METODOLOGIAS ATIVAS COMO FERRAMENTA DE ENGAJAMENTO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17644200


Francisca Erivanda da Silva Castro1
Benedita Kelvia de Freitas Silva2
Maria Gilvania Viana Freitas3
Tânia Maria Camilo da Silva4
Maria Ermione Gomes Oliveira5
Alana Rodrigues de Goes6
Antônia Régia Gomes Silva7
Michely Queiroz de Lima Menezes8


RESUMO
O presente artigo analisa o uso das metodologias ativas como estratégias pedagógicas para promover o engajamento e a aprendizagem significativa nos anos finais do ensino fundamental. A pesquisa, de natureza bibliográfica e abordagem qualitativa, com caráter descritivo e exploratório, fundamenta-se em autores como Berbel, Bacich, Moran, Freire e Dewey, buscando compreender como essas práticas podem favorecer a autonomia, o protagonismo estudantil e a construção coletiva do conhecimento. Entre as estratégias discutidas, destacam-se a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) e a gamificação, que, aliadas ao uso de tecnologias digitais, contribuem para tornar as aulas mais dinâmicas, contextualizadas e motivadoras. Os resultados da análise indicam que as metodologias ativas aproximam teoria e prática, promovendo o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e tecnológicas, além de fortalecer o papel mediador do professor. Conclui-se que a adoção dessas metodologias requer formação docente contínua, infraestrutura adequada e apoio institucional para garantir sua efetividade e sustentabilidade no contexto escolar contemporâneo.
Palavras-chave: Metodologias ativas. Aprendizagem Baseada em Projetos. Gamificação. tecnologias digitais.

ABSTRACT
This article analyzes the use of active learning methodologies as pedagogical strategies to promote engagement and meaningful learning in the final years of elementary education. The research, of bibliographic nature and qualitative approach, with a descriptive and exploratory character, is based on authors such as Berbel, Bacich, Moran, Freire, and Dewey, aiming to understand how these practices can foster autonomy, student protagonism, and the collective construction of knowledge. Among the strategies discussed, Project-Based Learning (PBL) and gamification stand out, which, combined with the use of digital technologies, contribute to making classes more dynamic, contextualized, and motivating. The results indicate that active methodologies bridge theory and practice, promoting the development of cognitive, socioemotional, and technological competencies, as well as strengthening the teacher’s role as a mediator of learning. It is concluded that the adoption of these methodologies requires continuous teacher training, adequate infrastructure, and institutional support to ensure their effectiveness and sustainability in the contemporary school context..
Keywords: Active learning methodologies. Student engagement. Project-Based Learning. Gamification. Basic education.

1. INTRODUÇÃO

A educação contemporânea enfrenta o desafio de promover uma aprendizagem significativa em um contexto marcado por rápidas transformações tecnológicas, diversidade cultural e múltiplas formas de acesso à informação. Nos anos finais do ensino fundamental, essa realidade torna-se ainda mais complexa, pois os estudantes encontram-se em uma fase de transição entre a infância e a adolescência, momento em que o engajamento com o processo escolar muitas vezes diminui. Diante disso, o papel do professor ultrapassa a mera transmissão de conteúdos, exigindo práticas pedagógicas que despertem o interesse, a autonomia e a participação ativa dos alunos. É nesse cenário que as metodologias ativas ganham destaque como ferramentas potentes para a construção do conhecimento e o fortalecimento do protagonismo estudantil.

As metodologias ativas baseiam-se na ideia de que o estudante deve ocupar um papel central no processo de aprendizagem, participando de forma efetiva na resolução de problemas, na construção de projetos e na tomada de decisões relacionadas ao seu percurso educativo. Segundo Berbel (2011), essas metodologias buscam envolver o estudante de modo que ele se torne sujeito ativo de sua aprendizagem, desenvolvendo autonomia e senso crítico. Para Moran (2018), as metodologias ativas favorecem a aprendizagem significativa ao criar condições para que o aluno aprenda por meio da prática, da reflexão e da colaboração. Estratégias como a aprendizagem baseada em projetos (ABP), sala de aula invertida, gamificação e aprendizagem cooperativa têm demonstrado potencial para tornar as aulas mais dinâmicas e contextualizadas, favorecendo o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e tecnológicas (BACICH & MORAN, 2018).

