GESTÃO ESCOLAR: DA GÊNESE AO MOVIMENTO CATÁRTICO

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13804832


Harley Charles de Oliveira Santos


RESUMO
Este trabalho de carácter bibliográfico aborda o movimento da Gestão Escolar partindo de sua síntese inicial ao movimento transformador da educação tendo como referências os estudos abordados na Pós-graduação em Gestão Escolar pelo Instituto Passo 1. A reflexão que se faz convida o leitor a compreender esta trajetória que foi influenciada por diversos campos da sociedade. A Gestão Escolar chega na era democrática, mas ainda flerta com o passado hierárquico autoritário. È a qualidade do corpo docente que promove o sucesso das dinâmicas entorno do contexto escolar.
Palavras-chave: Gestão Escolar. Transformação. Educação.

ABSTRACT
This bibliographical work addresses the School Management movement starting from its initial synthesis to the transformative movement in education, having as references the studies covered in the Postgraduate Course in School Management by Instituto Passo 1. The reflection that is made invites the reader to understand this trajectory that was influenced by different fields of society. School Management enters the democratic era, but still flirts with the authoritarian hierarchical past. It is the quality of the teaching staff that promotes the success of the dynamics within the school context.
Keywords: School Management. Transformation. Education.

1 INTRODUÇÃO

A Gestão Escolar é uma área fundamental no âmbito educacional responsável por planejar, organizar e coordenar as instituições de ensino e as transformações vivenciadas. Ao longo do tempo foi necessário compreender como se desenvolveu e alcançou esta catarse. Não muito distante o papel do gestor nas escolas era exercido pelo diretor geralmente designado hierarquicamente como responsável pela condução das atividades pedagógicas e administrativas da instituição, cujo modelo de gestão era marcado pelo autoritarismo e pela centralização do poder

2 A CATARSE DA GESTÃO ESCOLAR

Foram as demandas da sociedade que tornaram mais participativas e significativas alinhado com as transformações que também ocorriam na sociedade. Esta transformação ocorreu com a redemocratização do Brasil na década de 1981 quando o país vivenciou o processo de descentralização política e administrativa que refletiu diretamente na gestão escolar cujo a a sociedade foi intimada a essa participação (PARO,1945 p.36). Atualmente, é o poder democrático elucida (Paro, 1945) da gestão escolar que garante a promoção de uma educação de qualidade e a formação integral dos estudantes e seus objetivos embasados em uma gestão mais participativa e transparente com diferentes fatores da comunidade escolar no qual professores, estudantes, pais e funcionários estejam envolvidos e tenham garantias de que as decisões farão os alinhamentos necessários fomentando a educação. Desta forma a escola passa de um modelo autoritário e exclusivo (Bourdieu, 1983) para a um espaço coletivo de construção de conhecimento como afirma (Freire, 2003) que só é possível com a mudança de postura do Gestor atuando como facilitador promovendo a comunicação e participação. Portanto, essa transformação só será efetivada diante de uma equipe que se qualifique com frequência, no qual o Gestor também se qualifique para que ambos compreendam as novas demandas educacionais e promover as ações que contribuem para a melhoria da qualidade do ensino, além disso, é necessário que os estudos escolares tenham autonomia para tomar decisões pedagógicas apontado por (Montessori, 2021) sem perder a conexão com as políticas educacionais vigentes e os princípios éticos que norteiam a educação. Diante das demandas advindas de uma sociedade sempre em transformação e dependente de muitos fatores educacionais a sociedade busca suas melhorias nos processos educativos e a escola (equipe) precisa também estar preparada aos movimentos sociais, culturais e históricos para atender amplamente. Buscando compreender sempre as mudanças sociais que vem da diversidade étnico-cultural, política, económica e cada vez mais inclusiva.

3 GESTÃO ESCOLAR: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E CONTEMPORÂNEA

A gestão escolar é um campo que tem evoluído significativamente ao longo das décadas, refletindo as mudanças sociais, econômicas e políticas que impactam a educação. No passado, a gestão escolar era frequentemente centralizada e autoritária, com um foco predominante na disciplina e na transmissão de conhecimento.

As escolas eram vistas como instituições que deveriam seguir rigorosamente diretrizes estabelecidas pelos governos, com pouca autonomia para inovações pedagógicas.

No Brasil, por exemplo, a gestão escolar durante o período colonial e imperial era marcada por um modelo educacional elitista, voltado principalmente para as classes mais altas. Segundo Gatti (2017), as escolas eram geridas de forma rígida, com pouca participação da comunidade escolar. As decisões eram tomadas por autoridades superiores, sem considerar as necessidades e especificidades locais.

Com a chegada do século XX, especialmente após a Reforma Educacional de 1931, houve uma mudança gradual na abordagem da gestão escolar. A partir desse período, começou a se reconhecer a importância da participação da comunidade e do corpo docente nas decisões da escola. Segundo Libâneo (2004), a gestão democrática começou a ganhar espaço, promovendo a inclusão de diferentes vozes na construção do projeto pedagógico da escola.

Nos dias atuais, a gestão escolar é entendida como um processo complexo e dinâmico, que envolve não apenas a administração eficiente dos recursos, mas também a promoção de um ambiente colaborativo e inclusivo. A gestão democrática se consolidou como um princípio fundamental, onde a participação de alunos, pais e professores é incentivada. De acordo com Veiga (2019), as escolas modernas buscam não apenas resultados acadêmicos, mas também o desenvolvimento integral dos alunos, promovendo valores como a cidadania e a responsabilidade social.

Além disso, a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na gestão escolar contemporânea. Plataformas de gestão escolar e ferramentas de comunicação digital têm facilitado a interação entre os membros da comunidade escolar e otimizado processos administrativos. Segundo Silva (2020), a utilização dessas tecnologias permite uma gestão mais transparente e acessível, contribuindo para a construção de um ambiente escolar mais colaborativo.

Em suma, a gestão escolar passou de um modelo centralizado e autoritário para um modelo mais democrático e participativo, refletindo as transformações sociais e educacionais ao longo do tempo. A gestão contemporânea não se limita à administração, mas busca promover um espaço de aprendizado inclusivo e inovador, onde todos os envolvidos têm voz e vez.

4 O Futuro da Gestão Escolar Democrática: Desafios e Possibilidades

A gestão escolar democrática tem se consolidado como um modelo promissor para enfrentar os desafios contemporâneos da educação. Compreende um processo que busca a participação ativa de todos os membros da comunidade escolar — alunos, pais, professores e gestores — na tomada de decisões e na elaboração do projeto pedagógico. À medida que avançamos para o futuro, a gestão democrática se apresenta como uma resposta necessária para promover uma educação mais inclusiva, equitativa e capaz de preparar os estudantes para os desafios do século XXI.

Um dos principais desafios da gestão escolar democrática é garantir a efetiva participação de todos os envolvidos. Segundo Paro (2018), a gestão democrática deve ir além da simples consulta à comunidade, promovendo um espaço real de diálogo e colaboração. É fundamental que os gestores escolares desenvolvam habilidades de liderança que incentivem a participação e valorizem as contribuições de todos os colaboradores no processo educativo.

A formação contínua dos educadores também é um aspecto central para o futuro da gestão democrática. De acordo com Ribeiro (2020), a capacitação dos professores em práticas de gestão participativa e em metodologias ativas de ensino é essencial para que eles se sintam preparados e motivados a contribuir de maneira significativa. A formação deve incluir não apenas aspectos técnicos, mas também a promoção de valores democráticos e o desenvolvimento de competências socioemocionais.

Outro aspecto relevante é a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TICs). O advento das novas tecnologias oferece oportunidades para ampliar a participação e a transparência nas decisões escolares. Segundo Silva e Almeida (2021), plataformas digitais podem ser utilizadas para facilitar a comunicação entre os membros da comunidade escolar, permitindo que todos tenham acesso às informações e possam opinar sobre os rumos da escola. Essa interação pode fortalecer o senso de pertencimento e responsabilidade coletiva.

Além disso, a gestão escolar democrática deve estar atenta às questões sociais e culturais que permeiam a comunidade escolar. A inclusão de práticas que considerem a diversidade étnica, cultural e socioeconômica dos alunos é fundamental para que todos se sintam representados e valorizados.

Segundo Freire (2017), a educação deve ser um ato de libertação, e a gestão democrática tem o potencial de criar um ambiente onde todos os alunos possam desenvolver sua identidade e potencialidades.

Por fim, a sustentabilidade das práticas de gestão democrática requer um compromisso contínuo por parte dos gestores escolares e das políticas educacionais. É necessário que haja um investimento em políticas que apoiem a formação de lideranças democráticas e a construção de ambientes escolares que promovam a colaboração e o respeito mútuo. Somente assim, a gestão escolar democrática poderá se consolidar como uma prática efetiva e transformadora no futuro da educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola e a sociedade se transformaram mutuamente. Ambos pertenciam a um passado autoritário e exclusivo, porém evoluiu dentro para um comportamento mais democrático, coletivo e participativo. Dentro das funções sociais que a escola tem o Gestor precisa estar atento na qualidade dos serviços que a escola oferece e se libertar do posto antieducativo em que foi colocado ressuscitando o seu papel também educativo na educação. Neste exercício a qualidade se instaura e a transformação ocorre. Promover uma educação de qualidade é responsabilidade de todos no contexto escolar fortalecendo as parcerias entre comunidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOURDIEU, P. O campo científico. In: Pierre Bourdieu. São Paulo. Ática, 1983.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 36a Ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2003.

FREIRE, P. (2017). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

GATTI, B. A. (2017). História da Gestão Escolar no Brasil: Uma Análise Crítica. São Paulo: Editora Moderna.

LIBÂNEO, J. C. (2004). Didática. São Paulo: Cortez.

MONTESSORI, M. A formação do homem. Tradução de Sônia Maria Braga 08 de Março de 2021.

PARO, V.H. Eleição de Diretores: A escola pública experimenta a democracia / Vitor Henrique Paro - Campinas, SP. Papirus, 1996.

PARO, V. H. (2018). Gestão Democrática da Escola: Caminhos e Desafios. São Paulo: Editora Moderna.

RIBEIRO, L. (2020). Formação de Educadores e Gestão Participativa. Belo Horizonte: Autêntica.

SILVA, T. A. (2020). Tecnologia e Gestão Escolar: Novos Caminhos para a Educação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio.

SILVA, T. A., & ALMEIDA, R. (2021). Tecnologia e Participação na Gestão Escolar. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio.

VEIGA, I. P. (2019). Gestão Escolar: Teoria e Prática. Belo Horizonte: Autêntica.