O ENSINO À DISTÂNCIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA SOBRE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DO ALUNO

PDF: Clique aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17069042


Adriana da Silva Souza1


RESUMO
O ensino à distância constitui-se uma modalidade que tem atraído cada vez mais alunos, especialmente quando se trata de Ensino Médio. São pessoas que precisam estar inseridas em um contexto de aprendizagem engajadora e autônoma. Mediante estes aspectos, o objetivo geral da pesquisa é investigar, por meio de pesquisa bibliográfica, estratégias do Ensino à Distância que possam ser utilizadas por professores do Ensino Médio para promover o desenvolvimento da autonomia dos alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa e maior engajamento nas atividades escolares. A pesquisa bibliográfica iniciou-se por meio de buscas em bancos de dados internacionais, incluindo a Scientific Electronic Library Online (SciELO), Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e outras revistas científicas, incluindo e-books e artigos sugeridos pelas disciplinas da MUST. Os resultados apontaram que as metodologias ativas, representam uma mudança paradigmática significativa, promovendo maior protagonismo do aluno na sua aprendizagem, estimulando-o a participar de forma crítica, criativa e autônoma. Concluiu-se que a promoção da autonomia no Ensino Médio, no contexto do EaD, depende de uma abordagem pedagógica inovadora, integrada e voltada à participação ativa do aluno, ao uso efetivo de tecnologias e à qualificação contínua dos professores, assim como de um planejamento eficiente e eficaz, onde o tutor precisa estabelecer metas e objetivos a serem alcançados a cada aula, inserindo estes alunos em um contexto ativo e transformador de aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino EaD, Ensino Médio EaD, Autonomia no EaD, Estratégias EaD

ABSTRACT
Distance learning is a modality that has attracted an increasing number of students, especially in high school. These individuals need to be immersed in an engaging and autonomous learning environment. Given these aspects, the overall objective of this research is to investigate, through bibliographic research, distance learning strategies that can be used by high school teachers to promote the development of student autonomy, fostering meaningful learning and greater engagement in school activities. The bibliographic research began with searches in international databases, including the Scientific Electronic Library Online (SciELO), journals from the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES), and other scientific journals, including e-books and articles suggested by MUST courses. The results indicated that active methodologies represent a significant paradigm shift, promoting greater student involvement in their learning, encouraging them to participate critically, creatively, and autonomously. It was concluded that promoting autonomy in high school, in the context of distance learning, depends on an innovative and integrated pedagogical approach focused on active student participation, the effective use of technology, and the ongoing development of teachers. It also requires efficient and effective planning, where the tutor must establish goals and objectives to be achieved in each class, immersing these students in an active and transformative learning environment.
Keywords: Distance Learning, High School Distance Learning, Autonomy in Distance Learning, Distance Learning Strategies

INTRODUÇÃO

Considerando que o ensino à distância tem se tornado uma modalidade cada vez mais utilizada no Ensino Médio, em um contexto de mudanças educacionais e exigências de autonomia dos alunos, este estudo busca investigar como a EaD pode influenciar na autonomia do aluno no processo de aprendizagem.

Assim, a questão de pesquisa deste trabalho é: Quais estratégias pedagógicas podem ser adotadas no contexto do Ensino à Distância no Ensino Médio para favorecer o desenvolvimento da autonomia dos alunos, promovendo uma aprendizagem significativa e maior engajamento nas atividades escolares?

A presente pesquisa é justificada pela crescente relevância do ensino à distância no contexto educacional contemporâneo, mais precisamente, sobre a formação de alunos no Ensino Médio. A autonomia do aluno surge como um fator indispensável no processo de aprendizagem e desenvolvimento de competências que visam prepará-los para os desafios do presente século.

Compreende-se que o ensino à distância, ao oferecer flexibilidade e acesso a recursos variados, tem o potencial de fomentar a autonomia do aluno, permitindo que ele se torne mais responsável por seu aprendizado e desenvolva habilidades essenciais, como a autorregulação e a autoconfiança.

