LITERATURA SURDA: ESTRATÉGIA PARA ENSINAR LIBRAS NA EDUCAÇÃO BILÍNGUE

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17095680


Maria de Lourdes Guimarães Rodrigues1


RESUMO
A Literatura Surda desponta como uma estratégia inovadora e eficaz no ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na Educação Bilíngue para surdos. Este artigo visa explorar a relevância e o impacto positivo da literatura surda, destacando seu papel na promoção da inclusão e no desenvolvimento integral dos estudantes surdos. Na Educação Bilíngue, o equilíbrio entre o ensino de Libras e do Português escrito é essencial para criar um ambiente educacional inclusivo. A literatura surda, neste contexto, emerge como uma ferramenta valiosa, oferecendo uma abordagem única e representativa da experiência surda. Ao incorporar a expressividade visual e cultural da comunidade surda, as obras literárias surdas não apenas transmitem histórias, mas também estimulam o interesse dos estudantes e promovem uma identificação cultural mais profunda. A utilização da literatura surda no currículo de educação bilíngue oferece diversas vantagens. Primeiramente, cria-se uma conexão cultural significativa, proporcionando aos estudantes surdos a oportunidade de se reconhecerem nas narrativas e fortalecendo o senso de pertencimento. Além disso, a exposição constante à linguagem visual presente na literatura surda contribui significativamente para o desenvolvimento das habilidades linguísticas em Libras, tornando o processo de aprendizado mais dinâmico e eficaz. A literatura surda também estimula a criatividade e a expressão individual dos estudantes. Sua natureza visual e gestual desafia estereótipos linguísticos, contribuindo para a desconstrução do estigma associado à Libras. Ao proporcionar um ambiente educacional mais estimulante, a literatura surda não apenas complementa o ensino da língua de sinais, mas também promove uma compreensão mais profunda da riqueza linguística e cultural da comunidade surda. Entretanto, é importante reconhecer os desafios associados à implementação da literatura surda na Educação Bilíngue.
Palavras-chave: Literatura Surda; Libras; Educação Bilíngue; Inclusão.

ABSTRACT
Deaf Literature is emerging as an innovative and effective strategy for teaching Brazilian Sign Language (Libras) in bilingual education for the deaf. This article explores the relevance and positive impact of deaf literature, highlighting its role in promoting inclusion and the holistic development of deaf students. In bilingual education, a balance between teaching Libras and written Portuguese is essential to creating an inclusive educational environment. Deaf literature, in this context, emerges as a valuable tool, offering a unique and representative approach to the deaf experience. By incorporating the visual and cultural expressiveness of the deaf community, deaf literary works not only convey stories but also stimulate student interest and foster deeper cultural identification. The use of deaf literature in the bilingual education curriculum offers several advantages. First, it creates a meaningful cultural connection, providing deaf students with the opportunity to identify with the narratives and strengthening their sense of belonging. Furthermore, constant exposure to the visual language present in deaf literature significantly contributes to the development of language skills in Libras, making the learning process more dynamic and effective. Deaf literature also stimulates students' creativity and individual expression. Its visual and gestural nature challenges linguistic stereotypes, contributing to the deconstruction of the stigma associated with Libras. By providing a more stimulating educational environment, deaf literature not only complements sign language instruction but also fosters a deeper understanding of the linguistic and cultural richness of the deaf community. However, it is important to recognize the challenges associated with implementing deaf literature in bilingual education.
Keywords: Deaf Literature; Libras; Bilingual Education; Inclusion.

INTRODUÇÃO

A Educação Bilíngue para surdos é um campo em constante evolução, buscando promover a inclusão e o pleno desenvolvimento dos estudantes surdos; assim no cerne dessa abordagem, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) assume um papel fundamental, proporcionando uma base linguística rica e essencial, nesse contexto, a Literatura Surda emerge como uma estratégia inovadora e potente, capaz de enriquecer o ensino de Libras na Educação Bilíngue.

A diversidade linguística é um pilar crucial da Educação Bilíngue, e a coexistência equitativa entre Libras e o Português escrito é essencial para a formação integral dos estudantes surdos. A literatura surda, caracterizada por sua expressividade visual e narrativas que ecoam a experiência surda, representa um caminho enriquecedor para a promoção desse equilíbrio.

Ao explorar a literatura surda, não estamos apenas introduzindo histórias cativantes, mas também proporcionando uma oportunidade única para os estudantes surdos se reconhecerem nas narrativas, fortalecendo assim sua identidade cultural e linguística.

