RECUPERAÇÃO DO VAREJO PÓS PANDEMIA E SEUS REFLEXOS AO CONSUMIDOR
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10465214
Bruno Santana dos Anjos1
Rafael Alves Morais2
Ricardo Nascimento Ferreira3
INTRODUÇÃO
Em 11 de Março de 2020, a OMS (Organização mundial da saúde) anunciou o início da pandemia da Covid-19 e com isso, todo o mundo passou por uma grande crise econômica devido ao distanciamento social. Nesse cenário, o setor varejista e o comportamento do consumidor passaram por muitas mudanças por conta do novo cenário. O setor varejista tem uma relação direta com o consumidor final, e por esse motivo acabou sentindo mais rapidamente os efeitos dessa pandemia do que os demais setores econômicos. Dito isso, esse artigo tem como objetivo geral apresentar como era, como foi e como está o comportamento e o cenário do varejo e do consumidor com relação a crise pandêmica, demonstrando a partir de dados e pesquisas a evolução do mercado e as novas tendências mundiais. Antes da pandemia, o setor varejista tinha uma maior influência e alcance de vendas por meios físicos tendo como predominância as grandes redes e shopping centers. Durante a pandemia esse cenário foi sendo alterado pois o consumidor que tinha o hábito de comprar presencialmente se viu obrigado a usar os canais online e isso ao longo do tempo foi trazendo novas tendências tanto para o consumidor, quanto para o setor, dentre essas novas tendências, temos: o aumento das vendas por e-commerce, o nascimento do “figital” que é a junção do consumo online e físico e o grande aumento das entregas feitas por delivery, entre outros. Com o lockdown o setor varejista teve que se reinventar e seguir os novos costumes do consumidor para conseguir se manter firme durante esse período. Com a vinda massificada do e-commerce muitas lojas tiveram que virar hubs logísticos para conseguir atender melhor seus clientes e manter seu ponto de venda produtivo. A entrega de produtos aumentou a demanda do delivery, o que resultou no aumento de pessoas trabalhando na área para suprir a demanda. Analisando os pontos de vendas do varejo, temos os Shopping centers, esse setor por concentrar um grande volume de lojas em um só lugar, se tornou um dos primeiros pontos a entrar em lockdown, e com isso houve um grande impacto econômico fazendo com que muitas lojas fechassem as portas, trazendo assim um agravamento no setor econômico. Para buscarmos mais insumos e enriquecer mais o nosso artigo, redigimos uma pesquisa de campo pelo google forms com perguntas relacionadas ao comportamento do consumidor antes, durante e depois da pandemia, e com o resultado conseguimos entender melhor vários pontos sobre o consumidor e aumentar as perspectivas relacionadas ao tema como: que tipo de produtos mais se consome, a média da faixa etária desses consumidores, preferências de canais de compras antes e depois da pandemia, entre outros…Com tudo isso, montamos um artigo com muitos pontos interessantes sobre o tema.
DESENVOLVIMENTO
As informações e ideias reunidas sobre o tema proposto, alcançadas através de pesquisas organizadas e descritas de forma de explicação e exploração, sobre os eventos ocorridos dentro do cenário pandêmico, na perspectiva do setor varejista. Buscando entender como o setor se comportou e quais foram as tendências dos consumidores no meio dessa situação.
2.1 ASPECTOS GERAIS DO VAREJO ANTES DA PANDEMIA
Quando olhamos para o período pré-pandemia, vivenciávamos um crescimento moderado no comércio brasileiro. Em 2019 por exemplo tivemos um crescimento de 1,2% no PIB (produto interno bruto), sendo o terceiro crescimento consecutivo no país, tendo 2018 com crescimento de 1,8% e 2017 com 1,3% segundo dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Um dos setores que mais se destacou e obteve crescimento expressivo em 2019 foram as empresas de shopping centers no Brasil, para Bassaneze (2020) “[...] O setor de shopping centers registrou a maior alta dos últimos cinco anos em vendas, com um faturamento de pouco mais de R$192 bilhões em 2019. Segundo dados do Censo Brasileiro de Shopping Centers, lançado em janeiro de 2020, o aumento foi de 7,9% no ano passado, em comparação ao mesmo período de 2018.[...]”. Quando olhamos para esse cenário de crescimento podemos citar alguns fatores dentre eles temos: A confiança e segurança do consumidor na hora da compra, a redução da inflação e a expansão das empresas para os territórios brasileiro foram fatores imprescindíveis para o crescimento no setor.
