EDUCAÇÃO E FILOSOFIA: POR UM EDUCAR HUMANIZADO E ÉTICO

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10724740


Camila do Nascimento1
Elisangela da Silva Carneiro2
Luciane do Rossio Leal3


RESUMO
O presente trabalho irá discutir os pressupostos teóricos da filosofia e da educação, sob o viés humanizado e da ética. Que trazem questionamentos acerca da importância da Filosofia na educação, quando se sabe que a educação é como um corpo vivo que sofre constantes mudanças. A Filosofia então, encaixa-se como reflexão dentro desse contexto, sobre o sujeito, o cenário, trazendo contribuições e acompanhando criticamente as atividades educacionais como um todo. A Filosofia é entendida como reflexão crítica, examinando, entendendo com cuidado minuciosamente as condições educacionais, na visão da educação humanizadora que também é crítica. Em tempo, pode-se compreender a Filosofia como essencial para a Educação, mediando, e admitindo sua importância crucial na formação do educador e educandos. Ela leva-nos a pensar, indagar, questionar, interpelar, interrogar e assimilar contextos históricos-sociais. Os levantamentos aqui apresentados serão por intermédio de pesquisa bibliográfica realizada em livros, materiais eletrônicos, publicações, artigos etc., busca-se responder com foco específico no tema.
Palavras-chave: Educação. Filosofia. Ética. Humanização.

ABSTRACT
The present work will discuss the theoretical assumptions of philosophy and education, under the humanized and ethical bias. Which bring questions about the importance of Philosophy in education, when it is known that education is like a living body that undergoes constant changes. Philosophy, then, fits as a reflection within this context, on the subject, the scenario, bringing contributions and critically accompanying educational activities as a whole. Philosophy is understood as critical reflection, carefully examining and understanding the educational conditions, in the view of humanizing education, which is also critical. In time, one can understand Philosophy as essential for Education, mediating, and admitting its cruciais importance in the education of educators and students. It leads us to think, question, question, interpellate, interrogate and assimilate historical-social contexts. The surveys presented here will be based on bibliographical research carried out in books, electronic materials, publications, articles, etc., with a specific focus on the theme.
Keywords: Education. Philosophy. Ethic. Humanization.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho se propõe a discutir os pressupostos que cercam a Filosofia e a Educação de forma colaborativa entre as duas áreas, visto que, são essenciais nas discussões sobre o homem como sujeito ativo na sociedade em que atua e vive. Enfrenta-se no mundo atual crises constantes no sistema educacional, pela falta de reflexão sobre o mundo e sobre as mudanças que acontecem a todo momento (PEREIRA, et.al, 2020).

Essas mudanças provocam alterações nas estruturas sociais que conhecemos, a escola é uma delas, sendo se não, a principal abertura onde se pode observar essas oscilações de mudanças. A escola é espaço de construção, trocas de experiências e experimentação, de diálogo, de conversas, espaço de construção, do sujeito e do mundo. Sendo assim, a Filosofia como reflexão do mundo, é primordial para entendermos os fatores determinantes que cercam essas duas importantes áreas (PEREIRA, et.al, 2020).

Este estudo objetiva compreender a relação entre as áreas da Filosofia e da Educação e a conexão de um educar humanizado, que seja ético e leve em consideração a formação integral dos sujeitos envolvidos neste contexto.

O art. 36 da lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio.

Para tanto, a Filosofia e Educação serão tomadas como referências para compreender-se as perspectivas e desdobramentos dessas duas importantes áreas para a educação e na construção do saber.

A educação acompanha o sujeito desde sempre, é através dela que o homem internaliza saberes, troca experiências, transforma o meio social em que está inserido, ela é intrínseca, acompanha as relações do homem com os outros e com o mundo ao seu redor, e assim como a Filosofia, a Educação é também indispensável ao homem. (FREITAS, 2010).

A Filosofia e a Educação não são e nunca serão caminhos opostos, ela não se dissocia, pelo contrário, é por intermédio delas que há reflexão sobre um educar humanizado e sobre a existência. Sabe-se por exemplo, que os Filósofos não pretendiam apenar em informar as pessoas, mas também de educá-las.

É nesse viés que este estudo propõe reflexões críticas sobre a junção dessas duas áreas relevantes na construção e na observação do mundo e do homem.

2. MÉTODOS

Este estudo objetivou-se pela pesquisa bibliográfica e recorreu à abordagem quantitativa, que visa assim, procurar diversas fontes de informações para explorar a Filosofia e a Educação, a partir de vários ângulos. A escolha desta metodologia permitiu revisar de maneira detalhada as duas áreas.

