O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA PREVENÇÃO DA DENGUE E PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR E LÚDICA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11202612
Carlos Eduardo da Silva Santos1
RESUMO
O artigo aborda a persistente ameaça da dengue no Brasil, ressaltando a urgência de medidas eficazes diante do crescente número de casos e mortes. Destaca a escola como espaço estratégico para promover conscientização e prevenção da doença, seguindo os princípios pedagógicos de Paulo Freire. O estudo examina a interação entre dados epidemiológicos e práticas educativas, enfatizando o papel da escola na formação de agentes de mudança. Observa-se que estados como São Paulo, Minas Gerais e outros enfrentam desafios específicos, exigindo abordagens educativas adaptadas. A integração dos temas transversais da BNCC e dos PCN's na educação sobre saúde e meio ambiente é crucial para uma compreensão ampla da dengue e suas prevenções.
Palavras-chave: Saúde, Dengue, Prevenção, Educação, Paulo Freire e Conscientização
ABSTRACT
The article addresses the persistent threat of dengue in Brazil, highlighting the urgency of effective measures in the face of the growing number of cases and deaths. It highlights the school as a strategic space to promote awareness and prevention of the disease, following Paulo Freire's pedagogical principles. The study examines the interaction between epidemiological data and educational practices, emphasizing the role of schools in training agents of change. It is observed that states such as São Paulo, Minas Gerais and others face specific challenges, requiring adapted educational approaches. The integration of the cross-cutting themes of the BNCC and the PCN's in health and environmental education is crucial for a broad understanding of dengue and its prevention.
Keywords: Dengue, Prevention, Education, Paulo Freire and Awareness.
1 - INTRODUÇÃO
A dengue, uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, continua a representar uma ameaça significativa à saúde pública no Brasil. Nos últimos anos, o país tem enfrentado uma crescente epidemia de dengue, evidenciada pelos alarmantes números de casos e mortes. Apenas nos quatro primeiros meses deste ano, mais de 4,3 milhões de pessoas foram diagnosticadas com dengue, marcando a pior epidemia desde 2015, quando o total de casos em todo o país foi de 1.688.688. Em relação à taxa de mortalidade, o ano passado registrou 1.179 óbitos confirmados devido à dengue, superando o recorde de 2023 já nos primeiros meses deste ano. Os estados mais afetados por essas mortes foram São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e Goiás.
Diante desse cenário alarmante, torna-se evidente a necessidade urgente de adotar medidas eficazes para combater a proliferação do mosquito vetor e conscientizar a população sobre a prevenção da dengue. Neste contexto, as escolas surgem como um espaço estratégico para promover a educação e ações de prevenção, capacitando os alunos e envolvendo a comunidade na luta contra essa grave doença.
Paulo Freire, renomado educador brasileiro, em seus escritos, enfatiza o papel da educação como um processo coletivo de aprendizado e transformação. Segundo Freire, "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". Essa perspectiva ressalta a importância da interação e troca de conhecimento na sala de aula, onde alunos e professores aprendem juntos, mediados pela realidade que os cerca.
Portanto, este estudo visa discutir o papel da educação na sala de aula como uma ferramenta essencial no combate à dengue. Através da integração dos princípios pedagógicos de Paulo Freire e da análise dos dados epidemiológicos, serão exploradas as estratégias educativas e os desafios enfrentados pelas escolas na promoção da conscientização e prevenção da dengue. Essa abordagem busca não apenas fornecer informações, mas capacitar os alunos a se tornarem agentes ativos na transformação de suas realidades e na construção de comunidades mais saudáveis.
DESENVOLVIMENTO
1 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, os resultados e a discussão do trabalho serão apresentados, em conformidade com a correta interpretação dos dados, articulada com a base teórica. Os dados epidemiológicos mais aprofundados serão analisados à luz do papel libertador e transformador da escola, conforme preconizado por Paulo Freire.
Os números alarmantes de casos de dengue e mortes confirmam a urgência de ações efetivas de prevenção e conscientização. Diante desse cenário, a escola surge como um espaço fundamental para promover a educação e ações de combate à dengue. Segundo Paulo Freire, "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". Essa abordagem coloca os alunos como protagonistas do processo de aprendizagem, capacitando-os não apenas a absorver informações, mas a construir seu próprio conhecimento e agir de forma crítica e transformadora em sua comunidade.
Ao analisar os dados epidemiológicos, observamos que os estados mais afetados pela dengue são São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e Goiás. Essas regiões enfrentam desafios específicos relacionados à infraestrutura urbana, condições socioeconômicas e acesso aos serviços de saúde, fatores que contribuem para a proliferação do mosquito vetor e a disseminação da doença. Nesse contexto, é crucial que as escolas nessas localidades adotem abordagens educativas adaptadas à realidade local, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção e incentivando a participação ativa dos alunos na busca por soluções.
Além disso, é fundamental destacar a importância da integração dos temas transversais da BNCC e dos PCN's relacionados à saúde e meio ambiente no currículo escolar. Essa integração permite uma abordagem interdisciplinar e contextualizada da dengue, proporcionando aos alunos uma compreensão mais ampla dos fatores que contribuem para sua propagação e das medidas preventivas necessárias para combatê-la. Dessa forma, a escola não apenas transmite conhecimento, mas cria as condições para que os alunos se tornem agentes ativos na construção de uma sociedade mais saudável e consciente.
Em suma, os resultados apresentados nesta seção destacam a importância do papel libertador e transformador da escola no combate à dengue, conforme preconizado por Paulo Freire. Ao integrar os dados epidemiológicos com uma abordagem educativa crítica e participativa, as escolas podem desempenhar um papel crucial na promoção da conscientização e na adoção de medidas preventivas eficazes, capacitando os alunos a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades.
2 - SOLUÇÕES A PARTIR DA ESCOLA
Nesta seção, serão apresentadas soluções a partir da escola, envolvendo professores, alunos, pais e a comunidade, para contribuir para o debate e ações de combate à dengue. Além disso, será discutido como o professor, de forma lúdica, pode contribuir com esse tema, incorporando as ideias de Maria Montessori e Paulo Freire.
Para iniciar, é fundamental promover a integração entre professores, alunos, pais e a comunidade em ações de conscientização e prevenção da dengue. A escola pode organizar campanhas educativas, palestras, workshops e atividades práticas que envolvam todos os segmentos da comunidade escolar. Essas iniciativas podem incluir mutirões de limpeza, distribuição de materiais informativos e até mesmo a criação de grupos de estudo e debates sobre o tema.
A frase de Maria Montessori, "As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz", ressalta a importância de promover uma educação baseada na cooperação e solidariedade. Nesse sentido, as atividades desenvolvidas na escola podem enfatizar a importância do trabalho em equipe e da colaboração mútua na prevenção da dengue. Os alunos podem ser incentivados a trabalhar juntos na identificação de possíveis focos do mosquito vetor e na elaboração de estratégias para eliminá-los, promovendo assim uma cultura de cuidado coletivo e responsabilidade social.
Além disso, o papel do professor é fundamental na criação de um ambiente de aprendizado estimulante e envolvente. Seguindo as palavras de Maria Montessori, "A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir". Nesse sentido, o professor pode criar atividades lúdicas e interativas que despertem o interesse dos alunos pelo tema da dengue, como jogos educativos, simulações de situações reais e experimentos práticos. Ao agir como facilitador do processo de aprendizagem, o professor capacita os alunos a explorarem e descobrirem por si mesmos as soluções para os desafios enfrentados.
Em resumo, a escola pode desempenhar um papel central no combate à dengue, promovendo a integração entre professores, alunos, pais e a comunidade em ações de conscientização e prevenção. Ao incorporar abordagens colaborativas e lúdicas, inspiradas nas ideias de Maria Montessori e Paulo Freire, a escola cria um ambiente propício para o aprendizado significativo e a construção de uma cultura de paz e solidariedade.
3 - A ESCOLA COMO PROTAGONISTA NA LUTA CONTRA A DENGUE E OUTRAS DOENÇAS
Nesta seção, destacaremos a importância da escola como protagonista na luta contra a dengue e outras doenças, inspirados pelas palavras de Milton Berle e Thomas Edison. Além disso, serão propostas ideias para uma abordagem mais focada à saúde pública na BNCC, através da criação de uma disciplina sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida.
