INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: POTENCIALIDADES E DESAFIOS EM SÃO JOÃO DO MANHUAÇU - MG

PDF: Clique aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15750505


Doraínes Pinão Fejoli1


RESUMO
Este artigo aborda as implicações da inteligência artificial na educação a distância, com foco na cidade de São João do Manhuaçu, no estado de Minas Gerais. O objetivo foi analisar as vantagens, desvantagens, desafios e possibilidades do uso da inteligência artificial na qualificação do ensino a distância em contextos municipais. A metodologia utilizada foi da pesquisa bibliográfica, qualitativa, exploratória e aplicada, baseada na análise de produções científicas recentes e na realidade educacional local. Foram investigadas as transformações tecnológicas nos cursos a distância, as aplicações da inteligência artificial na personalização da aprendizagem, os desafios de infraestrutura, formação docente e inclusão digital, bem como as perspectivas futuras com base em tendências tecnológicas e políticas educacionais. A análise evidenciou que a inteligência artificial, se bem implementada, pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade educacional, desde que acompanhada de investimentos, capacitação e políticas públicas inclusivas.
Palavras-chave: Educação a Distância. Inteligência Artificial. Tecnologias Digitais. Formação Docente. Inclusão Digital.

ABSTRACT
This article addresses the implications of artificial intelligence in distance education, focusing on the city of São João do Manhuaçu, in the state of Minas Gerais. The objective was to analyze the advantages, disadvantages, challenges and possibilities of using artificial intelligence to improve distance education in municipal contexts. The methodology used was bibliographic, qualitative, exploratory and applied research, based on the analysis of recent scientific productions and the local educational reality. The technological transformations in distance courses, the applications of artificial intelligence in the personalization of learning, the challenges of infrastructure, teacher training and digital inclusion, as well as future perspectives based on technological trends and educational policies were investigated. The analysis showed that artificial intelligence, if well implemented, can contribute significantly to improving educational quality, as long as it is accompanied by investments, training and inclusive public policies. The research suggests integrated and continuous actions to ensure its effective application in education.
Keywords: Distance Education. Artificial Intelligence. Digital Technologies. Teacher Training. Digital Inclusion.

1. INTRODUÇÃO

A educação a distância tem se consolidado como uma alternativa pedagógica eficaz para ampliar o acesso ao ensino, sobretudo em contextos geográficos descentralizados e com limitações estruturais. Seu avanço está intrinsecamente ligado ao uso das tecnologias digitais e, mais recentemente, à inteligência artificial.

O uso da inteligência artificial em ambientes virtuais de aprendizagem tem promovido transformações significativas, especialmente no ensino superior, com potencial de personalizar a aprendizagem, otimizar a mediação docente e ampliar o acompanhamento do desempenho discente. Essas inovações trazem benefícios, mas também novos desafios à educação.

Diante desse cenário, torna-se relevante investigar como a inteligência artificial vem sendo incorporada aos cursos de educação a distância, sobretudo em municípios do interior do estado de Minas Gerais, como São João do Manhuaçu. A realidade local exige soluções adaptadas às suas condições tecnológicas, sociais e educacionais.

O presente estudo tem como objetivo analisar as vantagens, desvantagens, desafios e possibilidades da aplicação da inteligência artificial nos cursos de educação a distância no contexto educacional de São João do Manhuaçu - Minas Gerais, à luz da literatura acadêmica recente e das condições locais.

Para a sustentação teórica, abordam-se os conceitos de educação a distância, tecnologias digitais, metodologias ativas e inteligência artificial na educação. As contribuições de autores como Aquino et al. (2016), Duque et al. (2025) e Ferreira et al. (2024) fundamentam a análise crítica da realidade estudada.

Neste artigo foi adotada a metodologia da pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, com abordagem exploratória e aplicada. Os dados foram obtidos por meio da leitura e análise de obras científicas publicadas em periódicos acadêmicos, livros e documentos disponíveis em repositórios digitais confiáveis.

Segundo Gil (2019), a pesquisa bibliográfica permite o aprofundamento teórico a partir da análise de material já publicado, sendo eficaz para investigar temas cuja aplicação prática ainda demanda estruturação. Os dados foram organizados e interpretados com base na análise de conteúdo e na identificação de categorias temáticas.

A estrutura do artigo está dividida em quatro seções principais. Após esta introdução, a segunda seção apresenta um panorama da educação a distância e da inteligência artificial, abordando seus fundamentos, desafios e perspectivas. A terceira seção discute os resultados obtidos com base na revisão bibliográfica. Na quarta seção apresenta as considerações finais e sugestões para pesquisas futuras.

2. PANORAMA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A INSERÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A educação a distância surgiu no Brasil como alternativa para atender populações afastadas dos grandes centros urbanos. Inicialmente centrada em cursos por correspondência, evoluiu com o uso do rádio, da televisão e, mais recentemente, das tecnologias digitais e da internet.

Com o avanço tecnológico, a educação a distância passou a incorporar ambientes virtuais de aprendizagem, plataformas digitais, videoaulas e interações em tempo real. Essa transformação permitiu o aumento da oferta de cursos, diversificação de formatos e maior alcance social, especialmente no ensino superior.

Existem diferentes modelos de educação a distância, que variam conforme o grau de interação, a periodicidade das atividades presenciais e os recursos utilizados. Entre os mais comuns estão os modelos totalmente on-line, híbridos (semipresenciais) e aqueles baseados em estudos dirigidos com apoio remoto.

Cada modalidade da educação a distância apresenta especificidades em termos de planejamento pedagógico, estrutura tecnológica e acompanhamento discente. A escolha do modelo depende de fatores institucionais, da infraestrutura disponível e do perfil dos estudantes atendidos.

Um dos principais diferenciais da educação a distância é a flexibilidade, que permite ao estudante organizar seu tempo de estudo de acordo com sua realidade. Essa característica amplia o acesso à educação, sobretudo para trabalhadores, mães, moradores de zonas rurais ou de municípios do interior.

A mediação tecnológica é outro elemento central na educação a distância, pois ela substitui a presença física do professor por recursos como fóruns, videochamadas, objetos de aprendizagem e inteligência artificial. A tecnologia torna-se, assim, a ponte entre docentes, conteúdos e estudantes.

A autonomia do estudante é uma exigência fundamental nos cursos de educação a distância. O êxito na aprendizagem depende de sua disciplina, organização e motivação pessoal. Por isso, o papel do professor-tutor é essencial no acompanhamento, na orientação e no estímulo à permanência.

A qualidade da educação a distância está fortemente relacionada ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que devem ser aplicadas de forma planejada e pedagógica. Segundo Aquino et al. (2016), a efetividade da EaD depende da integração das TICs com objetivos claros de aprendizagem.

Damasceno e Sampaio (2024) destacam que o uso equilibrado de ferramentas síncronas e assíncronas contribui para a construção de experiências educacionais mais completas. A combinação de videoaulas ao vivo, fóruns de discussão e materiais digitais favorece diferentes estilos de aprendizagem e promove maior interação.

A mediação tecnológica e a qualidade da educação a distância requer um projeto pedagógico coerente, com conteúdos bem estruturados, linguagem acessível e avaliações compatíveis com a proposta formativa. A gestão do tempo e o suporte técnico também influenciam a experiência de aprendizagem.

Nesse contexto, o uso de metodologias ativas tem se mostrado fundamental para promover o protagonismo estudantil. Borges et al. (2021) afirmam que essas metodologias estimulam a participação, a resolução de problemas e a colaboração, tornando o processo de ensino mais significativo.

As metodologias ativas desafiam a passividade tradicional e exigem que o estudante se envolva ativamente com os conteúdos. Estratégias como estudo de caso, aprendizagem baseada em projetos e gamificação são aplicáveis à educação a distância e favorecem a construção do conhecimento.

2.2. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A inteligência artificial, no campo educacional, refere-se à aplicação de sistemas computacionais capazes de simular processos cognitivos humanos, como raciocínio, aprendizado e tomada de decisão, promovendo novos modos de interação entre estudantes, conteúdos e professores no ambiente digital de aprendizagem.

Entre as principais aplicações da inteligência artificial na educação estão os sistemas de tutoria inteligente, os chatbots educacionais, os algoritmos de recomendação e as análises preditivas de desempenho, que tornam o processo de ensino mais interativo, responsivo e eficiente.

Ferramentas de tutoria inteligente utilizam inteligência artificial para identificar dificuldades dos estudantes e oferecer orientações personalizadas, simulando a atuação de um tutor humano. Esses sistemas se adaptam ao ritmo e estilo de aprendizagem de cada aluno, promovendo maior engajamento e autonomia.

Algoritmos de recomendação são utilizados para sugerir conteúdos conforme o perfil e o histórico de navegação do estudante. Essas recomendações favorecem a personalização do percurso formativo e a retomada de conteúdos em que o estudante apresenta baixo desempenho ou interesse reduzido.

A análise de aprendizagem com uso de inteligência artificial permite a coleta e interpretação de grandes volumes de dados educacionais. A partir desses dados, instituições conseguem tomar decisões pedagógicas mais precisas, como a identificação precoce de evasão e a intervenção em situações de baixo rendimento.

