IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA SOCIAL PARA O PSICÓLOGO CONTEMPORÂNEO
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14969321
Bruna Cabrera Fabricio1
Géssica Beatriz Faga Salviano2
Heloisa Gabriela de Oliveira Munhoz3
Maria Júlia Costa Santos4
Maria Tereza Aparecida de Lima5
Stefani Kauani de Oliveira Santana6
Daniela Emilena Santiago7
RESUMO
O presente manuscrito se propõe como uma reflexão importante e necessária sobre a importância da Psicologia Social, sobre seu desenvolvimento, para a Psicologia como ciência e profissão no Brasil. Nele apresentamos um estudo de natureza teórica estruturado e construído com base na leitura e sistematização de artigos variados sobre o tema. Com isso foi possível reconstruir a história de desenvolvimento da Psicologia no Brasil com especial atenção para a estruturação da Psicologia Social, destacando, nesse texto, a relação firmada com as políticas sociais e que têm se configurado como campo de estudo, pesquisa e intervenção da Psicologia Contemporânea.
Palavras-chave: Psicologia, Psicologia Social, Psicologia Contemporânea.
ABSTRACT
This manuscript proposes an important and necessary reflection on the importance of Social Psychology, on its development, for Psychology as a science and profession in Brazil. In it, we present a theoretical study structured and constructed based on the reading and systematization of various articles on the subject. With this, it was possible to reconstruct the history of the development of Psychology in Brazil with special attention to the structuring of Social Psychology, highlighting, in this text, the relationship established with social policies and which have been configured as a field of study, research and intervention of Contemporary Psychology.
Keywords: Psychology, Social Psychology, Contemporary Psychology.
1 INTRODUÇÃO
O Bicho, de Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.8
O poema de Manuel Bandeira chama a nossa atenção para a vulnerabilidade que é presenciada por muitas pessoas atualmente. A importância e a relevância de pensarmos sobre a condição humana e sobre a vulnerabilidade mobiliza a todos nós. No entanto, há profissões que têm maior vinculação a tais questões, e, dentre elas podemos citar a Psicologia. O fato de a Psicologia voltar o olhar para essas demandas que são, essencialmente, humanas e nos colocam em fase a face com a exclusão social, é resultado de um processo de desenvolvimento histórico pelo qual passou essa área e sobre o qual o presente texto foi estruturado e construído.
É importante frisar que o presente artigo constitui um recorte de um trabalho acadêmico apresentado à disciplina Psicologia Social, desenvolvido pelos alunos e autores do manuscrito no contexto em que cursavam do 3º semestre do curso de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP/Assis-SP, no segundo semestre de 2023. A temática desenvolvida refere-se à construção e intervenção do psicólogo na perspectiva social, identificando seu surgimento, evolução e atuação profissional, sendo tal elemento vital para a compreensão da Psicologia Contemporânea, como podemos asseverar. Há assim a necessidade de construção da história, de reconstrução de seus elementos mais marcantes para que seja consolidada a Psicologia que temos hoje.
A proposta inicial da disciplina foi pela realização de uma pesquisa em artigos que abordassem o tema, com experiências práticas de atuação do profissional de Psicologia na área social. Nesse texto apresentamos apenas a base inicial do texto, quando realizamos uma reflexão histórica sobre o desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil. Com tal intento, o tema foi abordado através da apresentação dos percursos iniciais e da construção da Psicologia Social, posteriormente a forma de interpretação do profissional, suas intervenções, perspectivas, ações e influências.
Por conseguinte, a metodologia usada para a produção do texto, conforme asseverado, foi a pesquisa teórica, uma vez que a base fundamental da construção teórica foi a análise e a sistematização dos artigos. Para fazê-lo realizamos consulta à base de dados Scielo, onde, obtivemos artigos variados a respeito do desenvolvimento histórico da Psicologia Social. Também nos reportamos ao livro da autora Silvia Lane, sendo esse “O que é Psicologia Social” uma vez que o mesmo nos dá elementos importantes para pensar tanto esse desenvolvimento histórico quanto as perspectivas contemporâneas possíveis. Importante frisar que o livro citado é um dos principais dispositivos usados como elemento de orientação da disciplina.
