, mas não conseguem. O desafio é romper essa inércia e criar uma agenda positiva, que busque estratégias de aproximação em todos os momentos. Esse deve ser um compromisso tanto dos gestores e formuladores de políticas públicas quanto de diretores, professores, funcionários e pais ou responsáveis no cotidiano (OLIVEIRA 2018 p. 25/26).
Como se observa, para haver de fato uma integração entre escola e família, é necessário que ambas tenham consciência da necessidade de mudanças, para que assim a as famílias sintam liberdade de procurar a instituição escolar mesmo sem terem sido convocadas e que a escola perceba que não deve chamar os pais apenas mediantes reclamações. Então, claramente é necessário que as escolas estejam mais preparadas para acolher não somente os alunos, como também os familiares destes, para que os mesmos se sintam motivados e encorajados a se fazerem mais presentes neste espaço.
Para Crepaldi (2017, p. 01), a família se trata de um componente fundamental na construção do desenvolvimento do aluno e que ciente disso, a escola carece buscar compreender os motivos que as levam a se distanciarem e criar novos mecanismos para que “a família perceba a importância que ela representa na construção do desenvolvimento e que, sem ela, dificilmente a escola conseguirá contribuir totalmente na formação do(a) seu (sua) filho(a) considerando todas as áreas de sua vida”.
Desta forma, o autor acima salienta que no campo da educação brasileira tem-se observado dificuldade de as escolas estabelecerem parceria entre o espaço escolar e a família dos alunos e que sendo assim, comumente a maioria dos educadores têm reclamado da pouca ou total ausência da participação da família e interesse na vida escolar do filho (a). Neste sentido, defende a existência de mais estudos que busquem entender o porquê dessa notável falta de participação da família na escola.
Crepaldi (2017) enfatiza que a presença e participação dos pais na vida do filho (a) é fundamental e quando isso se estende a escola, contribui para tornar o processo de aprendizagem uma extensão do que se iniciou em seu convívio familiar. Assim, destaca que a participação da família no processo de ensino aprendizagem faz o aluno se sentir mais confiante, já que esta nota que todos se interessam por ele.
Este autor também ressalta que a participação dos pais neste processo permitirá que estes possam conhecer de perto quais as dificuldades e quais conhecimentos o educando possui. Sendo assim, defende que a integração entre escola e família e de toda a comunidade é de extrema importância, sobretudo ao se ter em vista que a escola é entendida como um elemento de mediação entre o aluno e a família. Desta forma, cabe destacar que:
A escola, apesar de ser uma instituição oficialmente regulamentada para oferecer ensino a crianças e adolescentes, não deve ser entendida como única responsável pelo sucesso e aprendizagem dos alunos. Neste sentido, a escola carece de apoio familiar, visto que apesar de todas as mudanças e as inovações tecnológicas implementadas ou não na área, por si só não garantem a eficiência do ensino (CARVALHO, 2019. p. 01).
Como se observa, um processo de ensino aprendizagem eficiente e que de fato dê resultados positivos, não pode ser responsabilidade unicamente da instituição escolar, assim, se compreende que o apoio familiar é imprescindível neste contexto e este diálogo constante entre escola e família poderá contribuir para garantir a tão desejada eficiência do ensino.
No entendimento de Carvalho (2019), é fato conhecido que no Brasil muito se tem feito para se buscar oferecer um ensino público de qualidade, mas destaca que no entanto, a maior parte das políticas públicas direcionadas a educação pública implementadas no país não foram suficientes para de fato propiciar a melhoria na qualidade da educação brasileira, já que o os resultados ainda coloca o país em uma posição aquém do desejável no ranking da educação no mundo.