Segundo Arruda (2024), a personalização da aprendizagem na educação a distância com inteligência artificial contribui para a motivação discente, pois respeita as particularidades cognitivas e os interesses individuais. Isso transforma a experiência educacional em algo mais significativo e centrado no aluno.

Ferreira et al. (2024) destacam que a inteligência artificial tem potencial para romper com o modelo padronizado de ensino, criando ambientes dinâmicos e adaptativos. No entanto, alertam para os riscos de dependência tecnológica e para as questões éticas relacionadas ao uso de dados educacionais.

No ensino superior a distância, há casos práticos que evidenciam o impacto positivo da inteligência artificial. Duque et al. (2025) relatam experiências em instituições brasileiras que implementaram assistentes virtuais, detectores de plágio automatizados e sistemas de avaliação com correção instantânea. Esses casos demonstram que a inteligência artificial pode contribuir significativamente para o aumento da eficiência institucional, redução da evasão, melhoria da comunicação com os estudantes e aperfeiçoamento dos processos avaliativos nos cursos de educação a distância.

Com o uso da inteligência artificial, o papel do docente também se transforma. Em vez de atuar apenas como transmissor de conteúdo, o professor passa a ser um mediador, analista de dados educacionais e designer de experiências formativas personalizadas.

A inteligência artificial não substitui o professor, mas amplia suas possibilidades de atuação. Ao automatizar tarefas operacionais e repetitivas, libera tempo para o desenvolvimento de atividades reflexivas e colaborativas, que enriquecem o processo de aprendizagem.

Do ponto de vista discente, a inteligência artificial pode aumentar o engajamento ao tornar o processo de ensino mais responsivo e alinhado às necessidades individuais. Ferramentas interativas e feedbacks em tempo real promovem maior participação e sentimento de pertencimento.

Apesar dos avanços, é necessário que as instituições de ensino estejam preparadas tecnicamente e pedagogicamente para integrar a inteligência artificial em seus sistemas. A formação docente contínua, a infraestrutura tecnológica e a segurança dos dados são fatores fundamentais para o sucesso dessa implementação.

2.3. DESAFIOS E LIMITAÇÕES DA INTEGRAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EAD

A implementação da inteligência artificial na educação a distância enfrenta significativos desafios, especialmente em municípios de pequeno porte, onde as condições de conectividade e infraestrutura digital são limitadas, comprometendo a efetividade das ferramentas educacionais tecnológicas, como apontam Barbosa e Gonsales (2024) em suas análises sobre soberania e infraestrutura.

A carência de equipamentos adequados, redes de internet instáveis e ausência de suporte técnico dificultam a adoção plena de soluções baseadas em inteligência artificial, evidenciando desigualdades regionais e estruturais que comprometem a democratização do acesso à inovação tecnológica no ensino.

Adicional as barreiras tecnológicas, há desafios éticos significativos na aplicação da inteligência artificial na educação, como o uso e a proteção de dados pessoais dos estudantes, levantando preocupações sobre privacidade, vigilância e a possível mercantilização de informações educacionais sensíveis.

As questões sociais também se impõem, pois nem todos os estudantes têm acesso equitativo às tecnologias necessárias. A exclusão digital continua sendo um obstáculo à implementação justa da inteligência artificial, reforçando desigualdades históricas entre diferentes grupos socioeconômicos e regiões do país.

No campo pedagógico, a integração da inteligência artificial exige mudanças profundas nas práticas docentes e nas concepções de ensino-aprendizagem. A simples inserção de tecnologias sem revisão do projeto pedagógico pode resultar em superficialidade ou uso ineficaz das ferramentas digitais.

A formação de professores representa um ponto crítico. Muitos docentes não foram preparados para lidar com tecnologias emergentes, tampouco para integrar a inteligência artificial ao seu planejamento didático. Isso exige capacitação contínua, acompanhamento e suporte institucional adequado.

As dificuldades na formação docente comprometem a efetividade da inteligência artificial, pois sem compreensão das funcionalidades e potenciais pedagógicos dessas ferramentas, os professores tendem a resistir às inovações ou utilizá-las de maneira limitada e instrumental.

Outro desafio relevante está na desigualdade de acesso à inteligência artificial, que reflete uma realidade de exclusão tecnológica em diferentes regiões do Brasil. A inclusão digital deve ser promovida com políticas públicas voltadas à infraestrutura, conectividade e oferta gratuita de recursos educacionais.