A literatura acadêmica recente aponta para a importância da interação e do feedback no ambiente virtual de ensino, que são fundamentais para promover uma aprendizagem colaborativa e significativa. Os ambientes virtuais (AVAs) permitem o armazenamento de informações, a consulta a essas informações, a comunicação entre os usuários, o rastreamento de dados e a geração de relatórios sobre o progresso dos participantes, elementos que são indispensáveis quando no âmbito das abordagens pedagógicas que priorizam a participação dos alunos, abrangendo a construção do conhecimento por meio da colaboração (Biasotto, 2024).

Além disso, o uso de metodologias ativas e personalizadas no ensino a distância pode resultar em um aumento da autonomia dos alunos (Ramos, Munhoz, 2018; Gugliano, 2018). Assim, é pertinente investigar quais práticas pedagógicas podem ser implementadas nesse contexto para otimizar a experiência de aprendizado dos alunos. A pesquisa busca, portanto, elucidar como o ensino a distância pode ser melhor estruturado para atender às necessidades dos alunos, preparando-os adequadamente para um mundo em constante transformação.

O objetivo geral da pesquisa é investigar, por meio de pesquisa bibliográfica, estratégias do Ensino à Distância que possam ser utilizadas por professores do Ensino Médio para promover o desenvolvimento da autonomia dos alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa e maior engajamento nas atividades escolares.

Os objetivos específicos são: apresentar, com base na literatura, um panorama histórico do Ensino à Distância no Brasil; analisar metodologias ativas de ensino descritas em estudos teóricos que favorecem a autonomia discente no contexto da EaD no Ensino Médio e identificar, na literatura especializada, recursos tecnológicos e ferramentas digitais que podem ser utilizados por professores para estimular um ambiente de aprendizagem colaborativa e autônoma.

O estudo foi desenvolvido em quatro capítulos, os quais abordam sobre o ensino à distância e autonomia no ensino médio: perspectivas teóricas, trazendo o panorama histórico do EaD no Brasil, apresentado informações relacionadas ao uso de metodologias ativas no contexto da EaD e suas contribuições para o desenvolvimento da autonomia no Ensino Médio, por fim, aborda sobre os recursos tecnológicos e ferramentas digitais para a construção de ambiente de aprendizagem colaborativos e autônomos.

Em relação a metodologia adotada neste estudo, optou-se pela pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa e exploratória, a qual permitiu uma análise contextualizada do tema em questão. O ultimo capítulo apresenta os principais resultados desta análise, seguido pelas considerações finais e referências utilizadas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nos ambientes de aprendizagem virtual, o papel do professor-tutor é crucial para estimular a autonomia dos alunos. Diferentemente das salas de aula tradicionais, onde a interação física facilita o acompanhamento, o ensino online exige que o tutor utilize estratégias para incentivar a proatividade dos alunos na sua educação.

Caiado et al. (2024) ressalta a importância de atividades que promovam pesquisa, reflexão crítica e colaboração, uma vez que essas práticas ajudam os alunos a se sentirem mais responsáveis por seu aprendizado. Além disso, fornecer feedback construtivo e individualizado é essencial, pois motiva os alunos a identificarem áreas de melhoria e a traçar seu próprio caminho de desenvolvimento.

A flexibilidade do ensino online também favorece esse crescimento autônomo, permitindo que os alunos gerenciem seu tempo e ritmo. O tutor deve guiar esse processo, ajudando a desenvolver habilidades de autogestão e planos de estudo personalizados (Caiado et al. 2024).

A presença ativa do professor nos ambientes virtuais é fundamental para garantir a eficácia do ensino à distância, envolvendo o entendimento das emoções dos alunos e a disposição para auxiliá-los. Essa interação constante cria um clima de confiança, encorajando os alunos a compartilharem suas dúvidas e desafios, o que é fundamental para uma compreensão mais profunda do conteúdo. O feedback em tempo real e a vigilância do progresso individual são essenciais para evitar mal-entendidos e adaptar a abordagem pedagógica conforme as necessidades específicas de cada aluno (Caiado et al. 2024).

A implementação das ideias de Dewey na prática educacional contemporânea exige um repensar das metodologias de ensino, da formação docente e da organização curricular. A valorização do protagonismo discente demanda que os professores atuem como mediadores do conhecimento, incentivando a experimentação e a reflexão crítica. Para isso, é essencial que as instituições de ensino criem ambientes que favoreçam a interação, a cooperação e a autonomia dos alunos. Dewey destaca que o sucesso desse modelo educacional depende da mudança de práticas pedagógicas e de uma transformação cultural que valorize o aprendizado ativo e a formação integral dos estudantes (Biasotto, 2024).

A abordagem centrada no aluno, proposta por John Dewey, continua sendo uma referência essencial para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras. O impacto na educação moderna pode ser observado em diversas iniciativas que buscam tornar o ensino dinâmico, participativo e conectado com a realidade dos estudantes. Conforme analisado por Silva e Paiva (2023), o desafio atual é ampliar a implementação dessas metodologias, superando barreiras estruturais e garantindo que a educação cumpra a função na formação de cidadãos críticos e autônomos. O legado de Dewey permanece relevante, reafirmando a necessidade de uma escola que promova a construção ativa do conhecimento e a preparação dos alunos para os desafios do século XXI.

A concepção educacional de Dewey estabelece uma ruptura com a visão tradicional de ensino, que historicamente se pautou pela centralização da autoridade do professor e pela ênfase na transmissão de conteúdos estáticos. O modelo tradicional reforça a memorização e a reprodução de informações, limitando a função dos estudantes a meros receptores do conhecimento (Biasotto, 2024).

Dewey (2023), segundo Santos Oliveira e Paiva (2023), critica esse modelo, argumentando que a aprendizagem seja compreendida como um processo ativo, no qual os alunos interagem com o meio, exploram hipóteses e formulam as próprias conclusões. Essa visão ressoa com princípios modernos das metodologias ativas, que incentivam a participação dos estudantes na construção do saber, tornando-os protagonistas de sua formação acadêmica e social.

Além disso, a abordagem centrada no aluno reforça a ideia de que o ambiente escolar proporciona experiências reais e contextualizadas, permitindo que o estudante estabeleça conexões entre os conteúdos abordados em sala de aula e a realidade cotidiana. Dewey enfatiza que a escola não pode ser um espaço isolado da vida social, mas reflita a complexidade do mundo externo e preparar os indivíduos para atuar de maneira crítica e responsável. Esse princípio fundamenta metodologias educacionais contemporâneas, como a aprendizagem baseada em problemas (Problem-Based Learning – PBL) e o ensino híbrido, que buscam promover a construção ativa do conhecimento por meio da investigação e da resolução de desafios reais (Biasotto, 2024).

No Brasil, a influência do pensamento de Dewey pode ser observada em diversas propostas educacionais que priorizam a participação do estudante e a contextualização do ensino. Segundo Silva e Paiva (2023), a adoção de práticas pedagógicas inspiradas na abordagem de Dewey tem se expandido em diferentes níveis de ensino, desde a educação básica até o ensino superior. No entanto, a implementação dessas metodologias enfrenta obstáculos estruturais, como a resistência à mudança no formato das aulas, a necessidade de formação continuada dos professores e a limitação de recursos tecnológicos e pedagógicos.

O Ensino à Distância no Brasil possui uma trajetória marcada por avanços e desafios, refletindo as transformações tecnológicas, sociais e pedagógicas ao longo do tempo. Desde suas primeiras manifestações, o EAD buscou ampliar o acesso à educação, especialmente em regiões remotas e populações que enfrentavam dificuldades de frequência às instituições presenciais. Segundo Oliveira e Oliveira (2025), o histórico do EAD no Brasil revela uma evolução que acompanha as mudanças tecnológicas, passando do uso do correio até as plataformas digitais modernas.

