PEELING QUÍMICO: COMBINAÇÕES DE ÁCIDOS COM ÊNFASE PARA O TRATAMENTO DO MELASMA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17593273


Ariadne Ibiapino Antunes1
Leticia Correa Barbosa2
Ana Cristiana Serra Polimeno3


RESUMO
O melasma é uma alteração na pigmentação da pele caracterizada pelo surgimento de manchas acastanhadas, principalmente no rosto, impactando negativamente a autoestima e a qualidade de vida dos indivíduos. O peeling químico é um método amplamente utilizado para o tratamento dessa condição, pois promove a renovação celular, reduz a hiperpigmentação e uniformiza o tom da pele. Este estudo tem como objetivo analisar a eficácia do peeling químico no tratamento do melasma, com ênfase nos benefícios dos ácidos ferúlico, azelaico e da gluconolactona, e como essa associação pode potencializar os resultados terapêuticos. A pesquisa consiste em uma revisão integrativa da literatura, com base em estudos publicados entre 2017 e 2024, obtidos em bases de dados como SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os resultados demonstram que a combinação desses ácidos pode oferecer benefícios significativos, atuando de forma sinérgica na despigmentação, renovação e proteção da pele, além de minimizar os efeitos adversos comuns de ácidos mais agressivos. Conclui-se que o peeling químico, quando realizado com segurança e sob orientação profissional, é uma alternativa eficaz para o clareamento de manchas e melhora da textura cutânea, contribuindo também para o bem-estar emocional e psicológico do paciente.
Palavras-chave: Melasma. Peeling químico. Ácido ferúlico. Ácido azelaico. Gluconolactona

ABSTRACT
Melasma is a skin pigmentation disorder characterized by brownish patches, especially on the face, which negatively impact self-esteem and quality of life. Chemical peeling is a widely used method for treating this condition because it promotes cell renewal, reduces hyperpigmentation, and evens skin tone. This study aims to analyze the effectiveness of chemical peels in treating melasma, emphasizing the benefits of ferulic acid, azelaic acid, and gluconolactone, and how their combination can enhance therapeutic outcomes. The research consists of an integrative literature review based on studies published between 2017 and 2024 from databases such as SciELO and the Virtual Health Library (BVS). The results show that combining these acids provides synergistic effects in depigmentation, skin renewal, and protection while minimizing the adverse effects of more aggressive acids. It is concluded that chemical peels, when performed safely and under professional supervision, are an effective option for skin lightening and texture improvement, also contributing to the patient’s emotional and psychological wellbeing.
Keywords: Melasma. Chemical peeling. Ferulic acid. Azelaic acid. Gluconolactone.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural e inevitável que afeta todos os seres vivos, caracterizado por alterações biológicas, psíquicas e sociais progressivas. Entre os principais fatores que aceleram o envelhecimento cutâneo, destacam-se os raios ultravioleta (UV), que provocam degradação das fibras de colágeno e elastina, resultando em rugas, manchas e flacidez (VIANA et al., 2023). A exposição solar excessiva, embora essencial para a síntese de vitamina D, é um dos maiores vilões da saúde da pele, contribuindo para o fotoenvelhecimento e para o aparecimento de diversas dermatoses (SILVA et al., 2024).

O melasma é uma das principais manifestações hiperpigmentares, caracterizada pelo surgimento de manchas acastanhadas irregulares em regiões expostas ao sol, especialmente na face. Apesar de não representar risco à saúde, o melasma causa impacto psicológico significativo, prejudicando a autoestima e as relações sociais do paciente (CHAVES; PEREIRA, 2018). Entre as diversas abordagens terapêuticas estudadas — como agentes tópicos, lasers e medicamentos orais —, o peeling químico se destaca pela eficácia e acessibilidade, promovendo a descamação controlada da epiderme e estimulando a renovação celular (VIANA et al., 2023).

As causas do melasma são multifatoriais, envolvendo predisposição genética, alterações hormonais, uso de anticoncepcionais, exposição solar excessiva e certos medicamentos. Além disso, há maior prevalência em mulheres em idade reprodutiva, o que reforça a influência hormonal na manifestação da doença (BARBOSA; GUEDES, 2018). Estima-se que a condição acometa entre 5% e 10% da população mundial, com taxas mais elevadas em regiões tropicais como o Brasil (MAJID; ALEEM, 2022).