O uso da inteligência artificial deve estar acompanhado de ações que garantam acessibilidade, especialmente para estudantes com deficiência, além de considerar as especificidades culturais e linguísticas das populações atendidas pelos cursos de educação a distância.

Ferreira et al. (2024) indicam que há também resistências institucionais à adoção da inteligência artificial, motivadas por incertezas quanto aos custos, à complexidade dos sistemas e à adequação curricular das tecnologias nos diferentes níveis e modalidades de ensino. Essas resistências são agravadas pela falta de regulamentações claras sobre o uso da inteligência artificial na educação, gerando insegurança jurídica e pedagógica quanto à validade de avaliações automatizadas, acompanhamento discente e responsabilidade sobre decisões tomadas por sistemas autônomos.

No plano curricular, adaptar os conteúdos, métodos e critérios avaliativos à lógica da inteligência artificial demanda revisão dos referenciais formativos. É necessário desenvolver materiais compatíveis com sistemas inteligentes e reorganizar as práticas de ensino com base na personalização e análise de dados.

Diante desses desafios, a implementação eficaz da inteligência artificial na educação a distância requer planejamento estratégico, investimentos em infraestrutura, políticas públicas de inclusão digital e ações formativas que assegurem o uso pedagógico, ético e equitativo dessas tecnologias em contextos educacionais diversos.

2.4. POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A EAD COM IA EM SÃO JOÃO DO MANHUAÇU - MG

São João do Manhuaçu apresenta crescente interesse pela educação a distância, com oferta de cursos superiores e técnicos por meio de polos de instituições públicas e privadas, embora ainda existam limitações quanto ao acesso universal à internet e à infraestrutura tecnológica de qualidade.

A expansão da educação a distância no município se dá principalmente por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e parcerias com faculdades privadas. Tais iniciativas revelam o potencial da região para consolidar práticas educativas mediadas por tecnologias, desde que apoiadas por políticas públicas e investimentos estratégicos.

A inteligência artificial, nesse cenário, representa uma oportunidade concreta para qualificar os processos de ensino e aprendizagem, promovendo personalização, acessibilidade e eficiência. Ferramentas como tutores inteligentes e plataformas adaptativas podem ampliar a autonomia dos estudantes e reduzir a evasão nos cursos oferecidos na modalidade a distância.

Em contextos municipais como o de São João do Manhuaçu, a inteligência artificial pode contribuir para a superação de desafios educacionais históricos, ao oferecer apoio individualizado, monitoramento contínuo do progresso e feedback imediato, elementos essenciais para estudantes que conciliam estudo com trabalho e outras responsabilidades.

Para que isso ocorra, é necessário que as instituições locais invistam na formação continuada de professores e tutores, preparando-os para integrar de forma pedagógica as ferramentas baseadas em inteligência artificial ao planejamento e à mediação didática nos cursos de educação a distância.

O desenvolvimento de materiais educacionais compatíveis com plataformas inteligentes deve ser incentivado. A produção local de conteúdo digital contextualizado, apoiada por tecnologias de inteligência artificial, pode promover maior identificação dos estudantes com os temas estudados, fortalecendo vínculos e construções significativas de conhecimento.

Barbosa e Gonsales (2024) destacam a importância de promover uma infraestrutura tecnológica soberana, com foco na autonomia dos territórios e na apropriação crítica das tecnologias digitais. Essa perspectiva fortalece o protagonismo local e a gestão democrática dos recursos educacionais.

A soberania digital, aplicada à realidade de São João do Manhuaçu, implica em capacitar gestores e educadores para a tomada de decisões tecnológicas conscientes, reduzindo a dependência de soluções prontas e promovendo o desenvolvimento de projetos educacionais alinhados às necessidades da comunidade local.

Nesse sentido, políticas públicas voltadas à democratização do acesso à internet de alta qualidade e à distribuição equitativa de dispositivos são fundamentais. Tais medidas garantem que as inovações baseadas em inteligência artificial beneficiem efetivamente todos os estudantes, e não apenas uma parcela privilegiada.

Adicionalmente, recomenda-se a criação de programas de fomento à inovação educacional em municípios pequenos, com apoio técnico e financeiro para a implementação de soluções baseadas em inteligência artificial, que considerem as especificidades culturais, econômicas e geográficas da região.

A colaboração entre universidades, escolas municipais e iniciativa privada pode impulsionar projetos de pesquisa, extensão e capacitação em tecnologias educacionais, consolidando uma rede de inovação local que promova o uso pedagógico da inteligência artificial em diferentes níveis de ensino.

A inteligência artificial, se implementada de forma crítica e contextualizada, tem o potencial de transformar a educação a distância em São João do Manhuaçu, ampliando o acesso, promovendo a qualidade e valorizando os saberes locais, em um movimento de inclusão e inovação social.

Assim, construir um futuro educacional mais justo e tecnológico depende de ações articuladas entre governo, instituições educacionais, comunidade e setor tecnológico. Investir em inteligência artificial com base em critérios éticos e pedagógicos pode tornar a educação a distância mais acessível, humana e eficaz.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões apresentadas neste artigo permitiram compreender que a integração da inteligência artificial à educação a distância representa um avanço significativo, mas também impõe desafios importantes, especialmente em contextos municipais como o de São João do Manhuaçu, no estado de Minas Gerais. A partir da análise da literatura e da realidade local, observou-se que, embora existam barreiras tecnológicas, estruturais e pedagógicas, também se evidenciam oportunidades promissoras para qualificar a oferta educacional por meio do uso ético, pedagógico e estratégico da inteligência artificial. Retomando o objetivo do estudo, verificou-se que a tecnologia, quando bem planejada e aplicada, pode ampliar o acesso, personalizar o ensino e promover maior engajamento dos estudantes na educação a distância.

A hipótese inicial, que previa a existência de vantagens, desvantagens, desafios e possibilidades na inserção da inteligência artificial na educação a distância em municípios de pequeno porte, foi confirmada pelas análises desenvolvidas. Os resultados indicam que, apesar das limitações de infraestrutura e formação docente, é possível avançar com políticas públicas, investimentos e ações locais voltadas à soberania digital. Para pesquisas futuras, recomenda-se aprofundar estudos empíricos sobre a implementação da inteligência artificial em polos educacionais do interior, bem como desenvolver investigações participativas com gestores, professores e estudantes, a fim de identificar soluções inovadoras e adaptadas às realidades educacionais brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aquino, J. C. G. de, de Oliveira, F. N., Barbosa, L. A. de C., & Coelho, D. V. B. S. de A. (2016). Qualidade da educação a distância e o uso das tecnologias de informação e comunicação. EaD & Tecnologias Digitais na Educação, 3(4), 130–138. DOI: https://ojs.ufgd.edu.br/ead/article/view/4104

Arruda, U. C. (2024). Contribuições da inteligência artificial na aprendizagem dos alunos de Pedagogia e Administração em um polo de EaD de uma IES privada em Recife-PE: um estudo sobre a utilização de IA no Ensino Superior. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, 24(1), 55–70. DOI: https://doi.org/10.17143/rbaad.v24i1.742

Barbosa, A. C., & Gonsales, P. (2024). Infraestruturas tecnológicas para a educação como projeto político rumo à soberania digital. EmRede - Revista de Educação a Distância, 11. n.p. DOI: https://doi.org/10.53628/emrede.v11i.1085

Borges, R. A. S., Castilho, A. E. C. A., Sassaki, M. A. C., Vitor, S. S., & Junior, L. C. D. R. (2021). Ensino Superior a distância: metodologias ativas com o uso de tecnologias digitais. EmRede - Revista de Educação a Distância, 8(1), 1–22. DOI: https://doi.org/10.53628/emrede.v8i1.648

Damasceno, M. F. de C., & Sampaio, R. C. de S. (2024). Uso de ferramentas síncronas e assíncronas na educação a distância: um estudo de caso em uma instituição piauiense. 14 EaD & Tecnologias Digitais na Educação, 12(15), 137–148. DOI: https://doi.org/10.30612/eadtde.v13i15.18131

Duque, R. de C. S., Placido, I. T. M., Sousa, T. S. R., Silva, J. S. da, & Calçada, C. S. (2025). Impactos e transformações da inteligência artificial na educação a distância. In R. de C. S. Duque et al. (Orgs.), Educação a Distância e Inteligência Artificial no Ensino: Impactos, desafios e transformações (pp. 56-76). Natal, RN: Editora Amplamente. DOI: https://doi.org/10.47538/AC-2025.09-0310

Ferreira, M., Costa, M. R. M., Meira, É. N. G., & Filho, O. L. da S. (2024). Inteligência artificial na Educação Superior - avanços e dilemas na produção acadêmica. EmRede - Revista de Educação a Distância, 11. n.p. DOI: https://doi.org/10.53628/emrede.v11i.1019

Gil, A. C. (2019). Métodos e técnicas da pesquisa social (7a ed.). São Paulo, SP: Atlas.


1 Graduada em Pedagogia. Especialista em Gestão Escolar Integradora, Ensino Religioso, Alfabetização e Letramento. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected].