REFLEXÕES SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12539941


Aldeires Morais Lima
André Luiz Santos de Oliveira
Maria de Morais Lima


RESUMO
Um dos principais desafios enfrentados pelos professores é lidar com as dificuldades de aprendizagem dos alunos, especialmente considerando as particularidades individuais de cada caso. No entanto, é essencial distinguir entre dificuldades de aprendizagem e transtornos de aprendizagem, uma vez que estes últimos podem estar associados a causas orgânicas específicas, ao contrário das primeiras. Este artigo explora as diferenças entre essas duas categorias, sob a perspectiva dos profissionais de ensino, com o objetivo de fornecer informações que ajudem os professores a identificar tais diferenças. Isso contribui para o processo de detecção precoce de problemas de aprendizagem e oferece subsídios que podem auxiliar na busca por soluções adequadas. A metodologia empregada incluiu uma revisão bibliográfica de estudos científicos nacionais indexados em bases de dados online. As pesquisas analisadas indicaram que as dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por fatores externos, como questões pedagógicas ou sociais, ao passo que os transtornos de aprendizagem estão ligados a fatores internos, como questões neurológicas e hereditárias. Em ambas as situações, é importante que os profissionais envolvidos na educação estejam atentos para identificar se as dificuldades são temporárias ou persistentes.
Palavras-chave: dificuldade de aprendizagem; falta de motivação; transtorno de aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

Na prática em sala de aula, escolas e professores enfrentam um desafio significativo ao lidar com a diversidade das dificuldades de aprendizagem entre os alunos, que pode variar consideravelmente mesmo dentro do mesmo grupo. A falta de motivação é um dos principais fatores associados a essa questão complexa, agravando-se à medida que novos conteúdos são introduzidos e as dificuldades surgem (SANTOS et al., 2023; BERNARDI, STOBÄUS, 2011). Para abordar essa diversidade, é fundamental que os educadores adotem estratégias flexíveis e adaptativas que possam motivar todos os estudantes, independentemente de suas necessidades específicas de aprendizagem.

Primeiramente, é fundamental distinguir entre dificuldades de aprendizagem e transtornos de aprendizagem. Essa distinção é essencial para garantir que as intervenções sejam apropriadas e eficazes. Quando essa diferenciação não é feita, há um risco maior de adotar abordagens inadequadas para lidar com o problema em questão. Infelizmente, é comum que alguns profissionais confundam esses termos, o que pode prejudicar o sucesso das estratégias de ensino. Portanto, um entendimento claro e preciso das diferenças entre dificuldades e transtornos de aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento de abordagens educacionais eficazes e adaptadas às necessidades individuais dos alunos (PEREIRA et al., 2021).

Segundo Smith e Strick (2001), as dificuldades de aprendizagem referem-se a problemas neurológicos que impactam a habilidade do cérebro para compreender, recordar ou comunicar informações. Embora anteriormente essas dificuldades fossem consideradas incomuns, atualmente têm demonstrado um aumento contínuo. Esse crescimento está associado a fatores externos ao indivíduo, como o ambiente em que ele vive. Aspectos emocionais, ambientais e até desafios com a metodologia de ensino utilizada pelo professor são apontados como influências significativas. Portanto, é essencial considerar esses aspectos ao abordar dificuldades de aprendizagem, visando desenvolver estratégias eficazes e apropriadas.

Por outro lado, os distúrbios ou transtornos da aprendizagem têm uma origem interna e bases neurobiológicas. Segundo Pereira et al. (2021), esses transtornos específicos estão diretamente relacionados a dificuldades persistentes na leitura, escrita e matemática. Ao contrário das dificuldades de aprendizagem, que frequentemente podem ser superadas no ambiente escolar com o suporte adequado, os distúrbios exigem intervenção especializada contínua. É fundamental ressaltar que os distúrbios de aprendizagem envolvem alterações neurológicas que têm um impacto profundo no processo de aprendizagem da criança. Enquanto isso, as dificuldades de aprendizagem podem ser influenciadas por fatores externos como o ambiente familiar e os métodos de ensino. Essa distinção entre distúrbios e dificuldades de aprendizagem é fundamental para orientar adequadamente as estratégias de suporte e intervenção, assegurando que cada aluno receba o apoio mais apropriado às suas necessidades educacionais e emocionais.