Em 2019 tivemos a inauguração de novos shoppings passando a ter 577 empreendimentos versus 563 de 2018. Quando olhamos as divisões dos shoppings no país podemos perceber que a região sudeste era a mais representativa obtendo cerca de 300 empreendimentos o gráfico abaixo demonstra como eram separadas as regiões;
Figura 1: Divisões dos shoppings no País
Com isso podemos concluir que no cenário pré-pandemia tínhamos a região sudeste como a principal do setor varejista de shopping centers e um cenário extremamente aquecido do varejo, visto que, segundo a CNC (A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo) “as expectativas para no ano seguinte 2020 eram de um crescimento de 5,3%”
2.1.2 TENDÊNCIAS DO CONSUMIDOR ANTES DO CENÁRIO PANDÊMICO
O consumidor antes do cenário pandêmico começava a passar por algumas mudanças de comportamentos, antes o consumo excessivo de bens, a importância da compra física começa a dar espaço para um digital cada vez mais presente na vida do consumidor e um perfil mais contestador e consciente de uma decisão mais racional. O gráfico abaixo demonstra o crescimento e a mudança do perfil do consumidor no mundo digital:
Figura 2: Consumo de vendas online
Nele podemos perceber a evolução do consumidor ao longo dos anos, quando comparamos a evolução em venda de 2011 até 2018 podemos perceber que as vendas online obtiveram um crescimento de 184%, o que comprova a forte chegada do digital no comércio.
Quanto ao perfil do consumidor percebemos a evolução conforme o tempo, antes da pandemia o cliente já demonstrava uma maior conscientização nos seus consumos. Segundo a pesquisa da EUROMONITOR INTERNACIONAl, “[...] O consumidor em 2019 começa a ter alguns princípios na mudança de comportamento que são eles: De volta ao básico: menos é mais, consumo consciente, eu quero agora! - Soluções rápidas e sem problemas e todo mundo é especialista: [...]”. Esses quatro pontos descritos pela pesquisa são exatamente reflexo do comportamento do cliente, visto que, o “De volta ao básico” o cliente começa a dar uma prioridade maior aos produtos simplificados e a experiência no que o produto pode oferecer. “Eu quero agora!”, esse comportamento é devido ao consumidor estar preocupado em ter mais tempo e dar mais atenção ao seu trabalho e vida pessoal desejando que os produtos sejam entregues de formas mais rápidas e seguras. “Todo mundo é especialista”, na era dos smartphones os consumidores acabam tendo acesso às informações de forma mais assertiva e rápida construindo para seu julgamento no ato da compra. Dessa forma o consumidor pré-pandemia já começava a demonstrar um perfil mais cauteloso em relação às compras.
2.1.3 ASPECTOS GERAIS DO VAREJO DURANTE A PANDEMIA
É concreto que vivenciamos um mundo até 2019 e um outro completamente diferente a partir de março de 2020, a covid-19 modificou totalmente a maioria dos setores econômicos do país e a sociedade de modo geral. A proliferação da doença trouxe consequências enormes, inúmeras pessoas perderam a vida, hábitos tiveram que ser mudados, e um prejuízo monetário gigantesco para a economia, segundo dados da Pesquisa Anual de Comércio (PAC). “O setor varejista foi um dos mais impactados pela doença, cerca de 106,6 mil empresas fecharam as portas no ano de 2020”. Abaixo demonstro gráfico com o número de empresas no país ao longo dos anos.
Figura 3: Número de empresas novas no país
O gráfico acima indica que em 2020, aproximadamente 1,34 milhão de empresas permaneceram operando no país, que indica um retrocesso ao ano de 2007 onde, o total de empresas registradas chegavam em aproximadamente 1,33 milhão. O coronavírus fez com que muitas empresas tivessem que se adaptar a esse novo processo, muitas tiveram que fazer sacrifícios, seja enxugando ao máximo números de funcionário, aumentando as vendas por canais digitais ou colando delivery de todo modo as empresas precisavam se reinventar.
A pandemia trouxe uma mudança expressiva no modo de compra da população, o gráfico abaixo demonstra o percentual de crescimento das vendas online no período pandêmico (2020) versus o ano pré pandemia (2019):
Figura 4: Volume de vendas mensais no Brasil em 2020
Segundo a CNC, “o faturamento do e-commerce em 2020, avançou cerca de 37% versus 2019 totalizando um valor recorde vendido de R$224,7 bilhões.” Fato que comprova o aumento exponencial das vendas online no país, são a expansão das grandes empresas desse segmento como a Dafiti que inaugurou em Minas Gerais o maior centro de distribuição da américa latina e o mercado livre que abriu mais cinco novos pontos de distribuição espalhados pelo território brasileiro. Fato é que apesar da grande crise, muitas oportunidades apareceram e as empresas que conseguiram explorar melhor essas oportunidades não só se mantiveram vivas, mas como puderam expandir seu faturamento.
2.1.4 TENDÊNCIAS DO CONSUMIDOR NO CENÁRIO PANDÊMICO
O consumidor que no período pré-pandemia começava a possuir um perfil mais conservador perante as compras, com a pandemia esse perfil de fato foi concretizado. Nesse período o cliente começou a ter uma racionalidade maior durante as compras, o novo consumidor passou a priorizar apenas o essencial, fazendo com que as compras realizadas por impulso fossem diminuídas. O consumidor mais do que nunca passou a ter como prioridade as vendas online do que a física, tendo em vista, que muitas operações durante esse período permaneceram fechadas. Muitos ainda continuam querendo visitar as lojas físicas para ver, tocar, sentir e experimentar os produtos. Para as empresas, será cada vez mais importante proporcionar uma boa experiência ao comprador, seja online ou na loja física. De acordo com dados estáticos do Serasa Experian, “Entre março e julho de 2020 o número brasileiro que compra online passou de 11% a 31%, nesse período a pandemia triplicou o número de clientes comprando pelo digital”. Os comércios mais adquiridos pelos consumidores nesses períodos foram de eletrônicos e comidas (delivery), com a maior permanência das pessoas dentro de casa e as restrições de funcionamento de bares e restaurantes, a “comida por delivery” foi a categoria que mais cresceu no país. Segundo a pesquisa da CNDL, “O número de internautas que realizaram ao menos uma compra nos últimos 12 meses praticamente dobrou na comparação com 2019 (de 30% para 55%)”.
Quando olhamos para as compras consumidas via comércios eletrônicos, temos o destaque para eletrônicos/informáticas e uma maior preferência para compras físicas em supermercados. O gráfico abaixo demonstra os resultados.
Figura 5: Produtos mais consumidos via comércio eletrônico
Com isso, podemos concluir que o digital se tornou a preferência dos clientes, devido ao fato de serem mais baratos e mais acessíveis para esse período.
2.1.5 INÍCIO DA RECUPERAÇÃO DO VAREJO COM O FIM DO LOCKDOWN
Após o período de lockdown com o recuo da pandemia e o processo de volta das atividades presenciais em todo o mundo, um dos setores (varejo) que mais sentiu no período de isolamento social, começou seu processo de recuperação. Nesse momento com o perfil do consumidor mais voltado para o e-commerce, começou o desafio da volta do consumo presencial em massa como antes da pandemia. Com base no levantamento de dados feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) “[..] em agosto de 2022, o aumento das vendas no varejo pós-pandemia se concentrou mais em estados do norte do país como: Roraima, com 17,1%, Pará, com 15,7%, Amapá, com 14,6%, Amazonas, com 6,2%, e Rondônia, com 3,2%[...]”. Ao olharmos para os epicentros da pandemia no Brasil na região sudeste que foram os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, conseguimos enxergar um grande desafio na volta do volume de vendas presenciais pois foram os estados que mais se adaptaram ao e-commerce tendo uma representatividade de 65% em 2020 contra 2% da região norte no mesmo período. José Roberto Tadros, 2022, presidente da CNC, explica que; “A estrutura logística mais desenvolvida de São Paulo e Rio de Janeiro certamente contribuiu para uma menor dependência do comércio em relação ao consumo presencial”
Para José Roberto,2022 “isso favoreceu o processo de digitalização do consumo e auxiliou na retomada do nível de atividade do setor”. Analisando a nível nacional com base em dados feitos pelo economista da CNC Fabio Bentes. Em maio e junho de 2022 o mercado varejista brasileiro teve um recuo de 0,4% e 1,4% comparados a abril e maio do mesmo ano. Mesmo com esse recuo analisando e comparando com o mês que antecedeu o começo da pandemia (fevereiro de 2020), o setor em 2022 se manteve acima no patamar com 1,6% de crescimento. Apesar desse crescimento, a evolução das vendas tem oscilado de acordo com a variação das condições de consumo e os índices de gravidade da pandemia, de acordo com Bentes, 2022“[...]As perdas em relação a fevereiro de 2020, por exemplo, coincidiram com as fases de recrudescimento da crise sanitária, como na segunda onda de casos, registrada no primeiro trimestre de 2021, e a chegada da variante Ômicron, em dezembro passado[...]”.
2.1.6 CENÁRIO PÓS PANDEMIA DE GRANDES EMPRESAS VAREJISTAS NO BRASIL
Em 2023, após o término oficial da pandemia, em 5 de maio, grandes nomes do setor varejistas estão enfrentando cenários hostis devido aos 3 anos de pandemia e oscilações nas tendências do consumidor de maneiras drásticas ao longo desse período. Esse cenário está fazendo com que o modelo de negócio tradicional seja revisto pelas empresas a fim de se moldarem aos novos formatos e seguirem firmes. Segundo Mustrangi 2023,”[...] as grandes varejistas como: Americanas, Marisa e Tok&Stok, Riachuelo, Via Varejo, Magalu, Natura, C&A, Carrefour, Pão de Açúcar entre outras, estão com problemas de alavancagem financeira excessiva o que deve ocorrer novos pedidos de recuperação judicial, porque muitas empresas estão no limite para lidar com o cenário atual[...]”Importante destacar que outro ponto que ajudou para esse cenário hostil de consumo aqui no Brasil foi o crescimento dos sites internacionais de vendas, entre eles os mais procurados pelos consumidores brasileiros estão as plataformas: Shein, Shopee e AliExpress. Essas empresas chamaram atenção pelos seus preços muito abaixo do mercado nacional, que dentro de um cenário de crise financeira, acaba sendo a preferência do consumidor final.
De acordo com especialista de varejo. Ulysses Reis ,2023“[...] As grandes empresas brasileiras que trabalham concorrendo com as estrangeiras no varejo, estão sofrendo neste cenário. Os sites estrangeiros estão atuando na área do e-commerce, não diretamente estando no país. Ou seja, não tem custos como tem uma loja física, equipe, ponto de venda, aluguel, impostos, enfim[...]”. Podemos concluir que o setor varejista nacional, acaba sofrendo cada vez mais pela concorrência internacional, visto que, os impostos não são atribuídos a todas da mesma forma.
2.2.1 AS NOVAS TENDÊNCIAS DO SETOR VAREJISTA
Ao falarmos das novas tendências do setor varejistas e dos consumidores em relação ao período pós-pandemia, encontramos algumas tendências que estão tomando muita força nos últimos tempos, entre elas:
Digitalização do varejo - De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo IBGE, em 2020 o setor varejista teve um crescimento de 6% na receita nominal e ao olharmos mais afundo, encontramos um dado muito interessante, ao analisarmos os canais de compras mais buscados nesse período, identificamos o canal digital como o propulsor desse crescimento. Entre os meses de Abril e setembro de 2020, conseguimos ver que 11,5 milhões de pessoas fizeram sua primeira compra online, essa nova tendência do consumidor, fez uma grande movimentação no mercado nesse período, trazendo o nascimento de cerca de 150 mil novas lojas online, e também fazendo as grandes redes do mercado físico migrarem para essa nova tendência virtual.
Como afirma Eduardo Terra, sócio da BTR-Varese, no relatório Pós-NRF 2021: “[..]A transformação digital saiu de vez da teoria e foi para a prática em empresas de todos os segmentos do varejo, até mesmo naqueles até então menos digitalizados, como materiais de construção e supermercados[...]”.
Com isso, desde então, a era digital só vem ganhando força ao longo dos anos, hoje em 2023, a compra online faz parte da vida de boa parte da população brasileira, sendo algo muito normal atualmente.
Pix no varejo - A chegada do Pix (Sistema de Pagamentos Instantâneos do Banco Central) em 2020, foi um marco para a maneira de como fazemos a circulação de valores no mercado, já que essa é a forma mais fácil, rápida e de grande aceitação pela população. Isso se decorreu, pois, a forma como pagamos, e recebemos ficou mais simplificada comparadas as maneiras tradicionais bancárias. Ao colocarmos essa nova modalidade no mercado varejista, gerou uma grande oportunidade não só durante a pandemia que foi quando nasceu o Pix, mas também no pós-pandemia, pois com a facilidade de pagamentos de maneira rápida e prática, foi absorvido eficazmente pela população. Quando incluído no varejo online essa modalidade veio com força total já que ela otimizava o processo de compra e de entrega pois a aprovação do pagamento é instantânea. E não ficando de lado, o varejo físico começou a se beneficiar no pós-pandemia dessa nova modalidade, pois essa rapidez no processo de pagamento trouxe uma fluidez maior no processo de pagamento nos caixas. Com tudo isso, o Pix vem sendo incluído cada vez mais em todas as operações que envolvem troca de valores (faturas, lojas, web, banco...) e sendo uma grande nova tendência do mercado.
Impacto nas lojas físicas - Uma nova tendência do setor varejista é a versatilidade das funções das lojas físicas. Com a pandemia, o varejo começou a repensar sobre suas lojas em meio a crise de isolamento social. A necessidade da loja física para aquele momento estava ficando obsoleta temporariamente, mas como o crescimento das vendas online estava veemente, os varejistas começaram uma movimentação que ao mesmo tempo que criava uma utilidade para as lojas físicas, diminui o tempo logístico das entregas das vendas online, com a utilização das lojas como hubs logístico, servindo como plataformas de fulfillment para vendas online. Essa nova tendência trouxe até os dias atuais um modelo mais híbrido em relação às vendas online e físicas. Após a pandemia com a volta do consumidor as lojas, houve um novo comportamento que foi o autoatendimento nas lojas físicas, essa nova tendência está se tornando cada vez mais presente e importante para a evolução do varejo pois o novo consumidor busca mais autonomia e praticidade nas compras online nas compras físicas.
2.2.2 AS NOVAS TENDÊNCIAS DO CONSUMIDOR
Analisando as novas tendências dos consumidores no cenário pós pandemia, conseguimos entender que o consumo online influenciou nas facilidades e conforto, gerando assim uma necessidade da integração dos dois cenários de consumo, a experiência do consumo presencial com a facilidade do consumo digital. Segundo pesquisa recente da ABRASCE, “75% dos consumidores pesquisam o preço online antes de ir a uma loja física”. Segundo esse estudo aqui no Brasil esse aumento no consumo online foi confirmado em 70% dos entrevistados.
De acordo com o estudo global sobre consumo da PWC (PricewaterhouseCoopers) ”[..]Os atributos elencados como mais importantes para as compras online são a velocidade e confiança da compra, conveniência e praticidade de navegar pelos sites de compras e a disponibilidade de produtos nos pontos físicos[...]”.
Com essas tendências nasce o consumo “fígital”. Mas o que é consumo “fígital”?
O figital é a união do mundo de compras online com as lojas físicas. Com o crescimento do interesse da população com relação a facilidade e rapidez com comodidade das compras online e a necessidade de manter as lojas físicas, houve a necessidade dessa fusão de experiências, com isso nasce a expressão "figital". Na prática essa nova tendência do consumidor se baseia em pesquisar, clicar e coletar. O cliente basicamente pesquisa online seu produto fora da loja física, clica em comprar e faz a retirada na loja física mais perto disponível, em outros casos o cliente mesmo estando dentro da loja prefere comprar online pelo celular e fazer a retirada ali mesmo. Uma grande ferramenta que auxiliou no crescimento do "figital" foi o whatsapp, que deixou ainda mais ágil o processo de escolha e decisão sobre o produto já que você está em contato direto com o vendedor de maneira online.
Com base nisso levantamos os pontos atrativos em compras feitas em lojas físicas com influência em canais online, feitas pela pesquisa global da PCW para entendermos melhor o cenário.
Figura 6: Atratividades nas vendas físicas
Ao analisarmos a pesquisa identificamos que a maior atratividade nas compras em lojas físicas é voltada ao atendimento dos vendedores especialistas no produto. Mas ao analisarmos os dados por completo, vemos o interesse real com meio online. Todas as opções somadas que têm o canal direto ou influência digital sobrepõe a somente uma característica que se tem no mundo físico, que é o atendimento humanizado. Com base nisso identificamos a fusão do mundo físico e o mundo digital no varejo desde a pandemia se mostrou necessária e com isso temos hoje o consumo "figital", que é a nova tendência do consumidor.
3.METODOLOGIA
O Projeto sobre a recuperação do varejo pós pandemia e seus reflexos, será realizado e apresentado por uma pesquisa de campo, de modo a construir um referencial teórico adequado para conceituar os temas abordados. Sendo assim serão apuradas algumas informações através de um questionário realizado por oitenta e nove pessoas de todos os gêneros e faixa etária afim de entender qual foi o reflexo que esses consumidores obtiveram durante o período analisado. A pesquisa foi realizada na cidade do Rio de janeiro e ficou acessível para acesso por cerca de 24 horas, através da plataforma do google forms, onde os consumidores acessavam o link e respondiam o questionário com o conteúdo. A partir das informações apuradas será realizado uma pesquisa, obtendo todos os aspectos descritivos e exploratórios com a exposição dos elementos relevantes encontrados. A pesquisa foi de enorme importância para comprovar todos os dados estatísticos citados no conteúdo e desenvolvimento e de modo que facilite o entendimento do comportamento e evolução do consumidor perante os anos.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Aqui será apresentado os resultados obtidos através do questionário destinados aos consumidores. O questionário foi realizado para entender como está com o comportamento do consumidor, qual sua preferência de compra, com a pandemia quais hábitos mudaram ou prevaleceram no período com a forte presença do digital.
Foram realizadas quatorze perguntas com oitenta e nove respondentes, sendo três perguntas discursivas para explicar o motivo das respostas e onze perguntas objetivas.
Das onze objetivas, duas são de escolhas sim ou não, outras cincos para saber quais são as preferências do consumidor nas compras, outra duas saber idade e gênero, uma pra saber a qualidade do delivery na pandemia e pôr fim a última para saber se no pós pandemia o consumo realizados via canal digital aumentou.
E importante analisarmos os dados dos consumidores, pois está ligado diretamente com a recuperação do varejo, visto que, o varejo só performa se os consumidores estiverem consumindo. O consumidor estará presente em todas as etapas de recuperação e será o reflexo direto das novas tendências do varejo. Logo podemos qualificar essas informações evitando erros e tendo como base o perfil do consumidor atual e o futuro dele.
Na Primeira pergunta referente a faixa etária dos respondentes das oitenta e nove pessoas, 80% são de faixa etária entre 19 até 36 anos e 12% entre 37 a 55 anos. Com isso podemos concluir que o público jovem foi o predominante nas respostas dos questionários, ou seja, o público mais ativo no consumo brasileiro.
Figura 7: Idade dos respondentes
Quando questionados sobre o gênero, cerca de 63% dos respondentes correspondem ao sexo feminino. E com isso, tiramos com conclusão uma maior predominância do sexo feminino no consumo brasileiro.
Figura 8: Gênero dos respondentes:
Quando perguntados sobre o seu local de compra preferido, tivemos as seguintes conclusões, cerca de 49% dos respondentes, preferem realizar suas compras pela internet e 30% preferem realizar suas compras em shopping centers. Ou seja, podemos perceber que o digital está cada vez mais presente na vida da população principalmente no público jovem que foi o mais predominante dos respondentes.
Figura 9: Pergunta sobre o local de preferência de compra.
Na quarta pergunta, foi questionado motivo da escolha da pergunta acima, e tivemos como maiores respostas os seguintes pontos:
Virtuais – Melhor preço e praticidade.
Shoppings centers – Segurança, ter a experiência de ter o produto em mãos e variedade de opção
Loja de rua – Agilidade e facilidade
Com isso, podemos concluir que a maioria dos respondentes dão mais importância ao preço e praticidade na hora da compra.
Quando perguntados sobre o funcionamento dos deliveries na pandemia cerca de 63% das pessoas acharam bom o atendimento de delivery das empresas e cerca de 23% acharam excelente. O que impulsionou ainda mais essa atividade, visto que, no período pandêmico as pessoas preferiam comprar de suas casas do que irem na rua.
Figura 10: Atendimento de delivery na pandemia:
Quando perguntamos se antes da pandemia o consumo era feito de forma impulsiva, cerca de 66% pessoas disseram que não. O que mostra que a maioria dos consumidores não compravam apenas por impulso e sim devido alguma necessidade.
Figura 11: Pergunta sobre se antes da pandemia a compra era realizada por impulso.
E quando perguntamos se pós a pandemia o consumo se tornou mais consciente cerca de 73% afirmaram que sim. Ou seja, cerca de 7% dos respondentes passaram a ter uma maior conscientização na compra antes pandemia versus depois pandemia.
Figura12: Pergunta referente as compras são realizadas de forma consciente no pôs pandemia.
Quando perguntados sobre o meio de compra de sua preferência, tivemos com respostas que 51% dos respondentes preferem comprar virtualmente e 48% fisicamente. E temos como conclusão de que a praticidade e o preço são os principais fatores pela preferência do virtual.
Figura 13: Pergunta referente a preferência dos meios de compra
Na nona pergunta, foi questionado motivo da escolha da pergunta acima, e tivemos como maiores respostas os seguintes pontos:
Virtual – Facilidade por pesquisar produtos e serviços, praticidade e rapidez
Fisicamente – Experiência na hora da compra e experimentar o produto.
Podemos concluir que a maioria dos respondentes preferem uma maior rapidez na compra à experiência que poderia adquirir.
Quando perguntados qual segmento eles preferem comprar fisicamente cerca de 53% dos respondentes preferem comprar vestuário e calçados. Podemos concluir que a importância do tocar, sentir, experimentar são relevantes na avaliação do consumidor.
Figura 14: Pergunta referente a preferência na compra física
Quando perguntados qual segmento eles preferem comprar virtualmente cerca de 39% dos respondentes preferem comprar eletrodomésticos e eletrônicos. Isso fortaleza a tese que as compras de eletrônicos são mais baratas no meio digital e que os consumidores dão uma grande importância no custo dos produtos.
Figura 15: Pergunta referente a preferência na compra virtual
Quando perguntados o que seria mais importante em uma compra, cerca de 52% preferem um produto com uma boa qualidade, e preço e atendimento ficaram empatados com 27%. Com isso, temos a conclusão de que a qualidade do produto é importante, mas se tiver uma qualidade boa com preço menor o consumidor irá preferir esse produto.
Figura 16: O que é mais importante durante uma compra
Quando perguntados, sobre o que motivou a resposta da pergunta acima, tivemos como conclusão os seguintes pontos: Durabilidade, segurança no produto e qualidade de excelência. Com isso, o consumidor exige cada vez mais que o produto seja de uma alta qualidade pois irá ter um retorno positivo maior a longo prazo.
E por fim, quando perguntados se no pós pandemia o consumo de via meio digital aumentou, cerca de 48% afirmaram que sim e 40% mantiveram o mesmo. Tiramos com conclusão de que o digital se tornou cada vez a preferência do consumidor.
Figura 17: Pergunta referente se o consumo online aumentou nos pós pandemia.
O que podemos concluir desse questionário é que a população jovem brasileira, prefere cada vez mais consumir via canais digitais, seja ela por motivo de praticidade ou por um custo reduzido, tendo em vista que, a correia no dia-dia exige cada vez mais agilidade. E o consumidor mais maduro tem como uma maior preferência comprar em locais físicos e de preferência shopping centers, pois os shoppings proporcionam ao consumidor um mix variado, uma experiência maior seja com ações de brindes e sorteios, e o principal que é o sentir, tocar e experimentar o produto que deseja. E tiramos com conclusão de que 7% dos respondentes passaram a ter uma conscientização maior na hora de comprar no pós pandemia, que traz um reflexo de aprendizado que as pessoas começaram a ser mais econômica no pós pandemia do que antes. E outro ponto que realmente se tornou muito presente no dia-dia do brasileiro é a influência do digital, fato que comprava essa afirmação é que cerca de 49% dos respondentes afirmaram que passou a compra mais no digital no pós pandemia.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme identificamos durante a realização dessa pesquisa, podemos destacar que a pandemia trouxe inúmeras mudanças no comportamento do varejo e principalmente no consumidor. Quando falamos sobre a recuperação do varejo pós pandemia e seus reflexos estamos falando de um setor que precisou se reinventar para poder sobreviver à crise. Como vimos no decorrer dessa pesquisa, o mercado de varejo que vinha numa expectativa de crescimento em 2019 sofreu um grande impacto em 2020, sobreviveu durante a pandemia e no pós pandemia começa a voltar seus dias de crescimento com as novas tendências.
Analisando o cenário pós pandemia, tivemos a divisão de dois estágios no setor varejistas, a primeira foram empresas que não conseguiram se adaptar à nova forma de fazer negócios e hoje passam por grandes dificuldades financeiras que é o caso das grandes marcas como: (Lojas americanas, Via varejo, Magalu, Tok Stok etc..), são grandes marcas que devido a esses 3 anos de pandemia sofreram grandes perdas econômicas e hoje lutam por recuperação judicial. E o segundo estágio foram empresas que viram na pandemia oportunidade de alavancar os negócios e praticar uma nova forma de fazer comércio que é o caso: (Shein, shopee e Aliexpress). Essas empresas vêm conquistando cada vez mais espaço no comércio brasileiro, fazendo com que as empresas brasileiras tenham bastante dificuldades para suprir os preços delas, tendo em vista, que ambas são empresas estrangeiras e isso tornou o mercado varejista cada vez mais competitivo.
É de conhecimento geral que o setor varejista vem se reinventando e dentro dessas novas tendências temos o caso de alguns métodos que vieram para ficar, como é o caso do pix, digitalização do varejo e os impactos nas lojas físicas. O pix a nova forma de pagamento para a maioria das pessoas se tornou a preferida para realização de transferência ou até mesmo pagamentos de contas, e com isso o setor de varejo está tendo que se atualizar a esse novo método de pagamento. Outro ponto bastante relevante e a forte presença do digital na vida do consumidor, fato que comprova essa afirmação é que em nosso questionário quando perguntado sobre o meio de preferência para compra cerca de 49% dos respondentes preferem realizar suas compras virtuais, devido a praticidade e um custo-benefício mais agradável. E como consequência dessa preferência ao virtual as operações físicas sofrem mais para poder vender e estão cada vez mais investindo em qualidade de atendimento e experiência para o consumidor. Em nosso questionário foi perguntado para respondentes o que mais prezam em uma compra e tivemos a conclusão de que cerca de 52% preferem uma qualidade melhor, ou seja, os clientes preferem cada vez mais uma qualidade melhor nos produtos a preço.
E por fim, podemos concluir que no cenário de recuperação pós pandemia vamos ter cada vez mais uma forte presença do digital, fato que comprova essa afirmação é que na pesquisa realizada quando perguntado se no pós pandemia o consumo de vendas online aumentou cerca de 48% afirmou que “sim”, o que diz muito sobre as tendências do consumidor e do varejo pra frente. Ou seja, o digital terá cada vez mais presença no varejo brasileiro e teremos um consumidor muito mais exigente em relação a qualidade, velocidade de entrega e preço, visto que, terá uma diversidade cada vez maior para pesquisa de produtos.
Ao olharmos para o setor varejista e para a pandemia da COVID-19, conseguimos entender a complexidade da situação do setor, pois até aquele momento (2020) grande parte da sua demanda de consumo ocorria de maneira presencial. Com o lockdown houve a primeira grande mudança no setor, com a restrição de circulação de pessoas, às lojas tiveram que se reinventar e acompanhar o avanço da era digital que se tornou o meio de consumo mais viável para aquele cenário.
Mesmo com a alternativa do consumo online em alta naquele momento, muitas empresas não souberam lidar com essa mudança, já que seguiam o modelo mais tradicional com maior parte do consumo presencial e com isso entraram em cenários hostis o que dificultou sua trajetória durante a pandemia e principalmente sua recuperação após o fim do lockdown. Dentre essas empresas podemos citar: Americanas, Marisa e Tok&Stok, Riachuelo, Via Varejo, Magalu, Natura, C&A, Carrefour, Pão de Açúcar. São algumas das empresas que estão lidando com muitas questões financeiras devido aos reflexos das mudanças, com novas tendências do consumidor, e do setor durante a pandemia.
Em paralelo a essa situação temos o crescimento do consumo online e o crescimento das grandes varejistas virtuais. Porém ao falarmos sobre a nova tendência do consumo online, identificamos que o consumo online internacional cresceu significativamente devido aos valores muito abaixo dos valores praticados no Brasil, com as plataformas: Shein, Shopee e AliExpress, e isso trouxe mais um desafio para o varejo nacional.
Com o fim do lockdown e a volta do consumo presencial, as empresas tiveram mais uma mudança no comportamento e tendência do consumidor, com o surgimento do consumo “digital” que é a junção da praticidade do consumo online e a rapidez do consumo presencial. Essa tendência se mostrou necessária, pois muitas pessoas que aprenderam a consumir de maneira online durante a pandemia, não abriram mão dessa forma de consumo após a volta das lojas físicas, mas queriam a rapidez no consumo do produto que a compra presencial proporciona.
Com isso, atualmente conseguimos pesquisar e comprar um produto online e em algumas horas podemos ir até uma loja e retirar o produto. Esse novo comportamento está gerando um crescimento no consumo online e presenciais simultaneamente e está sendo um grande propulsor na recuperação do varejo no pós pandemia.
Para concluirmos, fizemos uma pesquisa de campo e ao abordarmos o consumo online pós pandemia verificamos um resultado de 40% positivo e ao analisarmos a qualidade do serviço de delivery cerca de 60% apontou como "boa". Podemos concluir com isso que a era digital veio para ficar e que é um dos canais que mais está ajudando na recuperação do setor varejista, mas sem perdermos o consumo presencial, pois na nossa pesquisa quando abordamos sobre o consumo online x presencial, temos 51% dos participantes optando pelo meio virtual contra 48% por meio físico. Com isso, conseguimos ver o equilíbrio entre as tendências mesmo no meio virtual sendo a maior preferência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://exame.com/marketing/as-10-tendencias-globais-de-consumo-em-2019/
https://www.nuvemshop.com.br/blog/figital/
https://docs.google.com/forms/d/1ZCFji-4zF31kg-ZSPifYrOq2GuI8r3eXNFqKzuSUsY0/edit#responses
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