A literatura surda vai além das palavras; ela incorpora o movimento, a expressão facial e gestual, elementos intrínsecos à riqueza da Libras; e assim, ao integrar essa linguagem visual no contexto educacional, criamos um ambiente mais estimulante e enriquecedor para os estudantes, estimulando sua criatividade e expressão individual.

Entretanto, para compreender plenamente o potencial da literatura surda na Educação Bilíngue, é vital considerar não apenas suas vantagens, mas também os desafios associados, porém, a escassez de materiais e a necessidade de formação específica para educadores são obstáculos que demandam atenção e soluções inovadoras.

Ao considerar a colocação educacional de uma criança, as opções mais disponíveis são geralmente a sala de aula de educação geral, uma classe especial ou uma combinação das duas. Para a colocação na sala de aula de educação geral, há três aspectos de preparação a serem considerados: prontidão da criança, prontidão para a escola e prontidão dos pais.

Uma criança que está sendo avaliada para colocação de educação geral deve ter habilidades de linguagem, fala, acadêmica / raciocínio, conversação e sociais adequadas à idade ou quase adequadas à idade. Para crianças que usam implantes cocleares, boas habilidades auditivas também são importantes.

Colocar uma criança na sala de aula de educação geral sem habilidades suficientes para ter sucesso coloca em risco o desempenho acadêmico. Cada criança deve ser monitorada cuidadosamente para determinar se a colocação atende aos objetivos estabelecidos para aquela criança.

Essas publicações oportunizam o debate do tema e amplia o conhecimento, através de esclarecimento acadêmico para uma visão coerente com a realidade do sujeito surdo e sua vivencia escolar, afim desenvolver seus conhecimentos.

Dessa forma, este artigo explorará de maneira abrangente os benefícios, desafios e estratégias de implementação da literatura surda no contexto da Educação Bilíngue, contribuindo para a construção de uma base educacional mais inclusiva e consciente da diversidade linguística e cultural.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Lodi (2013), ao abordar "Desafios e Possibilidades na Educação Bilíngue para Surdos", investiga as nuances da identidade surda no âmbito da educação bilíngue, proporcionando uma análise aprofundada das políticas educacionais direcionadas a essa comunidade específica.

Seu trabalho não apenas identifica, mas também analisa criticamente as diversas barreiras enfrentadas por educadores e estudantes nesse contexto, fornecendo uma visão abrangente das questões cruciais que permeiam esse ambiente educacional específico.

Ainda o mesmo autor, destaca-se ao abordar os desafios enfrentados pelos profissionais da educação na implementação de métodos eficazes no ensino bilíngue para surdos, onde seu olhar atento recai sobre as dificuldades práticas e as limitações estruturais que muitas vezes impedem a plena eficácia desses programas, e ao mesmo tempo, a autora não se limita a identificar os obstáculos, mas também busca explorar as possibilidades existentes para superá-los.

Um dos enfoques desse estudo se estende além das barreiras educacionais, englobando as experiências dos próprios estudantes surdos, tendo em vista que suas análises aprofundadas considera as nuances das interações sociais, a construção da identidade e a autopercepção dos alunos, contribuindo para uma compreensão holística dos desafios e oportunidades na educação bilíngue para surdos.

A autora não apenas diagnostica questões prementes, mas também propõe perspectivas valiosas para a otimização do processo educacional, e sugere e reflete um guia valioso para educadores, gestores escolares e formuladores de políticas, indicando caminhos para aprimorar a eficácia da educação bilíngue para surdos, promovendo assim a inclusão, a igualdade e a valorização da diversidade no ambiente educacional.

Carlos Skliar, autor de "A Surdez: Um Olhar sobre as Diferenças" (2019), apresenta uma visão crítica sobre a surdez, explorando temas como identidade e cultura, e suas implicações na Educação Bilíngue. O autor destaca-se ao explorar as complexidades da identidade surda, reconhecendo-a como um aspecto intrínseco à experiência individual e coletiva dos surdos; e em suas abordagens críticas, questiona estereótipos e preconceitos, desafiando as noções convencionais e propondo uma visão mais aberta e inclusiva sobre a diversidade de identidades surdas.

Ao abordar a cultura surda, Skliar (2019), lança luz sobre a riqueza das expressões culturais e linguísticas próprias dessa comunidade, ressaltando a importância de compreender a língua de sinais como um elemento vital da cultura surda, não apenas como um meio de comunicação alternativo. Dessa forma e sob essa perspectiva enriquece sua análise das implicações desses elementos na Educação Bilíngue, destacando como a valorização da língua de sinais pode contribuir significativamente para uma educação mais inclusiva e eficaz.