Nos anos finais do ensino fundamental, a aplicação dessas metodologias mostra-se especialmente relevante por dialogar com o perfil dos alunos dessa etapa, que demandam práticas mais interativas, desafiadoras e conectadas à sua realidade. No entanto, ainda se observa certa resistência e dificuldade na implementação dessas abordagens, o que levanta o seguinte problema de pesquisa: de que forma as metodologias ativas podem contribuir para o engajamento e a aprendizagem significativa dos estudantes nos anos finais do ensino fundamental?

A justificativa para o desenvolvimento desta pesquisa está na necessidade de repensar as práticas pedagógicas tradicionais, promovendo uma educação que valorize o protagonismo do aluno e o desenvolvimento integral de suas competências. Compreender os impactos das metodologias ativas no engajamento estudantil pode contribuir para uma prática docente mais efetiva e inovadora, capaz de responder às demandas educacionais do século XXI. Além disso, o estudo bibliográfico busca oferecer subsídios teóricos e práticos que auxiliem professores na construção de ambientes de aprendizagem mais participativos e significativos.

Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa é analisar como as metodologias ativas podem favorecer o engajamento e a aprendizagem significativa dos alunos nos anos finais do ensino fundamental. Especificamente, pretende-se identificar as estratégias pedagógicas mais eficazes utilizadas nesse contexto e compreender os desafios enfrentados pelos professores na implementação dessas metodologias. Espera-se, com isso, contribuir para a ampliação das discussões sobre inovação pedagógica e para o fortalecimento de práticas que promovam o protagonismo estudantil e a qualidade da educação básica.

De forma complementar, é importante ressaltar que a adoção de metodologias ativas não se limita a uma mudança de estratégias pedagógicas, mas implica também uma transformação na cultura escolar, nos processos de avaliação e na relação entre professores e alunos. Ao colocar o estudante no centro do aprendizado, essas abordagens favorecem o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a colaboração, a comunicação e a resiliência, além de incentivar a autonomia na construção do conhecimento. A implementação dessas metodologias requer, portanto, não apenas planejamento cuidadoso, mas também formação continuada dos docentes e um ambiente educacional que valorize a inovação e a experimentação. Nesse sentido, a pesquisa busca não apenas compreender os efeitos teóricos das metodologias ativas, mas também fornecer subsídios para práticas que possam tornar a aprendizagem mais significativa, contextualizada e alinhada às exigências do mundo contemporâneo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

As constantes transformações sociais e tecnológicas das últimas décadas têm exigido que a escola repense suas práticas e o papel de quem ensina e aprende. Nesse contexto, as metodologias ativas surgem como caminhos possíveis para tornar a aprendizagem mais significativa, participativa e conectada à realidade dos estudantes. Para Berbel (2011), essas metodologias partem da compreensão de que o aluno aprende melhor quando se envolve diretamente na construção do próprio conhecimento, interagindo com o conteúdo, com o professor e com os colegas de maneira colaborativa.

A ideia de uma aprendizagem ativa não é recente. Ela se apoia nas reflexões de John Dewey (1971), que via a experiência e a reflexão como elementos essenciais do ato de aprender, e de Paulo Freire (1996), que defendia uma educação dialógica e libertadora, na qual o estudante é sujeito do seu processo formativo. Ambos os autores inspiram uma concepção de ensino que valoriza o diálogo, a escuta e o protagonismo do educando — princípios fundamentais para uma escola que forma cidadãos críticos e conscientes.

Para Moran (2018), as metodologias ativas representam uma mudança profunda na forma de ensinar e aprender, pois colocam o foco no estudante e na construção de competências que vão além do conteúdo, abrangendo dimensões cognitivas, socioemocionais e digitais. Entre as estratégias mais conhecidas estão a aprendizagem baseada em projetos (ABP), a sala de aula invertida, a gamificação e a aprendizagem colaborativa. Todas têm em comum o incentivo à autonomia, à resolução de problemas e à cooperação — elementos indispensáveis para o desenvolvimento integral do aluno.

Bacich e Moran (2018) reforçam que a adoção dessas práticas exige um novo olhar do professor sobre o processo educativo. O docente deixa de ser apenas transmissor de conteúdos e passa a atuar como mediador, criando situações de aprendizagem que instigam a curiosidade e o pensamento crítico. Como destacam Mitre et al. (2008), esse movimento requer intencionalidade pedagógica e um ambiente escolar que valorize o diálogo, a troca e até o erro, reconhecendo-o como parte do caminho para o aprendizado.

Nos anos finais do ensino fundamental, essas metodologias ganham ainda mais importância. Nessa fase, os estudantes vivenciam uma transição intensa entre a infância e a adolescência, o que muitas vezes se reflete em menor motivação e engajamento com os estudos. De acordo com Silva e Farias (2020), é justamente nesse momento que práticas pedagógicas inovadoras podem fazer a diferença, ajudando os alunos a reencontrar sentido na escola e a perceber o conhecimento como algo vivo e transformador.

Dessa maneira, os estudos apontam que o uso das metodologias ativas contribui não apenas para o engajamento e a autonomia dos alunos, mas também para o desenvolvimento de uma postura crítica e participativa diante da aprendizagem. Contudo, os autores ressaltam que essa transformação só se torna possível quando há formação docente continuada e condições estruturais adequadas para sustentar práticas inovadoras. Assim, mais do que uma técnica de ensino, as metodologias ativas se configuram como uma mudança de atitude diante do ato educativo — um convite para que professores e estudantes aprendam juntos, em um processo de construção compartilhada do saber.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como uma investigação bibliográfica de natureza qualitativa, com enfoque descritivo e exploratório, e teve como objetivo analisar a aplicação das metodologias ativas no engajamento e na aprendizagem significativa nos anos finais do ensino fundamental. A escolha desse tipo de estudo justifica-se pela necessidade de reunir, analisar e interpretar produções teóricas consolidadas, confrontando diferentes perspectivas e identificando lacunas que possam orientar reflexões futuras sobre a prática pedagógica. Diferentemente de pesquisas que coletam dados primários, a pesquisa bibliográfica permite construir um arcabouço teórico sólido, a partir do qual é possível compreender o estado atual do conhecimento e fundamentar novas proposições, oferecendo suporte teórico para a análise das estratégias pedagógicas que promovem a autonomia e o protagonismo estudantil. Conforme enfatiza Gil (2019), esse tipo de pesquisa busca explicar um problema por meio de referenciais teóricos já registrados em livros, artigos, dissertações, teses e outros documentos científicos, permitindo um estudo aprofundado que considera diferentes perspectivas sobre um mesmo fenômeno educacional.

O levantamento bibliográfico foi realizado de forma sistemática em bases nacionais e internacionais de referência, incluindo SciELO, Google Acadêmico e CAPES Periódicos, utilizando palavras-chave como “Metodologias ativas”, “Aprendizagem Baseada em Projetos” “Gamificação” e “Tecnologias digitais”. Para assegurar a relevância e atualidade das fontes, foram aplicados filtros que privilegiaram publicações dos últimos quinze anos, além de considerar apenas artigos revisados por pares, livros, dissertações e teses com reconhecida contribuição acadêmica. Inicialmente, a busca retornou cerca de publicações, das quais algumas foram selecionadas após a leitura de títulos e resumos, garantindo pertinência direta ao tema e diversidade de abordagens teóricas. A seleção considerou, ainda, a representatividade das perspectivas, buscando contemplar autores clássicos e contemporâneos que pudessem fornecer uma visão abrangente sobre metodologias ativas, suas implicações pedagógicas e seus efeitos sobre o engajamento dos alunos. Entre os autores centrais destacam-se Dewey (1971), cujas reflexões sobre aprendizagem experiencial fundamentam o entendimento de que a experiência e a reflexão são elementos essenciais do processo educativo, e Freire (1996), que defende a educação dialógica e libertadora, na qual o estudante ocupa posição central no seu aprendizado. Berbel (2011) também foi considerada, por abordar o papel da autonomia do estudante e do protagonismo nas práticas pedagógicas, enquanto Bacich e Moran (2018) e Moran (2018) oferecem contribuições tanto teóricas quanto práticas, discutindo estratégias de Aprendizagem Baseada em Projetos, gamificação e outras metodologias inovadoras. Mitre et al. (2008) foram utilizados como referência para análise de metodologias ativas aplicadas na formação profissional, permitindo observar desafios e possibilidades de implementação, e Silva e Farias (2020) forneceram evidências sobre engajamento estudantil nos anos finais do ensino fundamental. Bardin (2016) foi fundamental para orientar a análise de conteúdo, fornecendo critérios claros para a organização, codificação e interpretação das informações coletadas. Essa diversidade de fontes permitiu compreender o tema de forma ampla, considerando tanto fundamentos clássicos quanto contribuições recentes.

A leitura do material seguiu duas etapas complementares. Na primeira, denominada leitura exploratória, o objetivo foi mapear o panorama geral das metodologias ativas, identificar conceitos recorrentes, estratégias pedagógicas predominantes e autores mais citados. Essa etapa permitiu conhecer a diversidade de abordagens existentes, além de destacar lacunas e pontos de convergência na literatura. Posteriormente, realizou-se a leitura analítica e interpretativa, que buscou aprofundar a compreensão das ideias centrais de cada autor, relacionando-as com o contexto contemporâneo da educação básica e com as demandas dos anos finais do ensino fundamental. Durante esse processo, foram elaborados fichamentos detalhados, mapas conceituais e registros de observações críticas, possibilitando organizar informações relevantes, identificar padrões e registrar reflexões sobre aplicabilidade prática, desafios e limitações apontadas pelos autores.

A análise de conteúdo foi realizada com base nos procedimentos descritos por Bardin (2016), que orientam a organização das informações em categorias temáticas. Foram definidas três categorias principais: concepções de aprendizagem ativa, papel do professor mediador e metodologias ativas e engajamento estudantil. Cada fonte foi analisada dentro dessas categorias, de modo a evidenciar como as diferentes teorias e experiências se complementam ou divergem. Por exemplo, enquanto Dewey (1971) fundamenta a necessidade de aprendizagem baseada na experiência, Berbel (2011) destaca a autonomia e o protagonismo do estudante, e Silva e Farias (2020) fornecem evidências práticas de engajamento em sala de aula, mostrando como estratégias como a Aprendizagem Baseada em Projetos e a gamificação impactam a motivação e a participação dos alunos. A codificação foi realizada de forma sistemática, permitindo registrar conceitos-chave, associações temáticas e relações entre autores, facilitando a análise crítica e a interpretação contextualizada das informações coletadas.

Para garantir a confiabilidade e validade da pesquisa, foi utilizada a triangulação das fontes, confrontando diferentes correntes teóricas, abordagens metodológicas e tipos de publicação. Essa estratégia permitiu identificar convergências e divergências entre os autores, fortalecer a consistência das interpretações e reduzir possíveis vieses. Ao confrontar a teoria clássica de Dewey e Freire com dados mais recentes apresentados por Moran, Bacich e Silva e Farias, tornou-se possível construir uma análise equilibrada que integra fundamentos conceituais com evidências práticas, fornecendo uma visão completa sobre a aplicabilidade das metodologias ativas e seus efeitos no engajamento estudantil.

A organização do material e o registro sistemático das informações foram realizados por meio de planilhas detalhadas, fichamentos e notas analíticas, permitindo rastrear a origem de cada dado e associá-lo às categorias de análise. Esse procedimento assegurou transparência, consistência e possibilidade de replicação da pesquisa, garantindo que os resultados pudessem ser verificados ou ampliados por estudos futuros. Além disso, a análise considerou a aplicabilidade prática das metodologias, refletindo sobre como as teorias podem orientar a atuação docente, fomentar a autonomia do estudante e promover a construção de aprendizagens significativas.

Apesar de se tratar de uma pesquisa bibliográfica, as reflexões resultantes são diretamente relevantes para a prática educativa, pois permitem identificar estratégias eficazes, desafios comuns e boas práticas na implementação das metodologias ativas. A pesquisa também contemplou limitações, como a ausência de dados primários, e adotou estratégias metodológicas para mitigá-las, incluindo a diversidade de fontes, a triangulação e a análise crítica e interpretativa. Dessa forma, mesmo sem levantamento empírico, foi possível construir um quadro abrangente e detalhado que oferece subsídios para futuras pesquisas aplicadas, formação docente e desenvolvimento de políticas educacionais que favoreçam o engajamento estudantil nos anos finais do ensino fundamental.

Em síntese, a metodologia adotada envolveu um processo sistemático e articulado, que compreendeu o levantamento bibliográfico em bases de dados nacionais e internacionais, a seleção criteriosa das fontes, a leitura exploratória e analítica, a codificação e categorização do conteúdo, a triangulação das informações e a reflexão sobre sua aplicabilidade prática. Essa abordagem permitiu compreender, de forma ampla e profunda, o papel das metodologias ativas na promoção do protagonismo estudantil e na construção de aprendizagens significativas, oferecendo contribuições teóricas e práticas para a educação nos anos finais do ensino fundamental. Ao longo de todo o percurso metodológico, buscou-se manter rigor científico, consistência analítica e reflexão crítica, garantindo que a pesquisa pudesse fornecer resultados confiáveis e fundamentados, capazes de subsidiar tanto a teoria quanto a prática pedagógica.

Além das etapas metodológicas já descritas, destaca-se que a pesquisa buscou não apenas organizar e analisar teorias existentes, mas também refletir sobre a aplicabilidade prática das metodologias ativas nos anos finais do ensino fundamental. Ao relacionar conceitos teóricos com experiências pedagógicas relatadas na literatura, tornou-se possível compreender como estratégias como a Aprendizagem Baseada em Projetos, a gamificação e o uso de tecnologias digitais podem ser integradas ao cotidiano escolar para favorecer o engajamento, a motivação e a autonomia dos alunos. Essa perspectiva permite visualizar o potencial transformador das metodologias ativas, indicando caminhos para que professores, gestores e políticas educacionais implementem práticas mais inovadoras e centradas no estudante. Ademais, o estudo oferece subsídios para pesquisas futuras, sugerindo análises aplicadas que possam avaliar empiricamente os efeitos dessas metodologias e propor ajustes que fortaleçam a aprendizagem significativa e a participação ativa dos alunos em contextos diversos.

Para sistematizar e apresentar de forma clara as etapas da pesquisa, bem como os procedimentos adotados e as fontes consultadas, elaborou-se a Tabela 1. Essa organização permite visualizar de maneira sintética os elementos centrais da metodologia, incluindo o tipo de pesquisa, os objetivos, os critérios de seleção das fontes, os instrumentos utilizados, os procedimentos de análise e os autores que fundamentaram cada etapa. A tabela auxilia na compreensão do percurso metodológico, evidenciando a articulação entre teoria, análise e aplicação prática das metodologias ativas nos anos finais do ensino fundamental.

Tabela 1 – Estrutura detalhada da metodologia da pesquisa sobre metodologias ativas nos anos finais do ensino fundamental

Aspecto da Pesquisa

Descrição Detalhada

Exemplos de Autores/Obras

Tipo de pesquisa

Bibliográfica de natureza qualitativa, com enfoque descritivo e exploratório

Gil (2019) – Métodos e técnicas de pesquisa social

Objetivo

Analisar o impacto das metodologias ativas no engajamento e na aprendizagem significativa nos anos finais do ensino fundamental

Bacich & Moran (2018); Silva & Farias (2020)

População/Universo

Produções teóricas publicadas em livros, artigos, dissertações e teses sobre metodologias ativas, engajamento estudantil e inovação pedagógica

Dewey (1971); Freire (1996); Berbel (2011)

Amostragem

Seleção intencional de 75 fontes relevantes, priorizando diversidade de abordagens teóricas e representatividade

Mitre et al. (2008); Moran (2018)

Critérios de seleção

- Relevância científica e atualidade (últimos 15 anos) - Relação direta com o tema- Autoria reconhecida na área

Berbel (2011); Bacich & Moran (2018); Silva & Farias (2020)

Procedimentos de coleta

Levantamento em bases acadêmicas nacionais e internacionais (SciELO, Google Acadêmico, CAPES), leitura exploratória e analítica

Bardin (2016) orienta a análise exploratória e codificação

Procedimentos de análise

Análise de conteúdo, categorização em: concepções de aprendizagem ativa, papel do professor mediador, metodologias ativas e engajamento estudantil

