O DESIGNER INSTRUCIONAL NA EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA (EAD)
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17081407
Giseli Felisberto Manique Barreto Martins1
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é analisar a importância da educação a distância como uma opção de desenvolvimento cognitivo dos alunos de uma maneira possível e diversificada, mas responsável. Merece destaque o desenvolvimento da modalidade de Educação à Distância (EAD) no Brasil, conquistando cada vez mais adeptos e espaço no campo educacional. Surge como mais uma opção na busca de conhecimentos, ultrapassando barreiras de tempo e lugar. Em virtude de sua versatilidade, os alunos que optam por este tipo de formação são atraídos pela flexibilidade de horários, ausência de custos com estadias (não há a necessidade de alteração em seus locais de residência) ou transporte. Apesar das inúmeras vantagens do ensino à distância, um aspecto a ser considerado como dificultoso para o aluno é o aprimoramento das técnicas de autodidatismo e autodisciplina: o comprometimento com os estudos é essencial para êxitos na trajetória do curso e, neste caso, as atividades educativas são realizadas quase que de maneira autônoma por parte do formando, dispondo de escassas oportunidades de orientação por parte de seus professores. Com a crescente demanda da formação superior, as faculdades e universidades brasileiras investiram massivamente na EAD lançando mão das atuais tecnologias da informação e da comunicação. Dita tendência, veio do objetivo de oferecer uma educação de qualidade a quem dela necessite, procurando sempre transpor as desigualdades de ordem social, econômica e cultural presentes no país, modificando-o por meio do conhecimento.
Palavras-Chave: Educação à Distância. Modalidade. Tecnologias. Tempo.
ABSTRACT
The objective of this research is to analyze the importance of distance education as an option for students' cognitive development in a possible and diverse, but responsible way. The development of the Distance Education (EAD) modality in Brazil deserves to be highlighted, gaining more and more followers and space in the educational field. It appears as another option in the search for knowledge, overcoming barriers of time and place. Due to its versatility, students who opt for this type of training are attracted by the flexibility of schedules, absence of accommodation costs (there is no need to change their place of residence) or transportation. Despite the numerous advantages of distance learning, one aspect that must be considered difficult for the student is the improvement of self-teaching and self-discipline techniques: commitment to studies is essential for success in the course trajectory and, in this case, educational activities They are carried out almost autonomously by the trainee, with few opportunities for guidance from their teachers. With the growing demand for higher education, Brazilian colleges and universities have invested massively in distance learning, using current information and communication technologies. This trend came from the objective of offering quality education to those who need it, always seeking to overcome the social, economic and cultural inequalities present in the country, modifying it through knowledge.
Keywords: Distance Education. Modality. Technologies. Time.
INTRODUÇÃO
A educação a distância é a modalidade de ensino que mais cresceu na última década, ela torna-se diferente nas suas particularidades e se distingue das demais por sua força, atendendo uma demanda muito grande de ensino, estabelecendo-se como uma ferramenta de inclusão social, conquistando um espaço cada vez maior no campo educacional.
Educação à distância não é um conceito novo. Nos primeiros cursos por correspondência e via rádio, se podia perceber os primórdios daquele inovador conceito de educação que poucos vislumbraram. Esta inovação na área de educação viria a revolucionar sobremaneira as relações professor-aluno e ensino-aprendizagem
Nessa modalidade as presenças físicas são substituídas pelo contato virtual, tornando-se assim um veículo facilitador da democratização e acesso a educação. Destaca-se como um caminho estratégico na formação continuada, não só no Brasil, como em todo o mundo. É uma forma de ensino que possibilita autoaprendizagem, mediado por recursos didáticos, organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e repassados pelos meios de comunicação.
O aluno é visto como um agente ativo no processo de aprendizagem, promovendo interação entre estes para o compartilhamento do conhecimento adquirido. A interação e a valorização dos conhecimentos que o aluno previamente possui, podem assegurar ainda a aprendizagem significativa, de forma que o aluno não absorverá apenas superficialmente o assunto estudado.