A sua obra, esse autor não apenas descreve, mas também questiona e inspira a reflexão crítica, tornando seu trabalho uma fonte essencial para educadores, pesquisadores e todos interessados em compreender e promover práticas educacionais que respeitem e valorizem a diversidade presente na experiência surda.

Gesser (2020), em seu estudo "Reflexões sobre a Língua de Sinais Brasileira”, contribui para a compreensão da importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na educação bilíngue, destacando-a como uma língua natural essencial para a comunidade surda.

O referido autor aborda a complexidade e a riqueza da Libras, enfatizando seu papel fundamental na construção da identidade cultural e linguística dos surdos, mas não apenas descreve a língua de sinais, mas também destaca como ela é uma expressão viva da cultura surda, carregada de significado e nuances que transcendem a mera funcionalidade comunicativa.

Sutton-Spence (1999), eruditas notáveis no domínio da linguística de línguas de sinais, amalgamaram seus conhecimentos na obra "The Linguistics of British Sign Language: An Introduction,"; onde esse tratado, editado pela Cambridge University Press, se erige como uma introdução exaustiva ao escrutínio linguístico da Língua de Sinais Britânica (BSL).

Sua pesquisa se distingue pela sua abordagem meticulosa, explorando variados elementos intrínsecos à BSL, onde parte substancial do conteúdo incide sobre a escavação da estrutura da linguagem gestual, proporcionando discernimentos detalhados sobre a formação, organização e uso dos sinais no contexto da comunicação diária.

Paralelamente à investigação estrutural, o livro adentra nos meandros da gramática da BSL, conferindo uma compreensão aprofundada das normas e padrões que regem a construção frasal e a expressão de significados na língua de sinais britânica.

Outro fulcro crucial abordado no tratado é a faceta sociolinguística da BS, onde a autora disseca a aplicação da língua em distintos contextos sociais, ressaltando a diversidade linguística intrínseca à comunidade surda britânica e sua metamorfose ao longo do tempo.

Nesse contexto, o labor de Sutton-Spence (1999), contribuiu de maneira enfática para o domínio da linguística de línguas de sinais, não apenas conferindo uma introdução abrangente à BSL, mas também estabelecendo um paradigma para pesquisas subsequentes nesse domínio dinâmico e em perene evolução. Esse tratado perpetua-se como uma fonte inestimável para estudantes, eruditos e profissionais engajados na busca por uma compreensão aprofundada da Língua de Sinais Britânica.

Ao enquadrar a Libras como uma língua natural, Gesser (2020), contribui para desfazer equívocos comuns e estereótipos que cercam a linguagem de sinais, destacando como o reconhecimento e a valorização da Libras são componentes fundamentais para uma educação bilíngue eficaz, reforçando a importância de incorporar a língua de sinais nos ambientes educacionais destinados à comunidade surda.

A autora em seus estudos, oferece uma contribuição significativa não apenas para acadêmicos e profissionais da área de educação bilíngue, mas também para a sociedade em geral. Sua defesa pela promoção da Libras como língua de direitos e sua ênfase na necessidade de uma compreensão mais profunda da língua de sinais solidificam sua obra como um guia valioso para a promoção da inclusão e respeito à diversidade linguística na educação.

Camila B. F. Lacerda, autora de "Inclusão Escolar de Alunos Surdos" (2021), aborda as políticas de inclusão escolar para alunos surdos, enfatizando a Educação Bilíngue como um elemento fundamental para a participação efetiva desses estudantes.

A autora destaca-se ao analisar criticamente as políticas de inclusão, oferecendo insights valiosos sobre os desafios e oportunidades enfrentados pelos alunos surdos, onde em seu olhar atento se concentra não apenas nas barreiras físicas, mas também nas barreiras linguísticas e culturais que podem impactar a qualidade da educação desses estudantes.

Lacerda (2021), propõe a Educação Bilíngue como uma abordagem que reconhece e valoriza a diversidade linguística e cultural da comunidade surda, discutindo que ao proporcionar um ambiente educacional que incorpore a Língua Brasileira de Sinais (Libras) junto com a língua majoritária é fundamental para a plena participação e desenvolvimento acadêmico dos alunos surdos.

Dessa forma, ao enfocar a Educação Bilíngue, Lacerda não apenas identifica um modelo educacional eficaz, mas também advoga por uma mudança de paradigma na forma como a inclusão escolar é abordada, oferecendo uma base sólida para educadores, gestores escolares e formuladores de políticas, destacando a necessidade de estratégias que considerem as especificidades linguísticas e culturais dos alunos surdos para alcançar uma verdadeira inclusão educacional.

Maria J. S. Mazzotta, em "Educação Bilíngue para Surdos: Desafios e Perspectivas" (2022), explora os desafios na implementação da educação bilíngue, propondo estratégias e perspectivas futuras para aprimorar esse modelo educacional.

