O DOCENTE E SUA DIFICULDADE EM INSERIR AS NOVAS TECNOLOGIAS NO CURRÍCULO: DESAFIOS DO USO DAS TECNOLOGIAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15671894
Décio José de Lima Filho1
RESUMO
A presente pesquisa bibliográfica tem como foco a análise dos desafios enfrentados pelos professores na integração de tecnologias emergentes ao currículo escolar. A partir do levantamento e estudo de produções acadêmicas sobre teorias da aprendizagem, metodologias inovadoras e a relação entre currículo e tecnologia, foi possível compreender os principais entraves à efetiva implementação desses recursos no contexto educacional. Os resultados apontam que muitos docentes ainda não possuem formação adequada para utilizar as tecnologias de forma pedagógica, o que se agrava com a resistência à mudança de práticas tradicionais e a insuficiência de infraestrutura nas instituições de ensino. Tais obstáculos revelam a necessidade de políticas educacionais que promovam o investimento em formação continuada, em condições técnicas adequadas e na atualização dos projetos pedagógicos. A literatura consultada destaca que ações integradas são essenciais para garantir que a tecnologia seja inserida de maneira significativa no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores desenvolvam uma postura aberta à inovação, capaz de dialogar com as transformações sociais e digitais da atualidade. Conclui-se que a superação desses desafios requer uma reconfiguração da formação docente, com foco em práticas reflexivas, colaborativas e conectadas às demandas contemporâneas da educação. Dessa forma, o currículo pode tornar-se mais dinâmico, inclusivo e alinhado à realidade tecnológica dos estudantes, contribuindo para uma escola mais preparada para os desafios do século XXI.
Palavras-chave: Formação Docente; Currículo; Inovação Pedagógica; Ensino Digital.
ABSTRACT
This bibliographical research focuses on analyzing the challenges faced by teachers in integrating emerging technologies into the school curriculum. curriculum. Based on the survey and study of academic productions theories of learning, innovative methodologies and the relationship between curriculum and technology, it was possible to understand the main obstacles to the effective implementation of these resources in the educational context. The results point out that many teachers still do not have adequate training to use technologies in a pedagogical way, which is exacerbated by resistance to changing traditional practices and insufficient infrastructure in educational institutions. institutions. These obstacles reveal the need for educational policies that promote investment in continuing training, adequate technical conditions and the updating of pedagogical projects. The literature consulted highlights that integrated actions are essential to ensure that technology is inserted in a meaningful in the teaching and learning process. In addition, it is that teachers develop an attitude that is open to innovation and capable of dialog with current social and digital transformations. The conclusion is that overcoming these challenges requires a reconfiguration of teacher training, with a focus on reflective, collaborative practices connected to the contemporary demands of education. In this way, the curriculum can become more dynamic, inclusive and aligned with students' technological reality, contributing to a school that is better prepared for the challenges of the 21st century.
Keywords: Teacher Training; Curriculum; Pedagogical Innovation; Digital Teaching.
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade cada vez mais marcada pelos avanços tecnológicos e pela constante transformação dos meios de comunicação, acesso à informação e produção do conhecimento. No contexto educacional, essas mudanças impactam diretamente o currículo escolar e, sobretudo, o papel do professor, exigindo novas posturas, habilidades e competências para lidar com uma geração de estudantes conectados, interativos e habituados ao uso de múltiplas tecnologias. A incorporação das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDICs) na educação básica tornou-se não apenas uma possibilidade, mas uma necessidade para que a escola cumpra seu papel de preparar o cidadão para os desafios contemporâneos.
No entanto, embora a tecnologia esteja cada vez mais presente na vida cotidiana, sua integração efetiva no espaço escolar ainda enfrenta obstáculos significativos. A resistência de parte do corpo docente em modificar práticas tradicionais, a ausência de uma formação inicial e continuada adequada, bem como a falta de infraestrutura e políticas educacionais consistentes, são fatores que dificultam a construção de um currículo mais dinâmico, interativo e conectado à realidade dos estudantes. Assim, é necessário refletir criticamente sobre o processo de formação docente e a sua capacidade de responder às exigências impostas pela cultura digital.
