EXPLORANDO O PARALELO: DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS NO CONTEXTO DO TDHA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15541280


Harley Charles de Oliveira Santos


RESUMO
Sabe-se que a educação está disponível a todos os indivíduos. É na idade escolar que as dificuldades de aprendizagem aparecem. Essas dificuldades tanto podem contribuir para a evasão escolar como pode ser uma alavanca para que com apoio se busque soluções. A escola nem sempre consegue atingir os objetivos propostos com qualidade onde se possa agregar conhecimentos. Uma mesma estratégia nem sempre consegue atingir todos os alunos de maneira igual. Cada aluno é único, portanto, há vários níveis de aprendizagem numa mesma turma. O desafio maior é detectar e buscar alternativas que possam promover o aprendizado. Este trabalho de caráter bibliográfico não tem a intenção de esgotar o assunto, mas de apresentar a situação problema e sensibilizar o leitor.
Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem; TDHA; Dislexia.

ABSTRACT
It is known that education is available to all individuals. It is at school age that learning difficulties appear. These difficulties can both contribute to school dropout and can be a lever for seeking solutions with support. Schools are not always able to achieve the proposed objectives with quality where knowledge can be aggregated. The same strategy is not always able to reach all students equally. Each student is unique, therefore, there are several levels of learning in the same class. The greatest challenge is to detect and seek alternatives that can promote learning. This bibliographic work is not intended to exhaust the subject, but to present the problem situation and raise awareness among the reader.
Keywords: Learning difficulties; ADHD; Dyslexia.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Constituição Federal de 1988 artigos 206 entendemos que o acesso e permanência do educando a escola é um direito e que este deve ser de qualidade. Cada educando tem o seu tempo próprio de aprender, portanto ele é um ser dotado de capacidades, singularidades e habilidades que deve ser levados em consideração.

Cada educando tem sua motivação, seu interesse e suas experiências que irão promover o envolvimento com novas práticas.

Existe neste momento da etapa escolar do educando uma barreira que precisa ser enfrentada pela comunidade escolar, pela família e pelo aluno. Trata-se de uma dificuldade de aprendizagem que pode surgir no caminho e este tem sido um dos assuntos na educação mais estudados nos últimos tempos. Porque será que este fenômeno vem aumentando nos últimos tempos? Será que teria algum motivo relacionado com a velocidade do nosso tempo em relação a simultaneidade das informações? Ou tudo isso já existia antes apenas não estávamos percebendo?

Qualquer que seja a resposta o importante é encontrarmos um caminho o mais rápido possível, pois deste caminho depende o sucesso acadêmico de milhares de crianças. É correto pensar que o mediador/professor não presta favores neste processo, pois se trata de sua missão prestar este tipo de serviço nesta realidade.

A não detecção do problema em tempo hábil tem como consequência a evasão escolar. O sentimento de fracasso conduz os jovens ao mundo do alcoolismo, das drogas, da delinquência juvenil comprometendo a adaptação psicossocial do indivíduo.

Portanto, é em busca de uma critica reflexiva e sensível articulação de pensamentos que este trabalho de caráter bibliográfico se objetiva buscando nos autores pesquisados os caminhos almejados e as projeções para o futuro. No entanto, não será preciso esgotar o assunto em si, mas trazer à tona a importância desta reflexão para a nossa prática.

1 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Oque é uma dificuldade de aprendizagem? É Correia e Martins (2004) que nos dá a resposta para esta pergunta. A dificuldade de aprendizagem é caracterizada por uma alteração em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou no uso da linguagem, seja ela falada ou escrita. Essa condição pode se manifestar por dificuldades em ouvir, pensar, ler, escrever, soletrar ou realizar operações matemáticas. O termo abrange situações como distúrbios perceptivos, lesões cerebrais, disfunções neurológicas leves, dislexia e afasia do desenvolvimento. No entanto, não se aplica a crianças cujas dificuldades sejam causadas por problemas de visão, audição, motores, deficiência intelectual, distúrbios emocionais ou fatores ambientais, culturais e socioeconômicos.