A autora destaca-se ao examinar criticamente os obstáculos enfrentados na efetivação da educação bilíngue, cujas análise vão além da superfície, mergulhando nas complexidades da interação entre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua majoritária, pois aborda não apenas as barreiras linguísticas, mas também as questões culturais que permeiam o ambiente educacional, enriquecendo assim a compreensão dos desafios enfrentados por estudantes surdos.

A autora não se limita a identificar problemas; ela também se dedica a oferecer soluções e estratégias práticas para melhorar a implementação da educação bilíngue, e ao fazer isso, Mazzotta (2022), contribui significativamente para o desenvolvimento de um arcabouço educacional mais inclusivo e eficaz.

Ao propor perspectivas futuras, a autora oferece um olhar visionário para além dos desafios imediatos, delineando caminhos que podem conduzir a uma educação bilíngue mais eficiente e adaptada à diversidade da comunidade surda.

Sua obra, seus estudos servem não apenas como um diagnóstico preciso dos problemas enfrentados, mas também como um guia esperançoso para educadores, pesquisadores e formuladores de políticas interessados em melhorar a qualidade da educação para alunos surdos.

A deficiência auditiva pode ser adquirida, quando existe uma predisposição genética (otosclerose), quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) ou viroses, por exemplo. (GOTTI, 1997).

Outra forma de classificar as causas potenciais da deficiência auditiva ou a ela associadas é a seguinte:

As causas pré-natais de acordo com Gotti *1997) ocorrem quando a criança adquire a surdez através da mãe, no período de gestação, devido à presença destes fatores, entre outros como desordens genéticas ou hereditárias, causas relativas à consanguinidade, causas relativas ao fator Rh, causas relativas a doenças infectocontagiosas, como a rubéola, sífilis, citomegalo vírus, toxoplasmose, herpes, ingestão de drogas ou alcoolismo materno, desnutrição/subnutrição/carências alimentares, pressão alta, diabete, exposição à radiação.

Por outro lado, as causas perinatais de acordo com o autor acima citado ocorrem quando a criança fica surda em decorrência de problemas no parto em causas como a pré- maturidade, pós- maturidade, anóxia, fórceps e infecção hospitalar.

As causas pós-natais ocorrem a partir do momento em que a criança fica surda em decorrência de problemas após seu nascimento podendo causar a meningite, causas por remédios ototóxicos, em excesso ou sem orientação médica, sífilis adquirida, sarampo, caxumba, exposição contínua a ruídos ou sons muito altos, traumatismos cranianos.

Importante salientar que, atualmente, sabemos que são várias e diferenciadas as causas que originam a surdez, embora o conhecimento científico seja ainda insuficiente para identificar todas elas. (GÓES e LACERDA, 2000).

Páez (2001, p.33) descreve que a inclusão pode trazer benefícios incontestáveis para o desenvolvimento da pessoa com deficiências, desde que seja oferecido na escola regular, necessariamente, uma Educação Especial que, em um sentido mais amplo, “significa educar, sustentar, acompanhar, deixar marcas, orientar, conduzir”

Escolas são construídas para promover educação para todos, portanto todo o indivíduo tem o direito de participação como membro ativo da sociedade na qual estas escolas estão inseridas. Toda a criança tem direito a uma educação de qualidade onde suas necessidades individuais possam ser atendidas e aonde elas possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

Segundo Skliar (1998, p.11) a surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida, sendo que ela se constitui em uma experiência visual. A surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência.

A Constituição Federal de 1988, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), o Plano Nacional de Educação (PNE, Lei nº 10.172/2001) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que a educação, dever constitucional do  Estado, é um direito de todos e que a educação especial inicia-se durante a educação infantil, na faixa etária de zero a seis anos, devendo ocorrer, preferencialmente, na rede regular de ensino.

A noção de escola inclusiva, apregoada pela famosa Declaração de Salamanca (Brasil, 1994), aponta que todas as escolas devem acolher todas as crianças independentes de suas características, inclusive as que possuam desvantagens severas, a fim de modificar atitudes discriminatórias e desenvolver uma sociedade inclusiva. Contudo, este documento admite a manutenção e o aprimoramento dos sistemas educacionais e a qualificação dos professores.

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é utilizada por deficientes auditivos para a comunicação entre eles. Para melhor nos inteirarmos dessa realidade é interessante que essa linguagem se faça conhecer, e que haja uma procura por ela com o interesse de aprendê-la. (MAZZOTA, 1998).

Ao contrário do que imaginamos ao perceber a existência desse tipo de linguagem, a LIBRAS não é apenas uma medida paliativa para se estabelecer algum tipo de comunicação com os deficientes auditivos, mas é uma língua natural como qualquer outra, com estruturas sintáticas, semânticas, morfológicas, etc. A diferença básica é que ela também utiliza a imagem para expressar-se. Para se aprender LIBRAS deve-se, portanto, passar por um processo de aprendizagem de uma nova língua, tal qual fazemos quando nos propomos a aprender francês, inglês, etc. (GOTTI, 1997).

A Libras é a Linguagem de Sinais existentes no mundo inteiro para a comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa. As linguagens de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de país pra país e diferem até mesmo de região pra região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou regionalismos. (MAZZOTA, 1998),

Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a sua formação, como por exemplo, a localização das mãos em relação ao corpo, a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc.

Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra. (BUENO, 1993).

Para diminuir o preconceito em relação a qualquer tipo de deficiência, é necessária a divulgação dessa e de outras informações relevantes para facilitar a inclusão dessas pessoas em todos os meios sociais. Está disponível na Internet para baixar o manual de libras, dicionário de libras, vocabulário, chats, outros materiais para de adquirir, além de muitos projetos que tem um compromisso com a inclusão dessas pessoas no nosso meio.

A deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento do indivíduo. Considerando que a audição é essencial para a aquisição da linguagem falada, sua deficiência influi no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando o equilíbrio e a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa.

Mesmo assim, ainda hoje, a sociedade conhece pouco o deficiente. Esse desenvolvimento se reflete; na ausência de estatísticas brasileiras tanto a respeito de seu número real quanto das formas de assistência disponíveis, de sua integração social e de sua inclusão no mercado de trabalho.

O retrato da ausência de informação se reflete na rara presença desse assunto em noticiários, e na pequena oferta de trabalho adequados a deficientes – apesar de eles corresponderem a cerca de cem por cento da população de países em desenvolvimento, como o Brasil.

No Brasil existem muitas leis voltadas para os deficientes, indicando a necessidade de diferenciação em relação aos demais cidadãos. No entanto, mesmo após decretadas, as leis são implantadas de modo lento e parcial, sendo ignoradas pela maior parte da população. Os deficientes precisam sempre recorrer à legislação para reivindicar seus direitos de cidadão.

Partindo do princípio que a educação é um direito de todos, o atendimento educacional às pessoas especiais, em ambiente escolar comum ou em grupos especializados, está assegurado na Constituição Brasileira.

Ações como a proposta no capítulo V – “A educação especial” – da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), vêm demonstrando a abertura do processo de atendimento educacional e a garantia de introduzir nele inovações, objetivando assegurar maiores possibilidades de integração do portador de necessidades especiais a sociedade.

De acordo com Sassaki (1998, p.09), “a sociedade inclusiva começou a ser construída a partir de algumas experiências de inserção social de pessoas com deficiência, ainda na década de oitenta”. Ainda segundo o referido autor (1998, p.42):

A inclusão social, portanto, é um processo que contribuiu para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas ou grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais. (SASSAKI, 1998, p. 42).

Acredita-se que o processo de integração, que busca normalizar a pessoa com deficiência e atribuir-lhe a responsabilidade de adequação ao meio social, não propõe, conforme constata Mantoan (1998), nenhuma mudança na estrutura social vigente, cabendo ao indivíduo a responsabilidade de se “adequar” ao sistema. Entretanto, as práticas integracionistas demonstram que as pessoas com deficiência não precisam e nem devem ser excluídas socialmente.

O processo de inclusão vai muito além da inserção dos alunos na escola, exigindo uma mudança na estrutura social vigente, no sentido de se organizar uma sociedade que atenda aos interesses de todas as pessoas, indiscriminadamente.

Sabe-se o Capitalismo é a exclusão social, e neste aspecto, as práticas integracionista favorecem a manutenção desse sistema quando propõe que cabe a cada pessoa adaptar-se à estrutura social vigente Já o processo de inclusão denuncia as desigualdades e o desrespeito às minorias, reivindicando não só a mudança de estrutura físicas, mas também de concepções pensamento e planejamentos de sociedade, procurando uma nova forma de organização social em que as diferenças individuais sejam respeitadas e não menosprezadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Acredita-se que a inclusão da pessoa com deficiência seja fundamental, porém, como pensar em uma sociedade inclusiva num sistema capitalista que é organizado de maneira excludente? Será a inclusão uma utopia, como afirma Glat (1998), ou uma possibilidade de acontecer? Pensando no homem como ser em transformação, sujeito de sua própria história, estas são questões para as quais não se tem uma resposta.

Acredita-se, contudo, que o processo de inclusão não se restringe às pessoas com deficiência, mas atinge todas as minorias ceceadas de direito dentro de uma sociedade capitalista. Portanto, a essas minorias seria benéfica uma organização social que favorecesse a todos e não somente a alguns privilegiados.

Segundo Sassaki (1998) Educação inclusa significa dar oportunidades a todos os estudantes, incluindo aqueles com necessidades especiais, para que possam receber serviços educacionais eficazes na preparação de pessoas para uma vida satisfatória na sociedade, em classes adequadas às suas idades.

A inclusão implica em primeiro lugar, aceitar todas as crianças como pessoa, com seres humanos únicos e diferentes entre si. As diferenças individuais existem entre todos os seres humanos, portanto, não se justifica classificar um grupo de pessoas como sendo especial, justamente porque possuem déficits sensoriais motores, intelectuais, afetivos ou comportamentais. Na realidade todas as pessoas possuem déficits e habilidades nessas mesmas áreas, mas conseguem encontrar maneiras de se saírem bem na vida.

A deficiência física é um quarto construído por limitações fundamentais da mobilidade e da locomoção do aluno. Dependendo de sua natureza e grau, pode significar também diminuição da capacidade de manipulação de objetos e mesmo de comunicação.

O próprio aluno é sempre a melhor fonte de informações sobre si mesmo. Não devemos subestimar a sua capacidade de saber o que é bom ou não para ele. Mas os pais também devem ser procurados para complementar estas informações. Caso há necessidade, pode _se pedir um contrato com o médico do aluno, para saber mais detalhes sobre as suas condições físicas e quais suas possibilidades e limitações, sempre visando a obter sua participação produtiva no processo ensino-aprendizagem. É necessário ter em mente que a finalidade de ajudá-lo é para que ele se sinta seguro e confortável.

Conservar com a turma sobre a necessidade de cada um e desse aluno em particular é um procedimento que promove consciência e a cooperação. É importante que o grupo conheça as necessidades especificas desse aluno e como é importante colaborar para que ele se sinta em classe caso seja pode-se sempre conseguir no grupo, colegas amadurecidos e responsáveis que podem nos auxiliar nos cuidar a assistência às peculiaridades do colega com deficiência física.

A participação consciente e responsável dos demais alunos é muito importante para integração social desse aluno. Para que isso ocorra, entretanto, precisamos dar-lhe as oportunidades para falar a respeito da deficiência, explicitar suas fantasias e mitos, confrontados tudo isso com as características peculiares da realidade do colega deficiente.

Dessa forma, o professor estará atuando educacionalmente, pois já está mais do que demonstrado que a convivência regular e saudável com indivíduos com necessidades especiais resume em benefícios mútuos para ambos.

Nos últimos tempos, tem-se desenvolvido grande interesse, muitos projetos e trabalho acadêmico, envolvendo metodologias que mais se identificam com o universo infantil: os jogos e os brinquedos.

Conforme Schwartz (1998) as escolas, bem como os professores futuro, não serão iguais aos atuais. A emergência de mudanças no mundo nos leva a tal conclusão. As escolas deverão estabelecer novos perfis, transformando muitas de suas ideias e aprendendo a viver com as incertezas que a realidade lhes impõe.

A ideia de desenvolver jogos e brinquedos para pessoas com necessidades especiais não é nova. Mas será que basta o brinquedo e o jogo para facilitar o processo inclusivo? Terão estes recursos possibilidades concretas de aceitação entre as crianças especiais, as crianças “normais” e professores dentro de aula?

A maior parte dos profissionais ainda tem dificuldades para receber crianças especiais em suas salas de aula, pois enfrentam o problema da capacitação deficiente e o preconceito de alguns pais. Como afirma Mitler (1997, p.7), “o professor tem direito a ter treinamento e apoio” para o enfrentamento das questões que uma educação inclusiva impõe.

A orientação inclusiva diz respeito à escola em sua totalidade, sendo um equívoco considerar que cabe apenas ao professor de sala de aula esta responsabilidade. Entre as barreiras que impedem que a escola inclusiva se torne realidade na prática cotidiana de nossas escolas, tem sido apontada “o despreparo dos professores do ensino regular para receber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de disciplina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais.” (BUENO et al 1999 apud GLAT; NOGUEIRA, 2002, p.23). O despreparo e as salas numerosas e com problemas de disciplina e aprendizagem têm sido a “maior desculpa para justificar o estado atual da maioria das nossas escolas.” (MANTOAN, 2001, p.112) que resistem à inclusão de portadores de necessidades especiais.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v.1), dispõe que é competência do professor a tarefa de individualização das situações de aprendizagem oferecidas às crianças, considerando as suas capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas. Nessa perspectiva, não se deve estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas levar em consideração as suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural.

Os educadores devem estar dispostos às mudanças e estar constantemente revisando seus conceitos, ideologias e valores, para atuar como elemento facilitador no processo de conscientização da construção de sua cidadania. Esse processo de construção deve partir da sua prática e dos conhecimentos prévios que esta prática possibilita. Os professores devem ser “colocados em um contexto de aprendizagem e aprender a fazer fazendo: errando, acertando, tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo, argumentando, tomando decisões, pesquisando” (LEITE, 1999, p. 28).

A igualdade em relação aos direitos não exige como condição de existência a uniformidade dos seres humanos, a igualdade convive e se enriquece com a diferença. No entanto, a desigualdade é socialmente construída e, muitas vezes, aprofundada e mantida, baseada nos mecanismos de diferenciação, no preconceito e na discriminação que levam a uma situação de exclusão social. Em contraposição à atitude preconceituosa, discute-se a constituição da alteridade: o reconhecimento do outro, da condição de ser outro, de ser diferente.

O entendimento de que essas diferenças não podem ser geradoras de exclusão ou impeditivas da construção da igualdade, coloca na agenda de todas as instituições sociais a inclusão, sem a qual toda a legitimidade dos princípios democráticos está ameaçada (AQUINO, 1998, p.66).

À continuidade entre o significado negativo da educação especial, predomínio obsessivo de uma concepção clínica, círculo de baixas expectativas pedagógicas se acrescenta outra questão muito problemática: a falta de reflexão educativa sobre a educação especial. Entretanto, é necessário incluir a análise dos fatos que governam a educação de crianças especiais dentro dos problemas educativos gerais.

O fato de que a Educação Especial esteve virtualmente excluída do debate educativo é a primeira e a maior discriminação, sobre a qual se projetam sutilmente todas as demais discriminações; civis, legais, laborais, culturais, entre outras. O direito à educação

[...] deve ser analisado, avaliado e planificado conjuntamente a partir do conceito de uma educação plena, significativa, justa, participativa, sem restrições impostas pela beneficência e a caridade, sem a obsessão curativa da medicina, evitando toda generalização que pretenda discutir educação só a partir e para míticas crianças normais (SKLIAR, 1998, p.15).

Para concluir essa reflexão sobre educação especial, Carvalho (2000, p.17) propõe que:

por educação especial, entenda-se o conjunto de recursos que todas as escolas devem organizar e disponibilizar para remover barreiras para a aprendizagem de alunos que, por características biopsicossociais necessitam de apoio diferenciado daqueles que estão disponíveis na via comum da educação escolar. (CARVALHO, 2000, p.17).

Este conceito traz implicações político-administrativas extensivas a todos os alunos que, no processo de educação escolar, por inúmeras causas, enfrentam barreiras mais complexas do que as enfrentadas por seus pares ditos normais. Pois não é desejável no próximo milênio, a possibilidade do ensino especial expandir-se como um outro sistema. Espera-se e se deseja que todas as crianças, jovens e adultos, todos (com ou sem deficiência) tenham mais sucesso em suas vidas acadêmicas, e possam exercitar suas cidadanias plenas.

As pessoas com deficiência fazem parte integrante e indissociável da sociedade. Os serviços especializados destinados especificamente a essas pessoas cumprem o papel fortalecedor da segregação, inclusão fixadora na condição deficiente como se não pudessem beneficiar-se de serviços comuns a que as pessoas convencionais da sociedade recorrem. (ONOTE, 1994, p.66, in: SKLIAR, 2000, p.49)

Culminando a nossa discussão sobre a educação especial, é importante esclarecer que os movimentos em prol de uma educação para todos são movimentos de inclusão de todos em escolas de qualidade, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras, para garantir-lhes a permanência bem sucedida, no processo educacional escolar desde a educação infantil até a universidade , e esta tem sido a questão Educação Especial mais discutida no nosso país nas últimas décadas; a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. “E este tema hoje torna-se proposta de intervenção amparada e fomentada pela legislação em vigor e, determinante das políticas públicas educacionais tanto em nível federal, quanto estadual e municipal” (GLAT, NOGUEIRA, 2000, p.23).

Skliar (2019), argumenta que a literatura surda vai além de um mero veículo de narrativas; ela é uma expressão autêntica da cultura e identidade surda, destacando como a linguagem visual e gestual presente na literatura surda é intrinsicamente ligada à Língua Brasileira de Sinais (Libras), proporcionando uma via única para a expressão e compreensão cultural.

Gesser (2020), complementa essa perspectiva ao explorar a relação entre a literatura surda e o ensino de Libras na Educação Bilíngue, ressaltando como a literatura surda, ao incorporar a riqueza da Libras, não apenas aprimora as habilidades linguísticas dos estudantes surdos, mas também fortalece a identidade cultural, promovendo um ambiente educacional mais inclusivo.

A presença da literatura surda na Educação Bilíngue, segundo esses autores, não é apenas uma estratégia pedagógica, mas uma ferramenta poderosa para o empoderamento da comunidade surda, e, ao reconhecer e valorizar as expressões literárias visuais e gestuais, a Educação Bilíngue pode alavancar a literatura surda como um meio eficaz para o desenvolvimento linguístico, cultural e identitário dos estudantes surdos.

Autores como Lodi (2018) identifica a falta de materiais apropriados como um entrave significativo, enfatizando a necessidade de se superar essa limitação para garantir que os estudantes surdos tenham acesso a uma variedade rica de recursos literários que reflitam sua experiência e cultura.

Já a visão de Quadros (2017), ressalta a importância da formação específica para educadores no contexto da literatura surda, argumentando que, para explorar plenamente o potencial dessas ferramentas, os educadores precisam de uma compreensão profunda não apenas da língua de sinais, mas também das nuances culturais e linguísticas específicas da comunidade surda.

No enfrentamento desses desafios, Gesser (2020) destaca a importância de parcerias com autores surdos, em uma de suas obras, tal "Reflexões sobre a Língua de Sinais Brasileira", onde discorre que a colaboração direta com membros da comunidade surda não apenas garante a autenticidade das representações literárias, mas também contribui para a promoção de uma literatura mais inclusiva e precisa.

Não obstante, Mazzotta (2022), em "Educação Bilíngue para Surdos: Desafios e Perspectivas", propõe o investimento em programas de capacitação como uma estratégia eficaz para superar os desafios educacionais relacionados à literatura surda, e assim, consegue destacar que a formação contínua dos educadores é fundamental para assegurar que eles estejam atualizados com as práticas mais recentes e preparados para enfrentar os desafios em constante evolução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise aprofundada das vantagens proporcionadas pela literatura surda na Educação Bilíngue revela uma ampla gama de benefícios para os estudantes surdos, onde a criação de conexões culturais emerge como uma força motriz essencial, fortalecendo o sentimento de pertencimento e permitindo que os estudantes se engajem de maneira mais significativa com suas raízes culturais.

Autores citados e discutidos no decorrer do texto, como Skliar, Gesser, Lodi e Quadros, destacam a importância dessas conexões para o desenvolvimento identitário e emocional dos estudantes surdos.

Outro ponto relevante é o desenvolvimento da competência linguística por meio da exposição constante à linguagem visual presente na literatura surda, onde o contato dinâmico e imersivo com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), conforme discutido por Gesser, amplia não apenas as habilidades linguísticas dos estudantes, mas também a compreensão mais profunda da linguagem, proporcionando uma abordagem holística e integrada ao aprendizado.

A literatura surda não apenas aprimora a linguagem, mas também estimula a criatividade e a expressão individual. A natureza visual e gestual dessas obras, conforme destacado por Lodi, incentiva um ambiente educacional mais estimulante, capacitando os estudantes a explorarem sua própria expressividade e desenvolverem habilidades criativas fundamentais para seu crescimento intelectual.

No entanto, é crucial reconhecer que, apesar das vantagens significativas, a literatura surda enfrenta desafios específicos que demandam soluções inovadoras. Autores como Lodi, Quadros, Gesser e Mazzotta ressaltam questões como a disponibilidade limitada de materiais e a necessidade de formação específica para educadores.

No enfrentamento desses desafios, estratégias como parcerias com autores surdos, a criação de recursos educacionais acessíveis e o investimento em programas de capacitação se revelam fundamentais. Essas abordagens, conforme discutido por Mazzotta, não apenas superam obstáculos práticos, mas também fortalecem o compromisso com uma educação bilíngue inclusiva e eficaz.

Em síntese, a literatura surda desempenha um papel crucial na Educação Bilíngue para surdos, proporcionando não apenas uma ferramenta educacional, mas um meio de expressão cultural e linguística.

O engajamento com autores renomados e a consideração cuidadosa das estratégias para superar desafios específicos são imperativos para garantir que a literatura surda continue a enriquecer e transformar a experiência educacional dos estudantes surdos.

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1 Graduada em História, Letras e Libras. Especialização em História e Teoria Econômica e Língua Brasileira de Sinais Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]