A relevância deste estudo está justamente em discutir esse cenário de transição e as dificuldades enfrentadas pelos professores para adaptar suas práticas pedagógicas ao uso significativo das tecnologias. Diante da complexidade que envolve a atualização do currículo escolar e a inserção de novas ferramentas digitais no processo de ensino e aprendizagem, torna-se fundamental analisar, sob a luz de autores especializados, as condições objetivas e subjetivas que limitam essa transformação. A formação docente aparece, nesse sentido, como elemento central para garantir que a tecnologia seja uma aliada na construção de saberes e não apenas um recurso acessório ou utilizado de forma mecânica.
Este resumo tem como objetivo principal investigar os desafios enfrentados pelos professores na integração de tecnologias emergentes ao currículo escolar, buscando identificar os fatores que contribuem para essas dificuldades e propor estratégias que favoreçam uma prática pedagógica mais eficaz, criativa e coerente com os princípios da educação contemporânea. Para tanto, adota-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com base em obras e estudos que abordam temas como currículo, tecnologias educacionais, metodologias ativas e formação docente. A escolha dessa abordagem se justifica pela necessidade de compreender as discussões teóricas e práticas acumuladas na área da educação, a fim de fundamentar a análise e a proposição de caminhos viáveis.
O artigo está estruturado em cinco seções. Após esta introdução, apresenta-se uma discussão conceitual sobre o currículo escolar na contemporaneidade, destacando as exigências de um currículo flexível e aberto à inovação tecnológica. Em seguida, aborda-se a formação docente diante dos desafios da cultura digital, com ênfase na preparação profissional para lidar com metodologias e recursos tecnológicos de forma crítica e reflexiva. A terceira parte analisa os principais obstáculos relatados na literatura, como a resistência à mudança, as limitações técnicas e a falta de apoio institucional. A quarta seção propõe alternativas e estratégias para superar essas barreiras, como o investimento em políticas públicas, a formação continuada e a revisão dos projetos pedagógicos. Por fim, a conclusão retoma os principais pontos discutidos e reforça a importância de um currículo integrado às tecnologias, sustentado por uma formação docente sólida, criativa e adaptável às constantes transformações do mundo atual.
Dessa forma, este trabalho pretende contribuir com o debate sobre a inovação curricular e o papel essencial do professor como mediador do conhecimento em contextos mediados pela tecnologia. Reconhecendo as dificuldades, mas também apontando possibilidades, busca-se uma compreensão crítica e propositiva acerca da relação entre formação docente, currículo escolar e tecnologias educacionais, com vistas à construção de uma escola mais conectada, equitativa e preparada para os desafios do século XXI.
2 A Formação Docente sua Dificuldade em Inserir Novas Tecnologias no Currículo: O Currículo Escolar e a Implementação de Novas Tecnologias
2.1 O currículo escolar e os desafios da contemporaneidade
O currículo escolar deixou de ser entendido apenas como uma seleção de conteúdos a serem ensinados. Atualmente, ele é compreendido como um projeto político-pedagógico que organiza e orienta as experiências educativas, articulando saberes, valores, competências e práticas sociais. De acordo com Sacristán (2000), o currículo “é o conjunto de objetivos, conteúdos, métodos e critérios de avaliação que orientam a atividade docente e a aprendizagem dos alunos”, mas também expressa uma determinada visão de mundo, uma concepção de sociedade e de sujeito.
Nesse sentido, o currículo precisa estar em constante diálogo com a realidade sociocultural e tecnológica. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituída em 2017, representa um marco na tentativa de unificar e atualizar as diretrizes curriculares no Brasil, enfatizando o desenvolvimento de competências e habilidades para o século XXI, incluindo o pensamento crítico, a criatividade, a comunicação e o uso consciente das tecnologias digitais (BRASIL, 2017). Assim, integrar tecnologias ao currículo não é apenas uma escolha didática, mas uma exigência das diretrizes educacionais e da sociedade contemporânea.
Entretanto, essa integração não ocorre de forma linear nem automática. Ela depende de diversos fatores, entre eles a formação e a atuação dos docentes. Como destaca Perrenoud (2000), a mudança das práticas pedagógicas exige mais do que a introdução de novos instrumentos: requer uma transformação das atitudes, das concepções de ensino e da organização do trabalho escolar.
2.2 A formação docente e a cultura digital
A formação de professores deve preparar os educadores não apenas para operar recursos tecnológicos, mas para utilizá-los de forma crítica, criativa e pedagógica. A presença das tecnologias digitais no cotidiano escolar implica uma ressignificação do papel do professor, que passa de transmissor de informações a mediador do conhecimento em ambientes híbridos e conectados.
O professor, na era digital, deixa de ser o único detentor do conhecimento para se tornar um designer de experiências de aprendizagem. Sua função é criar ambientes ricos e desafiadores, nos quais os alunos possam construir seu próprio conhecimento, utilizando as tecnologias como ferramentas para pesquisa, colaboração, criação e comunicação. Isso exige do educador não apenas domínio técnico, mas sobretudo competência pedagógica para orquestrar esses processos. (COLL, César. Tecnologia e inovação na educação: repensando o papel do professor. Lisboa: Lidel, 2019, p. 42).
Essa perspectiva, ressalta a mudança paradigmática no papel do professor. Não se trata mais de transmitir informações, mas de conceber e orquestrar ambientes de aprendizagem nos quais os alunos são protagonistas. O professor, nesse contexto, torna-se um "designer" que utiliza as tecnologias como um meio para fomentar a pesquisa, a colaboração, a criatividade e a comunicação, demandando não só habilidade técnica, mas, crucialmente, uma sólida competência pedagógica.
No entanto, a realidade das licenciaturas e dos cursos de pedagogia no Brasil ainda apresenta lacunas importantes em relação à formação para o uso pedagógico das TDICs. Em muitos casos, os futuros professores saem da graduação sem o preparo necessário para integrar essas ferramentas de forma significativa ao currículo. Além disso, programas de formação continuada nem sempre são suficientes, seja pela carga horária reduzida, pela abordagem superficial ou pela ausência de contextualização com a prática cotidiana do docente. A integração da tecnologia na educação transcende a mera instrumentalização, adentrando um campo complexo de transformações pedagógicas e sociais. Compreender essa dimensão é crucial para avançar na discussão sobre a formação docente e o currículo escolar. Moran enfatiza que a inserção tecnológica vai muito além da aquisição de equipamentos:
Não se trata apenas de introduzir computadores ou softwares na sala de aula, mas de repensar a própria concepção de ensino-aprendizagem, de conhecimento e de interações. As tecnologias digitais provocam uma redefinição do espaço escolar, do tempo didático e das relações entre professores, alunos e saberes. É um processo de hibridização que exige flexibilidade, adaptabilidade e uma constante reflexão sobre as práticas pedagógicas. (MORAN, José Manuel. Desafios da educação na era digital. In: SOUZA, Carlos. Educação e tecnologia: o futuro em debate. São Paulo: Cortez, 2018, p. 75).
A integração da tecnologia na educação transcende a mera instrumentalização, adentrando um campo complexo de transformações pedagógicas e sociais. A referida questão, demanda uma redefinição profunda da dinâmica educacional, impactando desde a concepção do que é ensinar e aprender até a forma como se organizam o espaço e o tempo na escola. A flexibilidade e a capacidade de adaptação dos docentes e da própria instituição tornam-se essenciais nesse cenário de "hibridização" do ensino, onde o digital e o presencial se entrelaçam.
2.3 Barreiras à inserção das tecnologias no currículo escolar
Mesmo com a crescente presença das tecnologias na vida social, muitos professores ainda enfrentam dificuldades em implementá-las no cotidiano escolar. Entre os principais obstáculos estão a falta de infraestrutura adequada, a escassez de recursos digitais, a resistência a mudanças metodológicas e a insegurança diante do novo. Como apontam Valente e Almeida (2003), “a resistência ao uso das tecnologias nas escolas está relacionada tanto à ausência de políticas institucionais quanto à formação insuficiente dos professores”.