Revendo as características das modalidades, presencial e a distância se percebe que elas se diferenciam muito entre si, pois podem até possuir objetivos incomum que é a transmissão de conhecimento, mas discordam bastante na maneira de se passar esse conhecimento. Enquanto o ensino presencial preocupa-se com o individual, a EAD trabalha com o ensino em massa. No presencial, o professor está em sala auxiliando, interagindo, trocando experiências com aluno, enquanto que no EAD o aluno faz seu horário de estudo, fazendo seu próprio controle.
Justifica-se a escolha deste tema relacionado a importância e as mudanças da tecnologia educacional como forma de elevar o ensino e a aprendizagem de uma forma especial na Educação á Distância.
As inovações e mudanças tecnológicas ocorridas durante os últimos anos passaram a configurar seu espaço na educação como forma de desenvolver conteúdos, associar as dificuldades das crianças de forma criativa por meio da pedagogia educacional, assim como tornar possível um aprendizado de maneira diferenciada mas responsável para que as crianças possam assim perceber que a escola não está apenas centrada em livros e no quadro-negro como forma de desenvolvimento cognitivo.
A metodologia da pesquisa é bibliográfica descritiva com base em livros e artigos referente ao tema escolhido para esta pesquisa.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com base em relatórios de pesquisa recentes, o modelo de aprendizado combinado, que combina aprendizado presencial e online, é agora o modelo preferido para o design de cursos online. Sua superioridade sobre o aprendizado online, que carece de interação face a face, é evidente em estudos que examinaram tanto o desempenho quanto a satisfação do aluno.
No entanto, há ambiguidade na literatura e no campo em relação à implementação adequada da aprendizagem combinada e às proporções ideais entre os componentes online e F2F em vários cenários de aprendizagem.
A gama de relatórios contraditórios na literatura recente sobre o potencial de diferentes modelos de aprendizagem combinada mostra a necessidade de mais pesquisas sobre cursos específicos de aprendizagem combinada, a fim de estabelecer padrões adequados para o design e implementação eficazes do curso.
O uso de componentes on-line no processo de aprendizado é relativamente limitado, consistindo principalmente em uma página inicial do curso, anúncios do instrutor, programa de estudos, tarefas, recursos on-line ocasionais e um fórum para discussões on-line.
Na maioria dos cursos, os elementos online são adicionados ao curso após o seu desenvolvimento; eles são considerados “bons de se ter”, mas não são obrigatórios ou um elemento central no processo de aprendizagem.
A concePção e desenvolvimento do curso baseou-se no conhecimento dos principais problemas subjacentes ao ensino e aprendizagem online nas universidades, em particular nas universidades abertas (Guri-Rosenblit, 2005). À luz dos relatórios de pesquisa atuais sobre os problemas que a maioria dos usuários enfrenta na leitura de textos acadêmicos em telas digitais (Eshet & Geri, 2007), o livro didático do curso é disponibilizado aos alunos nos formatos digital e impresso. Isso permite que os alunos escolham seu modo de aprendizagem favorito para cada seção do curso e naveguem livremente entre o texto e o ambiente online. As numerosas palestras em vídeo do redator do curso, incluídas no ambiente do curso on-line, destinam-se a preencher a lacuna mencionada acima entre o redator do curso e os alunos (Guri-Rosenblit, 2005). O projeto pedagógico do curso enfatiza uma abordagem construtivista (Bransford, Sherwood, Hasselbring, Kinzer, & Williams, 1990), em que o processo de aprendizagem se concentra na capacidade dos alunos de resolver problemas da vida real em um contexto acadêmico. Assim, as atribuições do curso exigem que os alunos analisem ambientes de aprendizagem baseados na Internet, projetem interfaces de usuário e sugiram simulações educacionais para resolver problemas de aprendizagem da vida real. O ambiente de aprendizagem computadorizado (CLE) do curso enfatiza os padrões de usabilidade, flexibilidade de navegação e princípios de design para ambientes de aprendizagem hipertextuais (Balcytiene, 1999). A instrução do curso segue o modelo de aprendizagem combinada (Bonk et al., 2003; Osguthorpe & Graham, 2003). Consiste em seis encontros de orientação presenciais opcionais, e o restante do aprendizado é feito online.