Desta forma, a autora acima acredita que apesar de todos os avanços sociais e tecnológicos, a tão almejada qualidade e melhoria na educação não será possível enquanto existir o descompasso entre família e escola. Então Carvalho (2019, p. 01), defende que família e escola precisam caminhar juntos para promover o sucesso escolar, “pois segundo observação e vivência da maioria dos professores, o aluno que é acompanhado de forma constante pela família costuma apresentar desenvolvimento mais satisfatório que aquele que não é acompanhado”.
A mesma autora tece uma crítica a relação entre família e escola em nosso país e destaca que embora possuam objetivos comuns, parecem não conseguir encontrar um ritmo para caminharem juntas, permanecendo isoladas cada uma em seu próprio espaço e tempo, como se fosse possível coexistirem em separado, como se pertencessem a universos opostos.
Neste contexto, Carvalho (2019) enfatiza que estas duas instituições são de grande importância para o desenvolvimento do indivíduo e para a formação do cidadão que será o futuro da nação. Assim, defende que a família enquanto primeira instituição social da qual a criança faz parte e a escola, enquanto instituição oficialmente regulamentada para oferecer ensino a esta criança deveriam buscar caminhar juntas em prol de um bem comum.
A atuação da família e da escola é indiscutivelmente fundamental para promover m ensino aprendizagem de fato significativo e eficiente, contudo, estas duas instituições não têm caminhado de mãos dadas conforme o esperado e essa constatação aponta para a necessidade urgente de mudanças. Desta forma, a autora acima deixa claro que algo precisa ser feito, que medidas e estratégias necessitam ser tomadas para se buscar um diálogo mais significativo entre estas duas instituições primordiais na construção de qualquer sociedade (CARVALHO, 2019).
Por fim se nota que a família e escola precisam ser parceiras inseparáveis no processo de ensino aprendizagem dos alunos e que a família não deve se isentar de sua função educadora, uma vez que se trata da primeira instituição social a qual uma pessoa pertence.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste estudo buscou-se tecer algumas reflexões acerca da atuação da família e da escola diante o ensino aprendizagem dos alunos, para tanto, buscou-se também discorrer um pouco sobre o conceito de família, de escola e sobre os fatores que contribuem para dificultar o ensino aprendizagem.
Assim, pôde se entender que a família é uma base muito forte e essencial na vida de todo indivíduo e que, portanto, cabe à mesma a tarefa de educar, apoiar, cuidar, amar, orientar e preparar a criança desde cedo para a vida em sociedade, seguindo regras, princípios, dentre outros valores essenciais para se viver em coletividade.
Também se verificou que a escola se trata de uma instituição formal essencial para preparar o aluno para o exercício da cidadania, para interagir, interpretar, compreender e interferir no mundo que o rodeia, desenvolvendo neste um olhar crítico perante aos eventos que se fazem presente no contexto em que se insere.
Desta forma, foi possível verificar que infelizmente no Brasil ainda não existe um trabalho em conjunto de fato significativo entre escola e família, deste modo, várias leituras ressaltaram o fato de que estas instituições necessitam caminhar de mãos dadas, com objetivos comuns, entendendo que o aluno deve ser o centro no processo educativo e que todas as pessoas envolvidas no mesmo, devem colaborar para sua eficiência.
Neste sentido, também foi possível compreender que na educação não existe apenas o lado positivo, mas que esta enfrenta problemas, tais como aqueles relativos à ausência da participação familiar e às dificuldades de aprendizagem por parte de muitos alunos. Também se notou que existem fatores que contribuem para ampliar as dificuldades de aprendizagem, o que requer um olhar atento por parte das políticas públicas, gestores, educadores e familiares.
Concluindo, foi possível entender que a educação formal e ingresso na rede regular de ensino é um direito de todas as pessoas, assim como o acesso a um ensino aprendizagem de fato eficaz e significativo, no entanto, também ficou claro que em nosso país, a atuação da família e escola ainda não estão devidamente integradas para promover este ensino aprendizagem tão desejável, o que requer mudanças, ações, estratégias e mais reflexões a respeito de tal problemática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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