Nos anos 1930, o ensino por correspondência começou a se consolidar como uma alternativa às instituições presenciais, especialmente para adultos e trabalhadores. A iniciativa de educadores como Anísio Teixeira foi fundamental para estabelecer os primeiros modelos de educação a distância, que buscavam democratizar o acesso ao conhecimento. Anísio Teixeira destacou a importância de políticas públicas voltadas para a inclusão social na educação, influenciando o desenvolvimento do EAD no país (Oliveira & Oliveira, 2025).

Com o avanço da tecnologia, especialmente após a popularização da televisão na década de 1960, o EAD passou a incorporar recursos audiovisuais, ampliando seu alcance. Contudo, foi somente com a chegada da internet na década de 1990 que o ensino a distância ganhou uma nova dimensão, possibilitando interatividade e maior personalização dos processos de aprendizagem.

Segundo José Manuel Moran, essa fase marcou uma verdadeira revolução nos processos pedagógicos do EAD (Oliveira & Oliveira, 2025).

A década de 2000 foi marcada pelo crescimento significativo de universidades públicas e privadas adotando o ensino online, impulsionadas por políticas de incentivo à inclusão digital e à expansão do acesso à educação superior. Oliveira e Oliveira (2025) ressaltam que essa expansão trouxe desafios relacionados à qualidade dos cursos e à formação de professores para o ensino a distância. Nesse período, a regulamentação do EAD no Brasil passou a ser mais rígida, buscando garantir padrões de qualidade.

Mais recentemente, o cenário do EAD foi profundamente impactado pela pandemia de COVID-19, que acelerou o uso de plataformas digitais em todos os níveis de ensino. Segundo Gonçalves et al. (2023), essa crise evidenciou a importância de investimentos em infraestrutura tecnológica e formação docente para garantir a continuidade do ensino. O fenômeno também revelou desigualdades sociais e de acesso à tecnologia, reforçando a necessidade de políticas públicas voltadas para a inclusão digital.

Segundo um estudo feito por Gonçalves et al. (2023, p.2), comprovou-se “grandes dificuldades do ensino remoto para os pais e profissionais da educação na implementação da modalidade emergencial”, estas dificuldades também foram percebidas nos índices de aprendizagem escolar após o período de isolamento social, ou seja, percebeu-se que no ano seguinte as aulas remotas, os estudantes apresentavam muitas dificuldades na maioria das disciplinas escolares, o que é visto como uma consequência negativa deste período para a educação brasileira, pois professores e alunos não estavam preparados para esta modalidade de ensino.

Autores contemporâneos, como Lasakoswitsck (2024) e Evaristo e Terçariol (2019) E Picão et al. (2023) destacam que o EAD deve seguir evoluindo, integrando tecnologias emergentes como inteligência artificial, realidade aumentada e gamificação, para oferecer experiências de aprendizagem mais envolventes e personalizadas. Essa perspectiva aponta para um futuro em que o ensino a distância não substituirá completamente o presencial, mas coexistirá, complementando-o de forma inovadora e democrática.

Para Picão et al. (2023, p.2), “um exemplo de aplicação bem-sucedida da IA na educação é o Watson Education da IBM, que oferece suporte à aprendizagem personalizada e colaborativa”, este tipo de estratégia permite que os estudantes desenvolvam um trabalho pedagógico de forma interativa, que faz com que os educadores ou tutores EaD tenham acesso a informações sobre o desempenho dos alunos em tempo real, possibilitando assim um feedback imediato.

Essa abordagem inovadora potencializa o processo de ensino-aprendizagem ao promover uma maior personalização do conteúdo, atendendo às necessidades específicas de cada estudante. Além disso, a utilização de inteligência artificial como o Watson Education facilita a identificação de dificuldades de aprendizagem precocemente, permitindo intervenções mais assertivas e oportunas. Dessa forma, a integração dessas tecnologias no ambiente educacional não apenas enriquece a experiência do aluno, mas também otimiza o papel do educador, que passa a atuar de forma mais orientada e eficiente na condução do processo pedagógico (Picão et al. 2023).

