O PAPEL DO DESIGN INSTRUCIONAL NA EDUCAÇÃO

PDF: Clique aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16790533


Zulma Nascimento Guidi1


RESUMO
O objetivo deste estudo é discutir as práticas do Design Instrucional (DI) no contexto educacional, analisando suas vantagens, limitações e contribuições para a evolução dos processos de ensino e aprendizagem. Para isso, utilizou-se uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com base em obras e artigos relevantes sobre o tema. O tema se concentra na aplicação do DI como uma abordagem estratégica para planejar, desenvolver e avaliar conteúdos educacionais de forma sistemática e personalizada, promovendo uma educação mais inclusiva e eficiente. Por meio dessa abordagem, foram exploradas as potencialidades do DI em personalizar o aprendizado, integrar tecnologias inovadoras e atender às necessidades de contextos educacionais diversos. Contudo, também foram analisados os desafios, como a dependência de infraestrutura tecnológica adequada e a formação insuficiente de educadores. Conclui-se que o Design Instrucional é essencial para transformar práticas pedagógicas e superar os desafios da educação contemporânea, desde que haja investimentos em formação docente e adaptações às diferentes realidades. Ele desempenha um papel crucial na construção de processos educacionais mais inclusivos e eficazes, alinhados às demandas de uma sociedade em constante evolução.
Palavras-chave: Desafios. Vantagens. Design Instrucional. Ensino.

ABSTRACT
The objective of this study is to discuss the practices of Instructional Design (ID) in the educational context, analyzing its advantages, limitations, and contributions to the evolution of teaching and learning processes. To achieve this, a bibliographic research methodology was employed, based on relevant works and articles on the topic. The focus lies on the application of ID as a strategic approach to systematically and personalizedly plan, develop, and evaluate educational content, promoting a more inclusive and efficient education. This approach explores ID's potential to personalize learning, integrate innovative technologies, and meet the needs of diverse educational contexts. However, challenges were also analyzed, such as the dependency on adequate technological infrastructure and insufficient teacher training. It is concluded that Instructional Design is essential for transforming pedagogical practices and overcoming the challenges of contemporary education, provided there are investments in teacher training and adaptations to different realities. It plays a crucial role in building more inclusive and effective educational processes aligned with the demands of a constantly evolving society.
Keywords: Challenges. Advantages. Instructional Design. Teaching.

1 INTRODUÇÃO

O Design Instrucional emergiu como uma abordagem indispensável na transformação das práticas educacionais contemporâneas, integrando elementos de pedagogia, tecnologia e comunicação para atender às demandas de uma sociedade em constante evolução. Em um cenário marcado pela crescente digitalização do ensino e pela necessidade de personalizar a aprendizagem, o DI se destaca como uma metodologia que permite planejar e desenvolver conteúdos educacionais de forma estratégica e adaptada às necessidades individuais dos alunos. A relevância do tema está atrelada ao papel fundamental que o DI desempenha na promoção de uma educação mais inclusiva, eficiente e inovadora. Por meio de sua aplicação, é possível enfrentar desafios educacionais, como a falta de engajamento dos estudantes, a necessidade de promover autonomia no aprendizado e as dificuldades de adaptação a diferentes contextos socioculturais.

O objetivo deste estudo é discutir as práticas do Design Instrucional no contexto educacional, analisando suas vantagens, limitações e contribuições para a evolução dos processos de ensino e aprendizagem. Para isso, utilizou-se uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com base em obras e artigos relevantes sobre o tema. A metodologia de pesquisa bibliográfica é uma abordagem que analisa materiais já publicados, como livros e artigos científicos, para construir uma base teórica que sustente estudos e reflexões. Amplamente utilizada em diversas áreas, permite organizar e aprofundar o conhecimento existente, identificando contribuições e lacunas sobre o tema. O artigo está organizado em seções que aprofundam os aspectos mais relevantes do Design Instrucional. Inicialmente, explora-se o papel do DI na educação, enfatizando sua interdisciplinaridade e contribuição para o planejamento de práticas pedagógicas eficazes. Em seguida, são analisadas as vantagens e desvantagens de sua implementação, com destaque para os desafios enfrentados em contextos educacionais diversos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

