INSPEÇÃO ESCOLAR: UM ENFOQUE MULTIDIMENSIONAL PARA MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10389352


AMÉLIA, Viviannie de Aquino Cardoso


RESUMO
Este estudo aborda a importância da Inspeção Escolar (I.E) como um processo multidimensional que contribui para a melhoria da qualidade educacional. Ela desempenha um papel crucial na supervisão, avaliação e aprimoramento das práticas pedagógicas, infraestrutura e gestão escolar. Neste estudo, exploram-se os seus objetivos, métodos e desafios, destacando seu impacto na promoção da excelência educacional. Para isso, revisa- se e analisa-se criticamente uma seleção de estudos e pesquisas que abordam diferentes perspectivas e suas implicações na formação de professores, no desenvolvimento curricular e na participação da comunidade escolar. Concluí-se, portanto que a I.E, quando realizada de maneira colaborativa e orientada para o desenvolvimento, pode efetivamente elevar os padrões educacionais e contribuir para a construção de um ambiente de aprendizado enriquecedor.
Palavras chave: Enfoque. Escolar. Inspeção. Multidimensional. Qualidade.

INTRODUÇÃO

A Inspeção Escolar (I.E) é uma prática fundamental no sistema educacional, está aparada no artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9394/96, visando garantir a qualidade do ensino e aprendizagem. Ela envolve a avaliação de diversos aspectos, desde a qualidade do corpo docente até as condições físicas das instalações escolares.

Ela não deve ser vista apenas como um processo de fiscalização, mas sim como uma ferramenta para aprimorar constantemente as escolas e, por conseqüência, a educação como um todo, ela desempenha um papel crucial na supervisão, avaliação e aprimoramento das práticas pedagógicas, infraestrutura e gestão escolar.

A I.E tem como principais objetivos:

  • Avaliação da Qualidade Educacional: A inspeção permite avaliar a qualidade do ensino, métodos pedagógicos e progresso dos alunos.

  • Orientação e Apoio: Além de identificar problemas, a inspeção escolar também oferece orientação e apoio às escolas para superar desafios.

  • Desenvolvimento Profissional: A inspeção pode contribuir para o desenvolvimento profissional dos docentes, incentivando a formação contínua.

A I.E utiliza uma variedade de métodos, incluindo observações em sala de aula, análise de documentos escolares, entrevistas com docentes e alunos, entre outros. A abordagem deve ser holística e considerar diversos aspectos, como o clima escolar, o envolvimento dos pais e a eficácia da gestão.

Apesar de a I.E enfrentar desafios, como a resistência por parte dos professores, o risco de focar excessivamente em métricas quantitativas e a necessidade de garantir que os resultados sejam usados para o aprimoramento, não para punição, ela, se bem planejada e colaborativa, também está associada a melhorias na qualidade educacional, ao desempenho dos alunos e crescimento profissional dos docentes além de poder promover maior responsabilidade e transparência.

Com função de verificar as conformidades e não conformidades legais, corrigir os desvios dos atos e procedimentos das unidades escolares da educação básica pode-se afirmar que a inspeção escolar está intimamente relacionada ao funcionamento e à organização dessas e pode-se afirmar que a participação ativa da comunidade escolar na inspeção é essencial, pois, quando os pais, alunos e a comunidade são envolvidos, cria-se um senso de responsabilidade compartilhada pela qualidade da educação.

A I.E tem sido uma ferramenta fundamental para monitorar e aprimorar o sistema educacional em todo o mundo. Seu papel é garantir que as instituições de ensino cumpram as normas e diretrizes estabelecidas pelos órgãos governamentais, além de promover um ambiente escolar saudável e propício ao aprendizado.

Ela desempenha um papel crucial na garantia da qualidade da educação, monitorando o funcionamento das escolas, identificando áreas de melhoria e promovendo a excelência educacional. Ao longo das últimas décadas, a importância desse processo tem sido cada vez mais reconhecida, resultando em diferentes abordagens e modelos de inspeção em todo o mundo, e também na supervisão e aprimoramento da qualidade educacional, pois, envolve a avaliação das práticas pedagógicas, infraestrutura escolar, gestão e atendimento aos alunos. É um componente vital dos sistemas educacionais em todo o mundo, desencadeia processos de responsabilização, promove a qualidade educacional e identifica áreas de melhoria.