Outro aspecto importante é o reconhecimento do valor do EAD na formação continuada de profissionais. Segundo Cunha (2024, p.4), “entre os múltiplos papéis e tarefas que compõem a EaD, o tutor ou facilitador seria aquele mais vulnerável ao sentimento de sujeito desacreditado ou desacreditável”. Desta forma, entende que os tutores que atuam com esta modalidade de ensino remota, devem estar atentos aos muitos desafios existentes, dentre os quais, está a de estimular a autonomia do estudante, fazendo com que o mesmo se sinta capaz de assimilar os conteúdos e de realizar as atividades a partir de seu próprio esforço e interesse pela aprendizagem.

Segundo Cunha (2024, p.5), é fundamental reconhecer que o panorama do EaD no Brasil ainda enfrenta desafios relacionados à qualidade, regulamentação, infraestrutura e formação de professores, salientando a necessidade de “refletir sobre o uso sistêmico e intencional de tecnologias na formação continuada do professor para que se faça um uso pedagógico adequado nos processos educacionais”. Neste sentido, é necessário inserir o educador do presente século em um contexto real e prática de aprendizagem, para isso, as metodologias ativas devem ser encaradas como ferramentas capazes de estimular este tipo de aprendizagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O mundo está em constante evolução no sentido tecnológico e a área educacional deve acompanhar esses processos para que não fique ultrapassada e continue formando profissionais de qualidade, que atraiam a atenção e o interesse do mercado. Nas últimas décadas, a área pedagógica tem vivenciado transformações fundamentais visando à adaptação da formação profissional ao mundo contemporâneo.

O aprendizado online, também chamado de educação a distância neste artigo, envolve uma variedade de abordagens, como a disponibilização eletrônica de recursos e a criação de experiências online ricas e interativas com atividades em sala de aula usando ferramentas da web, como chat e grupos de discussão.

Os cursos online oferecem flexibilidade, pois podem não exigir que os alunos estejam em um local específico para participar das aulas. Os alunos podem trabalhar com os materiais do curso conforme sua conveniência ou podem trabalhar em colaboração com outros alunos em um ambiente web.

Percebe-se que muitas instituições de ensino que atendem escolas de Ensino Médio estão aderindo a educação online devido a maior flexibilidade e possibilidade de atenderem a uma maior quantidade de alunos. No entanto, é importante considerar que mudanças rápidas na área podem não significar necessariamente programas de maior qualidade.

Neste contexto, para garantir as aulas online tenham alta qualidade, as instituições de Ensino Médio precisam ter estratégias organizacionais para planejar e implementar o ensino a distância. Importante ressaltar que o desenvolvimento de metodologias de ensino- aprendizagem caracterizadas por eleger o aluno como centro das preocupações e como foco principal e paradigmático dessa transformação é uma das principais características dessa metodologia.

A transformação do professor, antes autoridade incontestável, em ator com status semelhante ao do aluno é uma nova realidade ainda em construção. No ensino à distância, os novos recursos propiciaram o enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem, porém, passaram a demandar um maior preparo por parte dos tutores.

Neste sentido, esta revisão de literatura buscou identificar da importância da implementação de estratégias pedagógicas inovadoras no EaD para o Ensino Médio, cujo foco deve estar na formação de alunos autônomos e capacitados, engajados o suficiente para compartilharem saberes, aprendendo de forma colaborativa a partir da prática.

As metodologias ativas, conforme apontado pelos autores Lasakoswitsck (2024), Marques (2022), Oliveira e Siqueira (2020), representam uma transformação fundamental no cenário educacional, especialmente no contexto do Ensino a Distância no Ensino Médio. Essas abordagens promovem um protagonismo maior do estudante no processo de aprendizagem, incentivando-o a participar de forma mais crítica, criativa e autônoma.