Numa perspectiva orgânica as dificuldades ocorrem por desordens neurológicas onde a recepção, a integração ou a expressão das informações são interrompidas desqualificando o potencial do aluno em relação a sua realização escolar.

Numa perspectiva educacional tem como reflexo a incapacidade na aprendizagem para a leitura, escrita, cálculo ou aquisição das aptidões sociais. Podemos afirmar que estes educandos que apresentam dificuldades de aprendizagem podem ser pessoas brilhantes em qualquer outra área mesmo apresentando problemas na resolução de tarefas escolares. A dificuldade de aprendizagem específica que a criança porta se dá quando ela não alcança os resultados de aprendizagens referidos a sua idade e capacidade existentes entre a realização escolar e a sua capacidade intelectual tanto em uma ou mais áreas como: Expressão oral; Compreensão auditiva; Expressão escrita; Capacidade básica de leitura; Compreensão da leitura; Cálculo e raciocínio matemático.

É possível afirmar que uma criança tem dificuldade de aprendizagem específica quando ela não apresenta os mesmos resultados que outras crianças d sua idade. A dificuldade de aprendizagem é um termo amplo que se refere a distúrbios variados, caracterizados por problemas significativos na aquisição e uso de habilidades como escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio e matemática. Essas dificuldades têm origem neurológica, são inerentes ao indivíduo e podem acompanhá-lo ao longo da vida. Podem coexistir com problemas de autorregulação, percepção e interação social, mas não são causadas por esses fatores. Embora possam ocorrer junto a outras condições, como deficiência sensorial, intelectual ou influências externas (como ensino inadequado), não são resultado direto dessas causas (CORREIA; MARTINS, 2004, p. 08).

Ao considerar relevante a citação supracitada depois de refletir sobre elas percebe-se que não há um consenso por parte dos profissionais da área e podemos dizer que um educando não tem dificuldade de aprendizagem quando os seus problemas não estão atrelados a suas privações sensoriais como: Deficiência intelectual; Fatores ambientais ou diferenças culturais e as perturbações emocionais.

Será que estas dificuldades de aprendizagem afetam somente as crianças? De certo que não elas podem afetar tanto as crianças como os jovens e adultos. Devido à dificuldade de o diagnóstico estar atrelado a uma multiplicidade de fatores que agem juntos interligados o mais adequado a se fazer é trabalhar no educando os seus pontos fortes.

1.1 Entendendo o processo de aprendizagem

O processo de aprendizagem utiliza várias áreas do conhecimento como a Neuropsicologia, Pedagogia, Psicologia etc. e pode ser entendida como um conjunto de habilidades, competências, valores e conhecimentos que são adquiridos mediante estudos e vivências experienciados pelo educando. Para Paín (1985) a aprendizagem é: A aprendizagem é um processo dinâmico que envolve a compreensão da realidade e resulta em uma mudança qualitativa na capacidade do indivíduo de agir sobre ela. Essa mudança reflete uma forma mais eficiente e equilibrada de responder a situações. Quanto maior a necessidade do sujeito, mais rápida tende a ser a aprendizagem, devido à urgência em superar a dificuldade (1985, p. 23).

Tanto os fatores externos como os internos realizam interferências na aprendizagem. Compreende-se que as crianças aprendem usando o corpo e pelo modo como repercute na sua aprendizagem observa-se a relação que existe com sua autoimagem e autoestima. A condição cognitiva da aprendizagem é outro aspecto a ser observado o como se dá a equilibração desta aprendizagem perante as fases deste desenvolvimento.

É fato que precisa considerar a aptidão individual de cada aluno em relação a suas áreas do conhecimento. A motivação interna é outro elemento relevante. Ao perceber sua capacidade de desenvolvimento esta motivação torna-se mais ativa favorecendo e tendo o sentimento de satisfação. É necessário despertar essa motivação na criança e ajuda-la a ter um objetivo para querer aprender a ler e a escrever. Paín (1985, p.12) elucida que a “aprendizagem é um processo simultâneo na instância alienante e libertadora”.

Para Paín (1985) qualquer que seja a perturbação que desmotive ou tire a sensação de liberdade do educando no seu processo de aprendizagem pode ser considerado uma dificuldade de aprendizagem que ode se caracterizar como um sintoma não permanente.

A autora relaciona o sucesso do processo de aprendizagem com a afetividade familiar que deve estar presente nos momentos bons e nos momentos ruins do educando.

Ainda expondo sobre as potencialidades do educando existem aqueles que são ótimos no esporte, nas artes como pintura, dança, música que são áreas do conhecimento caracterizado como linguagens, portanto cada ser humano tem sua peculiaridade e característica diferenciada.

É Garcia (1998) que comenta sobre o diagnóstico em relação à dificuldade de aprendizagem por estar atrelado a outros transtornos. A gagueira, por exemplo, é uma das consequências do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

O autor supracitado ensina que é preciso entender e compreender os termos para usa-los quando se refere há uma dificuldade de aprendizagem como no caso da disfasia quando a criança não desenvolve a linguagem conforme o esperado e a afasia quando a linguagem não é desenvolvida em consequência de uma lesão cerebral. Garcia (1998) também parte do conceito expressivo de que as dificuldades de aprendizagem têm como característica o baixo rendimento em relação à idade da criança considerando o seu quociente intelectual que interfere no rendimento escolar e na vida no dia a dia.

É imprescindível compreender os critérios que correlacionam aptidão, rendimento escolar e exclusão. Há situações que são heterogêneas e que se sobrepõe a outras influências (GARCIA, 2004 p15).

É na escola que se encontram diversas crianças que apresentam variadas formas de dificuldades de aprendizagens. Entre elas a dislexia, disortografia e discalculia. Mesmo os profissionais de sala de aula “detectando” (ainda que não diagnosticado) no sentido de suspeita este profissional não consegue sanar o problema sozinho e muitas vezes encontra-se a dificuldade em encontrar um profissional qualificado para este trabalho. É nos anos iniciais do ensino fundamental que despontam as dificuldades podendo se estender por muitos anos da vida.

No ensino fundamental os alunos e professores são sujeitos ativos envolvidos com a alfabetização e letramento que é um processo complexo que envolve conhecimento e várias metodologias.

É o a competência técnico-linguística do professor que depende o sucesso deste processo somado às condições de trabalho. É por meio da linguagem que o Homem alcança novos patamares, consegue expressar suas ideias através da comunicação e interagir na sociedade.

Sabe-se que existe uma variedade de estratégias e metodologias para contribuir no desenvolvimento, mas cabe ao professor conhecer e saber ao menos um pouco sobre cada uma delas. Cabe ao professor descobrir o potencial do educando e os seus pontos fortes e a partir daí promover a aprendizagem com os seus estímulos.

De acordo com o documento do Ministério da Educação Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante a troca entre o organismo e o meio, mecanismo pelo qual se da à formação das estruturas cognitivas.Ao interagir com o ambiente, o organismo entra em desequilíbrio e, para se adaptar, cria novos esquemas. Brincar e resolver problemas são ações que contribuem para essa construção, levando a formas mais complexas de pensar, compreender e interpretar o mundo (BRASIL, 1988, p. 19).

Portanto, o aprendizado tem inicio muito precoce, já durante a primeira etapa do desenvolvimento infantil, a criança especializa e aumenta seu repertório de relações e expressões através dos movimentos e das sensações que lhes proporcionam.

Desta forma, podemos dizer que à medida que a criança evolui no controle de sua postura e especializa seus movimentos, sendo cada vez mais capaz de deslocar-se e aumentar sua exploração do meio, está lançando as bases de seu aprendizado, seu corpo esta sendo marcado por infinitas e novas sensações.

Desde o nascimento, o celebro infantil está em constante evolução através de sua inter-relação com o meio A criança percebe o mundo pelos sentidos, age sobre ele, e esta interação se modifica durante a evolução, entendendo melhor, pensando de modo mais complexo, comportando-se de maneira mais adequada, com maior precisão práxica, à medida que domina seu corpo (CAMARGO, 1994p. 17).

O aluno precisará de um tempo para experimentar, aprender e ele mesmo definir se o resultado vai ao encontro de suas expectativas e necessidades.

Para Herrero (2000) o conceito de necessidade especial surgiu para dar resposta às crianças que, por diferentes causas, apresentam dificuldades de aprendizagem e necessitam de uma ajuda diferenciada daquela fornecida aos demais alunos.

Conforme os dispositivos citados acima as pessoas com deficiência física ou modalidade reduzida tem em lei o direito a aprendizagem dentro de um espaço de educação formal e este espaço deve buscar meios seja de ordem arquitetônica, com materiais pedagógicos específicos e/ou humana.

2 ETIOLOGIA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS

De acordo com o Dicionário Aurélio etiologia é o estudo sobre a origem das coisas neste caso as dificuldades de aprendizagens. É considerável o numero de autores que discordam sobre da etiologia das dificuldades de aprendizagens, mas concordam que nas dificuldades específicas de aprendizagem a origem encontra-se no sistema nervoso central havendo uma diversidade de fatores que contribuem pata isso. É preciso considerar: a) A hereditariedade – quando os caracteres físicos ou morais de uma pessoa são transmitidos aos descendentes; b) Aos fatores peri - natais – quando o parto prolongado ou difícil, hemorragias intracranianas durante o nascimento ou a privação de oxigênio (anóxia) etc; c) Aos fatores pré - natais – uso de álcool ou drogas durante a gravidez, excessos de radiação, incompatibilidade de RH com a mãe, insuficiências placentárias etc; d) Aos fatores pós – natais – tumores e derrames cerebrais, traumatismos cranianos, má nutrição, substancias tóxicas e a negligencia do abuso físico (CORREIA; MARTINS, 2004).

Há autores que classificam as dificuldades de aprendizagem envolvida em fatores, mas é Pain (1995) que os considera como sintoma cumprindo positivamente uma função que integra o fato do “aprender” determinado por: a) Fatores orgânicos – relacionado os funcionamento dos órgãos dos sentidos e sistema nervoso; b) Fatores específicos – que se manifestam na linguagem ou na organização espacial ou temporal; c) Fatores ambientais – ambiente determina condições que favorecem ou não a aprendizagem; d) Fatores psicógenos – embora a dificuldade seja um sintoma é inconsciente como consequência uma diminuição das funções cognitivas como o caso de uma inibição intelectual.

Alicia Fernandes é uma autora envolvida aos estudos dos problemas de aprendizagem. Em seu livro A inteligência aprisionada (1991) trata a dificuldade de aprendizagem como sintoma e/ou fraturas em que o organismo, a inteligência, o corpo, leva ao desbloqueio das possibilidades de aprendizagem do indivíduo. A origem das dificuldades de aprendizagem para a autora supracitada estão na estrutura familiar e individual da criança atreladas a: Causas externas a estrutura familiar e individual como confronto entre escola e o aluno; Causas internas a estrutura familiar e individual como a relação entre corpo, organismo, desejo e inteligência enquanto sintoma ou inibição; Modalidades do pensamento derivadas de uma estrutura psicótica; Fatores de deficiência orgânica (NUTTI, 2004).

Existe um movimento na literatura na tentativa de esclarecer as variáveis a que são atribuídas as dificuldades de aprendizagens como: Variáveis pessoais – lesões corporais ou hereditariedade; Variáveis ambientais – como ambientes familiares e educacionais inadequados; Combinação interativa de ambos os tipos.

Muitas determinantes se apresentam como causa das dificuldades de aprendizagens e a maioria delas não podem ser descartadas. Causas neurológicas, fatores acadêmicos, processos neuropsicológicos e ambientais são os exemplos.

Só porque existe uma dificuldade de aprendizagem não significa que a criança estará enfadada a estar presa nela e de que alguma coisa precisa ser feita embora seja correto compreender que muitas situações ainda permanecem desconhecidas (NUTTI, 2004). Os problemas de aprendizagens não são restringíveis as caudas físicas ou psicológicas, nem a análise das conjunturas sociais. É necessário buscar compreensão focada no multidimensional, que combine fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos percebidos dentro das articulações sociais.

Tanto a análise, quanto as ações dos problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade (SCOZ, 2005 p.32).

Para o autor supracitado uma postura social é muito mais positiva, pois interage e integra o indivíduo em situação de dificuldade de aprendizagem. É necessário estar habilitado para desenvolver um trabalho específico com esta demanda de dificuldade e para que seja adequado o processo.

Se a situação problema estiver relacionado a fraturas na relação aluno/professor ou na estrutura familiar é realizado um direcionamento, mas se a situação problema estiver atrelada a ordem psicomotora anterior a alfabetização o direcionamento será outro. Existem ainda outros direcionamentos para serem providenciados caso o comprometimento seja de ordem emocional ou neurológica. Qualquer que seja a dificuldade da criança é perceptível que um suporte de atuação pedagógica deverá ser providenciado tanto na sala de aula como fora dela como uma intervenção de psicopedagógico, fonoaudiólogo, neurologista etc. Quanto mais cedo à identificação da dificuldade maiores serão as chances de encontrar caminhos para melhorar a qualidade de vida desta criança e tem caráter de facilitar a tomada de decisões relacionadas a vida escolar da criança.

Portanto, um educando só poderá ser considerado um aluno com dificuldade de aprendizagem se: a) Se o funcionamento intelectual da criança estiver na média ou acima dela; b) Se houver uma discrepância entre o potencial estimado e a realização escolar atual; c) Se for comprovado que o insucesso escolar for causado por problemas de fala, escrita, leitura, raciocínio e matemático. d) Se ocorrer problemas de concentração e atenção. Problemas de memória e ajustamento social são também comuns aos indivíduos com dificuldades de aprendizagens. É imprescindível observar que as avaliações são determinantes para maximizar o potencial do aluno.

3 A AVALIAÇÃO DO EDUCANDO COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

O profissional e o professor poderão realizar diversas atividades para verificar a realidade do aluno. A) Do ponto de vista psicolinguístico e da aritmética: Escrita espontânea; Ditado; Cópia; Conceitos numéricos, relações de quantidade e correspondências, Leitura e interpretação de texto; Problemas de enredo; Adição, subtração, multiplicação e divisão. A) Do ponto de vista dos comportamentos e processos relevantes para a aprendizagem: Auto-conceito e auto-estima; Nível de atenção e concentração nas atividades; Motivação e interesse pelas atividades; Estilo cognitivo (impulsos e reflexivos), Nível de ansiedade; Estratégias cognitivas (análise, síntese, observação, classificação, percepção e outros recursos para resolução de tarefas); Grau de independência / autonomia para realizar atividades; Comportamentos compatíveis ou não com a idade cronológica; Recursos cognitivos, afetivos e comportamentais preservados; Suporte da família ao desempenho escolar da criança.

Para prevenir e/ou reduzir o insucesso escolar e social do aluno somente uma avaliação multidisciplinar e ampla aliada a uma intervenção adequada poderá endossar a prática do professor/profissional. Jamais estes profissionais deverão cruzar os braços perante uma situação em que o aluno não esteja acompanhando a proposta curricular do ano em que frequenta. As frustrações e as consequências de se viver com dificuldade de aprendizagem, incompreendidas por todos aqueles que nos rodeiam, podem ser devastadoras (CORREIA; MARTINS, 2004).