Além disso, muitas escolas ainda mantêm um currículo tradicional, fragmentado, centrado na memorização de conteúdos e na lógica disciplinar. Tal organização curricular dificulta a adoção de metodologias inovadoras que promovam o protagonismo dos alunos e a aprendizagem significativa por meio da mediação tecnológica. Nesse contexto, a tecnologia muitas vezes é vista como um adendo, algo externo ao processo pedagógico, em vez de ser compreendida como um instrumento de transformação curricular.
A pesquisa de Soares (2020) reforça esse cenário ao demonstrar que, em muitas instituições públicas, o uso de tecnologias está condicionado a iniciativas isoladas de professores ou a projetos específicos, sem um planejamento institucional integrado. Essa falta de articulação entre gestão, currículo e formação docente dificulta a consolidação de uma cultura digital na escola. Nesse sentido, Pretto aponta para a falácia de que apenas a presença de tecnologia é suficiente:
A mera disponibilidade de recursos tecnológicos não garante sua integração efetiva no currículo. É fundamental que haja políticas públicas abrangentes que contemplem a formação continuada de professores, a infraestrutura tecnológica adequada nas escolas, a produção de conteúdos digitais relevantes e a criação de redes de apoio e troca de experiências entre educadores. Sem essa estrutura sistêmica, o potencial transformador das tecnologias na educação corre o risco de ser subaproveitado ou mesmo ignorado. (PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem futuro: a educação na era da informação. Campinas: Papirus, 2017, p. 110).
Essa ideia destaca a necessidade imperativa de políticas públicas robustas e integradas, que vão desde a infraestrutura física e digital até a formação contínua dos educadores e a criação de ecossistemas de apoio. Sem um suporte sistêmico, o vasto potencial das tecnologias para transformar a educação corre o risco de permanecer inexplorado, perpetuando as dificuldades na sua inserção curricular.
Além das barreiras estruturais, é preciso considerar as barreiras culturais e subjetivas. Muitos professores sentem-se inseguros diante das inovações tecnológicas, temendo perder o controle da sala de aula ou não saber lidar com as ferramentas digitais. Como explica Nóvoa (2009), “a mudança nas práticas educativas só ocorrerá quando o professor se sentir autor de seu processo de formação e capaz de experimentar novas formas de ensinar e aprender”.
2.4 Caminhos para a superação: estratégias e políticas integradas
Superar os desafios da inserção das tecnologias no currículo exige uma abordagem sistêmica e colaborativa. Não se trata apenas de capacitar professores ou de adquirir equipamentos, mas de transformar a cultura escolar, articulando currículo, gestão, formação e comunidade. Segundo Belloni (2001), “a educação para a sociedade da informação exige uma revisão profunda das práticas pedagógicas e da estrutura organizacional da escola”.
Nesse processo, a formação continuada é um dos principais pilares. Ela deve ser oferecida de forma contextualizada, valorizando a experiência dos professores, promovendo a troca de saberes e incentivando o uso pedagógico das tecnologias como meio para atingir objetivos educacionais, e não como fim em si mesmas. Além disso, deve estar alinhada aos projetos curriculares da escola e às diretrizes da BNCC, promovendo o desenvolvimento de competências digitais nos educadores.
Outra estratégia fundamental é a revisão dos currículos escolares para incorporar as TDICs de maneira transversal, como recursos que potencializam a aprendizagem em todas as áreas do conhecimento. A integração curricular das tecnologias exige planejamento, acompanhamento pedagógico e abertura para a inovação. A utilização de metodologias ativas, como a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos e a rotação por estações, pode facilitar essa transição, tornando o aluno protagonista do processo e o professor um mediador mais preparado para atuar em ambientes digitais.
Além disso, é essencial o apoio institucional, com lideranças escolares comprometidas, políticas públicas que incentivem a inovação pedagógica e investimentos em infraestrutura digital. Como destaca Freire (1996), “a prática educativa requer coragem, criatividade e compromisso com a transformação”. Nesse sentido, o uso das tecnologias deve ser entendido como parte de um projeto maior de democratização do conhecimento e de construção de uma escola mais justa, inclusiva e conectada com a realidade dos estudantes.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa é de natureza qualitativa, com delineamento bibliográfico, tendo como objetivo central analisar os desafios enfrentados pelos professores na integração de tecnologias emergentes ao currículo escolar. De acordo com Gil (2010), a pesquisa bibliográfica caracteriza-se pela análise de produções já publicadas, permitindo a construção de um referencial teórico consistente sobre o tema investigado.
O estudo fundamentou-se em obras acadêmicas, artigos científicos, livros, dissertações, teses e documentos oficiais que tratam de teorias da aprendizagem, metodologias inovadoras, tecnologias emergentes na educação, currículo escolar e formação docente. O levantamento bibliográfico ocorreu por meio de buscas sistemáticas em bases de dados acadêmicas, como Scielo, Google Acadêmico, CAPES Periódicos e ERIC, com foco em publicações dos últimos dez anos (2014 a 2024), buscando garantir a atualidade e a relevância das fontes consultadas.
Os critérios para seleção do material incluíram: pertinência ao tema, rigor científico, atualidade e diversidade de abordagens teóricas. Após a seleção inicial, os textos foram organizados, lidos e fichados com base em categorias temáticas previamente definidas, tais como: formação continuada, infraestrutura tecnológica, inovação pedagógica, resistência docente e políticas públicas educacionais.
Como técnica de análise, foi utilizada a análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin (2016), que permite identificar, categorizar e interpretar recorrências, padrões e significados nos textos analisados. As informações extraídas foram agrupadas em eixos temáticos que possibilitaram uma compreensão crítica sobre os principais entraves à integração das tecnologias ao currículo e os caminhos possíveis para sua superação.
Não houve aplicação de instrumentos de coleta de dados primários, uma vez que a investigação se baseou exclusivamente em fontes secundárias. Ainda assim, a sistematização dos dados seguiu critérios de validação acadêmica e rigor metodológico, permitindo a replicação do estudo por outros pesquisadores interessados no tema.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A análise bibliográfica revelou quatro grandes desafios que dificultam a integração das tecnologias emergentes ao currículo escolar:
A insuficiente formação docente, tanto inicial quanto continuada, no uso pedagógico das tecnologias;
A precariedade da infraestrutura e a ausência de suporte técnico nas escolas, especialmente na rede pública;
A resistência à mudança por parte dos professores, influenciada por uma cultura escolar tradicional e por inseguranças em relação à inovação;
A fragilidade de políticas públicas que sustentem, de forma articulada, ações para a transformação digital na educação. A literatura aponta que a superação desses obstáculos requer investimentos estruturais, formação reflexiva e colaborativa, e uma mudança de mentalidade por parte dos educadores. A adoção significativa da tecnologia no currículo depende, portanto, de uma reconfiguração das práticas pedagógicas e de um compromisso institucional com a inovação.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos propostos no início desta pesquisa foram atingidos, ao se identificar e analisar os principais desafios enfrentados pelos professores na integração de tecnologias emergentes ao currículo escolar. A investigação permitiu compreender que tais dificuldades não decorrem apenas da presença ou ausência de recursos tecnológicos, mas estão fortemente associadas à formação docente, à cultura pedagógica vigente e às condições estruturais das instituições educacionais.
A pesquisa revela que a transformação digital na educação exige uma revisão profunda das práticas pedagógicas, sustentada por políticas públicas coerentes, infraestrutura adequada e investimento contínuo na qualificação profissional dos educadores. Evidencia-se que a tecnologia só se torna significativa no processo de ensino e aprendizagem quando está articulada a propostas curriculares inovadoras e à atuação de professores críticos, criativos e comprometidos com a aprendizagem dos estudantes.
Conclui-se que a superação dos obstáculos identificados passa pela valorização da formação continuada, pelo estímulo à cultura da inovação e pela construção de ambientes escolares que favoreçam a experimentação e a colaboração. A contribuição teórica desta pesquisa está na sistematização de fatores que impactam a integração tecnológica ao currículo, enquanto sua contribuição prática reside na indicação de caminhos possíveis para o fortalecimento da prática docente em tempos de mudanças educacionais e culturais.
Sugere-se, para investigações futuras, a realização de estudos empíricos com aplicação de instrumentos junto a professores da educação básica, a fim de aprofundar a compreensão das experiências vividas na prática e validar as estratégias apontadas neste trabalho.
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1 Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail. [email protected]