Estes métodos ativos de aprendizagem, conforme visto na Figura 1, p 28, devem substituir o modelo tradicional de ensino passivo, estimulando a resolução de problemas, o trabalho colaborativo e a construção ativa do conhecimento, apoiadas pelo uso de recursos tecnológicos e metodologias inovadoras. Assim, essas estratégias contribuem para o desenvolvimento de competências essenciais demandadas pelo presente, como por exemplo, a habilidade de discutir sobre determinado assunto, criar e compreender os assuntos de forma autônoma.

Estudos como o que foi desenvolvido por Silva e Paiva (2023) e Ramos e Munhoz (2018) evidenciam que a adoção de metodologias ativas pode quebrar paradigmas tradicionais do ensino que priorizaram a transmissão passiva de conteúdos, passando a promover uma postura mais participativa e engajada por parte do aluno.

Essa mudança de paradigma é fundamental, principalmente quando se trata de EaD, onde a ausência do contato físico demanda uma nova postura por parte dos estudantes, os quais passaram a assumir maior responsabilidade na forma de assimilar os conhecimentos escolares. A utilização de recursos tecnológicos, tal como evidenciam Silveira, Berotlini e Parreira (2020), como plataformas virtuais, vídeos, fóruns de discussão e ferramentas colaborativas, potencializa essa autonomia ao permitir que os estudantes gerenciem seu ritmo, explorem diferentes fontes de informação e participem de atividades que estimulam a reflexão e a construção do conhecimento.

Consideram que a incorporação destes recursos apontam para o papel essencial da neurociência e da psicologia educacional na compreensão do processo de aprendizagem, como também, no ato de elaborar estratégias que sejam capazes de atender adequadamente as necessidades de aprendizagem específicas de cada estudante, sendo abordagens que podem promover a personalização do ensino, de modo a permitir que os alunos aprendam de acordo com suas próprias formas e ritmos.

O presente estudo nos faz entender a necessidade de investir em formação continuada de professores, o que é imprescindível para a efetiva implementação dessas metodologias no EaD. Cunha (2024) entende que estratégias pedagógicas bem-sucedidas demandam que os professores estejam preparados para integrar tecnologias e metodologias ativas de forma sistemática e intencional, promovendo ambientes de aprendizagem colaborativos, dinâmicos e que estimulem a autonomia discente.

A análise dos recursos tecnológicos mostrou que o uso de plataformas de ensino híbrido e de ambientes virtuais de aprendizagem podem favorecer significativamente a aprendizagem uma vez que pode subsidiar na construção de espaços de diálogo, cooperação e autonomia. Analisando as teorias de Dewey, observa-se o quanto é imprescindível inserir o aluno em um contexto de protagonismo, em outras palavras, no centro do processo de ensino e aprendizagem.

Assim, a combinação de metodologias ativas, recursos tecnológicos e formação docente adequada constitui um caminho promissor para o desenvolvimento de alunos autônomos, capazes de atuar de forma crítica, criativa e responsável frente aos desafios do mundo contemporâneo.

Foi possível compreender a importância das plataformas digitais para as aulas EaD, assim como o desenvolvimento de conteúdos no formato digital. Deste modo, pautando-se nos argumentos de Aureliano e Queiroz (2023), ficou evidente que o professor pode investir em ferramentas como vídeos, e-books, imagens, áudios, dentre outras. Para alunos matriculados no Ensino Médio, estes e outros instrumentos, podem ampliar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem na medida em que estimula a participação ativa dos mesmos, inserindo-os em um contexto de protagonismo.

Em suma, a literatura evidencia que a promoção da autonomia no Ensino Médio, no contexto do EaD, depende de uma abordagem pedagógica inovadora e integrada, que valorize a participação ativa do aluno, o uso de tecnologias e a formação contínua dos professores. Essas estratégias, uma vez planejadas e aplicadas adequadamente, podem transformar o ambiente virtual em um espaço de aprendizagem mais democrático, motivador e eficaz, preparando os alunos para os desafios do século atual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando ao objetivo geral da pesquisa, que foi investigar, por meio de pesquisa bibliográfica, estratégias do Ensino à Distância que possam ser utilizadas por professores do Ensino Médio para promover o desenvolvimento da autonomia dos alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa e maior engajamento nas atividades escolares, foi possível identificar algumas estratégias que podem ser viáveis ao ensino EaD no Ensino Médio, dentre as quais pode-se destacar a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos e o ensino híbrido.

Em relação aos recursos tecnológicos, destaca-se as plataformas virtuais, vídeos, textos digitais, e-books e ferramentas colaborativas, as quais poderão contribuir de forma significativa para a criação de um ambiente de aprendizagem engajador, focado no protagonismo do aluno e no processo de aquisição de competências que são necessárias na atual sociedade, como por exemplo, o pensamento crítico, a colaboração e a resolução de problemas.

Através dos capítulos e subcapítulos desta pesquisa, foi possível apresentar um panorama histórico do Ensino à Distância no Brasil, analisando as metodologias ativas que podem favorecer a autonomia do aluno nesta modalidade de ensino. Sabendo-se que os alunos do Ensino Médio estão prestes a ingressar no mercado de trabalho, é importante que sejam preparados em relação ao uso das tecnologias, as quais continuarão a fazer parte de suas vidas, especialmente em relação a vida profissional.

São alunos que devem desenvolver habilidades para utilizarem a tecnologia em prol do seu processo de desenvolvimento cognitivo, social e profissional. Ao proporcionar recursos, estratégias e metodologias inovadoras, a Educação à Distância deve facilitar a construção de um perfil de aluno autônomo, que seja capaz de se adaptar às demandas do mundo contemporâneo, tornando-se um sujeito ativo na construção dos seus conhecimentos.

Este estudo permitiu concluir que a promoção da autonomia no Ensino Médio, no contexto do EaD, depende de uma abordagem pedagógica inovadora, integrada e voltada à participação ativa do aluno, ao uso efetivo de tecnologias e à qualificação contínua dos professores.

Neste sentido, ficou compreendido que estando os professores devidamente qualificados, poderão planejar aulas capazes de promover o protagonismo do aluno, utilizando metodologias ativas e recursos tecnológicos de forma eficiente, favorecendo a construção de conhecimentos de maneira mais autônoma e colaborativa.

A formação continuada de professores é fundamental para que possam acompanhar as inovações pedagógicas e tecnológicas, adaptando suas práticas às demandas do ambiente virtual e às necessidades específicas dos alunos. Dessa forma, a integração dessas estratégias contribui para criar um ambiente de aprendizagem mais motivador, democrático e eficaz, capaz de desenvolver habilidades diversas.

Em suma, a promoção da autonomia no Ensino Médio em EaD é um processo que exige esforço conjunto, inovação pedagógica e compromisso permanente com a formação docente de qualidade, sabendo-se que existem recursos que podem potencializar o ensino remoto, os quais devem servir para enriquecer as aulas, como por exemplo, os vídeos, fóruns de discussão, dentre outros.

Dentre as sugestões que podem ser indicadas para futuros pesquisadores inseridos nesta área de pesquisa, pode-se destacar realização de estudos de campo em escolas de Ensino Médio que atuam na modalidade EaD ou semipresencial, buscando-se averiguar quais os métodos atuais que estão sendo adotados pelos professores e como estes podem agregar maior valor ao ensino, tendo em vista, a formação de cidadãos ativos e autônomos na sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASAD, M. M. et al. Integration of e-learning technologies for interactive teaching and learning process: an empirical study on higher education institutes of Pakistan. Journal of Applied Research in Higher Education, v. 4, p. 1-15, 2020.

BIASOTO, K. O pensamento de John Dewey: um percurso entre a democracia, a educação e a ciência. Revista, v. 14, n. 3, p. 1-35, 2024.