O Design Instrucional desempenha um papel fundamental na transformação da educação, pois se caracteriza por sua capacidade de integrar diversas áreas do conhecimento para atender às demandas contemporâneas do ensino e aprendizagem. Conforme destaca Filatro (2017) o DI transcende as barreiras tradicionais das disciplinas, unindo saberes de campos como Design, Comunicação, Pedagogia e Tecnologia da Informação. Essa abordagem interdisciplinar não apenas enriquece o processo de construção de conteúdos educacionais, mas também permite que eles sejam planejados, desenvolvidos e avaliados de forma meticulosa e estratégica, garantindo que os objetivos educacionais estejam alinhados com as metodologias de ensino utilizadas.

Segundo Filatro (2008, p. 3) o DI “é definido como uma ação intencional e sistemática de ensino, abrangendo o planejamento, desenvolvimento e aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais específicos para promover a aprendizagem humana”. Um dos maiores avanços proporcionados pelo DI é a personalização do aprendizado, uma característica que ganha cada vez mais relevância no cenário educacional atual. Por meio de análises detalhadas do perfil dos estudantes, incluindo suas habilidades, interesses e dificuldades, o DI possibilita a criação de conteúdos que dialogam diretamente com as necessidades individuais de cada aluno.

Esse processo promove um ambiente de aprendizagem mais engajador e motivador, no qual os alunos se sentem mais conectados ao que está sendo ensinado. Além disso, o caráter sistemático e reflexivo do DI é um diferencial significativo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Design Instrucional (IBDIN, 2019) ao compreender que o Design Instrucional é um processo sistemático e reflexivo de traduzir princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de produtos educacionais, podemos afirmar, também, que a metodologia de desenvolvimento de materiais didáticos se distingue de métodos tradicionais pelo seu caráter metódico e cuidadoso de análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação do treinamento Essa característica reforça o compromisso do DI com a eficiência e a qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

Filatro (2017) também destaca a importância do DI na construção de uma educação mais inclusiva. Ao permitir a adaptação de recursos didáticos às características e realidades diversas dos alunos, o DI contribui significativamente para reduzir barreiras no acesso ao conhecimento. Isso é especialmente relevante em contextos marcados por diversidade cultural e social, onde a padronização dos métodos de ensino frequentemente desconsidera as especificidades dos alunos. O DI, ao contrário, oferece ferramentas e estratégias que respeitam essas diferenças, promovendo equidade no processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o DI se consolida como um aliado indispensável para educadores que buscam inovar em suas práticas pedagógicas, oferecendo aos alunos oportunidades reais de desenvolvimento acadêmico e pessoal

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de natureza bibliográfica, de abordagem qualitativa e de caráter exploratório, tendo como objetivo compreender e analisar a importância da segurança e da cidadania digital no contexto atual da era da informação. A escolha por esse tipo de investigação justifica-se pela necessidade de levantar, sistematizar e refletir criticamente sobre os conhecimentos já produzidos e publicados sobre o tema, a fim de construir uma base teórica sólida que fundamente a discussão proposta.

A coleta de dados foi realizada por meio da seleção e análise de livros, artigos científicos, dissertações, teses, documentos legais e publicações acadêmicas disponíveis em fontes confiáveis, como o Google Acadêmico, Scielo, Portal de Periódicos da CAPES, entre outros repositórios nacionais. A seleção do material seguiu critérios de relevância temática, atualidade — priorizando publicações dos últimos cinco anos — e pertinência ao objeto de estudo, com ênfase em autores brasileiros que abordam as questões da segurança digital, ética nas redes, cidadania digital e os desafios da educação na era da informação.

O procedimento metodológico adotado envolveu uma leitura crítica e interpretativa dos textos selecionados, visando identificar convergências, divergências e lacunas no debate acadêmico sobre o tema. A análise foi feita de forma qualitativa, buscando compreender o conteúdo dos textos e como eles contribuem para o entendimento da construção de uma cultura digital pautada na responsabilidade, respeito, proteção de dados e participação cidadã.