O tratamento do melasma é um desafio constante, uma vez que apresenta altas taxas de recorrência. Entretanto, estudos recentes indicam que a associação de agentes despigmentantes como o ácido azelaico, ácido ferúlico e gluconolactona pode potencializar os efeitos clareadores e melhorar a tolerância cutânea, tornando o peeling químico uma alternativa promissora (FERNANDES et al., 2018).

A justificativa deste trabalho está na relevância clínica e estética do tema. O peeling químico, ao promover o clareamento da pele e o rejuvenescimento facial, contribui significativamente para a melhora da autoestima e da qualidade de vida dos pacientes. Assim, compreender os mecanismos de ação e os benefícios da associação de ácidos específicos permite aprimorar as práticas estéticas e dermatológicas.

O objetivo deste estudo é analisar a eficácia do peeling químico no tratamento do melasma, com ênfase nos benefícios e na ação combinada dos ácidos ferúlico, azelaico e gluconolactona, ressaltando suas propriedades despigmentantes, antioxidantes e renovadoras da pele.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA

1. Estrutura e Função da Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano e desempenha funções essenciais na proteção contra agentes externos, na regulação térmica, na percepção sensorial e na síntese de vitamina D (SILVA; MORAES, 2022). Estruturalmente, é composta por três camadas principais: epiderme, derme e hipoderme.

A epiderme é a camada mais externa e atua como barreira física contra microrganismos e perda de água. Contém os melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina, o pigmento que confere cor à pele, cabelos e olhos (GOMES; SILVA; POL-FACHIN, 2024).

A derme, localizada abaixo da epiderme, é rica em fibras de colágeno e elastina, o que confere resistência e elasticidade à pele. Já a hipoderme é formada por tecido adiposo, que serve como isolante térmico e reserva de energia (BORGES, 2021).

Os melanócitos produzem dois tipos de melanina — eumelanina e feomelanina —, as quais desempenham papéis distintos na proteção solar. A eumelanina protege contra os danos da radiação ultravioleta (RUV), enquanto a feomelanina, em excesso, pode gerar radicais livres que danificam o DNA celular (DUARTE et al., 2023). A hiperatividade dos melanócitos pode resultar em hiperpigmentação ou melasma, uma condição que afeta especialmente regiões fotoexpostas, como o rosto.

2. Melasma: Características e Fatores Etiológicos

O melasma é uma dermatose hiperpigmentar adquirida, caracterizada por manchas irregulares e acastanhadas que acometem, principalmente, mulheres em idade fértil (BARBOSA et al., 2021). Essa condição é influenciada por múltiplos fatores, como predisposição genética, alterações hormonais, uso de anticoncepcionais e exposição solar (MAJID; ALEEM, 2022).

Os raios UV são considerados o principal fator externo desencadeante, pois estimulam a produção de melanina. Da mesma forma, a exposição à luz visível e à radiação infravermelha também contribui para o agravamento do quadro, tornando indispensável o uso contínuo de fotoprotetores (BORGES, 2021).

O impacto psicossocial do melasma é expressivo. A aparência da pele influencia diretamente a autoestima e o bem-estar emocional, e pacientes com hiperpigmentação facial frequentemente relatam desconforto social e ansiedade (CHAVES; PEREIRA, 2018; BRAGA et al., 2024). Dessa forma, o tratamento vai além da questão estética, alcançando dimensões psicológicas e de qualidade de vida.

3. Peeling Químico: Conceito e Classificação

O peeling químico é um procedimento dermocosmético que utiliza agentes químicos para promover a esfoliação controlada da pele e estimular a renovação celular

(FERREIRA; AMORIN; ZANQUETA, 2023). Dependendo da profundidade da ação, ele pode ser classificado em quatro tipos principais:

  • Muito superficial: atua na camada córnea e granulosa;

  • Superficial: atinge a epiderme;

  • Médio: alcança a derme papilar;

  • Profundo: chega à derme reticular (GOMES; SILVA; POL-FACHIN,

2024).

O objetivo é remover as células danificadas e estimular a regeneração tecidual, promovendo clareamento, rejuvenescimento e melhora da textura cutânea. Entre os agentes mais utilizados estão os ácidos glicólico, salicílico, tricloroacético e láctico (MORO; GUIDONI, 2022).

A escolha do tipo de peeling depende das características individuais da pele, do grau de hiperpigmentação e dos objetivos terapêuticos (PASSERON; PICARDO, 2018). O sucesso do procedimento depende do controle do pH da formulação, que deve ser inferior ao pH fisiológico da pele (em torno de 4,5 a 5,7) para permitir uma esfoliação eficaz.

4. Mecanismos de Ação e Benefícios do Peeling Químico

Os peelings químicos agem por meio da descamação controlada da epiderme, o que facilita a remoção da melanina acumulada e estimula a regeneração celular. Além disso, alguns agentes possuem ação inibitória sobre a tirosinase, enzima fundamental na síntese de melanina, contribuindo para o clareamento cutâneo (MORO; GUIDONI, 2022).

Outros benefícios incluem o aumento da produção de colágeno e elastina, melhoria na microcirculação dérmica e redução da inflamação cutânea, fatores que, em conjunto, promovem rejuvenescimento e uniformização da tonalidade da pele (ADAMATZILIADIS et al., 2024).

O procedimento deve ser conduzido com cautela e por profissionais capacitados, pois erros na concentração ou no tempo de exposição dos ácidos podem causar lesões e hiperpigmentação pós-inflamatória, especialmente em peles mais escuras (RATHEE et al., 2021).

5. Principais Ácidos Utilizados no Tratamento do Melasma 

5.1. Ácido Azelaico

O ácido azelaico (AzA) é um ácido dicarboxílico de origem natural, encontrado em grãos como trigo, cevada e centeio. Possui propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e despigmentantes, sendo amplamente utilizado no tratamento da acne e do melasma (PENA; SANTOS; CAETITÉ, 2022).

Seu mecanismo de ação envolve a inibição da enzima tirosinase, responsável pela produção de melanina, além de exercer efeito seletivo sobre os melanócitos hiperativos. O AzA também apresenta propriedades antibacterianas e queratolíticas, promovendo leve renovação celular (FENG et al., 2024).

Devido à boa tolerabilidade, é indicado para fototipos altos, minimizando o risco de irritações ou hiperpigmentação pós-inflamatória (SEARLE; ALI; ALNIAIMI, 2020).

5.2. Ácido Ferúlico

O ácido ferúlico é um composto fenólico de origem vegetal com forte ação antioxidante. Atua neutralizando radicais livres, reduzindo os danos provocados pela radiação UV e inibindo a melanogênese (ZDUŃSKA et al., 2018).

Além de suas propriedades antioxidantes, o ácido ferúlico potencializa a ação de vitaminas C e E, prolongando sua estabilidade e elevando a fotoproteção da pele (RITUÁRIA, 2025). Por esses motivos, é amplamente utilizado em formulações clareadoras e antienvelhecimento (INFINITY PHARMA, 2021).

A combinação do ácido ferúlico com outros ácidos despigmentantes proporciona efeitos sinérgicos, melhorando o clareamento das manchas e promovendo maior uniformização da pele.

5.3. Gluconolactona

A gluconolactona é um poli-hidroxiácido (PHA) derivado da glicose, caracterizado por sua ação esfoliante suave, antioxidante e hidratante (SALLINAS; SAKAI, 2021). É considerada ideal para peles sensíveis, pois causa menos irritação que os alfahidroxiácidos (AHAs).

Sua função está relacionada à remoção controlada das células mortas e à renovação celular, resultando em uma pele mais lisa e radiante. Atua também como umectante, mantendo a hidratação e reforçando a barreira cutânea (SCHULTHAIS; COSTA; GARAVELLO, 2023).

Por apresentar penetração lenta e ação delicada, a gluconolactona é considerada um “peeling frio”, podendo ser aplicada inclusive em regiões sensíveis, como pálpebras, pescoço e colo.

METODOLOGIA

O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e descritiva, desenvolvida por meio de uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de reunir, analisar e sintetizar o conhecimento científico existente sobre a eficácia do peeling químico no tratamento do melasma. Esse tipo de pesquisa permite a integração de resultados de diferentes estudos, contribuindo para uma visão ampla e fundamentada sobre o tema.

1. Fontes de Dados

A coleta de dados foi realizada nas bases Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se como descritores os termos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Peeling químico, Melasma, Ácido azelaico, Ácido ferúlico e Gluconolactona. Os descritores foram combinados entre si por meio dos operadores booleanos “AND” e “OR” para ampliar a busca e garantir a abrangência dos resultados.

2. Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram incluídos na revisão os artigos publicados entre os anos de 2017 e 2024, disponíveis na íntegra, e redigidos nos idiomas português, inglês ou espanhol.

Os critérios de exclusão envolveram:

  1. estudos que apresentavam apenas o resumo disponível;

  2. publicações duplicadas nas bases de dados;

  3. artigos que não abordavam diretamente a temática do peeling químico associado ao tratamento do melasma.

3. Procedimentos de Análise

Após a seleção, os artigos foram analisados quanto à relevância do conteúdo, metodologia empregada e resultados obtidos. A extração de dados considerou informações sobre tipos de ácidos utilizados, mecanismos de ação, eficácia clínica, efeitos adversos e benefícios dermatológicos.

Os resultados foram organizados em categorias temáticas para possibilitar uma análise comparativa entre os estudos e identificar as associações de ácidos mais eficazes no clareamento do melasma. Essa abordagem permitiu compreender de que maneira o uso combinado do ácido ferúlico, ácido azelaico e gluconolactona potencializa a renovação celular e reduz os riscos de irritação e hiperpigmentação pós-inflamatória.

4. Aspectos Éticos

Por se tratar de uma revisão de literatura, este estudo não envolveu pesquisa direta com seres humanos ou coleta de dados clínicos, portanto, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os trabalhos utilizados respeitam as diretrizes éticas de publicação científica e foram devidamente referenciados conforme a norma ABNT NBR 6023:2018.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos por meio da revisão da literatura demonstram que o peeling químico é uma técnica amplamente reconhecida na dermatologia estética, tanto pela sua eficácia quanto pela versatilidade de aplicação em diferentes tipos de pele. A análise comparativa dos estudos revelou que os peelings superficiais e de média profundidade são os mais indicados para o tratamento do melasma, devido ao equilíbrio entre segurança, tolerabilidade e resposta clínica.

1. Tipos de Peelings e Profundidade de Ação

De acordo com Ferreira, Amorin e Zanqueta (2023), o peeling químico pode atuar em diferentes profundidades cutâneas, dependendo do tipo e da concentração do agente químico utilizado.

  • Os peelings superficiais, como os realizados com ácido glicólico, ácido salicílico e ácido láctico, atuam na epiderme e são eficazes para hiperpigmentações leves, acne e rejuvenescimento.

  • Os peelings médios, geralmente feitos com ácido tricloroacético (TCA), atingem a derme papilar e são indicados para melasmas mais resistentes e manchas profundas.

  • Já os peelings profundos, realizados com fenol, promovem remodelação intensa da pele, mas possuem maior risco de complicações, sendo menos utilizados para o melasma (GOMES; SILVA; POL-FACHIN, 2024).

Moro e Guidoni (2022) observaram que os peelings de profundidade média demonstram resultados expressivos na redução da pigmentação e na uniformização do tom da pele, embora necessitem de monitoramento rigoroso devido à possibilidade de hiperpigmentação pós-inflamatória, especialmente em fototipos elevados. Assim, a personalização do protocolo é essencial para a eficácia e segurança do tratamento.

2. Mecanismos de Ação dos Ácidos no Peeling Químico

Os peelings químicos promovem descamação controlada da epiderme, estimulando a renovação celular e a síntese de colágeno e elastina (ADAMATZILIADIS et al., 2024). Além disso, os ácidos agem de forma sinérgica para inibir a tirosinase, enzima-chave na produção de melanina, o que resulta na redução da hiperpigmentação característica do melasma (MORO; GUIDONI, 2022).

A seguir, são apresentados os principais resultados observados nos estudos analisados para cada ácido utilizado neste trabalho.

2.1. Ácido Azelaico

O ácido azelaico demonstrou excelente desempenho na inibição seletiva dos melanócitos hiperativos, sem causar despigmentação nas áreas adjacentes (PENA; SANTOS; CAETITÉ, 2022). Feng et al. (2024) ressaltam que o AzA reduz significativamente a produção de melanina por meio da inibição da enzima tirosinase e apresenta propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que auxiliam na melhora da textura e luminosidade da pele.

Por ser bem tolerado, inclusive em fototipos altos, o ácido azelaico é considerado uma alternativa segura ao uso da hidroquinona, reduzindo os efeitos adversos e a irritação cutânea frequentemente associadas ao clareamento químico (SEARLE; ALI; ALNIAIMI, 2020).

2.2. Ácido Ferúlico

O ácido ferúlico destacou-se por sua ação antioxidante e fotoprotetora, neutralizando radicais livres e inibindo a melanogênese (ZDUŃSKA et al., 2018). Atua também como estabilizador de vitaminas antioxidantes, como C e E, potencializando sua eficácia e prolongando sua ação sobre a pele (RITUÁRIA, 2025).

Além de promover o clareamento e uniformização da pele, o ácido ferúlico auxilia na proteção contra danos induzidos pela radiação UV, sendo considerado um ativo essencial em formulações clareadoras e antienvelhecimento (INFINITY PHARMA,

2021). Quando associado a outros ácidos, potencializa os efeitos de despigmentação, estimulando a regeneração cutânea de forma controlada.

2.3. Gluconolactona

A gluconolactona, pertencente ao grupo dos poli-hidroxiácidos (PHAs), apresentou resultados satisfatórios em peles sensíveis, com menor incidência de irritações e reações adversas (SALLINAS; SAKAI, 2021). Por possuir uma penetração lenta, é considerada um peeling de ação suave que promove renovação celular e hidratação intensa, sem comprometer a barreira cutânea (SCHULTHAIS; COSTA; GARAVELLO, 2023).

O uso da gluconolactona também mostrou eficácia na redução de manchas e rugas finas, sendo indicada para áreas delicadas, como pescoço e pálpebras. Além disso, sua ação antioxidante protege a pele contra o estresse oxidativo e melhora a função barreira, tornando-a uma excelente opção para tratamentos combinados com ácidos despigmentantes (SALLINAS; SAKAI, 2021).

3. Eficácia Clínica e Impacto Psicossocial

Borges e Silva (2019) relataram melhora significativa na uniformização do tom da pele e redução da intensidade das manchas após a aplicação de peelings com ácido glicólico e tricloroacético. Resultados semelhantes foram observados por Adamatziliadis et al. (2024), que destacaram a importância dos cuidados pósprocedimento e do uso de fotoproteção diária para manter os resultados a longo prazo.

Os benefícios do peeling químico vão além da estética, pois a melhora da aparência facial tem impacto direto na autoestima e no bem-estar psicológico dos pacientes. Braga et al. (2024) observaram que indivíduos tratados com peelings apresentaram maior satisfação com a aparência e melhora na autoconfiança, evidenciando o papel psicossocial positivo desse tipo de tratamento.

4. Análise Comparativa dos Ácidos

A análise integrativa dos estudos demonstrou que a associação dos ácidos ferúlico, azelaico e gluconolactona proporciona resultados superiores aos obtidos com o uso isolado de cada substância. Enquanto o ácido azelaico atua diretamente sobre a tirosinase, o ácido ferúlico exerce proteção antioxidante e a gluconolactona reforça a hidratação e promove esfoliação suave. Essa combinação permite um tratamento sinérgico, que clareia as manchas, melhora a textura da pele e reduz a sensibilidade, tornando-se uma alternativa eficaz e segura para o tratamento do melasma.

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1 Curso de Bacharelado em Farmácia – Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP - Cruzeiro do Sul).

2 Curso de Bacharelado em Farmácia – Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP - Cruzeiro do Sul).

3 Professora orientadora