De acordo com os princípios de aprendizagem combinada (Bonk et al., 2003), a aprendizagem online é amplamente utilizada para tópicos que enfatizam questões práticas (por exemplo, design de interface, bancos de dados ou design de simulação), para os quais tarefas autênticas são atribuídas. Por outro lado, para os tópicos mais teóricos (por exemplo, teorias de aprendizagem), a aprendizagem presencial é dominante.
O curso aborda os principais aspectos do projeto de ambientes de aprendizagem baseados em computador e seus processos de aprendizagem subjacentes. O curso consiste em cinco unidades de aprendizagem: aspectos teóricos da aprendizagem com tecnologia, ambientes de aprendizagem de hipertexto e hipermídia, design de interface do usuário, design de bancos de dados e simulações educacionais.
Cada unidade combina uma discussão dos aspectos teóricos e práticos do tópico. A fundamentação teórica é fornecida pelos artigos atribuídos para cada unidade e pelo livro didático do curso. As tarefas e atribuições do curso são projetadas para ajudar os alunos a implementar seus conhecimentos teóricos em situações reais.
Os designers instrucionais são uma parte importante do processo de design instrucional, por isso é importante entender seu papel.
Simplificando, os designers instrucionais são responsáveis por criar e entregar os materiais de aprendizagem e experiências para os alunos. Eles podem trabalhar com materiais físicos, como manuais e apostilas, ou com tecnologias de e-learning e multimídia para criar experiências instrucionais. Embora os designers instrucionais possam trabalhar em ambientes acadêmicos (como escolas de ensino fundamental e médio, universidades e centros de treinamento para adultos), neste guia vamos nos concentrar no papel dos designers instrucionais no treinamento corporativo.
No setor corporativo, o papel do designer instrucional é coletar, processar e analisar sistematicamente dados para avaliar as necessidades de aprendizagem de uma organização. Uma vez que uma necessidade de aprendizagem é identificada, os designers instrucionais são normalmente responsáveis por desenvolver os materiais de treinamento necessários e, em seguida, avaliar o sucesso da intervenção instrucional. Se uma área do treinamento não atende aos padrões inicialmente definidos pela organização, cabe ao designer instrucional atualizar o conteúdo de aprendizagem para garantir que os funcionários sejam capazes de entender os novos tópicos que estão sendo ensinados. Esse processo é fundamental para garantir que as organizações estejam trabalhando com eficiência e usando seus recursos com sabedoria.
Os designers instrucionais trabalham como parte de uma equipe, geralmente dentro do departamento de L&D de uma organização. Digamos que seu departamento de L&D queira criar um curso de e-learning. Um designer instrucional desempenhará um papel no desenvolvimento deste curso, junto com um especialista no assunto, um especialista em sistema de gerenciamento de aprendizado (LMS) e um testador de garantia de qualidade. Nesta equipa, cabe ao designer instrucional do e-learning preencher as lacunas de conhecimento e garantir que os objetivos de aprendizagem são cumpridos. Os designers instrucionais geralmente têm um conhecimento mais profundo das ferramentas de criação de e-learning e do LMS da organização e podem usar esse conhecimento para ajudar a projetar e desenvolver experiências envolventes de e-learning.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Castells (2006) o homem tornando-se condutor da sua história e vivendo numa sociedade inserida dentro do sistema econômico capitalista começou a sofrer inúmeras mudanças sociais, culturais e econômicas, implicando em uma nova ordem mundial de organização do trabalho, visto o novo modo de produção.
As tecnologias da informação e da comunicação impulsionaram para uma nova ordem de organização da economia e da sociedade, inovaram as formas de relações sociais, ampliaram a memória, garantindo novas possibilidades de bem estar.