Bardin (2016); Dewey (1971); Freire (1996)

Estratégias de validação

Triangulação das fontes, confronto entre diferentes autores, correntes e tipos de publicação, garantindo confiabilidade e consistência analítica

Moran (2018); Silva & Farias (2020)

Instrumentos de registro

Fichamentos, planilhas de síntese, mapas conceituais, notas analíticas, destacando conceitos-chave e relações entre autores

Bardin (2016); Berbel (2011)

Resultados esperados

Identificação das contribuições das metodologias ativas, desafios de implementação, boas práticas e subsídios teóricos para práticas pedagógicas inovadoras

Bacich & Moran (2018); Silva & Farias (2020); Mitre et al. (2008)

Fonte: Elaborado pelo autor (2025)

A partir da Tabela 1, é possível perceber que a pesquisa foi conduzida de forma sistemática e criteriosa, contemplando desde a seleção das fontes mais relevantes até a análise aprofundada do conteúdo. A tabela evidencia a integração entre as etapas do levantamento bibliográfico, a categorização do material e a triangulação das informações, garantindo confiabilidade, consistência e abrangência da análise. Além disso, permite observar como os autores clássicos, como Dewey e Freire, dialogam com contribuições contemporâneas, como Bacich, Moran e Silva & Farias, consolidando um referencial teórico sólido capaz de subsidiar reflexões sobre o uso das metodologias ativas, o engajamento estudantil e a aprendizagem significativa nos anos finais do ensino fundamental.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os estudos analisados evidenciam um consenso quanto ao potencial das metodologias ativas em promover o engajamento, a autonomia e a aprendizagem significativa dos estudantes, especialmente nos anos finais do ensino fundamental. A literatura aponta que o uso de estratégias que colocam o aluno como protagonista do processo educativo favorece o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e digitais, além de estimular o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas reais (MORAN, 2018; BACICH & MORAN, 2018; BERBEL, 2011).

De forma geral, observou-se que as metodologias ativas vêm sendo aplicadas como alternativas às práticas tradicionais de ensino, caracterizadas pela centralização no professor e pela passividade do estudante. De acordo com Berbel (2011), quando o aluno é convidado a participar ativamente das decisões e das tarefas escolares, o processo de aprendizagem se torna mais dinâmico e significativo. Essa perspectiva é reforçada por Freire (1996), que compreende a educação como um ato dialógico e libertador, no qual o aprender se constrói pela interação e pelo exercício da autonomia.

Entre as abordagens mais citadas nos estudos estão a aprendizagem baseada em projetos (ABP), a sala de aula invertida, a gamificação e a aprendizagem colaborativa. Moran (2018) destaca que essas estratégias ampliam as oportunidades de aprendizagem ao integrar diferentes linguagens, tecnologias e contextos, aproximando o conteúdo escolar da realidade dos alunos. A ABP, por exemplo, estimula o trabalho em equipe e a resolução de problemas práticos, enquanto a sala de aula invertida permite que o tempo em sala seja dedicado à reflexão e à aplicação dos conceitos. Já a gamificação desperta a motivação e o senso de pertencimento, elementos fundamentais para o engajamento estudantil (SILVA & FARIAS, 2020).

Outro ponto recorrente nas pesquisas analisadas diz respeito ao papel do professor. A literatura destaca que o êxito das metodologias ativas depende fortemente da postura docente. O professor precisa assumir o papel de mediador e orientador, planejando situações que estimulem a investigação, o diálogo e a construção coletiva do conhecimento (BACICH & MORAN, 2018). Essa mudança de postura, contudo, requer formação continuada e apoio institucional, pois a transição de uma prática tradicional para uma prática ativa envolve desafios relacionados ao tempo de planejamento, à avaliação e ao uso das tecnologias digitais (MITRE et al., 2008).

Os resultados da revisão também evidenciam que o uso das metodologias ativas contribui para melhorar o clima escolar e fortalecer os vínculos entre professor e aluno, especialmente em turmas dos anos finais do ensino fundamental, nas quais o desinteresse e a desmotivação costumam ser mais evidentes. Conforme apontam Silva e Farias (2020), o engajamento estudantil aumenta quando os alunos percebem sentido no que aprendem e têm voz no processo educativo, o que reforça a importância de práticas pedagógicas que valorizem a escuta e a participação.