O objetivo inicial do texto foi o de ampliar a compreensão sobre a Psicologia Social, identificando o desenvolvimento histórico desse saber como um dos elementos fundantes para o trabalho do psicólogo contemporânea. A metodologia descrita, sendo essa estudo teórico, uma vez que o presente texto foi elaborado por meio da leitura e sistematização de textos, conforme nos indica Minayo (2001), e permitiu que a produção contemplasse o objetivo da pesquisa e do texto. Na apresentação do trabalho indicaremos um texto único com a discussão sobre a Psicologia Social e seu desenvolvimento, com, indicações sobre a importância de tais elementos para a Psicologia Contemporânea.
Considera-se que o texto em pauta se mostra como extremamente importante ao passo que possibilita a reflexão em torno desse importante evento pelo qual passou a Psicologia latina e brasileira e tal texto interessa a todos os estudiosos da área e demais envolvidos com essa discussão.
2 A PSICOLOGIA SOCIAL: continuidades e rupturas
Lane (2017) nos apresenta a Psicologia como uma ciência que estuda o comportamento humano. Como tal, nos indica o comportamento como um elemento que é apreendido pelo ser humano, ou seja, como algo por meio do qual o homem tem ciência e se apropria da cultura consolidada e estabelecida em uma determinada realidade. Por conseguinte, o comportamento não é algo inato, mas, algo estruturado ao longo do desenvolvimento do ser humano. A busca por pensar o comportamento humano de tal maneira é, como sabemos, apenas um reflexo do movimento realizado de repensar a psicologia latino-americana e por avançar na tentativas de uma Psicologia Social.
Outrossim, para se falar sobre como é o trabalho do psicólogo em uma perspectiva social atualmente, é necessário saber como iniciou a sua construção. Há que se apontar, por exemplo, como nos indica Lane (2017) que houve um grande período de influência da Psicologia de base experimental americana junto à Psicologia o que também correspondeu à Psicologia Brasileira.
Em tal contexto as práticas dos profissionais de Psicologia eram orientadas para o condicionamento de corpos e de condutas, e, assentidas em intervenções orientadas para indivíduos. Nesse período as práticas eram voltadas para cerceamento e o controle dos seres humanos seguindo um padrão burguês instituído. Observamos que esse foi um momento de grande expansão da Psicologia Americana no sentido de induzir um ideal de ser humano, um ideal de vida. Esses ideais, via de regra, vinham orientados por parâmetros e referências burguesas. A título de exemplo podemos citar ainda o ideal de homem difundido nos períodos de guerra em que havia um estímulo e uma orientação para que as pessoas vinculadas ao sexo masculino participassem, com devoção, das guerras. Ou seja, se difundia um perfil, um ideal de ser humano, de vida e os profissionais de Psicologia buscavam ajustar aqueles que estavam dissociados do perfil idealizado para a sociedade.
Também era característico do período o desenvolvimento de intervenções orientadas pelo atendimento individual. De maneira que, abordagens grupais não figuravam como condutas ineres ao fazer da Psicologia naquela momento. Assim, a abordagem individual, orientada para o controle das subjetividades e identidades, demandava por uma ação individual e de predominância, clínica. Mesmo nas abordagens de tal natureza não havia qualquer menção ou intenção de viabilizar a reflexão, a crítica dos atendidos. Antes, as abordagens individuais serviam ao propósito de mudança e de orientação de corpos e de condutas dos atendidos.
Para tanto, em meados dos anos 60 – 70 a Psicologia passou por um momento de revisão endógena, contexto em que colocou em suspensão os conceitos que orientavam sua prática e sua formação, período esse descrito como aquele em que a Psicologia viveu a chamada “crise de paradigmas”, como nos diz Lane (2017). Nesse momento a Psicologia começou a se rever, rever suas bases e sua intervenção. Tal movimento aconteceu na América Latina e também no Brasil e trouxe as bases para a Psicologia que temos hoje. No Brasil nomes como o de Silvia Lane, Aroldo Rodrigues, Wanderley Codo se destacam no sentido de difundir uma Psicologia Latino-Americana e Brasileira, e, de propor o aporte à novas bases para a ação profissional no período em questão.
Importante frisar que no momento nem todos os profissionais do período aderiram as perspectivas críticas em relação a revisão da Psicologia. Como indicado, as primeiras críticas surgem nas Universidades, ainda que no contexto ditatorial. Com o tempo as discussões ganham os profissionais atuantes, porém, isso custou a ser aceito em vários espaços. No núcleo de São Paulo teremos Silva Lane, na Pontíficia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, com perspectivas críticas e propondo o rompimento total com a Psicologia de base Americana. Por outro lado, o núcleo do Rio de Janeiro, também vinculado à Pontíficia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro tinha em Aroldo Rodrigues, ainda que inicialmente, com posições que buscavam apenas uma adaptação dos métodos americanos à realidade brasileira. De forma que, o movimento de revisão, nas bases do seu surgimento, não foram hegemônicas, mas foram importantes para que a Psicologia pudesse se rever e se reorganizar.
Importante destacar que no contexto em pauta observamos, no Brasil, os anos mais ferrenhos da ditadura militar. Esse período se caracterizou como um momento de negação dos direitos, restrições de liberdade, nos quais imperava a hegemonia do pensamento defendido pela ditadura. Nesse contexto, a formação, em todas as áreas, acabava sendo guiada pelo ideário de ordem e progresso e tais aspectos como trouxeram a difusão de abordagens individualistas e descontextualizadas acabando por contribuir para a naturalização das expressões de violência e repressão favorecendo a exclusão social e o controle ideológico. Nesse momento, alguns espaços, como as universidades foram atacadas pelo governo pois era nesse espaço que havia maior reflexão e crítica.
Associado a isso, temos a dissolução dos partidos políticos no país, a perseguição à imprensa de oposição, o ataque a pessoas que se destacavam no cenário nacional na proteção daqueles que eram vitimizados pela ditadura. As manifestações políticas contrárias ao governo também eram coibidas e punidas por um forte aparato policial. Também eram proibidas as manifestações de protestos contidas em músicas e outras expressões artísticas, resultando na deportação de muitos atores, cantores, escritores em tal período.
No entanto, a experiência de vivenciar esse período de repressão e sofrimento provocou, questionamentos quanto à responsabilidade social da Psicologia, deixando explícito a emergência de iniciativas que a aproximasse das comunidades e de classes populares, em uma tentativa de marcar sua relevância social, trazendo para alguns dos profissionais da época mudanças em seus perfis de atuação relacionando-as com os movimentos de lutas sociais, políticas e busca por direitos.
Com a implementação da constituição cidadã em 1988 foram inseridos ambientes de trabalho situados na Saúde Pública e Assistência Social os quais têm como princípios de buscar a aplicação da: universalização, totalidade, descentralização e intersetorialidade dos indivíduos assegurando aos usuários níveis de proteção social, trabalhando nas ações que garantam e promovam seus direitos, a partir da prevenção e proteção dos chamados riscos coletivos.
A Constituição de 1988 inaugura o chamado tripé da Seguridade Social, como indicado por Macedo (2012), e é resultado das reivindicações sociais de vários segmentos. A luta, nesse período, não estava restrita ao fim da ditadura, mas, também havia uma busca pela garantia de melhores condições de vida da população como um todo. O fato de ter sido criada a Seguridade Social está associado a necessidade de uma Política Social de Saúde destinada a todos os cidadãos. A Saúde até então era acessível apenas a quem contribuía previamente com o regime de atendimento, ou seja, não era destinada à todos.
As reivindicações partiram dos trabalhadores da Saúde e promoveram modificações alterando a organização do que era ofertado até então como Saúde, resultando em um sistema não contributivo, e, público. Isso significa que a partir de então todas as pessoas que precisassem da Saúde seriam atendidas, independente de contribuição e que, nesse caso, as ações passam a ser apresentadas como responsabilidade do Estado. Antes desse período as ações em Saúde não eram interpretadas como se fossem responsabilidades do poder público. Com isso temos uma significativa alteração no formato de se fazer saúde no país, inaugurando o que hoje conhecimento como Sistema Único de Saúde (SUS).
No âmbito da Assistência Social observamos que as ações passam a assumir caráter política social, uma vez que, até então as ações desenvolvidas nessa seara eram assentadas apenas no assistencialismo articulado à política. Por conseguinte, a Assistência Social era, até então, um serviço para a provisão de mínimos sociais os quais estiveram sempre assentados em concessões de alimentos, vestuário e medicamentos, por exemplo. Com a sua alteração para a política social, em tese, a Assistência Social passa a ser compreendida como um elemento que demanda regulamentação e intervenção orientada e não mais aleatória. Como tal, não há mais espaço para o desenvolvimento de abordagens assentadas apenas nas concessões de benefícios.
Assim, o tripé é composto por Assistência Social, Saúde e Previdência Social, porém, os espaços de trabalho são ampliados nas políticas de Assistência Social e de Saúde por serem políticas não contributivas. Integra o tripé de Seguridade Social também a Previdência Social, porém, a mesma se constitui como um serviço contributivo, ou seja, para ter direito aos benefícios em questão seria necessário pagar antecipadamente. Essa política não se constitui, inicialmente como um espaço de atuação dos Psicólogos, naquele momento. No entanto, com o tempo, os profissionais de Psicologia também passam a integrar espaços de trabalho na Previdência Social.
Nesses contextos os Psicólogos (as, es) trabalham frente a condições como pobreza, exploração, preconceito, violência, abandono, alcoolismo, desemprego e outros fatores. Eles exigem dos profissionais o enfrentamento da forma clássica de organizar suas funções, trazendo para a conjuntura atividades em equipes e a transposição do modelo clínico tradicional, como exemplo exercendo as circulações pelas comunidades. É válido ressaltar esse fator pois considerando questões relativas à formação profissional, persistem projetos nos quais o trabalho acaba sendo significado como atendimento no âmbito privado, esses modelos são aplicados em espaços convencionais como consultórios, clínicas, gabinetes, não integrando a rede pública de atenção básica.
Importante frisar que Lane (2017) já chamava a atenção dos profissionais em meados dos anos 70 a respeito da necessidade de inserir em sua prática intervenções assentadas em abordagens grupais. Isso porque, como dissemos acima, as ações eram orientadas para a ação desenvolvida de maneira individual. As abordagens grupais passam a ser entendidas como elemento vital pelos profissionais que, passaram a estar apoiados no marxismo e no pensamento de Paulo Freire. Conforme essa abordagem pactua, as ações grupais são vitais para o desenvolvimento da conscientização da população. Para a autora a Psicologia deveria funcionar como um dispositivo de defesa das minorias, dos segmentos sociais mais vulneráveis. Por isso, a ação em grupo passa a ser tão importante pois por meio dela a conscientização da população aconteceria.
Com isso, tais ações demandam dos Psicólogos a desinstitucionalização de práticas que devido à certos contextos, não permeiam pelas vidas de algumas pessoas ressaltando a importância da comunicação clara e direta, sem uso de termos técnicos ao se expressarem com a finalidade de alcançar populações vulneráveis facilitando o acesso aos recursos que auxiliem seu desenvolvimento dentro da sociedade. Isso porquê, agora, o manejo não poderia mais ser estruturado em intervenções clínicas ou então assentadas, unicamente, nas ações individuais. As mesmas não davam conta, mais, das novas demandas que eram apresentadas para os profissionais de Psicologia sobretudo devido a sua inserção e sua atuação em políticas sociais. Essas ações, em Políticas Sociais, não abdicam da intervenção clínica, mas, a compreendem dentro de uma realidade social, econômica e política. As visões acríticas acabam sendo abandonadas no interior das políticas sociais e de toda a Psicologia.
Nos anos 90, conforme Macedo (2012) nos coloca, a Psicologia potencializou a sua relação com as políticas sociais uma vez que os postos de trabalharam foram ampliados. Além disso, os cursos de pós-graduação passaram a orientar pesquisas orientadas às políticas sociais e sua relação com a Psicologia, o que, como podemos inferir, colaborou para a ampliação da ação desenvolvida em políticas sociais por parte da Psicologia. Nesse período observamos que a Psicologia passa a defender como Compromisso Social da profissão a defesa das minorias e das políticas sociais, algo que, só é possível a partir de então devido a própria maturidade da Psicologia como ciência e profissão.
O profissional deve enfrentar as dificuldades relativas a esse campo de trabalho, entendendo a relevância das questões que estão sendo abordadas, o momento histórico vivido e o contexto de inserção dos indivíduos, são considerados para poder realizar o planejamento, avaliação e gerenciamento das ações, pois a forma como articulam seus saberes e práticas acabam implicando diretamente na maneira como agem. Entretanto alguns fatores como; a rede de serviços e os modos de trabalho acabam permitindo aos profissionais em determinadas situações apenas as afirmações de práticas reducionistas, prejudicando suas atuações mais expansivas, abrangentes ou de outros intuitos. Com o objetivo de exemplificar alguns locais de atuação; é possível citar os de unidades básicas de saúde (UBS) e também os que estão nos centros de referência da assistência social (CRAS),
Com relação aos modos de trabalho citados anteriormente, é necessário ressaltar que em questões de estruturas/materiais para atendimento, em muitas situações ficam em falta ou são insuficientes, a escassez de transporte para visitas domiciliares, o tipo de vínculo empregatício de profissional, que em alguns casos acontece por contrato, desdobram na fragilização dos laços entre os usuários e os profissionais acabando por precarizar as políticas públicas. (Macedo, 2012).
Também são consideradas intervenções realizadas por psicólogos nessa perspectiva social os atendimentos individuais como psicoterapia, aconselhamento e encaminhamentos sendo no caso dos trabalhos nas UBS; agora pensando em profissionais do CRAS, as atuações são com grupos visando o informativo/orientação, educativo, de sensibilização, proporcionando convivência e apoio, as triagens e encaminhamentos. Algumas práticas foram sinalizadas pelos profissionais, como podendo ser colocadas em ação nos dois setores, ocorrendo menos frequentemente, como exemplo as visitas domiciliares, ligação com outros instrumentos da comunidade (associação de moradores, creches, escolas...) (Scarparo, 2005). Com o intuito de agir abrangentemente, aumentando o grau de comunicação e força de intervenção dos setores, tornando assim os trabalhos mais integrados e articulados.
Na parte referente à demanda atendida, itens como as dificuldades em comportamento de crianças e adolescentes nos locais que frequentam são recorrentes, também surgem questões da saúde mental e no geral, como a depressão, ansiedade, síndromes, transtornos, gravidez na adolescência, comportamentos/hábitos não saudáveis agravando os quadros de hipertensão, obesidade e outras possíveis doenças. (Macedo, 2012).
Não podendo deixar de ser considerado os contextos, situações e aspectos socias dos quais essas comunidades sofrem interferências, a falta ou pouca remuneração do emprego, dificuldades financeiras, violências, exposições frequentes a agressões, maus-tratos, criminalidade e vícios. Podendo ser colocado em prática por parte do psicólogo atitudes com o intuito de atingir cuidados primários (aqui fica evidente o trabalho em rede, integrado e a articulação com outros setores e profissionais),atividades de gestão e planejamento de trabalho, oficinas terapêuticas, ações da vigilância sanitária, da clínica ampliada, do acolhimento e ações que promovam e previnam agravos na saúde, realização de visitas a domicílios e ações com o intuito de gerar autonomia.
As comunidades são os locais, onde as pessoas vivem os seus cotidianos (Campos, 1992), pensando no que fazem; se relacionam, traduzem os jeitos de vida contemporâneos e mudam constantemente, pois influenciam e são influencias pelos contextos que estão inseridos, por isso é necessária a frequente atuação de psicólogos e outros profissionais da área problematizando as realidades sociais. Almejando evitar a multiplicação de práticas elitistas ou inacessíveis às pessoas para as quais se busca igualdade de direitos, reafirmando o agir criativo de trabalhar nas políticas de assistência social e saúde, construída historicamente e diariamente das lutas de movimentos sociais reivindicando e criticando a realidade, estabelecendo o campo social, um espaço de constante reconstrução para atingir os direitos das camadas populacionais.
Pode- se concluir que o trabalho do psicólogo na perspectiva social tem uma atuação mais coletiva e política, desenvolvendo ações com intuito de incentivar o auto- cuidado, a auto-gestão e também a conexão política dessas populações para poderem reivindicar seus direitos. Sendo campos de atuação dinâmicos, acabam exigindo um profissional que circule entre os espaços das comunidades, que seja sensível as várias formas e fluxos da vida, atuando através de políticas públicas e buscando constantemente o aprimoramento de políticas sociais visando evitar modos de exclusão social.
CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os estudos realizados para se obter informações que acrescentassem a pesquisa, conclui-se que foi possível adquirir novos conhecimentos na área e debater opiniões sobre o determinado assunto. O objetivo do trabalho foi direcionado à compressão da atuação do psicólogo em uma perspectiva social, ampliando o entendimento sobre a psicologia na área. Dessa maneira assegura-se que foi possível entender e transmitir as informações da maneira esperada, ressaltando a relevância do tema.
Constata-se que o papel do psicólogo é de suma importância no que se diz respeito a sociedade, pois ele será responsável pelo estudo e analise do comportamento de um indivíduo em suas conexões, observando os fatores que estão ao seu redor e o que influência de alguma forma, desmistificando a ideia de que a pessoa não depende de fatores externos e assim trazendo a perspectiva de que na verdade o homem faz parte de um grupo social, que está em constante construção.
Além disso, é possível inferir que a atuação do Psicólogo na contemporaneidade tem em seu bojo os elementos associados a seu desenvolvimento no Brasil, enquanto ciência e profissão. Por conseguinte, foi a maturação da Psicologia, ao longo dos anos, que resultou nessa possibilidade de compreender a própria prática, de alterar formas convencionais de intervenção e de substituí-las por outras que estivessem mais próximos à realidade dos atendidos. Nesse interim, a maturação teórica da Psicologia também é importante ao passo que destaca sua vinculação aos segmentos excluídos e as políticas sociais. Assim, as possibilidades que se apresentam hoje, para a Psicologia, são fundamentais para a Psicologia Social contemporânea.
Por conseguinte, o texto se mostra como importante e relevante para alunos, estudantes de pós-graduação e demais interessados no tema. Considera-se que o tema em pauta é extremamente importante e que deve suscitar outros estudos e pesquisas complementares e orientados para a reflexão em torno de outros elementos que são evocados a partir da Psicologia Social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANE, S.T.M. O que é Psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2017.
MACEDO,J.P.; DIMENSTEIN, M. O trabalho dos psicólogos nas políticas sociais no Brasil. Av. Psicol. Latinoam. [online]. 2012, vol.30, n.1, pp.182-192. ISSN 1794-4724.
MINAYO, M.C.F. Pesquisa Social: teoria, métodos e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
SCARPARO, H.B. K.; Guareschi, N. m. f. Psicologia social comunitária profissional. Psicologia & Sociedade [online]. v.09, 2007.
1 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: bruna.fabricio1@aluno.unip.br
2 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: gessica.salviano@aluno.unip.br
3 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: heloisa.m@aluno.unip.br
4 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: maria.santos1497@aluno.unip.br
5 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: maria.lima589@aluno.unip.br
6 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis e-mail: Stefani.Santana2@aluno.unip.br
7 Docente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis-SP. Mestre em Psicologia pela Unesp, Mestre em História pela Unesp e Doutora em Unesp. E-mail: daniela.oliveira1@docente.unip.br
8 Disponível em https://www.culturagenial.com/poema-o-bicho-manuel-bandeira/. Acesso: 02 de marc. de 2025.