A I.E visa diversos objetivos, incluindo a avaliação da eficácia pedagógica, a conformidade com padrões educacionais, a identificação de boas práticas e a detecção de problemas estruturais. Ela promove a transparência, a prestação de contas e a confiança nas instituições educacionais. A I.E desempenha um papel fundamental na garantia da qualidade da educação em sistemas educacionais ao redor do mundo, sua evolução ao longo do tempo reflete a crescente importância atribuída à supervisão e monitoramento das práticas educacionais.

Os métodos de inspeção variam de avaliações quantitativas, observações de sala de aula, entrevistas com professores e alunos, análise de currículos, até análise de dados de desempenho dos alunos. A combinação desses métodos fornece uma visão holística da qualidade educacional.

Este estudo visa analisar os objetivos, métodos e desafios da I.E destacando seu impacto na promoção da excelência educacional e para tanto será realizada uma análise e revisão de estudos e pesquisas que abordem diferentes perspectivas e suas implicações na formação de professores, no desenvolvimento curricular e na participação da comunidade escolar.

DESENVOLVIMENTO

A I.E surgiu historicamente no Brasil com a vinda dos Jesuítas, o que a partir de tal, modificações foram ocorrendo nos cenário político-educacional visando a democratizando o ensino, onde essa busca acabou em acordos pela criação do Plano de Assistência Brasileiro- Americana no Ensino Elementar – (PABAEE, 1957-1964) no Instituto de Educação de Belo Horizonte/MG, já segundo Augusto (2010, p. 76), a inspeção escolar no Brasil surgiu em 1756, como uma forma de manutenção do controle escolar pelo poder do Estado e de acordo com Finoto (2010), na legislação do Ensino em 1932, na reforma de Campos do Ensino Secundário (Decreto - Lei nº. 21.241, de 04/05/1932-artigos 63 a 86).

Ela tem suas raízes em sistemas educacionais do passado, quando inspetores eram frequentemente responsáveis por aplicar exames e monitorar o progresso dos alunos. Com o tempo, seu papel evoluiu para incorporar uma abordagem mais abrangente, enfatizando a colaboração entre educadores e inspetores para aprimorar a qualidade da educação.

É tida como uma função de verificar conformidade e não conformidade legal e realizar as respectivas correções de possíveis desvios de atos e procedimentos em unidades escolares, de suma, orientar, dar assistência e controle do processo administrativo das unidades escolares e, na forma do regulamento, do seu processo pedagógico, um gerenciamento de pessoas, como afirma Laval (2019) que dessa forma esta assume a importância estratégica possibilitando um ambiente de trabalho saudável e propício ao desenvolvimento individual, interpessoal e institucional.

De acordo com Ferreira (2001), a palavra inspeção significa revista, fiscalização, carga semântica negativa que expressa à aversão dos professores a figura do inspetor. Ela pode ser definida como um processo de monitoramento e avaliação das instituições de ensino, visando garantir a qualidade da educação, a conformidade com as diretrizes curriculares e o desenvolvimento integral dos estudantes (Smith, 2017). Seus principais objetivos incluem identificar áreas de melhoria, fornecer suporte aos professores, promover a responsabilidade e a transparência, bem como assegurar que as políticas educacionais sejam implementadas de forma eficaz (Johnson et al., 2020).

As suas atribuições tem como objetivo, acompanhar, avaliar e garantir a qualidade do processo educativo nas instituições de ensino, ou seja, avaliar a qualidade geral das escolas, incluindo o currículo, os métodos de ensino, os recursos educacionais, a infraestrutura e as instalações, está ligada a vários fatores que contribuem com o processo democrático da comunidade escolar. Como afirma Meuret (2002, p 32), que as funções base da I.E são:

”Exercer o controle externo das escolas, tanto no domínio pedagógico como no administrativo/financeiro, oferecer a orientação e a sustentação/apoio às instituições escolares em suas ações educacionais e exercer a intermediação entre as escolas e o sistema gestor, isto é, a ligação ou comunicação bidirecional, no sentido de uma melhor articulação do sistema educacional”.

A I.E abrange uma série de funções interligadas, incluindo a avaliação do desempenho dos educadores, a supervisão do currículo, a garantia do cumprimento das políticas educacionais, a avaliação da infraestrutura escolar e a identificação de áreas de melhoria. Ela desempenha um papel crucial na manutenção de padrões educacionais elevados e na identificação de práticas pedagógicas inovadoras.

Conseqüentemente, a inspeção tem o dever legal de verificar a exatidão das ações, nos domínios técnicos, administrativos e financeiros da unidade escolar, como afirma Weber (1978, p. 146) que a inspeção escolar está sujeito aos procedimentos prescritos, às normas, à disciplina e finalmente à hierarquia e também, de acordo com as diretrizes e normas educacionais trabalhando inclusive, como agente sociopolítico, como afirma (BIASE, 2009).

Pode-se dizer que a I.E trabalha estreitamente com a gestão de pessoal, e esse afirma Barbosa (2008), deverá ser refletida a toda equipe da unidade escolar afim de que repercuta em ocorra um acordo coletivo na instrumentalização do trabalho administrativo e pedagógico e De Grouwe (2006, p. 56), está relacionada ao funcionamento da instituição de ensino, sua organização e legalidade, uma relação muito forte com o Estado, o qual representa junto à sociedade.

Deve-se reconhecer que na I.E é essencial tem a participação ativa da comunidade escolar, pois, quando os pais, alunos e a comunidade são envolvidos, cria-se um senso de responsabilidade compartilhada pela qualidade da educação como afirma Munhoz (2003, p. 8). Portanto, a I.E deve sempre estar coligada as comunidades escolares, sendo um importante intermediador na comunicação entre os órgãos da administração superior do sistema e os estabelecimentos de ensino que o integram, conforme enfatiza a Resolução (305/83): “Volta- se para: organização e funcionamento da escola e do ensino, a regularidade funcional dos corpos docente e discente, a existência de satisfatórios registros e documentação escolar…”

A I.E exerce múltiplas funções, possui conhecimentos pedagógicos e o poder de promover a aplicação das leis que regem a educação, em casos de intervenção e desenvolvimento de atividades, realimentando assim as ações nas unidades escolares, em concórdia Brejon, (1959, p.14), que relata a função da inspeção escolar como assistencial e executiva, como afirma Biase (2009), que a I.E tem a função de fiscalizar e facilitar o bom andamento das unidades escolares:

“A Inspeção Escolar está ligada a vários fatores que contribuem com o processo democrático da comunidade escolar. Evidentemente, nem sempre foi assim. A própria expressão lingüística nos remete à história, desde o Brasil colonial, de que o ato de inspecionar nos lembra o ato de fiscalizar, observar, examinar, verificar, olhar, vistoriar, controlar, vigiar. Porém, atualmente, a figura deste profissional nas Instituições Escolares proporciona uma estreita ligação entre os outros órgãos do Sistema Educacional, quer sejam Secretarias quer sejam Regionais e Unidades Escolares, para garantir a aplicação legal do regime democrático. Por isso, o Inspetor tem uma grande concentração nos aspectos Administrativos, Financeiros e Pedagógicos das Unidades Escolares, trabalhando inclusive, como agente sócio- político”. (BIASE, 2009).

Suas ações possuem por finalidade fornecer maior autonomia nas práticas das unidades escolares mediante ao auxílio na qualidade escolar perante seus regimentos e projetos políticos pedagógicos. Afirma CUNHA (1994, p. 439), que I.E tem como ações a de controlar, verificar, observar, cuidar das unidades escolares, o que de Segundo Freire (1954, p. 2990), ela aparece com sete sentidos:

“1) Ato de olhar. 2) Ação de examinar, de observar com cuidado. 3) Exame, vistoria. 4) Encargo de vigiar, superintendência. 5) Tribunal, junta ou repartição pública encarregada de Inspecionar, de fiscalizar ou de dar o seu parecer sobre assuntos especiais. 6) Cargo ou emprego de inspetor. 7) Exame feito por um ou mais inspetores ou por uma junta inspetora”.

Conforme o Art. 4º da Resolução Secretaria Estadual de Ensino nº. 305/83 a I.E deve seguir as orientações:

I - Comunicação entre os órgãos da administração superior do sistema e os estabelecimentos de ensino que o integram;

II - Verificação e avaliação das condições de funcionamento dos estabelecimentos de ensino;

III - orientação e assistência aos estabelecimentos de ensino na aplicação das normas do sistema;

IV - Promoção de medidas para a correção de falhas e irregularidades verificadas nos estabelecimentos de ensino, visando à regularidade do seu funcionamento e a melhoria da educação escolar.

V - Informação aos órgãos decisórios do sistema sobre a impropriedade ou inadequação de normas relativas ao ensino e sugestão de modificações, quando for o caso.

A I.E possui diversos objetivos, incluindo a verificação da conformidade com políticas educacionais, a avaliação da eficácia pedagógica, a identificação de necessidades de capacitação de professores, a promoção de boas práticas de gestão escolar, entre outros. Possui quatro tipos básicos de funções:

  • Função verificadora que consiste em examinar o cumprimento das normas que se aplicam à organização e funcionamento da escola e do ensino, nos campos administrativos e pedagógicos (deve possuir domínio da legislação, ser pesquisador e observador).

  • Função avaliadora, consiste em comparar a situação concreta, real com a ideal, teórica (Educador).

  • Função orientadora consiste em conduzir ao conhecimento e à aplicação correta da norma, tendo em vista a unidade do sistema, bem como sua coerência interna e externa (ter boa comunicação oral e escrita. (Conciliador).

  • Função Corretiva, relacionada á segurança e postura pedagógica.

  • Função realimentadora, está comprometido com a sintonia entre os conteúdos normativos e as ações educativas com a adequação de uns e outras ao contexto sociopolítico da realidade onde acontece a educação (Criatividade) .

Os inspetores escolares desempenham um papel crítico, maleável e produtivo na avaliação das escolas e na identificação de áreas de melhoria, é auxiliar em tudo na unidade escolar, como afirma Alvernaz (2011), é ser “um pau pra toda obra”. Apesar de seus benefícios, a inspeção escolar também enfrenta desafios e limitações, como a resistência de alguns profissionais da educação, a necessidade de recursos adequados e a busca por uma abordagem construtiva e não punitiva. Afirma Veraldo (2011), que o inspetor é:

Profissional cuja função é vital na escola. É ele quem orienta os alunos quanto às normas da unidade escolar, organiza a saída e a entrada dos alunos, zela pela disciplina dentro e fora das salas de aula, monitora o deslocamento e a permanência dos alunos nos corredores, zela pelo cumprimento do horário das aulas e demais rotinas escolares.

Apesar de seu potencial, a inspeção escolar também enfrenta desafios, como a resistência a mudanças e a possível superficialidade das avaliações. Futuras direções podem envolver a integração de abordagens tecnológicas, análise de dados em larga escala e a adaptação das práticas de inspeção para um contexto de aprendizagem contínua.

A I.E emprega uma variedade de métodos para coletar informações e avaliar o desempenho das escolas. Isso inclui observações de aulas, análise de documentos, entrevistas com professores, alunos e pais, bem como avaliação de resultados acadêmicos e indicadores de desempenho (Thompson, 2018). Métodos quantitativos e qualitativos são combinados para obter uma visão abrangente da eficácia educacional.

A I.E enfrenta desafios, como a necessidade de equilibrar a prestação de contas com a promoção da aprendizagem autêntica, a resistência à mudança por parte dos educadores e a adaptação dos modelos de inspeção às demandas contemporâneas. Os benefícios incluem a identificação de áreas de melhoria, a promoção da equidade educacional e a construção de uma cultura de responsabilidade. No entanto, também são levantadas preocupações sobre o estresse excessivo gerado pela pressão de avaliação e possíveis efeitos negativos na criatividade e autonomia dos educadores.

A I.E pode levar a melhorias tangíveis na qualidade educacional, incluindo aumento do desempenho dos estudantes, desenvolvimento de lideranças escolares mais eficazes e implementação de práticas inovadoras de ensino, e daí a importância da I.E estar atenta a tudo o que se passa no interior da unidade escolar, participar das reuniões de planejamento e das decisões que envolvem a equipe escolar, como relata Iavelberg (2011).

Em concordância, Silva (2016), diz que o inspetor de alunos precisa efetivamente fazer parte da unidade escolar, pois ele é o elo no auxílio do planejamento e contextualização das políticas pedagógicas da unidade escolar, “um currículo que contemple diferentes tipos de atividades, entre elas excursões, jogos, festivais, exposições, nas quais o aluno [...] é percebido como um sujeito ativo no processo de construção de conhecimentos”.

A I.E pode ser entendida como um processo de avaliação externa das práticas pedagógicas, gestão escolar, ambiente de aprendizagem e resultados educacionais. Seus objetivos incluem a promoção da accountability (responsabilização) das escolas, a identificação de boas práticas, a detecção de desafios e a orientação para a melhoria contínua. Diferentes países adotam abordagens variadas de inspeção escolar, que podem ser classificadas em inspeção normativa (baseada em padrões e regulamentações), inspeção formativa (focada no desenvolvimento profissional dos educadores) e inspeção colaborativa (envolvendo parcerias entre escolas e órgãos de supervisão).

A I.E está intrinsecamente ligada à busca pela melhoria contínua. É essencial que os processos de inspeção sejam flexíveis e adaptativos, permitindo a incorporação de feedback e a evolução das práticas educacionais. A colaboração entre todos os envolvidos, incluindo educadores, diretores, pais e órgãos de supervisão, é fundamental nesse sentido. Afirma Paro (1999, p. 68), que “a divulgação de valores positivos com relação ao saber e ao estudo junto aos pais, para que estes trabalhem esses valores com seus filhos em casa, depende de uma comunicação muito eficiente entre escola e pais”, ou seja, o convívio diário do inspetor com os pais auxilia no desenvolvimento do aluno na unidade escolar.

A I.E eficaz está associada a melhorias significativas na qualidade do ensino. Estudos mostram que escolas sujeitas a inspeções regulares tendem a implementar práticas pedagógicas mais inovadoras, promover a formação contínua de professores e alcançar melhores resultados acadêmicos (Hargreaves & Shirley, 2018). A prestação de contas resultante das inspeções também incentiva as escolas a adotarem medidas para aprimorar sua gestão e desempenho.

Embora a I.E tenha muitos benefícios, também enfrenta desafios, como resistência por parte dos educadores, falta de recursos e possíveis distorções ao focar excessivamente em resultados quantitativos. Para superar esses desafios, algumas abordagens bem-sucedidas incluem a criação de um ambiente de confiança mútua entre inspetores e educadores, uso equilibrado de métricas quantitativas e qualitativas, e integração da comunidade escolar no processo de inspeção (Riley et al., 2021).

A colaboração entre educadores e inspetores é essencial para maximizar os benefícios da inspeção escolar. Através de visitas regulares às escolas, feedback construtivo e programas de desenvolvimento profissional, a inspeção pode desempenhar um papel capacitador, auxiliando os educadores a alcançar seu pleno potencial. Como relata Biase (2009), que:

As ações do Inspetor não se limitam, evidentemente, apenas nas aplicações de normas, mas, também, nas ações de revisão ou mudanças na legislação, numa perspectiva crítica adequada à realidade social a que se destina, dando conhecimento à administração do Sistema das conseqüências da aplicação dessas mesmas normas.

O inspetor escolar desempenha um papel crucial na condução das inspeções. Sua formação, experiência pedagógica e habilidades de comunicação são essenciais para realizar avaliações justas e construtivas. Além disso, eles desempenham um papel de apoio, fornecendo feedback aos professores e orientando a implementação de melhorias (Wilson, 2019).

Em relação a I.E, têm-se dois tipos básicos: a inspeção ordinária que é a da avaliação é aquela que se inclui, normalmente, no plano do trabalho do inspetor. Diz respeito aos aspectos organizacional e funcional da unidade inspecionada e se constitui em atividade rotineira de “comunicação e avaliação” e de “assistência técnica”, contemplando tanto o processo como o produto da dinâmica escolar. E a extraordinária ou especial que é da assistência técnica, ou seja, é aquela que não se inclui, regularmente, no plano de trabalho do inspetor escolar, por não ocupar, especificamente, da rotina da escola, mas de fatos ou situações especiais da instituição, ambas, contemplam tanto o processo como o produto da dinâmica escolar.

CONCLUSÃO

A I.E desempenha um papel vital na promoção da qualidade educacional. Para ser eficaz, deve ser conduzida de maneira aberta, colaborativa e focada no desenvolvimento. As escolas devem encarar a inspeção como uma oportunidade de crescimento, e os formuladores de políticas devem apoiar abordagens equilibradas que levem em consideração as necessidades das escolas e da comunidade.

O Inspetor Escolar, enquanto agente educador, precisa levar em consideração a realidade social da escola onde trabalha para diagnosticar qual seja a identidade da instituição de ensino e desenvolver um trabalho que possibilite ao educando vislumbrar novos horizontes.

A importância contínua da inspeção escolar como uma ferramenta indispensável para garantir a qualidade da educação, a presença de uma inspeção escolar eficaz está correlacionada com melhores resultados educacionais, de acordo com Iavelberg (2011), o inspetor escolar “é um dos profissionais mais atuantes na esfera educacional”. Através da identificação precoce de desafios e da implementação de intervenções adequadas, a inspeção contribui para reduzir taxas de evasão escolar, melhorar o desempenho acadêmico dos alunos e fortalecer a formação profissional dos educadores.

A I.E bem projetada e implementada está associada a melhorias significativas na qualidade da educação. Ela motiva escolas a melhorarem suas práticas, aumenta o desempenho dos alunos e ajuda a reduzir disparidades educacionais. Ela desempenha um papel vital na promoção da qualidade da educação. Embora enfrentando desafios, seus benefícios são significativos para escolas, educadores e, mais importante, para os estudantes. A abordagem adotada na inspeção deve ser cuidadosamente planejada, equilibrando a prestação de contas com o apoio à inovação e ao desenvolvimento educacional.

A inspeção enfrenta desafios, como resistência por parte das escolas, questões de subjetividade na avaliação e pressão por resultados imediatos. Além disso, a falta de recursos e a capacitação inadequada de inspetores podem comprometer os resultados da inspeção. Para maximizar o impacto da inspeção escolar, é necessário um equilíbrio entre abordagens punitivas e de suporte. A capacitação contínua de inspetores, o envolvimento da comunidade e a promoção de uma cultura de melhoria contínua são cruciais.

A I.E é um componente vital para garantir a qualidade da educação. Através da avaliação sistemática das escolas, é possível identificar áreas de aprimoramento e promover a implementação eficaz das políticas educacionais. Apesar dos desafios, a inspeção escolar bem planejada e executada pode levar a melhorias substanciais no ensino e, conseqüentemente, no desenvolvimento dos alunos.

A I.E desempenha um papel crucial na promoção da qualidade da educação. Ao equilibrar abordagens de responsabilização e apoio, os sistemas de inspeção podem desencadear melhorias substanciais nas práticas educacionais. O futuro da inspeção escolar reside na adoção de métodos inovadores, capacitação constante e colaboração entre todas as partes interessadas.

A I.E segundo Afonso (1999) a inspeção da educação é um serviço com responsabilidades ao nível da fiscalização e avaliação da educação, analisa a conformidade normativa, sem descurar a avaliação de qualidade do serviço de educação que é prestado nas unidades escolares e desempenha um papel vital na promoção da qualidade da educação, atuando como um mecanismo de supervisão, avaliação e melhoria contínua.

A I.E na educação enfatiza Portugal, (2004, p. 8), visa “garantir a equidade e a qualidade da educação; credibilizar o sistema e as instituições; consolidar a confiança pública no serviço nacional de educação; servir o interesse público; apoiar a decisão da tutela e prestar contas”. Portanto, seu impacto abrange desde o desempenho dos alunos até o desenvolvimento profissional dos educadores. Através de uma abordagem colaborativa e adaptativa, a inspeção escolar pode desempenhar um papel crucial na construção de sistemas educacionais robustos e eficazes.

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