REFLEXÃO SOBRE RESILIÊNCIA E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL DA MICROEMPRESA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10790921


Wilson Barbosa Felizola1


RESUMO
O desígnio deste trabalho é uma reflexão sobre a importância da resiliência e inteligência emocional por parte do recurso humano (profissional) inserido no ambiente organizacional (microempresa). Para tanto, será vislumbrado o papel do profissional em relação à empresa na qual está inserido e do mesmo modo a responsabilidade e a atenção da organização em relação ao desenvolvimento de seu profissional. Destarte, serão destacadas as especificidades da microempresa na legislação brasileira vigente, conforme a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, também intitulada como Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte; os conceitos de resiliência e inteligência emocional; alguns passos que o profissional pode adotar para aprimorar esses atributos; os principais desafios que o profissional encontrará nesse processo de desenvolvimento; e os auxílios que a organização pode dispor a seus profissionais no intuito de desenvolver tais características. Assim sendo, será utilizado à metodologia pesquisa bibliográfica para nortear a construção desta análise.
Palavras-chave: Resiliência. Inteligência Emocional. Profissional. Microempresa.

ABSTRACT
The purpose of this work is a reflection on the importance of resilience and emotional intelligence on the part of the human resource (professional) inserted in the organizational environment (microenterprise). To do so, the role of the professional in relation to the company in which he is inserted will be glimpsed, as well as the responsibility and attention of the organization in relation to the development of its professional. Thus, the specificities of the microenterprise in the current Brazilian legislation will be highlighted, according to the General Law of Micro and Small Enterprises, also entitled as National Statute of Microenterprises and Small Enterprises; the concepts of resilience and emotional intelligence; some steps that the professional can adopt to improve these attributes; the main challenges that the professional will encounter in this development process; and the assistance that the organization can provide to its professionals in order to develop such characteristics. Therefore, the bibliographical research methodology will be used to guide the construction of this analysis.
Keywords: Resilience. Emotional intelligence. Professional. Micro enterprise.

1 Introdução

Hodiernamente, é evidente que as organizações carecem de profissionais resistentes, adaptáveis e emocionalmente inteligentes para enfrentar os desafios internos (gestão de seus profissionais) e externos (relação com seu o público alvo e fornecedores).

Nesse sentido, o desígnio deste trabalho é uma reflexão sobre a importância da resiliência e inteligência emocional nas microempresas. Para tanto, será vislumbrado a perspectiva do profissional em relação à empresa na qual está inserido e vice-versa.

Destarte serão destacadas as especificidades da microempresa na legislação brasileira; conceitos de resiliência e inteligência emocional; como o profissional pode aprimorar esses atributos; quais os desafios que os profissionais encontram nesse processo de desenvolvimento; e como as organizações podem auxiliar seus colaboradores a desenvolver tais características.

A metodologia do presente trabalho será uma pesquisa bibliográfica alicerçada em livros digitais, artigos, anais publicados e outras fontes disponíveis por meio de escritos e eletrônicos. Isto é, dados e informações já tratados analiticamente.

2 Microempresa

A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, também intitulada como Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, tem-se a seguinte definição de microempresa, conforme Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);

Segundo Sebrae (2022), o objetivo de tal lei é colaborar para o desenvolvimento e a competitividade das microempresas e empresas de pequeno porte brasileiras, visando geração de empregos, distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da economia. Isto é, promover circunstâncias oportunas e favoráveis para essas empresas concorrerem no comércio brasileiro.

Ainda cima, nesta mesma lei, foi instituído o regime tributário específico, com redução da carga de impostos e simplificação dos processos de cálculo e recolhimento, denominado Simples Nacional. Logo, sendo mais um mecanismo de contribuição à estabilidade da microempresa.

Nesse sentido, o que chama a atenção nesse tipo de empresa são os atributos desenvolvidos por seus profissionais, uma vez que, dadas as características da microempresa, normalmente um único profissional acumula diversas funções dentro do seu ambiente de trabalho. Como por exemplo, um comércio de autopeças que tem seu quadro de profissionais enxuto, exigindo de seu vendedor, além de sua atribuição (atividade-fim), a realização do serviço de limpeza do comércio, recepção dos clientes, tratativas com fornecedores, cobrança e até de entrega de seus produtos vendidos. Portanto, exigindo deste profissional muita resiliência e inteligência emocional.

3 Resiliência e Inteligência Emocional

Mas afinal, o que é resiliência e inteligência emocional?

Na vida há muitos desafios e adversidades que em determinados momentos causam impactos que atrapalham a vida pessoal e profissional de um determinado indivíduo. E em uma microempresa não é diferente. Para Tavares (2001), resiliência é a capacidade que as pessoas têm de enfrentarem seus infortúnios sem perder seu equilíbrio emocional. Deste modo, se ajustando e se reequilibrando às situações adversas.

Solovey & Mayer (2000), por sua vez, destaca que “inteligência emocional é a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros.”

Conforme dicionário Michaelis (2023), resiliência, pela ciência física, significa “elasticidade que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original”; na linguagem figurada, por sua vez, denota “capacidade de rápida adaptação ou recuperação”.

A inteligência emocional, por seu turno, é uma aptidão mestra, uma capacidade que afeta profundamente todas as outras, facilitando ou interferindo nelas. Ela pode ser definida a partir de 5 domínios principais: autoconsciência, autorregulação, automotivação, empatia e habilidades sociais (GOLEMAN, 2011). Habilidades de suma importante para um profissional de uma pequena empresa.

3.1 Como o profissional pode desenvolver sua resiliência e inteligência emocional na microempresa?

Para responder essa pergunta é necessário que o profissional entenda seu papel na organização, bem como os objetivos da microempresa no mercado de trabalho. Além disso, ele precisa compreender que a iniciativa desse desenvolvimento profissional parte principalmente dele. Por outro lado, ele também tem que entender seus limites no que diz respeito a sua saúde.

Dito isso, dentre os principais passos que podem ser tomados pelo profissional para aprimorar a resiliência e a inteligência emocional, destacam-se os seguintes:

  • Investir no autoconhecimento;

  • Confiar na sua capacidade em gerar resultados satisfatórios para a empresa, isto é, ser autoconfiante;

  • Agir com positividade e coragem diante dos desafios;

  • Gerir as emoções de tal modo que elas não atrapalhem as suas decisões;

  • Suportar as adversidades sem desistir;

  • Proceder com empatia diante dos problemas alheios;

  • Ser adaptável as mudanças;

  • Conhecer seus limites físicos, psicológicos e emocionais, se necessário buscar ajuda externa;

  • Ter cuidados com a vida pessoal.

3.2 Quais os desafios que os profissionais encontram no processo de desenvolvimento da resiliência e inteligência emocional?

Os desafios são inúmeros desde cumprir metas, acumular funções, suportar concorrências, dentre outros. Entretanto, o que mais chama a atenção é o lidar com pessoas.

Um gestor, por exemplo, tem que ter equilíbrio emocional para saber gerir seus profissionais, tratar bem seus clientes e ter habilidades de negociação com seus fornecedores. Enquanto que o funcionário tem que saber lidar com as ordens do gestor e também tratar bem os clientes.

Há de ressaltar que o saber lidar com pessoas provavelmente é o mais difícil desafio devido as diferenças e particularidades de cada indivíduo. Portanto, somente com resiliência e inteligência emocional é possível superar essas barreiras.

3.3 Como as organizações podem auxiliar seus colaboradores a desenvolver a resiliência e inteligência emocional?

Para Santos Filho (2023):

As organizações podem contribuir para auxiliar seus colaboradores a desenvolver a resiliência e inteligência emocional estando alinhadas com um ambiente propício às boas relações. As comunicações organizacionais precisam ser claras no sentido mais amplo possível. A filosofia expressa pela visão organizacional, quando transmitida de maneira clara, dirige a atenção de seus colaboradores para um objetivo comum a todos os envolvidos. Líderes eficazes advêm de uma clara visão compartilhada da empresa.

Nesse sentido, a empresa deve dispor de meios e praticas para facilitar o bom desempenho de seus profissionais, visto que satisfeitos com seu ambiente de trabalho tais profissionais efetivamente trarão melhores resultados para a organização.

4 Considerações Finais

Ante o acima exposto, observa-se que a resiliência e a inteligência emocional são características determinantes do profissional no ambiente organizacional. Conceitos esses peremptórios para a preservação e desenvolvimento da microempresa.

Isto posto, neste trabalho, foram demonstrados os principais passos que podem ser tomados pelo profissional para aprimorar a resiliência e a inteligência emocional diante dos desafios. Somado a isso, foi evidenciado a necessidade da organização auxiliar seus colaboradores a conseguir desenvolver tais conceitos. Todavia, esta pesquisa não esgota outras técnicas, habilidades e possibilidades no desenvolvimento da microempresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Casa Civil. (2006). Lei Complementar nº 123. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acessado em 24 de maio de 2023.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. (2022). Confira as diferenças entre micro empresa, pequena empresa e MEI. Disponível em https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-as-diferencas-entre-microempresa-pequena-empresa-e-mei,03f5438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acessado em 24 de maio de 2023.

TAVARES, J. (2001). A resiliência na sociedade emergente (p. 52). São Paulo: Cortez.

RESILIÊNCIA. In: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. [S.l.]: Michaelis, 2023. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/resili%C3%AAncia/. Acesso em: 31 de maio de 2023.

GOLEMAN, D. (2011). Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva. [recurso eletrônico].

SANTOS FILHO, S. B. (2023). Resiliência e Inteligência Emocional, Habilidades, Desafios e o Papel da Organização. São Paulo: Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE.


1 Bacharel em Ciências Contábeis pela UCDB. Com especialização em Ciências Jurídicas pela Universidade Cruzeiro do Sul. Mestrando em Administração pela Must University. E-mail: [email protected]. Trabalho apresentado na disciplina Resiliência e Inteligência Emocional. Professor: Tiago Felix dos Santos Porfirio.