Para Lévy (1999, p. 22) “mesmo supondo que realmente existam três entidades – técnica, cultura e sociedade” - em vez de enfatizar o impacto das tecnologias, poderia igualmente pensar que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura. Nessa perspectiva a tecnologia é uma construção, não um impacto como que provocado por um “advento que surge por acaso”.
Os pressupostos teóricos, bem como os indicadores sociais, econômicos e tecnológicos demandam um posicionamento da área educacional, compreendendo-se a educação como direito do cidadão e, portanto, de responsabilidade do governo, dentro de uma perspectiva específica que se refere às políticas públicas educacionais, para uso das tecnologias implementadas nas últimas décadas.
Muitas pessoas interessadas em educação viram nas tecnologias digitais e de informação e comunicação, segundo Sancho (2006, p. 19), a nova oportunidade para repensar e melhorar a educação. Contudo, a autora enfatiza que a história da educação está cheia de expectativas não cumpridas, geradas ante cada nova onda de produção tecnológica, a exemplo do livro do bolso ao vídeo ou ao próprio computador.
Destarte, Brito e Purificação (2008, p. 40) advertem que “se as tecnologias não forem bem utilizadas, garantem a novidade por algum tempo, mas no que realmente aconteça uma melhoria significativa”. A tecnologia sozinha não mudará os rumos da educação, é preciso que aliada a ela haja um professor crítico, predisposto a ser protagonista no movimento em que se tecem as relações entre escola e o mundo, esquivando-se da passividade diante das inovações científicas, conhecedor dos processos tecnológicos que elas disponibilizam.
Isso significa uma escola que sabe a diferença entre memorizar e aprender, entre repetir e pensar, entre reproduzir e produzir conhecimentos (BEHRENS, 2010, p. 39-81). A escola, “preocupada” com isto, tem em vista a sua função de ensinar, de articular o aprender e pensar, de tornar o aluno sujeito do conhecimento, até porque, informação se difere de conhecimento.
A função de construir e reconstruir conhecimentos cabe à escola e esta precisa passar “a ser um centro que leve à transformação da sociedade” (BEHRENS, 2008, p. 22). Para isso se faz necessário atentar para as exigências da contemporaneidade.
De acordo com Sancho (2006, p. 22) o “desafio é que os profissionais da educação mudem de imediato sua forma de conceber e pôr em prática o ensino ao descobrir uma nova ferramenta”.
A heutagogia, uma forma de aprendizagem autodeterminada com práticas e princípios enraizados na andragogia, ressurgiu recentemente como uma abordagem de aprendizagem após uma década de atenção limitada.
Em uma abordagem heutagógica de ensino e aprendizagem, os alunos são altamente autônomos e autodeterminado e a ênfase é colocada no desenvolvimento da capacidade e capacidade do aluno com o objetivo de produzir alunos bem preparados para as complexidades do mundo atual e local de trabalho.
A abordagem foi proposta como uma teoria para aplicação a tecnologias emergentes em educação a distância e para orientar a prática de educação a distância e as formas da qual os educadores a distância desenvolvem e ministram instrução usando tecnologias mais recentes, como mídia social.
O interesse renovado na heutagogia é parcialmente devido à onipresença de Web 2.0 e os recursos fornecidos pela tecnologia. Com seu design centrado no aluno.
A Web 2.0 oferece um ambiente que suporta uma abordagem heutagógica, principalmente apoiando o desenvolvimento de conteúdo gerado pelo aluno e autodirecionamento do aluno em descoberta de informações e na definição do caminho de aprendizagem.
Com base na literatura e pesquisa atuais, este artigo define e discute os conceitos de andragogia e heutagogia e descreve o papel da Web 2.0 no suporte a uma abordagem de aprendizagem heutagógica. Também são apresentados exemplos de programas institucionais que incorporaram abordagens heutagógicas; com base nesses exemplos e resultados de pesquisa, o design do curso e elementos que são característicos da heutagogia são identificados.
A utilização do computador na educação tem ocasionado uma revolução no conceito de ensino e aprendizagem. O uso do computador para ensinar, através de diversos softwares educacionais em diferentes modalidades, comprova que esta ferramenta de auxilio tecnológica pode ser muito útil no processo de ensino aprendizado. Segundo Valente (1993), antigamente os softwares educacionais eram caracterizados como versões computadorizadas dos métodos de ensino. Inicialmente a ideia era apenas imitar as atividades que aconteciam nas salas de aulas, mas com a disseminação de seu uso, outras modalidades foram desenvolvidas. No início de 1950 o professor B. F. Skinner propôs uma máquina para ensinar utilizando uma concepção de instrução programada, psicológico e psicomotor. Segundo Napolitano (2003, p.45) em sua publicação:
A instrução programada consiste em dividir o material a ser ensinado em pequenos segmentos logicamente encadeados e denominados módulos. Cada fato ou conceito é apresentado em módulos sequenciais. Cada módulo termina com uma questão que o aluno deve responder preenchendo espaços em branco ou escolhendo a resposta certa entre diversas alternativas apresentadas. O estudante deve ler o fato ou conceito e é imediatamente questionado. Se a resposta está correta o aluno pode passar para o próximo módulo. Se a resposta é errada, a resposta certa pode ser fornecida pelo programa ou, o aluno é convidado a rever módulos anteriores ou, ainda, a realizar outros módulos, cujo objetivo é remediar o processo de ensino.
Contudo, uma nova direção é mostrada para as novas circunstâncias de uso do computador na educação, o computador passa a ser uma ferramenta educacional de complementação e aperfeiçoamento, possibilitando uma agregação de qualidade no ensino. (VALENTE, 1993)
Para Napolitano (2003) a utilização da junção dos conceitos entre a ciência da informática aplicadas nas teorias educacionais através de estratégias de ensino, possibilita o uso do computador na educação infantil com a função de quebrar mitos e barreiras impostas por educadores e responsáveis. Segundo estudos realizados escolas que utilizam o auxílio da informática neste período de forma adequada e com materiais corretos, as crianças apresentam raciocínio mais aprimorado devido ao conhecimento das causas e porquês ao invés de decorar soluções sem saber como foram encontradas.
De acordo com MATTEI (2003), a utilização do computador no ensino como ferramenta de auxílio na aprendizagem infantil é muito importante para a construção do conhecimento dos alunos, as seguintes vantagens são encontradas:
Os softwares educacionais proporcionam uma integração entre professor e aluno realizando uma parceria no processo de ensino-aprendizagem.
Pensamentos críticos são desenvolvidos pelos alunos.
Estimula a pesquisa e a criatividade nos alunos.
Os alunos expressão sentimentos de alegria, motivação, emoção e cooperação ao concluírem uma tarefa quando são submetidos.
Estudos realizados por Valente (1993) mostram o modo de raciocínio de um aluno ao resolver um problema usando o computador. No paradigma construcionista, inicialmente o aluno transcreve a solução do problema para o computador, então o computador executa e retorna à resolução obtida, o aluno analisa e, caso seja necessário, altera o que foi descrito. Ou seja, o ciclo de descrição, execução, reflexão e depuração busca compreender uma atividade realizada por alunos no computador.
As redes sociais são o maior atrativo de jovens e adolescentes no atual momento. De acordo com a pesquisa Digital in 2016, da We Are Social, o Facebook e o WhatsApp são as mídias mais utilizadas pelos brasileiros. Trazendo esta realidade para o aproveitamento da educação de estudantes, a escola e professores podem promover atividades com a utilização do aparelho celular, criar grupos de discursões online, para que haja a troca de informações e conhecimentos.
Incentivar criação de páginas sobre temas importantes e atuais da sociedade brasileira, os alunos podem se dividir em grupos para a elaboração de um projeto nas redes sociais e defesas de uma boa causa social, como o preconceito racial, bullying, preservação do meio ambiente. Isso irá trabalhar a criatividade, o interesse pelo assunto, pesquisas e o desenvolvimento de textos. Um olhar crítico sobre o assunto. Aproveitar o fácil acesso a informações, e solicitar aos alunos pesquisa de vídeos, imagens, músicas, informações, notícias, livros, contos, pinturas que ilustram os movimentos literários para trabalhar na aula.
Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996), no Decreto nº 5622/2005, regulamenta o art. 80 (BRASIL, 2005):
Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação à distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Segundo Lévy (1993, p. 176) “Uma interface homem/máquina designa o conjunto de programas e aparelhos matérias que permitem a comunicação entre um sistema informático e seus usuários humanos”.
Segundo Paulo Freire (1996, p. 88): “É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação pedagógica, não importa se o projeto com o qual nos comprometemos é de alfabetização de adultos ou de crianças [...]”.
Estamos hoje vivendo num mundo globalizado, onde as redes de comunicação estão interligadas. Saber o que está ocorrendo no Japão, neste exato momento, é rápido e fácil; basta nos conectarmos com um computador e instantes depois já estamos ligados aos acontecimentos do mundo inteiro e na aprendizagem, dando-nos assim, um entendimento que as teorias e as TIC’s, podem ser aliadas na busca do conhecimento educacional assim como para o EAD.
Segundo Lévy (1993, p. 7):
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria.
O autor ataca o mito da “técnica ‘neutra’, nem boa nem má, posicionando-a num contexto social mais amplo, em parte determinado por ela, a técnica, mas também determinado por ele, o contexto social” (LÉVY, 1993).
Paulo Freire se refere, quanto às práticas, onde o aluno é um mero copiador. É o que se entende quando diz:
[...] o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele, o educador identifica a autoridade do saber com sua funcional, que opõe antagonicamente á liberdade dos educandos; esses devem adaptar-se as determinações daquele; o educador finalmente é o sujeito do processo; esses, os educandos, meros objetos (FREIRE, 1987, p. 36).
Segundo Kerckhove (2003, p. 7) “A tecnologia da escrita modificou os primeiros relacionamentos com a linguagem através da separação entre texto e contexto e do isolamento do leitor, dentre outras coisas”, segundo o autor; “já a eletricidade trouxe todos os sentidos de volta para a linguagem, mas, ao mesmo tempo, externa as mentes dos leitores na tela e torna mais uma vez públicos os conteúdos [...] da mente privada da escrita”.
Paulo Freire, no livro, Pedagogia da Autonomia, explica suas razões para a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser e de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para escola, visto ser ele um sujeito social e histórico, e da compreensão de que: “[...] Formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho [...]” (FREIRE, 1996, p. 15).
Define essa postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de "ética universal do ser humano", essencial para o trabalho docente. E nos diz ainda:
Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos [...]. É por esta ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou com adultos, que devemos lutar (FREIRE, 1996, p. 19).
Para o educando estas novas ferramentas e desafios, com aprendizagens significativas, que são de suas vivencias e interesse; que proporcionemos tecnologias que os auxiliem nestas descobertas, e assim, descobrindo novas formas de aprendizagens.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. [...] que decorre minha compreensão do homem e da mulher como seres históricos e inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar (FREIRE, 1996, p. 12).
A comunicação que não precisa se limitar apenas ao uso dos livros didáticos, mas também em organizar ações de pesquisa e comunicação através da internet, enviando mensagens, discutindo questões, ampliando novos canais de comunicação, e apresentando novos desafios na comunidade escolar.
A Educação a Distância é uma modalidade de ensino que permite atingir um número significativo de pessoas. Ela rompe com a forma tradicional de ensino e aponta para um novo paradigma. Ao incorporar o princípio de que os alunos são construtores do conhecimento, aposta na autonomia e recupera a essência da transdisciplinaridade.
Para Preti (2000), “A maioria de seus alunos apresenta características particulares, tais como: são adultos inseridos no mercado de trabalho, residem em locais distantes dos núcleos de ensino, não conseguem aprovação em cursos regulares, são heterogêneos e com pouco tempo para estudar no ensino presencial”.
Segundo Belloni (1999)
“a educação a distância aparece cada vez mais, no contexto das sociedades contemporâneas, como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável para atender as novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial”.
Neder (2000) refere-se ao conceito de EAD com bastante propriedade, colocando essa modalidade como um meio, “uma forma que permite ampliação do acesso à escola, o atendimento a adultos”, permitindo o uso de novas tecnologias de comunicação e de informação.
Em seu artigo 80, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96) define a educação a distância como uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados.
É preciso que se diga, também, que a Educação a Distância tem uma história de sobrevivência e que, no bojo das contradições das práticas, ela surge na pós-revolução russa, ou seja, na década de vinte, do século passado, para suprir deficiências da escola formal que, por ter sido até então elitista, atingia um número restrito de pessoas.
Segundo Preti (2000), a política de Educação a Distância atingiu todo o Leste Europeu para “assegurar a formação dos trabalhadores. Somente na Rússia, 2.500.000 estudantes (mais da metade dos inscritos nas universidades) estudavam a distância antes da ruptura do bloco socialista”.
Experiências educativas a distância já existiram no final do século XVIIIº, se desenvolveram com êxito a partir da segunda metade do séc. XIX, para qualificação e especialização de mão-de-obra face às novas demandas da nascente industrialização, da mecanização e divisão dos processos de trabalho. Alcançaram uma rápida expansão no séc. XX, sobretudo a nível de estudos superiores. Porém, é a partir da década de 60 e 70, “num momento de expansão econômica e de entusiasmo dos governos em relação à educação” (MEDIANO, 1988 p.:46)
Em mais de 80 países do mundo o ensino a distância vem sendo empregado em todos os níveis educativos, desde o primeiro grau até a pós-graduação, assim como também na educação permanente. (LISSEANU, 1988, p.70).
Na Europa, são oferecidos mais de 700 programa de diferentes níveis, nos mais variados campos do saber. Segundo o Conselho Internacional de Ensino a Distância /CIED, em 1988, mais de 10 milhões de estudantes acompanhavam seus cursos a Distância e, em nível superior e de pós-graduação, essa formação é reconhecida legal e socialmente (IBAÑEZ, 1989).
Diversas são as denominações e as conceptualizações que encontramos relacionadas com essa modalidade. Fala-se, frequentemente, em Ensino a Distância e Educação a Distância como se fossem sinônimos, expressando um processo de ensino-aprendizagem. Ensino representa instrução, socialização de informação, aprendizagem, etc., enquanto Educação é “estratégia básica de formação humana, aprender a aprender, saber pensar, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc.” (MAROTO, 1995).
Para Lorenzo García (1995), a EAD distingue-se da modalidade de ensino presencial por ser “um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitue a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível”.
Em um processo evolutivo é possível observar que a EAD começa a criar um contexto próprio, rompendo os limites com os aspectos legais e burocráticos da jurisprudência do ensino presencial amparado por leis e decretos como do ano de 1971, Lei 5.692, 1996, Lei 9.394, 2005, Decreto Lei 5.622. O Brasil, a educação é uma atividade com forte presença do estado, que se faz presente numa vasta legislação que procura enquadrar os cursos a padrões mínimos e a modelos de organização comuns em todo o país. No caso da EAD, excluindo-se os cursos de capacitação profissional e de pequena duração, aqueles conectados com o sistema de ensino do país, onde alguns especialistas alegam que a legislação de EAD restringe uma das principais qual idades deste tipo de curso, que é a flexibilidade de adequar-se as condições dos alunos(FARIAS, 2006).
Segundo Lobo Neto (2003), desde a Lei 5.692/71 o tema do ensino a distância já se faz presente. O Artigo 25 propunha a utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação para atingir um maior número de alunos, mas apenas nos cursos de função supletiva. Assim, os programas de EAD passam a funcionar no país precariamente e recebem pareceres dos Conselhos Federais e Estaduais de Educação, classificando-os como experimentais.
A Educação à Distância (EaD) é uma modalidade da Educação, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação (TESSAROLLO, 2000).
[...] espera-se do professor uma atuação técnica, ligada ao desenho dos cursos e a sua avaliação; uma atividade orientadora, capaz de estimular, motivar e ajudar o aluno, além de estimulá-lo à responsabilidade e à autonomia; um comportamento facilitador do êxito e não meramente controlador e sancionador da aprendizagem alcançada, e a utilização eficaz de todos os meios para a informação e o ensino” (SEBASTIÁN RAMOS, 1990, p.31).
Na EaD exige-se do estudante o autoestudo, imprescindível na era da informação e isso potencializa a capacidade de lidarem com a sociedade globalizada. A EaD concebida na Internet, permite a personalização do ensino, com a construção de cursos em hipertexto com diferentes níveis, e a navegação pelo estudante é realizada segundo seu ritmo de aprendizagem pessoal e cabível aos horários mais compatíveis (RAMAL, 2007).
Diversas são as denominações e as conceptualizações que encontramos relacionadas com essa modalidade. Fala-se, freqüentemente, em Ensino a Distância e Educação a Distância como se fossem sinônimos, expressando um processo de ensino-aprendizagem. Ensino representa instrução, socialização de informação, aprendizagem, etc., enquanto Educação é “estratégia básica de formação humana, aprender a aprender, saber pensar, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc.” (MAROTO, 1995).
CONCLUSÃO
A Educação a Distância, por ser uma modalidade de ensino relativamente nova, vem sofrendo dificuldades em sua implementação no Brasil porque, também, não faz parte do modelo proposto ao nosso país. É uma forma flexível de educação que poderá contribuir significativamente para a superação das desigualdades sociais, produzidas por esse modelo econômico que dificulta o acesso ao conhecimento.
Alguns pressupostos estão, hoje, fundamentando a implementação da Educação a Distância no Brasil e poderão redefinir paradigmas para lidar com essa modalidade de ensino.
A Educação a Distância, assim, poderá oferecer à população uma educação acessível, flexível e de qualidade que atenda às suas necessidades e expectativas, fortalecendo a possibilidade da educação promover o crescimento pessoal de seus alunos e provocar mudanças no seu entorno familiar, profissional e social.
Fica claro então que a rentabilidade de um curso em EAD está associada ao número de alunos matriculados. Há um investimento inicial na formação de recursos humanos que atuarão no Centro e na montagem da estrutura de apoio ao estudante (computadores, fax, telefone, soft, produção de material didático), mas que se tornará rentável à medida em que os cursos vão se expandindo, com o aumento de matrículas e novos cursos vão sendo oferecidos.
Outro ponto importante é buscar novos mecanismos tecnológicos para facilitar o aprendizado, fazendo com que esses instrumentos sejam integrados aos ambientes virtuais de aprendizagem de forma a majorar e acelerar o aprendizado.
O aluno quando chega a escola já realizou inúmeros contatos com as tecnologias, pois passa longo tempo em frente a televisão, ouve rádio, utiliza computador e navega na Internet. Este é o perfil atual dos alunos, são extremamente hábeis no manejo das novas tecnologias, curiosos e com grande facilidade para interagir.
Portanto, o ambiente escolar deve assegurar o acesso a essas e outras midias sob o pretexto de manter o interesse do aluno e sua permanência na escola de forma satisfatória e prazerosa. A era da comunicação e das tecnologias, possibilita superar distâncias, assim sendo, professores e alunos dispõe de inúmeros recursos que possibilitam o acesso a informações as quais estão disponibilizadas através de canais de televisão, rádio, jornais, livros e, também, de uma forma muito rápida, pela internet. Esta quantidade de recursos tecnológicos facilita e estimula cada vez mais a troca de informações, estimulando e preparando o aluno para enfrentar novas situações, adquirindo mais conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Graduada em pedagogia. Especializada em interdisciplinaridade, Neuropsicopedagogia Clínica e Gestão escolar. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]