A fala de Milton Berle, "Todos nós devemos muito a Thomas Edison. Se não fosse por ele, ainda estaríamos vendo televisão à luz de velas", ressalta a importância da inovação e do progresso na resolução de desafios. Da mesma forma, o pensamento de Thomas Edison, "Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez", nos inspira a perseverar e buscar soluções mesmo diante das dificuldades.
Essas ideias nos ajudam a compreender que a escola também deve ser protagonista na luta contra a dengue e outras doenças, capacitando crianças e adolescentes a se tornarem agentes ativos na prevenção e promoção da saúde. A partir do contexto atual de epidemia da dengue, é urgente que a escola promova discussões sobre a importância da prevenção não apenas no combate aos focos do mosquito vetor, mas também no cuidado com a alimentação e a qualidade de vida.
Dados recentes da saúde em Rio Formoso, município localizado no litoral sul de Pernambuco, corroboram a urgência da situação. No mês de maio de 2024, o número de atendimentos diários em hospitais aumentou significativamente, passando de 120 para 250 por dia. É preocupante notar que a maioria dos atendimentos envolve crianças e adolescentes, o que levanta preocupações sobre o colapso do sistema de saúde e a baixa imunidade da população devido à falta de cuidados alimentares e de atividades físicas.
Diante desse cenário alarmante, é necessário repensar o currículo escolar para incluir uma disciplina específica voltada para a saúde, bem-estar e qualidade de vida. Essa disciplina abordaria não apenas a prevenção de doenças como a dengue, mas também a promoção de hábitos saudáveis de alimentação, prática de atividades físicas e cuidados com o meio ambiente.
A intenção de criar uma disciplina de saúde, bem-estar e qualidade de vida na BNCC é fomentar os cuidados das crianças e adolescentes com a saúde. Essa disciplina seria desenvolvida de forma interdisciplinar, envolvendo diversas áreas do conhecimento, e teria como objetivo principal capacitar os alunos a adotar um estilo de vida saudável e a se tornarem agentes de promoção da saúde em suas comunidades.
Dessa forma, a escola desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos conscientes e responsáveis, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável e sustentável. Ao incluir uma disciplina sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida na BNCC, a escola reafirma seu compromisso com a promoção do bem-estar físico, mental e social de seus alunos e da comunidade como um todo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, fica evidente que a escola desempenha um papel crucial no combate ao surto de dengue que assola o país, como evidenciado pelos alarmantes dados epidemiológicos. A criação de uma disciplina específica sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida na BNCC se mostra como uma medida essencial para capacitar crianças e adolescentes a adotarem hábitos saudáveis e se tornarem agentes ativos na prevenção de doenças.
Ao promover uma abordagem interdisciplinar e lúdica, essa disciplina possibilitaria aos alunos compreenderem os princípios fundamentais da saúde pública e desenvolverem habilidades para a prevenção não apenas da dengue, mas também de outras doenças transmitidas por vetores, bem como para a promoção de uma vida saudável.
Como recomendação para trabalhos futuros, sugere-se a implementação efetiva da disciplina proposta na BNCC, com o devido suporte pedagógico e recursos necessários para sua execução. Além disso, é fundamental o envolvimento da comunidade escolar, incluindo professores, alunos, pais e gestores, na elaboração e implementação de estratégias educativas e ações de prevenção.
Em suma, a inclusão de uma disciplina sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida na BNCC representa um avanço significativo na educação brasileira, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Essa iniciativa não só auxiliará no combate ao surto de dengue, mas também promoverá uma cultura de cuidado com a saúde e o bem-estar, beneficiando toda a sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde.
Freire, P. (1987). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra.
Freire, P. (2000). Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Unesp.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's).
CNM, Confederação Nacional de Municípios. Brasil tem 2,2 mil mortes por dengue... Disponível em: <https://www.cnm.org.br/comunicacao/noticias/brasil-tem-2-2-mil-mortes-por-dengue-e-o-cenario-pode-piorar-por-conta-do-desastre-ocorrido-no-rs> Acesso em: 11 de maio de 2024.
1 Radialista, Coordenador do Projeto Rádio Escola na Rede Municipal de Ensino de Rio Formoso (PE). Tecnólogo em Ministério Pastoral pela Unifil, e formação pedagógica em Educação Física e Ensino Religioso. Pós-graduado em Ciências da Religião, Novo Testamento e Educação Física Escolar e EJA. E-mail: [email protected]