Como objetivo geral este trabalho tem em ampliar o estudo sobre Filosofia e Educação. A partir disso, os objetivos específicos se desdobram em: compreender as possibilidades de colaboração das duas áreas; a importância das duas áreas para a formação do homem e a construção da sociedade; refletir sobre um educar humanizado que leva em consideração os pressupostos da Filosofia.

O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consulta às bases de dados especializados, como: SCIELO e Google Acadêmico. Foram usadas as seguintes palavras-chave: filosofia, educação, humanização, aprendizagem.

Foram selecionados teses e artigos após leitura e análises de livros, artigos, dissertações, teses e traduções pertinentes à temática desenvolvida e o estudo e análise das duas áreas citadas.

Quanto ao objetivo a pesquisa de caráter exploratória, com a análise de documentos e levantamento bibliográfico para melhor compreensão sobre o tema.

Quanto ao objeto deu-se pesquisa bibliográfica visando consultar acervos de dados existentes que puderam contribuir para a conclusão desde trabalho.

Sobre a pesquisa bibliográfica, Fonseca (2002, p. 32) diz que:

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2022, p.32).

Após selecionados os critérios, o material selecionado contou com um pouco mais de 18 fontes. Foram utilizadas, preferencialmente, publicações com autores que dialogam sobre o tema. Após o levantamento das fontes, iniciou-se a análise e interpretação do conteúdo, buscando direcioná-lo ao objetivo principal dessa pesquisa e melhor compreensão.

3. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: CONCEITOS E CONCEPÇÕES

O homem como sujeito social, modifica a todo instante seu contexto, produz cultura e valores, diante disso reconhece-se a importância de discutir-se a Filosofia e a Educação como fontes de saberes e reflexões sobre si mesmo e sobre o mundo (SOBRINHO, 2015).

A Filosofia é saciada das fontes pedagógicas, quando se utiliza do fazer pedagógico para tornar mais compreensível o próprio conhecimento filosófico, andam juntas, pois filosofar também caminha no ato de ensinar, ambos modificam os destinos dos homens (FRANKLIN E PINHEIRO, 2016).

A Filosofia dentro da Educação colabora no processo educacional através do agente mediador da aprendizagem, o professor. Este, é responsável pelas alterações e modificações dentro do seu contexto de atuação, fortalecendo da troca de conhecimento e favorecendo a compreensão de como o saber é tratado, para além de meramente instrucional (LIPMAN; SHARP; OSCANYAN, 1997)

A importância da filosofia nas áreas da educação se dá pelo seu aspecto crítico e argumentativo, de uma atitude questionadora que indispensável na busca pelo conhecimento, a filosofia perpassa todas as áreas do conhecimento e não se restringe a lugar, ela questiona tudo e todos, e põe a prova os saberes necessários para a formulação de novas teorias e novos aprendizados (FREITAS, 2010).

Em tempo, o inciso III do artigo 35 da LDBEN 9.394/96 discorre pela importância do “[...] aprimoramento do educando como pessoa humana, [...] a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, tarefas que certamente a Filosofia facilitaria no aluno de EM” (BRASIL, 1996).

É preciso reflexão sobre a prática, para que se possa sempre aperfeiçoar novas que surgem, preparar os sujeitos para serem críticos e reflexivos não é tarefa fácil, requer sabedoria e discernimento sobre contextos e sujeitos, pois como Luckesi (1994) aponta:

Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento dos jovens e das novas gerações de uma sociedade, a filosofia é a reflexão sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes jovens e está sociedade. (...) O educando, que é, o que deve ser, qual o seu papel no mundo; o educador, quem é, qual o seu papel no mundo; a sociedade, o que é, o que pretende; qual deve ser a finalidade da ação pedagógica. Estes são alguns problemas que emergem da ação pedagógica dos povos para a reflexão filosófica, no sentido de que esta estabeleça pressupostos para aquela (LUCKESI,1994, p. 31-32)

Sendo assim, convém-nos reforçar a importância das duas áreas para a construção integral do sujeito homem e sua intervenção no mundo em que vive, através das colaborações entre filosofia e educação será possível contribuir com a reflexão, diálogo, emancipação que o cenário educacional tanto carece.

Ao longo da trajetória educacional a disciplina de Filosofia passou por lutas que foram superadas em sua trajetória, considerando-a como indispensável no currículo escolar, como temos pela lei LDBEN 9.394/96, afirmando a importância do caráter reflexivo e crítico da Filosofia, político e ético na construção do sujeito em sociedade.

É preciso reflexão para além das questões aprendidas no contexto da escola, a vida perpassa os muros, sendo assim, precisa-se estar atento ao mundo que nos cerca, nas ações que infligimos, por meio da filosofia é possível ter implicações positivas que cooperem para o crescimento de todos os sujeitos envolvidos.

3.1 A importância da Filosofia no contexto educacional: educação ética e humanizada

Uma das principais contribuições da filosofia no contexto da educação é sua capacidade de questionar as práticas educacionais existentes e propor alternativas mais eficazes.

No entanto, a filosofia da educação não pode ser vista como uma disciplina isolada. Como afirmou Saviani (1990, p.56), é tarefa da filosofia da educação "[...] acompanhar reflexiva e criticamente a atividade educacional de modo a explicitar os seus fundamentos, esclarecer a tarefa e a contribuição das diversas disciplinas pedagógicas e avaliar o significado das soluções escolhidas".

Além disso, a filosofia pode ajudar a identificar os valores subjacentes à educação e como eles afetam o processo educacional. Por exemplo, se valorizamos a autonomia dos alunos, isso terá implicações para o tipo de currículo que oferecemos e para as metodologias pedagógicas que utilizamos. Segundo Freire (1970, p.35), "a educação é um ato político". Isso significa que as escolhas educacionais que fazemos têm implicações políticas e sociais mais amplas.

Outra contribuição importante da filosofia da educação é sua capacidade de promover a reflexão crítica sobre os objetivos e valores da educação. Como afirma Chauí (2002, p.120), "a filosofia não tem respostas prontas nem soluções acabadas; ela tem perguntas, problemas e desafios". Isso significa que a filosofia pode ajudar a questionar as suposições implícitas nas práticas educacionais existentes e promover uma abordagem mais reflexiva e crítica.

Em suma, a filosofia da educação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma educação transformadora e crítica, capaz de subsidiar a educação pela humanização e pela ética. Ao questionar as práticas educacionais existentes, identificar os valores subjacentes à educação e promover a reflexão crítica sobre os objetivos e valores da educação, a filosofia pode ajudar a criar um ambiente educacional mais centrado no aluno, mais autônomo e mais crítico.

3.2 O desenvolvimento do pensamento filosófico ocidental e o fenômeno educativo.

A relação entre o desenvolvimento do pensamento filosófico ocidental e o fenômeno educativo é uma questão central na Filosofia da Educação. Segundo Bello (1969), a filosofia da educação é uma reflexão crítica sobre a educação, que busca compreender as suas finalidades, os seus métodos e os seus valores.

Desde a antiguidade, a filosofia tem se ocupado com questões educacionais. Platão, por exemplo, em sua obra "A República", discute a formação dos guardiões da cidade ideal e defende que a educação deve ser voltada para a formação do caráter moral dos indivíduos Platão (2000). Aristóteles, por sua vez, em "Ética a Nicômaco", afirma que a educação deve ser orientada para o desenvolvimento das virtudes Aristóteles (2009).

Ao longo da história da filosofia ocidental, diversas categorias e conceitos foram desenvolvidos para pensar o fenômeno educativo. Um exemplo é o conceito de Paideia, presente na obra de autores como Platão e Sócrates. Para estes autores, Paideia significa um processo de formação integral do indivíduo que envolve não apenas o conhecimento intelectual, mas também a formação moral e física Isócrates (2002).

Outra categoria importante é a ideia de Bildung ou formação humana desenvolvida por autores como Kant e Hegel. Para Kant (1996), Bildung é um processo pelo qual o indivíduo se torna um ser humano pleno, capaz de pensar e agir de forma autônoma. Já para Hegel (2010), a formação humana é um processo histórico que envolve a realização da liberdade e da razão.

Por fim, autores como Dewey e Freire desenvolveram conceitos como experiência e educação problematizadora, respectivamente. Para Dewey (1980), a experiência é o ponto de partida para a aprendizagem, pois é por meio dela que o indivíduo constrói o seu conhecimento. Para Freire (1970), a educação problematizadora é aquela que parte da realidade concreta dos alunos e busca transformá-la por meio da reflexão crítica e da ação transformadora.

Assim, pode-se perceber que ao longo da história do pensamento filosófico ocidental, diversos conceitos e categorias foram desenvolvidos para pensar o fenômeno educativo. Esses conceitos e categorias são importantes para compreendermos as diferentes perspectivas sobre a educação ao longo do tempo e para refletirmos criticamente sobre as finalidades, os métodos e os valores presentes na educação contemporânea.

3.3 Filosofia, educação e ética.

Conforme termos etimológicos a palavra ethos, (grego), mos (latim), com significado da moradia habitual, estrutura-se para ética moral, exemplo para os seres humanos que habitam o mundo, sob o conceito para designar filosoficamente, com a vertente de qualificar o ser humano, aprimorando com um sujeito sensível aos valores e princípios, para que tenha uma configuração de agir conforme sua consciência.

A história da filosofia é testemunhada, afirmando que a educação foi pensada em torno da formação ética, com o discurso da era medieval, tendo como proposta que a educação e que promove constantemente à transformação do ser humano, marcando sua trajetória humanitária com os valores e princípios, pois ninguém nasce humano, transforma-se através do processo educativo, nascemos apenas com características da espécie.