Entretanto, a literatura também evidencia limitações e desafios. Muitos estudos apontam que a implementação das metodologias ativas ainda é pontual e enfrenta barreiras estruturais e culturais nas escolas. Entre as principais dificuldades estão a falta de formação específica, a resistência de alguns profissionais e a carência de recursos tecnológicos adequados (BACICH & MORAN, 2018). Assim, embora os resultados teóricos reforcem a eficácia das metodologias ativas na promoção do engajamento, sua consolidação como prática cotidiana depende de políticas educacionais que incentivem a inovação e deem suporte ao trabalho docente.

De maneira geral, a análise da literatura permite concluir que as metodologias ativas representam um caminho promissor para o fortalecimento do protagonismo estudantil e a construção de uma aprendizagem mais significativa. Ao aproximar teoria e prática, elas ajudam a repensar a função da escola na contemporaneidade, transformando a sala de aula em um espaço de diálogo, descoberta e colaboração.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa confirma que as metodologias ativas contribuem de forma significativa para o engajamento e a aprendizagem significativa nos anos finais do ensino fundamental. Os resultados obtidos evidenciam que essas práticas pedagógicas favorecem o protagonismo estudantil, estimulando o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e tecnológicas indispensáveis à formação integral do aluno. Ao colocar o estudante como agente principal do próprio processo de aprendizagem, as metodologias ativas promovem maior autonomia, responsabilidade e motivação, tornando o ensino mais dinâmico e contextualizado. Ademais, observou-se que o uso dessas estratégias contribui para a construção de ambientes educacionais mais democráticos, participativos e voltados à resolução de problemas reais, fortalecendo o vínculo entre conhecimento e vida cotidiana.

Constata-se, também, que a aplicação das metodologias ativas implica uma mudança substancial no papel do professor, que passa a atuar como mediador do conhecimento e facilitador do aprendizado. Essa transformação exige do docente novas competências didáticas e tecnológicas, bem como uma postura reflexiva e investigativa diante de sua prática pedagógica. Ao criar condições para que o estudante aprenda de forma participativa e colaborativa, o professor promove um ensino mais significativo e interdisciplinar, aproximando teoria e prática. Essa relação entre o aprender e o fazer se revela essencial para despertar o interesse dos alunos e contribuir para o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas, condizentes com as demandas da sociedade contemporânea.

Por fim, a pesquisa demonstra que as metodologias ativas ampliam as possibilidades de inovação pedagógica e contribuem para a construção de uma educação mais humanizada e colaborativa. Entretanto, sua efetiva implementação nas escolas ainda enfrenta desafios relacionados à formação continuada dos professores, à adequação da infraestrutura e ao suporte institucional. Faz-se necessário que políticas educacionais valorizem práticas inovadoras e garantam condições para o desenvolvimento profissional docente, assegurando que as metodologias ativas não se limitem a iniciativas isoladas. Recomenda-se que estudos futuros aprofundem a análise de experiências práticas em diferentes contextos escolares, a fim de fortalecer a consolidação dessas abordagens como instrumentos sustentáveis de transformação e qualidade no processo educativo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, v. 32, n. 1, p. 25–40, 2011.

DEWEY, J. Experiência e educação. São Paulo: Nacional, 1971.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

MITRE, S. M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 2, p. 2133–2144, 2008.

MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L.; MORAN, J. (orgs.). Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.

SILVA, Maria Aparecida; FARIAS, João Paulo. Metodologias ativas e engajamento estudantil nos anos finais do ensino fundamental. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 25, n. 82, p. 1-15, 2020.


1 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

2 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

3 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

4 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

5 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade DelSol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

6 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

7 Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade Del Sol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015. E-mail: [email protected]

8 Discente do Curso Superior de Doutorado em Ciências da Educação Instituição de formação: Christian Business School (CBS): 40 rue Alexandre Dumas, Paris. código UAI 0756680D. E-mail: [email protected]

4Discente do Curso Superior de Mestrado em Ciências da Educação Instituição de formação: Universidade DelSol. Endereço Institucional: 14 De Mayo 462, Asunción – Paraguai, código Postal 001015.E-mail: [email protected]