3.1 O Encaminhamento

Todo serviço pedagógico deve estar à disposição do educando no ensino regular. Correia, Martins (2004) que estes recursos devem facilitar a aprendizagem: a) Reestruturação do ambiente educativo; b) Simplificação no que diz respeito as tarefas escolares; c) Ajustamento de horários; c) Alteração de textos e tarefas de casa; d) Uso da informática e técnicas de comunicação; e) Alteração das propostas de avaliação.

Sendo assim não há uma metodologia de ensino específica para as diversas dificuldades de aprendizagem das crianças. Há situações em que a ação do professor é necessária, mas há situações em que a ação de especialistas sejam devidamente necessárias. No sentido geral para que este aluno seja amparo é necessário que: a) Tomada de atitude por parte dos profissionais e dos pais; b) Adequada formação dos professores e dos agentes educativos; c) Trabalho cooperativo entre eles; d) A inclusão em classe regular e e) Serviços auxiliares quando necessários.

4 DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS E OUTROS DISTÚRBIOS E TRANSTORNOS

Um distúrbio de aprendizagem é chamado de anormalidade patológica devido a alterações violentas na ordem natural do processo de aprendizagem e se apresenta em pessoas que tem que aprender alguma coisa. Remete-se a uma doença que acomete o aluno em nível individual e orgânico.

O CID para este transtorno é CID-10 (1992) indica conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecíveis, associados, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. Podendo predominar fatores biológicos que podem interagir com fatores não biológicos. Dificuldade de aprendizagem refere-se a um grupo de crianças com baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interação com a falta de interesses, perturbação emocional, inadequação metodológica, padrão alto de exigência e cobrança por parte da escola e/ou pais (COLLARES: MOYES apud NUTTI, 2004 p.21).

A dificuldade de aprendizagem pode aparecer associada aoutros quadros descritos no desenvolvimento da criança como um sintoma secundário associado a uma disfunção psiconeurológica ou neuropsiquiátrica.

Há dois quadros que sempre é citado na literatura e muito presente na prática do professor: a) Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); b) Dislexia.

Estima-se que quatro por cento das crianças em idade escolar apresentam este quadro enquanto que dois por cento dos adultos se enquadram nesta pesquisa.

Novacotis (2001) diz que TDAH é a condição crônica de saúde de maior prevalência em crianças em idade escolar. Principais sintomas: a) Desatenção – dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e profissionais; dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domesticas ou deveres profissionais; dificuldade em organizar tarefas e atividades; evitar, relutar, em envolver-se em tarefas que exijam esforço intelectual constante; perder coisa necessárias para tarefas ou atividades; ser facilmente distraído por estímulos alheios a tarefa; apresentar esquecimentos em atividades diárias. Os sintomas são elevadas taxas de prejuízo acadêmico. B) Hiperatividade- agitar as mãos, os pés ou se mexer na cadeira; abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nos quais se espera que permaneça sentado; correr ou escalar em demasia em situações nas quais isto é inapropriado; dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer; estar frequentemente exercendo excessivas atividades; falar em demasia. Os sintomas são altas taxas de rejeição e de impopularidade entre os colegas. 
C) Impulsividade – frequentemente dar respostas precipitadas antes da pergunta ter sido feita; dificuldade em esperar a vez; interromper ou interferir frequentemente em assuntos de outros; Os sintomas destes três citados causam elevada taxa de prejuízo acadêmico, conduta, oposição e desafio. Para diagnosticar o TDAH pelo (06) seis dos sintomas devem estar presentes considerando a durabilidade, frequência e intensidade; considerar os prejuízos; envolver a escola os pais e a criança.

As principais consequências do TDAH são baixo rendimento escolar, dificuldades no relacionamento, estima baixa, interferência no desenvolvimento educacional e social, predisposição a distúrbios psiquiátricos. Existe também a TDAH e Comorbidades que se refere a transtorno de conduta e transtorno de opositor desafiante, depressão, ansiedade, abuso e/ou dependência de drogas.

Existem medicamentos que contribuem muito, mas é importante que terapias e medicamentos sigam juntos para que o efeito seja satisfatório. A dislexia se caracteriza pela dificuldade na leitura geralmente na escrita durante o processo de alfabetização. É genético que compromete a função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais. A criança não consegue ler do mesmo modo que seus colegas apesar de sua inteligência ser normal seus sentidos e órgãos intactos. As causas ainda são desconhecidas sabe-se que é hereditária afetando mais os homens do que as mulheres informação esta dada pela Associação Brasileira de Dislexia. Portanto, de acordo com Revista Sentidos, ano 01, nº 06, 2002) os sinais de alerta são: Histórico familiar, fraco desenvolvimento da atenção, imaturidade/incapacidade de brincar com outras crianças, atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade em nomear coisa, atraso no desenvolvimento visual, dificuldade em aprender rimas, falta de coordenação motora fina (desenho) grossa (ginástica), dificuldade com quebra cabeça, falta de interesses por livros e revistas, dificuldade em acompanhar histórias que lhe são contadas, dificuldade para aprender o alfabeto, dificuldade para aprender a relação letra/som, dificuldade com memória imediata.

Vilanova e Cypel (2001) enfatizam as dificuldades do disléxico em fase escolar: memorizar rimas e canções, pronunciar palavras, compreender e memorizar textos, ler e escrever (a letra é muito ruim, leitura silábica ou sub-silábica), soletrar e reconhecer palavras, distinguir letras com grafia e/ou sons semelhantes. O autor ainda acrescenta que fazer provas escritas, entender a parte semântica e/ou sintática de palavras e frases, distinguir palavras de estruturas similar, diferenciar tempos verbais, acompanhar a narração de histórias, interessar-se por livros, manter a tenção nas aulas, realizar cálculos, em alguns casos.

Emocionalmente a atitude depressiva, agressiva ou pejorativa, falta de autoconfiança e autoestima baixa, insegurança em atividades relacionadas a escrita e a leitura. Diagnosticar dislexia não é fácil, exige ampla experiência e deve ser levantada a hipótese somente após os 08 anos de idade. Acompanhar a criança desde a 2ª serie com o relatório dizendo que embora não apresente defeitos sensoriais, regularmente frequenta a escola tem dificuldade no aprendizado embora tenha sucesso em matemática.

Nestes caso observar que a dislexia procede de um histórico familiar, estudo da capacidade intelectual, estudo de fatores emocionais, avaliação da psicomotricidade, avaliação pedagógica, analise do material escolar, exame neurológico e fonoaudiológico e testes específicos exploratórios de dislexia. A detecção para o tratamento quanto mais cedo maior é a possibilidade de se lidar com a situação e a forma de planejar com os especialistas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo foi exposto definições, causas, identificações, avaliações das dificuldades de aprendizagens com foco no transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade e também Dislexia. Sabe-se que a intervenção vai variar de pessoa a pessoa considerando que o objetivo do ensino é a conquista das habilidades. Muitos profissionais utilizam a ludicidade como instrumento para conduzir e tornar o ambiente agradável. Desta forma permite-se que a autoexpressão e a socialização considerando que os benefícios desenvolvem a memória, observação, atenção, criatividade, raciocínio que contribuem para a desinibição.

Dar ênfase ao grafismo é outra forma de conduzir o atendimento se preocupando com a formação das letras como é o seu traçado, a visualização, o som, a pontuação o uso da palavra, os momentos em que se usa letra maiúscula e minúscula também é importante.

No mundo moderno na era das informações simultâneas a tecnologia é uma fonte de inspiração para muitos profissionais. A curiosidade em explorar a internet leva o educando a um novo mundo e é uma fonte de estímulo necessário para encontrar que o educando encontre a funcionalidade na escrita e saber que a comunicação é favorável a sua aprendizagem.

Desta forma o profissional tem um papel importante primeiro em não se apressar no diagnóstico para não “marcar” a vida da criança e segundo em estabelecer as metas que trarão benefícios a este educando. Faço minhas as palavras dos autores aqui apresentados e reforço que mais estudos precisam ser feitos nesta área.

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