BOROCHOVICIUS, E.; TASSONI, E. C. Aprendizagem baseada em problemas: uma experiência no ensino fundamental. Educação em Revista, v. 37, n. 2, p. 1-12, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/qWyNpvw94bycsjL9Qw6pZxC/. Acesso em: 4 jun. 2025.

CAIADO, M. A. C. et al. Impacto das tecnologias no design instrucional: perspectivas e desafios na educação contemporânea. Revista Ilustração, Cruz Alta, v. 5, n. 9, p. 91-98, 2024.

CUNHA, M. A. A. Formação e prática pedagógica dos professores na educação a distância: novos desafios para velhos problemas? Educação em Revista, v. 40, p. 3-24, 2024.

EVARISTO, I. S.; TERÇARIOL, A. P. Educação e metodologias ativas inovadoras em sala de aula. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/interc/a/fSNnfRbRMbpjTsvWgg6rYPS/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 20 maio 2025.

FERNANDES, S. B. et al. O papel da Neurociência na educação: uso da tecnologia e benefícios para os discentes. Revista Ilustração, Cruz Alta, v. 5, n. 7, p. 29-36, 2024.

FORMIGONI, G. Aprendizagem adaptativa: entenda o método e saiba como aplicar. 2022. Disponível em: https://keeps.com.br/aprendizagem-adaptativa-entenda-o-metodo-e-saiba-como-aplicar/. Acesso em: 20 maio 2025.

GONÇALVES, F. E. et al. Educação e ensino remoto em tempos de pandemia: desafios e perspectivas. Revista em Revista, v. 3, p. 4-11, 2023. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/71256. Acesso em: 23 maio 2025.

GUGLIANO, B. F. Elementos de interface para facilitar a colaboração em ambientes virtuais de aprendizagem. 2018. Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/174387. Acesso em: 30 ago. 2022.

LASAKOSWITSCK, R. Origens, conceitos e propósitos das metodologias ativas de aprendizagem. Eccos Revista Científica, n. 63, São Paulo, out./dez. 2022. Epub 12 fev. 2024.

LOMBARDOZZI, C. Learning environments by designer. Amazon, 2020. Disponível em: https://www.amazon.com/dp/B07741S7Y8/. Acesso em: 5 maio 2025.

MARQUES, L. S. A sala de aula invertida no Ensino Superior: uma experiência nas aulas de língua alemã. Pandaemonium Germanicum, v. 25, n. 47, p. 1-10, set./dez. 2022.

OLIVEIRA, A. L.; OLIVEIRA, M. S. A expansão do ensino superior à distância no Brasil e os desafios para garantir sua qualidade. Educação & Sociedade, 2025.

OLIVEIRA, S. L.; SIQUEIRA, A. F. Aprendizagem baseada em projetos no Ensino Médio: estudo comparativo entre métodos de ensino. Bolema, Rio Claro, v. 34, n. 67, p. 1-11, ago. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bolema/a/wySf37fqxQDVHGPdPcCGhHq/. Acesso em: 24 maio 2025.

PICÃO, F. F. et al. Inteligência artificial e educação: como a IA está mudando a maneira como aprendemos e ensinamos. v. 4, n. 5, p. 197-201, 2023. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/8f18/27682aba66e51cd8a8329bd3496f7c76591c.pdf. Acesso em: 2 maio 2025.

RAMOS, A. C. P.; MUNHOZ, C. E. M. Metodologias ativas: aplicações e vivências no ensino-aprendizagem da gestão. Rio de Janeiro: Amazon, 2018.

SILVA, R. A.; PAIVA, M. C. L. A organização do ambiente virtual de aprendizagem na EaD: o ponto de vista dos estudantes. Evaluation, Campinas, v. 28, p. 1-13, 2023.

SILVEIRA, S. R.; BERTOLINI, C.; PARREIRA, F. J. Potencialidades e desafios para a aplicação da sala de aula invertida na EaD. Universidade Federal de Santa Maria – Campus Frederico Westphalen/RS, v. 3, p. 12-23, 2020.


1 Graduada em pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected].