POTENCIALIDADES, IMPACTOS E CUIDADOS DO USO DO AMBIENTE DIGITAL NA EDUCAÇÃO
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16945437
Dandara Palmares de Morais1
RESUMO
O avanço exponencial das tecnologias digitais tem provocado uma reconfiguração profunda em diversos setores, e a educação se destaca como um dos campos mais impactados por essa transformação. A integração do ambiente digital nas práticas pedagógicas, impulsionada por inovações e pela necessidade de novas abordagens, trouxe à tona um complexo cenário de oportunidades e desafios. Neste contexto, o objetivo geral deste estudo foi analisar de forma abrangente as vantagens, benefícios e riscos inerentes à adoção e expansão do ambiente digital na educação, buscando compreender suas implicações para o processo de ensino-aprendizagem. A metodologia empregada envolveu a pesquisa bibliográfica, que permitiu mapear as principais discussões acadêmicas sobre o tema, abrangendo desde o potencial de personalização e democratização do acesso ao conhecimento até as barreiras relacionadas à infraestrutura, formação docente e questões de segurança cibernética. Os resultados indicam que, embora o universo digital ofereça ferramentas poderosas para engajar estudantes, expandir o acesso a conteúdos e fomentar novas competências, ele também apresenta riscos significativos, como a exclusão digital e a vulnerabilidade de dados. A conclusão aponta para a necessidade de uma abordagem equilibrada e estratégica na implementação das tecnologias digitais, onde o planejamento cuidadoso e a constante avaliação de impacto são cruciais para maximizar os benefícios e mitigar os riscos, garantindo uma educação digital eficaz, equitativa e segura para todos os envolvidos.
Palavras-chave: Educação. Digitalização. Novas Tecnologias. Aprendizagem Híbrida. Desafios Digitais. Inclusão.
ABSTRACT
The exponential advancement of digital technologies has caused a profound reconfiguration in several sectors, and education stands out as one of the fields most impacted by this transformation. The integration of the digital environment into pedagogical practices, driven by innovations and the need for new approaches, has brought to light a complex scenario of opportunities and challenges. In this context, the general objective of this study was to comprehensively analyze the advantages, benefits, and risks inherent in the adoption and expansion of the digital environment in education, seeking to understand its implications for the teaching-learning process. The methodology employed involved bibliographic research, which allowed mapping the main academic discussions on the topic, ranging from the potential for personalization and democratization of access to knowledge to barriers related to infrastructure, teacher training, and cybersecurity issues. The results indicate that, although the digital universe offers powerful tools to engage students, expand access to content, and foster new skills, it also presents significant risks, such as digital exclusion and data vulnerability. The conclusion points to the need for a balanced and strategic approach to the implementation of digital technologies, where careful planning and constant impact assessment are crucial to maximize benefits and mitigate risks, ensuring effective, equitable and safe digital education for all involved.
Keywords: Education. Digitalization. New Technologies. Hybrid Learning. Digital Challenges. Inclusion.
1 INTRODUÇÃO
O cenário educacional contemporâneo passa por transformações constantes, impulsionadas principalmente pela rápida evolução e pela presença onipresente das tecnologias digitais. Inicialmente utilizadas como ferramentas de apoio, essas tecnologias se consolidaram como ambientes integrados e essenciais ao processo de ensino-aprendizagem, alterando profundamente as práticas pedagógicas, as interações entre alunos e professores e o acesso ao conhecimento. Dessa forma, compreender as potencialidades, os benefícios e os riscos associados ao uso do ambiente digital na educação torna-se imprescindível para a formulação de estratégias pedagógicas mais eficazes, inclusivas e seguras.
A relevância desta discussão se justifica pelo fato de que, embora os recursos digitais ofereçam oportunidades significativas de inovação e otimização do aprendizado, também apresentam desafios e riscos que podem comprometer a qualidade da educação se não forem adequadamente gerenciados. Educadores, gestores e formuladores de políticas educacionais precisam entender plenamente o potencial transformador do ambiente digital, ao mesmo tempo em que desenvolvem mecanismos para mitigar possíveis dificuldades ou impactos negativos.
Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo geral analisar de forma abrangente as potencialidades, benefícios e riscos decorrentes da adoção e expansão do ambiente digital na educação, buscando compreender suas implicações no processo de ensino-aprendizagem. Para atingir esse objetivo, foi adotada uma metodologia de pesquisa bibliográfica aprofundada, com revisão crítica da literatura especializada. Essa abordagem permitiu mapear as principais discussões acadêmicas e reunir evidências sobre o impacto das tecnologias digitais no contexto educacional.
O tema deste estudo se justifica pela necessidade de compreender as mudanças que o ambiente digital provoca na educação, especialmente considerando suas oportunidades e limitações. A problematização central reside em identificar como as tecnologias digitais podem ser integradas de maneira eficaz, garantindo benefícios pedagógicos enquanto minimizam riscos, sobretudo para a formação integral dos alunos.
Além disso, o estudo busca contribuir tanto teoricamente, oferecendo uma análise crítica do papel das tecnologias digitais na educação, quanto praticamente, fornecendo subsídios para a elaboração de políticas, estratégias e práticas pedagógicas mais conscientes e inclusivas. A relevância social da pesquisa é evidente, uma vez que o conhecimento gerado pode orientar escolas, professores e gestores no uso estratégico das tecnologias digitais, promovendo uma aprendizagem de qualidade e acessível a todos os estudantes.
Este estudo direciona o leitor do contexto geral da transformação digital para o objeto específico da pesquisa: a análise das vantagens, benefícios e riscos do ambiente digital no ensino, destacando sua relevância, problemática e contribuições esperadas.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O panorama educacional contemporâneo está em constante metamorfose, impulsionado decisivamente pela onipresença das tecnologias digitais. Essa virada paradigmática posiciona as ferramentas digitais não apenas como suportes, mas como elementos centrais na facilitação de um ensino mais adaptativo e interconectado. A discussão sobre as vantagens e os riscos desse ambiente digital é essencial para uma compreensão completa de seu modelo tecnológico, conforme salientado por Sousa et al. (2024), que investigam como a digitalização redefine as interações pedagógicas e o acesso ao conhecimento em suas mais variadas formas.
Um dos avanços mais impactantes reside na capacidade dessas tecnologias de promoverem o engajamento estudantil de maneiras inovadoras. Plataformas interativas, ambientes de realidade virtual e aumentada, e jogos educacionais transformam o aprendizado de uma experiência passiva em uma jornada ativa e imersiva. Esse dinamismo é crucial para capturar a atenção de uma geração imersa no digital, tornando a assimilação do conhecimento mais natural e menos coercitiva, um ponto que Monte (2025) explora ao discutir estratégias para uma integração eficiente das tecnologias digitais na educação.
A personalização do ensino emerge como um benefício notável, diretamente impulsionado pelas tecnologias emergentes. Algoritmos de inteligência artificial podem analisar o desempenho individual dos alunos, identificando lacunas no aprendizado e sugerindo trilhas de estudo adaptadas. Essa capacidade de oferecer um percurso educacional individualizado maximiza o potencial de cada estudante, garantindo que o ensino seja mais eficaz e inclusivo, um aspecto fundamental que Dotta, Monteiro e Mouraz (2019) indiretamente tocam ao abordar o uso das tecnologias digitais por professores.
As ferramentas colaborativas, por sua vez, redefinem a natureza do trabalho em grupo, permitindo que alunos e professores colaborem em tempo real, superando barreiras geográficas. Documentos compartilhados, quadros interativos virtuais e plataformas de videoconferência fomentam a troca de ideias e a construção coletiva do conhecimento. Essa capacidade de co-criação prepara os estudantes para um mercado de trabalho que valoriza profundamente a colaboração e a interconexão global (Lopes & Gomes, 2020, p.11).
A revisão da literatura tem consistentemente demonstrado que o "boom" das plataformas digitais nas práticas de ensino, especialmente no ensino superior, revolucionou o acesso à educação. Lopes e Gomes (2020) destacam como essa expansão não apenas ampliou as fronteiras do campus físico, mas também democratizou o acesso a cursos e materiais de alta qualidade para um público mais vasto, incluindo aqueles que, por diversas razões, não poderiam frequentar instituições tradicionais, desmistificando o ensino a distância.
3 METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo foi analisar as potencialidades, impactos e cuidados relacionados ao uso do ambiente digital na educação. Esse tipo de pesquisa consiste na investigação de conhecimentos já produzidos e registrados em livros, artigos científicos, teses, dissertações e demais materiais publicados, permitindo a sistematização e a análise crítica das informações disponíveis sobre o tema.
Para a realização da pesquisa, foram seguidos os seguintes procedimentos: inicialmente, foi realizada uma busca criteriosa em bases de dados acadêmicas, como Scielo, Google Scholar, CAPES, ERIC e periódicos específicos da área de educação e tecnologias digitais. Os critérios de inclusão contemplaram trabalhos publicados nos últimos dez anos, em língua portuguesa ou inglesa, que abordassem o uso das tecnologias digitais no contexto educacional, com ênfase nos benefícios, riscos e estratégias pedagógicas associadas ao ambiente digital.
A coleta de dados consistiu na seleção de publicações relevantes, seguida da leitura detalhada e da extração das informações pertinentes aos objetivos do estudo. Os dados foram organizados em tabelas e quadros, permitindo a comparação entre diferentes autores, identificando convergências e divergências nas análises sobre as potencialidades e limitações do uso do ambiente digital na educação.
A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, por meio da síntese das informações e da interpretação crítica dos resultados apresentados na literatura. Essa abordagem possibilitou compreender os efeitos do ambiente digital no ensino-aprendizagem, bem como os cuidados necessários para garantir sua utilização ética, segura e pedagógica.
Dessa forma, a metodologia adotada permitiu construir um panorama abrangente sobre o tema, fornecendo subsídios teóricos para a reflexão sobre o uso consciente das tecnologias digitais no contexto educacional, respeitando tanto as oportunidades quanto os desafios identificados na literatura.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As tecnologias emergentes, quando bem implementadas, têm o potencial de minimizar disparidades, oferecendo recursos adaptados para estudantes com necessidades especiais ou para aqueles em regiões remotas. Ferramentas de acessibilidade, como leitores de tela e legendas automáticas, garantem que o conteúdo digital seja acessível a um espectro mais amplo de aprendizes, promovendo uma educação mais equitativa para todos, uma preocupação constante de Anjos et al. (2024) ao discutir as mídias digitais como linguagem no ambiente educacional.
O papel do professor também é substancialmente transformado. Longe de serem meros transmissores de conhecimento, os educadores se tornam mediadores e facilitadores, guiando os alunos na exploração do vasto universo digital. Eles precisam desenvolver novas competências para curar conteúdos, gerenciar ambientes virtuais de aprendizagem e integrar efetivamente as tecnologias em suas metodologias (Dotta, Monteiro & Mouraz, 2019, p.22).
As mídias digitais como linguagem no ambiente educacional apresentam vantagens significativas. Anjos et al. (2024) sublinham que elas oferecem novas formas de expressão e comunicação, permitindo que os alunos criem e interajam com o conhecimento de maneiras multimídia, o que fortalece a compreensão e a retenção de informações. Essa abordagem visual e interativa é particularmente eficaz para atender a diferentes estilos de aprendizagem e para desenvolver a literacia digital.
É inegável que a integração eficiente das tecnologias digitais no contexto brasileiro tem sido um foco central de discussão. Monte (2025) destaca as vantagens claras, como a flexibilidade de horários, o acesso a um leque maior de informações e a possibilidade de interações globais. No entanto, a materialização desses benefícios exige infraestrutura robusta e políticas públicas que garantam a democratização do acesso e o uso pedagógico adequado das ferramentas em todo o território nacional, o que ainda representa um desafio considerável.
Adicionalmente, as tecnologias digitais desempenham um papel crucial nos percursos de sucesso acadêmico de estudantes não tradicionais do Ensino Superior. Pinto e Leite (2020) observam que a flexibilidade e a autonomia que o ambiente digital oferece permitem que indivíduos com outras responsabilidades (trabalho, família) consigam conciliar os estudos, tornando o ensino superior mais acessível e inclusivo para uma população diversificada que busca qualificação profissional e mobilidade social.
A capacidade de explorar modelos tecnológicos tem sido fundamental para compreender as vantagens e riscos do ambiente digital na educação. Sousa et al. (2024) argumentam que a análise aprofundada de tais modelos permite uma visão mais clara de como a tecnologia pode ser otimizada para fins educacionais, ao mesmo tempo em que se identificam potenciais armadilhas e se desenvolvem estratégias proativas para mitigá-las, garantindo uma implantação mais segura e eficaz no sistema de ensino. Essa perspectiva é vital para o planejamento educacional.
O avanço das ferramentas colaborativas e das tecnologias emergentes representa uma oportunidade ímpar para aprimorar a qualidade e a acessibilidade da educação. Longe de serem meros instrumentos, elas se consolidam como catalisadores de um novo paradigma educacional, que valoriza a autonomia do estudante, a colaboração, a personalização do aprendizado e a constante atualização de competências em um mundo cada vez mais conectado, preparando os indivíduos para os desafios do futuro e para uma sociedade em constante evolução.
Apesar do notável potencial das tecnologias digitais para enriquecer a educação, sua implementação não está isenta de obstáculos e complexidades. A transição para um modelo educacional mais digitalizado e colaborativo impõe uma série de desafios multifacetados, que vão desde questões infraestruturais até aspectos pedagógicos e sociais. A literatura acadêmica, como observado por Sousa et al. (2024) ao explorar o modelo tecnológico na educação, tem sublinhado que ignorar essas barreiras seria subestimar a intricada natureza da educação e a necessidade de um planejamento estratégico robusto para mitigar os riscos inerentes.
Um dos principais entraves é a persistente disparidade no acesso à infraestrutura tecnológica. Em muitas regiões, especialmente no vasto e diverso contexto brasileiro, a conectividade precária e a falta de dispositivos adequados para alunos e professores criam um abismo digital significativo. Esse cenário impede que todos os estudantes usufruam plenamente das ferramentas colaborativas, perpetuando desigualdades educacionais e limitando o alcance de uma educação verdadeiramente inclusiva, um ponto crítico que Monte (2025) destaca ao analisar as estratégias para uma integração eficiente e equitativa no país.
A capacitação docente representa outro desafio monumental. Muitos professores, em particular aqueles com uma carreira consolidada, podem sentir-se despreparados ou resistentes à adoção de novas tecnologias e metodologias digitais. Dotta, Monteiro e Mouraz (2019), em sua investigação sobre professores experientes, revelam que mitos, crenças e práticas pedagógicas arraigadas podem dificultar a plena integração, exigindo programas de formação continuada que vão além do mero manuseio de ferramentas, focando na ressignificação pedagógica do uso digital.
A qualidade e a curadoria dos conteúdos digitais também são preocupações relevantes no ambiente educacional dinâmico. Com a vasta quantidade de informações e recursos disponíveis online, discernir entre materiais pedagógicos de alta qualidade e conteúdos inadequados ou imprecisos torna-se uma tarefa complexa. Além disso, garantir que os materiais colaborativos sejam pertinentes ao currículo e engajadores exige tempo e expertise dos educadores, um desafio que se intensifica com o "boom" das plataformas digitais e a profusão de dados (Lopes & Gomes, 2020, p.19).
A questão da segurança cibernética e privacidade dos dados dos estudantes é um desafio ético e prático de suma importância. O uso de plataformas colaborativas e o ambiente digital em geral envolvem o compartilhamento de informações pessoais e a interação online, o que expõe alunos e instituições a riscos de vazamento de dados, cyberbullying e acesso indevido. A exploração dos riscos do ambiente digital, segundo a análise de Sousa et al. (2024), demanda que as escolas implementem políticas rigorosas de proteção e conscientizem toda a comunidade sobre o uso seguro da internet.
A manutenção da disciplina e do foco em ambientes de aprendizado digital pode ser mais complexa do que em cenários presenciais. A facilidade de acesso a distrações online, como redes sociais e jogos, pode desviar a atenção dos alunos das tarefas colaborativas, exigindo estratégias pedagógicas mais sofisticadas para gerenciar o comportamento e manter o engajamento. Essa é uma preocupação constante que permeia as discussões sobre mídias digitais como linguagem no ambiente educacional, conforme o estudo de Anjos et al. (2024) também evidencia.
Outro ponto de atenção é a sobrecarga de informações e tarefas digitais. Tanto alunos quanto professores podem se sentir oprimidos pela quantidade excessiva de ferramentas, plataformas e notificações, levando à conhecida fadiga digital. Essa "infoxicação" pode comprometer a eficácia do processo de ensino-aprendizagem, exigindo um planejamento cuidadoso e a racionalização do uso das ferramentas colaborativas para evitar o esgotamento, um aspecto que a literatura tem gradualmente reconhecido ao discutir os impactos do excesso de estímulos digitais.
A avaliação do aprendizado em ambientes colaborativos digitais também apresenta complexidades. Como medir a contribuição individual em projetos coletivos online? Como garantir a autenticidade das produções em um contexto onde a colaboração é facilitada, mas o plágio também pode ser? Essas questões demandam o desenvolvimento de novas metodologias de avaliação que sejam justas, transparentes e capazes de capturar o verdadeiro processo de aprendizado e as competências desenvolvidas, um ponto que impacta diretamente a validação dos percursos de sucesso acadêmico, conforme Pinto e Leite (2020) indiretamente sugerem em suas pesquisas sobre estudantes do ensino superior.
A resistência cultural à mudança dentro das instituições de ensino é um desafio latente. Mesmo com o reconhecimento das vantagens das tecnologias, a inércia institucional, a falta de apoio administrativo ou a cultura organizacional podem frear a adoção e a integração eficaz das ferramentas colaborativas. Superar essa resistência exige liderança visionária e um esforço contínuo de conscientização sobre os benefícios a longo prazo, algo que Dotta, Monteiro e Mouraz (2019) analisam ao abordar a adaptabilidade docente e os mitos relacionados ao uso das tecnologias.
Além disso, a necessidade de um suporte técnico adequado e contínuo é uma realidade muitas vezes negligenciada. A complexidade das plataformas e ferramentas exige equipes de suporte técnico disponíveis para auxiliar professores e alunos em eventuais problemas, desde falhas de conexão até dificuldades no manuseio de softwares. A ausência desse suporte pode gerar frustração e desmotivar o uso das tecnologias, comprometendo a eficácia de programas de ensino a distância, como os analisados por Lopes e Gomes (2020).
A equidade no acesso ao capital cultural digital também precisa ser considerada profundamente. Embora as tecnologias possam democratizar o acesso à informação, as habilidades para navegar, filtrar e interpretar essa informação variam significativamente entre os estudantes, criando novas formas de exclusão. Isso pode agravar as diferenças existentes entre os que possuem maior familiaridade com o ambiente digital e os que não a têm, impactando os percursos de sucesso acadêmico de estudantes não tradicionais, conforme Pinto e Leite (2020) ressaltam em suas pesquisas sobre inclusão no ensino superior.
A rápida obsolescência tecnológica, a necessidade de constantes atualizações de hardware e software, e os custos de licenciamento demandam um planejamento financeiro contínuo. Garantir que as infraestruturas e as ferramentas sejam mantidas e atualizadas é crucial para que os benefícios iniciais não se percam com o tempo, um aspecto que Monte (2025) aponta ao discutir as estratégias para uma integração eficiente e duradoura das tecnologias no contexto educacional brasileiro.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta parte do trabalho pretende apresentar as principais conclusões, destacando o progresso e as aplicações que a pesquisa propicia. São enunciadas as principais conclusões decorrentes das análises dos dados.
Este estudo teve como objetivo analisar de maneira ampla as vantagens, benefícios e riscos relacionados à adoção e expansão do ambiente digital na educação, objetivo que foi plenamente alcançado por meio de uma revisão crítica da literatura especializada. A investigação permitiu compreender como a digitalização tem transformado o cenário educacional, oferecendo novas possibilidades para a prática pedagógica, o engajamento dos estudantes e a personalização do ensino. Observou-se que o uso de ferramentas digitais, como plataformas colaborativas, ambientes virtuais de aprendizagem, aplicativos interativos e recursos multimídia, favorece a diversificação das estratégias de ensino e amplia os horizontes do aprendizado, permitindo que os alunos desenvolvam competências essenciais para o século XXI.
Além disso, a análise indicou que o ambiente digital, quando utilizado de forma planejada e intencional, contribui significativamente para a inclusão educacional, proporcionando acesso a conteúdos e experiências de aprendizagem adaptadas às necessidades individuais de cada estudante. A personalização do ensino, viabilizada por essas tecnologias, possibilita que os alunos avancem no próprio ritmo, explorem diferentes formas de compreensão e expressão e adquiram autonomia no processo de aprendizagem. A ludicidade e a interatividade oferecidas por recursos digitais, como jogos educativos, simuladores e materiais audiovisuais, demonstraram ser particularmente eficazes para engajar os estudantes e tornar o aprendizado mais significativo.
Por outro lado, a investigação aprofundou-se nos desafios e riscos associados à implementação do ambiente digital na educação. Destacou-se que a exclusão digital ainda persiste, especialmente em contextos onde há desigualdade no acesso à infraestrutura tecnológica, conectividade de qualidade e equipamentos adequados. Essa realidade evidencia a necessidade de investimentos contínuos em infraestrutura e a criação de políticas educacionais que promovam a equidade no uso das tecnologias. Além disso, a capacitação docente se mostrou um ponto central: a eficácia das ferramentas digitais depende da habilidade do professor em integrá-las ao planejamento pedagógico, mediando a aprendizagem e utilizando os recursos de forma crítica e reflexiva.
Outro aspecto identificado diz respeito à segurança cibernética e à gestão da sobrecarga informacional. Com o aumento exponencial de conteúdos digitais, torna-se essencial que educadores e gestores desenvolvam estratégias para filtrar informações, orientar os estudantes sobre o uso consciente da internet e proteger os dados pessoais, evitando riscos relacionados à privacidade e à exposição inadequada de informações. A educação digital, portanto, exige não apenas o domínio técnico das ferramentas, mas também o desenvolvimento de competências digitais, éticas e socioemocionais que permitam aos alunos navegar no ambiente virtual de maneira segura e responsável.
O estudo também evidenciou que o ambiente digital, além de potencializar o aprendizado, altera a dinâmica das interações entre professores e alunos. As tecnologias digitais favorecem a comunicação colaborativa, a troca de ideias e a construção coletiva do conhecimento, possibilitando que estudantes participem ativamente do processo educacional. Essa transformação requer que as práticas pedagógicas se tornem mais flexíveis, adaptáveis e centradas no estudante, promovendo o protagonismo juvenil e fortalecendo habilidades como pensamento crítico, criatividade, resolução de problemas e colaboração.
Além das vantagens pedagógicas, a digitalização tem impacto significativo no planejamento escolar e na gestão educacional. A implementação eficaz do ambiente digital demanda planejamento estratégico, definição de objetivos claros, monitoramento constante das práticas e avaliação dos resultados. É necessário que gestores, professores e demais profissionais da educação trabalhem de forma articulada, garantindo que os recursos digitais sejam utilizados de maneira coerente, alinhados aos objetivos de aprendizagem e integrados ao currículo.
Adicionalmente, a pesquisa ressaltou a importância de políticas institucionais e diretrizes claras que orientem a utilização das tecnologias digitais. A existência de normas, protocolos e metas facilita a implementação das ferramentas, assegura que todos os estudantes tenham acesso às mesmas oportunidades e promove a responsabilidade na aplicação das tecnologias. Sem diretrizes consistentes, existe o risco de desigualdade no uso das ferramentas digitais, prejudicando a inclusão e limitando os benefícios potenciais dessas tecnologias.
Outro ponto relevante refere-se à necessidade de um olhar crítico sobre os impactos sociais e emocionais da educação digital. Embora os recursos digitais possam enriquecer a aprendizagem, também podem gerar efeitos negativos, como dispersão, dependência de telas e dificuldade de concentração. É fundamental que educadores, gestores e famílias desenvolvam estratégias para equilibrar o uso das tecnologias, integrando atividades digitais e não digitais, de forma a garantir que a aprendizagem seja completa, saudável e sustentável.
Este estudo reforça que o sucesso da educação digital não depende apenas da presença de tecnologia no ambiente escolar, mas da forma como ela é incorporada de maneira consciente, equitativa e ética.
O impacto transformador das tecnologias digitais se concretiza quando há planejamento pedagógico intencional, formação docente adequada, políticas institucionais consistentes e atenção às necessidades e interesses dos alunos.
A integração harmoniosa entre inovação tecnológica e prática educativa permite construir ambientes de aprendizagem mais ricos, inclusivos e significativos, capazes de preparar os estudantes para os desafios do mundo contemporâneo, promovendo uma educação que seja, simultaneamente, digital, humanizada e transformadora.
Nesta etapa deve-se deixar claro se os objetivos foram ou não atingidos e se as hipóteses ou as suposições foram confirmadas ou rejeitadas, além de enunciar as principais contribuições teóricas e práticas do trabalho realizado.
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1 Bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. Especialização em Libras Educação Inclusiva. Instituto Federal de Mato Grosso. Mestranda em Tecnologias Emergentes da Educação pela Must University. E-mail: [email protected]