É comum que as dificuldades de aprendizagem sejam confundidas com distúrbios ou transtornos de aprendizagem, porém essa associação não deve ser considerada definitiva. Pais, professores e gestores frequentemente se deparam com situações em que não sabem como intervir de maneira adequada (ERILDO, BERNARDA E ROMEIRO, 2009). Embora os termos "distúrbio" e "dificuldade de aprendizagem" sejam frequentemente utilizados de forma intercambiável em literatura, periódicos e artigos, não há um consenso entre os especialistas da área psicopedagógica. Esta distinção ainda é objeto de debates etimológicos e conceituais (CORREIA, 2007). Portanto, compreender essas diferenças é fundamental para uma abordagem educacional mais eficaz.

Este artigo, baseado em uma revisão bibliográfica, reflete sobre as dificuldades de aprendizagem e os transtornos de aprendizagem, explorando suas distinções e elementos. Assim, o objetivo desta pesquisa é fornecer informações que ajudem os professores a identificar as diferenças entre dificuldades de aprendizagem e transtornos de aprendizagem, contribuindo para o processo de detecção desses problemas e oferecendo subsídios que possam auxiliar na busca por soluções adequadas.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Conceituação de aprendizagem

Buscando uma definição de aprendizagem, encontramos a concepção de que esta consiste na modificação do comportamento do indivíduo como resultado da experiência. Este processo é caracterizado pela intencionalidade e sistematicidade na organização e disposição das atividades que geram essa aprendizagem, sendo orientado pela instituição de ensino que estabelece os objetivos e requisitos para cada etapa do processo (ALVES, 2007).

Piaget (1998) introduz o conceito de "equilibração progressiva" para entender a aprendizagem. Segundo ele, trata-se de um processo contínuo de transição de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. Com base nessa expressão, Piaget argumenta que o desenvolvimento da mente e a aprendizagem resultam de um equilíbrio alcançado através de experiências de vida acumuladas, interação social e fatores orgânicos.

Vygotsky (2003) identifica como influências fundamentais no processo de aprendizagem a tríade composta por (i) inteligência (um atributo subjetivo), (ii) incentivo e (iii) motivação. Segundo ele, a presença desses elementos contribui para a retenção das informações (memória) e também para o "impulso, o reforço e a resposta", promovendo uma postura ativa e engajada por parte do aprendiz.

2.2 Transtornos, dificuldades ou problemas de aprendizagem

No uso genérico do termo "dificuldade de aprendizagem", refere-se à defasagem no processo de aprendizagem devido a falhas na aquisição de competências, sem especificação das causas subjacentes. Por outro lado, o termo "transtornos de aprendizagem" é mais específico, indicando dificuldades ligadas a deficiências intelectuais ou sensoriais que impedem a aprendizagem satisfatória (GIROTTO, GIROTTO e OLIVEIRA, 2015).

De acordo com Cancian e Malacarne (2019), sinais frequentemente associados aos transtornos de aprendizagem incluem dificuldades isoladas ou combinadas na leitura, escrita ou cálculo, devido a condições de natureza neurológica. Um exemplo comum é a dislexia, que é diagnosticada com alta frequência. Felix e Freire (2012) simplificam essa distinção ao diferenciar os dois termos: "dificuldades de aprendizagem" têm origem em fatores externos ao indivíduo, enquanto os transtornos estão relacionados a questões internas ou orgânicas.

Assim, frequentemente, as "dificuldades de aprendizado" estão relacionadas a eventos da vida que afetam a rotina e o foco adequado do aluno no aprendizado, como mudança de professor, eventos emocionais ou psicológicos pessoais ou familiares, como a perda de um ente querido, conflitos ou separação dos pais, ou mudança de residência. Isso requer uma investigação por parte do profissional para entender as possíveis causas subjacentes das dificuldades (GIROTTO, GIROTTO e OLIVEIRA, 2015).

Por outro lado, Moojen et al. (2016) têm uma perspectiva ligeiramente diferente, considerando que as dificuldades de aprendizagem estão estritamente ligadas a questões pedagógicas ou a causas neurológicas, emocionais e socioculturais já mencionadas. Eles distinguem os transtornos de aprendizagem como resultantes de disfunções no sistema nervoso central, afetando a cognição e influenciados por fatores ambientais.

O fracasso escolar experimentado por estudantes com dificuldades de aprendizagem pode resultar em uma diminuição significativa da autoestima e autoconceito. Comumente, manifestações de desconforto, evasão de tarefas, falta de motivação, entre outros comportamentos, são indicadores fundamentais de que há um problema significativo com a aprendizagem do aluno (PEREIRA, 2015).

De maneira mais pragmática e relacionada às questões sociais do aluno, Citoler (1996) sugere que as dificuldades de aprendizagem podem surgir de um vocabulário limitado, o que dificulta a decodificação de conteúdos; da falta de conhecimento prévio; ou de questões relacionadas à inadequação pedagógica ao ministrar os conteúdos, o que, por sua vez, leva à falta de motivação.