Por se tratar de uma pesquisa exclusivamente bibliográfica, não houve coleta de dados primários, nem aplicação de questionários ou entrevistas com sujeitos. Ainda assim, a sistematização das informações permitiu a construção de uma reflexão aprofundada sobre os principais desafios e possibilidades da cidadania e segurança digital, especialmente no ambiente educacional.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

O Design Instrucional se destaca como uma ferramenta estratégica indispensável no campo educacional, oferecendo inúmeras vantagens que potencializam o ensino e a aprendizagem. Sua abordagem metódica e sistemática permite o desenvolvimento de materiais e estratégias pedagógicas cuidadosamente alinhados às necessidades específicas dos alunos e aos objetivos educacionais. Essa característica o diferencia dos métodos tradicionais, pois privilegia uma análise detalhada e estruturada que assegura a eficiência e a eficácia dos processos educativos. Uma de suas maiores contribuições é a capacidade de personalizar o aprendizado. Ao levar em conta o perfil individual dos alunos, como suas habilidades, interesses e desafios, o DI possibilita a criação de conteúdos que atendem diretamente às particularidades de cada estudante. Esse enfoque não apenas aumenta o engajamento, mas também torna o aprendizado mais significativo, promovendo uma experiência educacional mais inclusiva e adaptada às demandas contemporâneas. Conforme Filatro (2020) como ponto de partida para compreender o que é design instrucional, consideramos que design é o resultado de um processo ou atividade (um produto), em termos de forma e funcionalidade, com propósitos e intenções claramente definidos, enquanto instrução é a atividade de ensino que se utiliza da comunicação para facilitar a aprendizagem.

Outra vantagem significativa é a integração de tecnologias educacionais inovadoras no processo de ensino. Ferramentas como plataformas interativas, simuladores e ambientes virtuais de aprendizagem são amplamente utilizadas no DI para tornar as aulas mais dinâmicas e envolventes. Além disso, essas tecnologias permitem que os alunos desenvolvam habilidades fundamentais, como autonomia, pensamento crítico e resolução de problemas, essenciais no contexto contemporâneo. Conforme aponta o IBDIN (2019, p. 4), o DI se diferencia por seu “caráter metódico e cuidadoso de análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação do treinamento”, o que favorece a eficiência no uso de recursos tecnológicos.

O DI também se sobressai por sua flexibilidade e ampla aplicabilidade em diversos contextos educacionais, abrangendo desde a educação básica até a formação continuada de profissionais. Sua abordagem adaptativa possibilita atender às demandas específicas de diferentes instituições de ensino e empresas, ajustando-se às particularidades de cada ambiente. Essa característica permite o desenvolvimento de competências essenciais e relevantes para cada área, garantindo que o processo de ensino-aprendizagem esteja alinhado às necessidades e expectativas de seus públicos, contribuindo para uma formação mais eficaz e contextualizada.

Essa característica está alinhada à definição de Filatro (2020, p. 7) que descreve o DI como “o processo (conjunto de atividades) de identificar um problema (uma necessidade) de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para esse problema”. Por fim, o DI fomenta uma cultura de inovação e planejamento estratégico na educação. Ele incentiva educadores a utilizarem práticas baseadas em evidências, refletindo sobre as melhores formas de ensinar e avaliar. Isso não apenas aprimora a qualidade do ensino, mas também contribui para o desenvolvimento profissional dos docentes, tornando-os mais preparados para lidar com os desafios do ensino contemporâneo.

Assim, o DI se consolida como uma ferramenta indispensável para a evolução da educação, oferecendo soluções que atendem às demandas de uma sociedade em constante transformação e garantindo um processo de ensino-aprendizagem mais inclusivo, eficiente e motivador. Embora o DI seja amplamente reconhecido por suas vantagens, sua implementação não está isenta de desafios e desvantagens, especialmente em contextos educacionais que enfrentam limitações estruturais e de recursos. A seguir, são discutidos os principais pontos que podem dificultar a aplicação efetiva dessa abordagem.

Uma das principais desvantagens do DI é a dependência de infraestrutura tecnológica adequada. Em muitos contextos, especialmente em regiões mais vulneráveis, a falta de acesso a equipamentos, internet de qualidade e softwares específicos limita a implementação das estratégias propostas pelo DI. Como destaca Filatro (2020), o sucesso do Design Instrucional exige um planejamento cuidadoso e recursos que nem sempre estão disponíveis em todas as instituições educacionais. Essa desigualdade no acesso à tecnologia pode ampliar as lacunas educacionais, dificultando a democratização de seus benefícios. Outro desafio relevante está diretamente ligado à formação dos educadores. Para que o DI seja implementado de forma eficaz, é essencial que os profissionais envolvidos possuam um entendimento aprofundado de suas metodologias e ferramentas. Contudo, muitos professores carecem de uma formação adequada ou de oportunidades de capacitação contínua, o que dificulta sua utilização plena. Essa falta de preparo pode resultar na aplicação superficial ou inadequada das estratégias propostas, comprometendo o impacto positivo que o DI pode proporcionar. Além disso, o processo de desenvolvimento do DI pode ser complexo e demandar tempo.

Conforme Filatro (2020, p. 7) o DI envolve “o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais”. Essa abordagem, embora essencial para criar materiais de alta qualidade, pode ser vista como onerosa e demorada, especialmente em cenários com prazos apertados ou falta de recursos humanos qualificados. Outro desafio significativo é a dificuldade de adaptação às variadas realidades educacionais. Por ser uma metodologia altamente sistemática, o Design Instrucional pode enfrentar barreiras ao abordar as especificidades culturais, sociais e econômicas de contextos diversos. Embora o planejamento detalhado seja uma de suas maiores vantagens, ele pode se tornar uma limitação em cenários que exigem maior flexibilidade ou respostas imediatas, dificultando sua aplicação em situações dinâmicas e imprevisíveis.

Embora o Design Instrucional (DI) enfrente desvantagens consideráveis, é importante destacar que muitas delas podem ser mitigadas com ações estratégicas. Investimentos em formação docente contínua, melhorias na infraestrutura tecnológica e a adaptação dos modelos instrucionais às realidades locais são caminhos viáveis para superar os principais obstáculos. Conforme apontam Almeida e Valente (2021), a formação de professores deve ir além da simples familiarização com tecnologias, buscando desenvolver competências didático-pedagógicas que permitam o uso significativo dos recursos digitais no planejamento e na execução das aulas.

Nesse sentido, Moran (2020) defende que a integração entre tecnologia e pedagogia só será efetiva se houver um planejamento sistemático que considere as especificidades dos estudantes, o contexto social em que estão inseridos e os objetivos de aprendizagem. O DI permite justamente essa articulação, ao oferecer um modelo estruturado para o desenvolvimento de experiências de ensino-aprendizagem centradas no aluno. Ele organiza conteúdos, atividades, recursos e métodos avaliativos de forma coerente, possibilitando a personalização do ensino e maior engajamento dos discentes.

Contudo, sua implementação ainda enfrenta barreiras significativas, como a falta de tempo para elaboração de materiais, o alto custo de determinadas ferramentas digitais e a resistência de parte do corpo docente diante de mudanças em suas práticas tradicionais. Além disso, a dependência de infraestrutura adequada — como acesso à internet, dispositivos tecnológicos e suporte técnico — agrava a desigualdade entre redes de ensino, sobretudo nas regiões mais vulneráveis. Segundo Castioni (2022), essas limitações revelam a necessidade urgente de políticas públicas voltadas à democratização do acesso às tecnologias no ambiente educacional.

Apesar dessas limitações, o potencial do DI em criar experiências de aprendizagem mais efetivas, motivadoras e colaborativas é inegável. Para Kenski (2021), o uso de metodologias apoiadas por tecnologias digitais promove novas formas de ensinar e aprender, favorecendo o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da resolução de problemas. Isso é particularmente relevante no atual cenário educacional, em que estudantes exigem abordagens dinâmicas, flexíveis e conectadas às suas vivências sociais e culturais.

Além disso, autores como Bates (2019) destacam que o DI não deve ser encarado apenas como uma ferramenta técnica, mas como uma prática pedagógica reflexiva. Ao planejar cuidadosamente os objetivos de aprendizagem, os métodos de ensino, as mídias e os mecanismos de avaliação, o educador atua de forma mais consciente e estratégica, garantindo maior coerência didática e resultados educacionais mais consistentes. O DI, portanto, é uma ponte entre a intencionalidade pedagógica e a eficácia do processo de ensino-aprendizagem.

A aplicação cuidadosa do DI também favorece a educação inclusiva, na medida em que permite a diversificação de estratégias para atender diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. Como argumentam Pereira e Lima (2023), ao adotar princípios do design universal para a aprendizagem (DUA) dentro do processo de design instrucional, é possível garantir que todos os alunos — incluindo aqueles com deficiências ou dificuldades específicas — tenham acesso equitativo ao conhecimento. Isso reafirma o papel do DI na construção de uma educação verdadeiramente democrática e participativa.

É importante destacar que a adoção bem-sucedida do DI requer colaboração entre professores, gestores e especialistas em tecnologias educacionais. A construção coletiva de projetos pedagógicos mediados por tecnologia fortalece a cultura institucional de inovação, promovendo um ambiente mais aberto à experimentação, à avaliação e à melhoria contínua. Franco (2022) salienta que as escolas que estimulam a troca de experiências e o trabalho em equipe tendem a obter melhores resultados na implementação de práticas inovadoras e inclusivas.

Além da formação inicial, é fundamental investir em formação continuada e programas de suporte técnico e pedagógico, que forneçam aos educadores as ferramentas necessárias para planejar e aplicar o DI de forma eficaz. Como ressaltam Oliveira e Barbosa (2023), a formação de professores deve ser permanente, contextualizada e alinhada às demandas reais do cotidiano escolar. Apenas assim será possível consolidar uma prática educativa mais reflexiva, engajada e comprometida com a transformação social por meio da educação.

Ademais, o DI se mostra altamente eficaz no contexto da educação híbrida e da EaD, ampliando as possibilidades de alcance e inclusão educacional. Segundo Almeida (2019), quando planejado com base em fundamentos teóricos sólidos e com a utilização adequada das tecnologias, o design instrucional possibilita a construção de ambientes virtuais de aprendizagem mais interativos e centrados no aluno. Nesse contexto, os estudantes passam de receptores passivos a protagonistas de seu próprio processo formativo.

É essencial compreender que o sucesso do DI está diretamente ligado à capacidade institucional de promover a inovação com responsabilidade social. Isso significa não apenas incorporar tecnologias ao processo educacional, mas também garantir que sua aplicação esteja a serviço da equidade, da diversidade e da justiça social. Conforme argumenta Moreira (2021), não há inovação verdadeira sem a inclusão daqueles que historicamente foram excluídos das oportunidades educacionais. Assim, investir em DI é também investir na construção de um projeto de educação transformador, acessível e comprometido com os desafios do presente e do futuro.

5 CONCLUSÃO

O Design Instrucional (DI) revela-se como uma abordagem estruturada e essencial no campo educacional contemporâneo, destacando-se por sua capacidade de alinhar intencionalidade pedagógica, inovação tecnológica e adaptação às necessidades específicas dos estudantes. Ao considerar os desafios e exigências de uma sociedade cada vez mais digitalizada e dinâmica, o DI desponta como uma resposta relevante e eficaz, sobretudo em contextos que demandam metodologias mais flexíveis, inclusivas e centradas na aprendizagem ativa.

A análise das práticas do DI evidenciou que sua aplicação proporciona benefícios substanciais, como a personalização do ensino, a diversificação de estratégias metodológicas, a ampliação do engajamento discente e a promoção de uma aprendizagem mais significativa. A estrutura metodológica do DI favorece o planejamento detalhado, que considera objetivos de aprendizagem, seleção adequada de recursos didáticos, estratégias de avaliação coerentes e uso intencional das tecnologias educacionais. Esses elementos, quando articulados, criam ambientes de aprendizagem mais eficazes e alinhados com as competências exigidas na atualidade.

Entretanto, apesar de seu grande potencial, a implementação do DI enfrenta entraves importantes. Dentre eles, destaca-se a insuficiência de infraestrutura tecnológica em muitas instituições de ensino, a resistência à inovação pedagógica e a carência de formação específica dos docentes para lidar com ferramentas e metodologias do DI. Esses desafios limitam a efetividade das propostas instrucionais e exigem ações estruturadas por parte das políticas públicas, das gestões escolares e das instituições formadoras de professores.

Além disso, é necessário reconhecer que o sucesso do DI não está unicamente vinculado ao uso de tecnologias, mas à qualidade do planejamento pedagógico que o sustenta. O design eficaz considera não apenas a entrega de conteúdos, mas também as características cognitivas, sociais, emocionais e culturais dos estudantes. Nesse sentido, a flexibilidade e a capacidade de adaptação tornam-se atributos fundamentais para que o DI possa atender às diversidades presentes nos diferentes contextos educacionais, seja na educação básica, no ensino superior ou na educação profissional.

A pesquisa bibliográfica conduzida permitiu uma análise crítica e embasada sobre os fundamentos, benefícios e desafios do DI, destacando a necessidade de uma visão sistêmica e colaborativa entre educadores, gestores e elaboradores de políticas públicas. A implementação bem-sucedida do DI depende de uma rede articulada de esforços, que envolva desde investimentos em tecnologias educacionais até a criação de programas de formação continuada para os profissionais da educação, contemplando também as especificidades regionais e as realidades socioculturais dos diferentes territórios.

Conclui-se, portanto, que o Design Instrucional possui um papel estratégico na reestruturação das práticas pedagógicas, contribuindo para o aprimoramento da qualidade da educação em diversos níveis. Sua abordagem fundamentada em princípios de planejamento, avaliação contínua e uso consciente das tecnologias educacionais fortalece a construção de um ensino mais equitativo, inovador e centrado no estudante. Para que seu potencial seja plenamente aproveitado, é imprescindível a superação das barreiras estruturais e culturais, por meio de ações integradas que promovam a equidade no acesso e o desenvolvimento de competências pedagógicas condizentes com os novos paradigmas da educação.

Em tempos de mudanças aceleradas, nos quais a educação precisa responder com agilidade às transformações sociais, tecnológicas e culturais, o Design Instrucional se consolida como uma ferramenta indispensável para a criação de experiências educacionais mais eficazes, humanas e transformadoras. O futuro da educação, nesse contexto, dependerá diretamente da capacidade das instituições de ensino e dos profissionais da área de incorporarem estratégias inovadoras como o DI, sem perder de vista a centralidade do sujeito que aprende e a construção de saberes socialmente relevantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. E. B. Tecnologias digitais e educação: repensando a formação de professores. Campinas: Papirus, 2019.

ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologia e formação de professores: explorando novas possibilidades. Campinas: Papirus, 2021.

BATES, A. W. Teaching in a digital age: Guidelines for designing teaching and learning. 2. ed. Vancouver: Tony Bates Associates Ltd., 2019.

CASTIONI, R. Inclusão digital e desigualdades educacionais: panorama e desafios pós-pandemia. Revista Retratos da Escola, v. 16, n. 38, p. 302–317, 2022.

Filatro, A. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil. Filatro, A. (2017). Produção de conteúdos educacionais. São Paulo, SP: Saraiva. 2008.

Filatro, A. Design instrucional na prática: planejamento e criação de conteúdos educacionais. São Paulo, SP: Saraiva. 2020.

FRANCO, M. Educação conectada: caminhos para uma política digital mais equitativa. Revista Brasileira de Políticas Educacionais, v. 12, n. 2, p. 77–95, 2022.

KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2021.

MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2020.

MOREIRA, D. C. Desigualdade digital na escola pública brasileira: desafios para a inclusão. Revista Brasileira de Educação, v. 26, e260088, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782021260088. Acesso em: 6 ago. 2025.

OLIVEIRA, J. A.; BARBOSA, L. M. Suporte emocional e inovação pedagógica: o papel da formação continuada. Revista Brasileira de Educação, v. 28, n. 95, p. 1–19, 2023.

PEREIRA, G. M.; LIMA, A. R. Formação docente digital: caminhos para uma política pública contínua. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 18, n. 2, p. 512–528, 2023.


1 Graduação em Pedagogia pela Universidade do Extremo Sul Catarinense. Graduação em Geografia pela Universidade do Extremo Sul Catarinense. Especialização em Educação Inclusiva pela Universidade de Santa Catarina. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail. [email protected]