Quanto à motivação, muitos autores a consideram um fator importante e, portanto, algo a ser perseguido em todo o processo de ensino-aprendizagem. A motivação é de grande relevância para revelar habilidades e estimular a busca por mais conhecimento (CRUZ e LEAL, 2018; ALCARÁ e GUIMARÃES, 2005).

Para Siqueira e Gurgel-Giannetti (2011), os transtornos de aprendizagem estão diretamente ligados a disfunções cerebrais que interferem no processo de aprendizado, como é o caso da dislexia e da discalculia. Eles destacam que tais transtornos podem resultar de fatores externos e também de condições orgânicas do indivíduo, podendo se manifestar de diversas formas e potencialmente causar danos irreversíveis à criança se não forem tratados adequadamente e precocemente (CIASCA, 2003).

Diante dos déficits de raciocínio, que envolvem processos atencionais, memória, processamento perceptivo e velocidade, Faria et al. (2019) especificam que esses são os principais aspectos relacionados aos transtornos de aprendizagem. Os autores listam transtornos como dislexia, disgrafia, disortografia, discalculia e transtornos de linguagem como os mais frequentes. Para diagnosticar esses casos, eles enfatizam a necessidade de avaliação psicológica ou médica, diferenciando-os dos casos de dificuldades de aprendizagem, que, segundo eles, são mais simples e decorrem principalmente de fatores contextuais, não biológicos (FARIA et al., 2019).

A seguir, apresentam-se breves características dos transtornos de aprendizagem em foco.

2.2.1 Dislexia

Dificuldades persistentes no aprendizado da leitura e escrita estão associadas a um problema conhecido como dislexia. Nesse distúrbio, há uma incapacidade de correlacionar adequadamente os sons da fala com a correspondente grafia escrita. É comum ocorrer trocas entre letras que se assemelham visualmente, como b, p, q e d, ou mesmo entre palavras dentro de frases. A dislexia pode se manifestar de maneira predominantemente visual, auditiva ou de forma mista, envolvendo ambos os aspectos.

(...) a [dislexia] visual marcada com a característica de dificuldade na percepção e diferenciação motivada pelo déficit das magnocélulas da visão. A auditiva tem como principais particularidades as complicações com a construção da relação entre o som (fonema) com o símbolo (grafema), logo, sua origem é um possível déficit no encadeamento fonológico ou no processo auditivo central, enquanto a dislexia mista apresenta a junção de características das duas anteriores, concomitantemente (OLVEIRA; ZUTIÃO; MAHL, 2020).

A falta de compreensão do quadro de dislexia pode levar a uma interpretação equivocada do aluno como desmotivado ou sem interesse, o que pode resultar na queda de sua autoestima e insegurança. Isso pode agravar tanto seu desempenho escolar quanto suas interações sociais (SILVA, 2016).

Além disso, enquanto a dislexia geralmente é considerada hereditária ou congênita, estudos sugerem a existência de uma forma adquirida conhecida como "dislexia adquirida" ou afasia, que pode surgir de repente, inclusive na fase adulta (RICHART e BOZZO, 2009).

2.2.2 Discalculia

A discalculia é um transtorno de aprendizagem caracterizado pela dificuldade do indivíduo na compreensão e manipulação de números. Para diagnosticar adequadamente essa desordem neurológica, é essencial excluir possíveis problemas nos sentidos da audição e/ou visão que possam causar baixa habilidade com números (GIROTTO, GIROTTO e OLIVEIRA, 2015).

As dificuldades observadas em indivíduos com discalculia envolvem não apenas problemas com números e quantidades, mas também atividades que exigem raciocínio lógico, o que representa um grande desafio para essas pessoas (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011).

2.2.3 Disgrafia

A disgrafia é um transtorno de aprendizagem caracterizado pela dificuldade significativa na escrita à mão, bem como na habilidade de converter pensamentos em texto escrito (HUDSON, 2019). Indivíduos com esse transtorno, conhecidos como disgráficos, não são considerados deficientes quando sua inteligência está dentro dos padrões esperados para a idade (Souza, 2015).

Segundo Souza (2015), a disgrafia é descrita como um distúrbio da escrita que envolve uma leve incoordenação motora, resultando em letras inconsistentes e uma escrita confusa, frequentemente considerada como "letra feia". A dificuldade em memorizar a forma das letras contribui para uma escrita lenta e ilegível, comprometendo a estética do texto.

Os disgráficos apresentam dificuldades motoras específicas para a escrita, resultando em uma disposição irregular e desordenada das letras e palavras no espaço destinado à escrita. Esse diagnóstico revela uma habilidade de escrever significativamente inferior ao esperado para o nível educacional ou intelectual do aluno (LETTIERI, 2020).

2.2.4 TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)

Um dos transtornos de aprendizagem mais amplamente discutidos atualmente é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), uma síndrome neurocomportamental caracterizada por marcada dificuldade de concentração, impulsividade e hiperatividade, podendo resultar em distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais, afetando significativamente o desempenho escolar (WIGAL et al., 2010). O TDAH frequentemente se manifesta na infância e pode persistir ao longo da vida adulta, contribuindo para dificuldades emocionais e de relacionamento.

De acordo com Rohde e Benczik (1999), as três características principais do indivíduo com TDAH são: (I) desatenção, (II) hiperatividade (ou agitação) e (III) impulsividade.

2.2.5 A falta de motivação

A motivação é um conceito profundamente explorado em várias áreas do comportamento humano e tem sido objeto de estudo por muitos anos entre diversos teóricos. Originária do latim movere, a motivação está intrinsecamente ligada ao impulso que leva uma pessoa à ação, direcionando suas energias para alcançar metas específicas (MOTA, 2016; BZUNECK, 2009).

Segundo Bock (1999), a motivação não apenas melhora a atenção e a concentração, mas também funciona como uma força propulsora que capacita o indivíduo a perseverar e dedicar esforços contínuos para atingir seus objetivos. A maneira como as pessoas executam suas ações e percebem o mundo pode ser influenciada por uma complexa interação de fatores internos e externos. A eficácia desse processo motivacional pessoal depende dos estímulos que o indivíduo recebe, os quais, quando recebidos de maneira positiva, proporcionam prazer e gratificação, enquanto a falta de estímulos adequados pode levar à desmotivação (SCHWARTZ, 2014; BZUNECK, 2001).

No contexto educacional, a motivação dos estudantes desempenha um papel importante no processo de ensino e aprendizagem, influenciando diretamente o tempo dedicado aos estudos e o desempenho escolar, além de impactar o bem-estar emocional dos alunos (Leal, Miranda e Carmo, 2013). Essa motivação é resultado da interação entre características individuais da personalidade, como razões, interesses, habilidades e expectativas, e o ambiente educacional.

Bzuneck (2009) salienta que a motivação dos alunos na sala de aula está estreitamente relacionada ao esforço mental que eles aplicam em atividades específicas de aprendizagem. Portanto, entender a motivação para aprender não se restringe apenas aos princípios gerais da motivação humana, mas também requer uma integração profunda com o contexto escolar e o processo de ensino.

Em suma, a motivação é um fator determinante na vida das pessoas, pois pode tanto incentivar quanto inibir a ação. No contexto educacional, a falta de motivação é frequentemente vista como um dos principais obstáculos ao sucesso dos alunos. Assim, é fundamental continuar investigando e estudando os diversos aspectos da motivação para entender melhor como ela pode ser estimulada e sustentada ao longo do tempo (BZUNECK et al., 2013; PERASSINOTO et al., 2013; MARTINELLI, 2014; MUÑOZ e VALENZUELA, 2014; PEREIRA, 2015).

2.3 Estratégias para promover a aprendizagem no ambiente escolar

A motivação é vista como a força propulsora que impulsiona o aprendizado, sendo alimentada pelo interesse do aluno. Sem interesse, argumenta-se que o aprendizado não ocorre de forma eficaz. Segundo Barros (2000), o processo de aprendizagem é influenciado pelas necessidades do aprendiz, que geram motivos imediatos e energizam a busca por conhecimento.

Os processos motivacionais são complexos e exigem que os professores tenham um conhecimento atualizado das teorias motivacionais para desenvolver habilidades por meio da prática e da reflexão (BZUNECK, 2009). Shiefele (1991) observa que os estudantes tendem a se sentir mais motivados quando alcançam sucesso em tarefas que percebem como desafios razoáveis, em vez de esforços máximos e contínuos. Os autores destacam a importância de como os estudantes atribuem o sucesso em uma tarefa a fatores internos ou externos, influenciando significativamente seu desempenho.

Os métodos de ensino são recursos essenciais utilizados pelos professores para preparar suas aulas e guiar os alunos em direção aos objetivos educacionais. Segundo Libâneo (1994), a escolha e organização desses métodos devem estar alinhadas com os conteúdos, objetivos e contextos educacionais, influenciando diretamente a eficácia da aprendizagem em sala de aula. Cada disciplina requer métodos específicos que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e operacional dos alunos. É recomendável que os professores orientem os alunos a atribuir o sucesso tanto à capacidade quanto ao esforço, promovendo assim a motivação intrínseca dos mesmos.

Para selecionar e organizar métodos didáticos eficazes, o professor deve avaliar cada disciplina cuidadosamente. Entre os métodos comuns estão a exposição pelo professor, o trabalho em grupo, o trabalho independente e a elaboração conjunta. É de suma importância que os métodos escolhidos sejam estimulantes e conectem o conteúdo com a realidade dos estudantes, motivando seu desejo de aprender. Quando os alunos não percebem a relevância do conhecimento para suas vidas, seu interesse pela aprendizagem é comprometido. Portanto, é essencial que o professor estabeleça essa conexão para que os estudantes entendam seu papel como agentes de transformação.

A maneira como os docentes preparam as atividades de aula podem provocar efeitos na motivação dos alunos. Na literatura é possível encontrar diversas estratégias que os docentes podem utilizar para motivar os seus aprendizes para as atividades escolares (ABREU, 1996; CARRASCO e BAIGNOL, 1993; JESUS, 1996) De acordo com os autores listados acima os professores podem motivar seus alunos utilizando algumas estratégias abaixo:

a) O professor demonstra entusiasmo em suas atividades educativas, servindo como um modelo motivacional para os alunos. Inicia explicando a relevância e a sequência dos conteúdos programáticos para despertar o interesse dos estudantes pela aprendizagem. Destaca tanto os benefícios do conhecimento adquirido através dos estudos para o futuro dos alunos quanto as possíveis desvantagens da falta de estudo. É proativo em conhecer os interesses individuais dos alunos e incentiva-os a alcançar seus objetivos, permitindo que participem na escolha das tarefas sempre que possível. Promove uma abordagem de aprendizagem ativa, onde os alunos têm um papel ativo na construção de seu próprio conhecimento, incluindo trabalhos em grupo para facilitar a compreensão entre os pares.

b) O professor estimula a participação dos alunos menos engajados, visando seu desenvolvimento pessoal e social através de estratégias de ensino diversificadas e adaptadas às capacidades individuais. Relaciona os novos conteúdos com conhecimentos prévios, incorporando situações atuais e a realidade circundante para tornar o ensino mais relevante. Utiliza métodos variados para tornar as explicações mais compreensíveis e interessantes, e diversifica os tipos de avaliação para minimizar a ansiedade e apoiar o potencial dos alunos.

c) Valoriza o esforço e as capacidades dos alunos, evitando destacar apenas os erros, e promove a autoconfiança e o sucesso acadêmico. Encoraja os alunos a atribuir suas dificuldades a causas instáveis, incentivando expectativas positivas e empenho futuro. Auxilia os estudantes no desenvolvimento de habilidades de estudo para otimizar seu esforço e aproveitamento nas tarefas de aprendizagem. Essas práticas visam não apenas o aprendizado imediato, mas também a retenção a longo prazo e a motivação contínua dos alunos.

Conforme Bzuneck (2009), para estimular a motivação positiva no ensino e aprendizagem, é importante que toda a instituição de ensino participe ativamente. Isso envolve não apenas os professores, mas também a direção e a equipe de apoio pedagógico, colaborando em um ambiente de cooperação e alinhamento, respeitando e promovendo a cultura institucional.

3 CONCLUSÃO

A pesquisa realizada para este trabalho visou fornecer informações adequadas sobre as dificuldades de aprendizagem, destacando que esses processos podem envolver questões orgânicas de origem hereditária ou não, caracterizando-as mais precisamente como "transtornos de aprendizagem". Este é um tema transversal que requer uma abordagem interdisciplinar, envolvendo áreas como medicina, psicologia e pedagogia. É fundamental que os professores sejam capazes de identificar problemas relacionados a dificuldades e transtornos de aprendizagem, dada a importância da identificação precoce desses distúrbios para intervenções eficazes.

Portanto, é fundamental que esses profissionais busquem continuamente atualizações e novos conhecimentos sobre o assunto, a fim de oferecer um atendimento específico e adequado aos alunos. Identificar os fatores que afetam negativamente o aprendizado dos alunos é essencial para desenvolver ações conjuntas que melhorem o desenvolvimento das crianças com dificuldades de aprendizagem, desmotivação ou transtornos. Além disso, é destacada a necessidade de novas pesquisas, políticas e projetos que promovam a capacitação dos professores, a inclusão educacional e o desenvolvimento integral dos estudantes.

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