O axioma permeia pela sensibilidade, tendo como ponto de vista a experiência pelo sujeito, comparando com a sensibilidade da razão epistêmica, característica essa específica dos seres humanos, onde se faz necessário ser sustentada e cultivada, tanto quanto ao conhecimento, pois essas práticas não são de efeitos de ações exclusivas, pujantes vitais e instintivas do ser humanos.

A função e o papel são atribuídos à educação: empreendimento ético-formativo, processo de auto constituição do sujeito como pessoa ética.

A paidéia, foi aceita como proposta na formatação da cultura clássica latina e grega, porém nesse processo de construção e constituição do sujeito ético, não há ausência na Filosofia medieval e antiga, referenciando às dimensões sociais, políticas e comunitárias, exemplificando a subsistência dos seres humanos. Basta mencionar alguns exemplos de obras clássicas, Políticas de Aristóteles, A república de Platão, todas essas referências são direcionadas para atuação dos indivíduos.

Já quanto as questões políticas, essas ficam vinculadas à ética, sendo que, tanto na qualidade e intensidade e aperfeiçoamento e postura das ações morais dos indivíduos. A pólis depende exclusivamente da qualidade de vida dos habitantes.

Para Severino, (2006), sugere que ao construir o modelo de pólis ideal, também se é praticado uma proposta filosófica de uma prática pedagógica ético-política, onde a prática da virtude e o conhecimento, garantem a viabilidade e legitimidade.

No sentido da busca para formação do indivíduo, (Estado). Para Platão, (1979), a educação deve ser praticada em razão com a promoção do diálogo, tornando-se o fundamento e sustentação da justiça. Porém, a justiça é caracterizada com a dimensão da virtude social, onde a ética social é sustentada pela vida e bem-estar da comunidade.

Os princípios da ética sustentam-se, para uma sociedade mais justa. A Filosofia da Educação no ocidente em termos culturais, conforme Moreau, (1977), Platão enxergava na educação como indispensável na formação do espírito. Cabe ao ensino o conhecimento em geral, porém a educação visa um comportamento adequado de vida, levando a virtude.

Para Platão, (1979), lembrando da pauta no Banquete, sobre a transcendência soberana do espírito. Sendo que a grande questão seria, como formar indivíduos de bem e levá-los tanto do conhecimento a prática.

Nesse viés de investigação, vale ressaltar que o bem para se viver com justiça e felicidade. O ser humano tem a necessidade da virtude para poder ser inserido na sociedade. A Filosofia da Educação predomina na ideia da força, onde é dimensionado na política, derivando da qualificação da ética entre os sujeitos pessoais. Por isso, que Sócrates, informa que a ética é a força motriz do investimento pedagógico. Com a incumbência de levar o aprendiz a absorver e incorporar uma atitude de espiritualidade, dando consistência e permanência de modo que possa tornar seu agir de modo regular, qualificando o seu agir de forma moral com eficácia. Todos os indivíduos devem ser pessoas ética, tanto quanto a cidade, a pólis, como consequência de uma comunidade justa e igualitária. Pois o político decorre do ético, onde é sustentado seu fundamento. Quanto a ética assume o lugar relevante na filosofia, com empenho essencial ao conhecimento, com a proposta do descobrimento do bem maior.

Nessa tradição da Filosofia, a educação legitima como processo imprescindível da humanização do ser humano na medida que ele contribui diretamente para a construção como sujeito histórico do conhecimento. A figura é dada comparação da autonomia e identidade do indivíduo espiritual, pessoal e individual, onde a fonte de sua energia atua pela força, respeitando seu livre arbítrio. A metamorfose do mundo, construção da sociedade, com o aprimoramento da existência, ecoam diretamente com a evolução no íntimo do ser enquanto indivíduo. A pólis, só será democrática e justa, se houver sujeitos transformados pelo conhecimento, resultando em ações éticas.

A necessidade urgente da junção entre da Filosofia da Educação, tendência da sociedade, a qual passa por mutações numa velocidade acelerada no sentido da globalização e da união dos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, destruindo as linhas divisórias entre eles, aceitando o pluralismo e a diversidade da sociedade contemporânea, bem como explorando a individualidade de cada povo e de cada cultura.

Como afirma Gómez (2001, p. 28), “o respeito às diferenças pessoais, grupais ou culturais leva o pensamento pós-moderno à afirmação da tolerância, à aceitação teórica do ‘outro’, à justaposição cultural e, inclusive, à mestiçagem e interculturalíssimo.” Assim, ao mesmo tempo em que há a comunicação, a articulação e o intercâmbio das diferentes culturas, há o respeito às individualidades destas culturas, não querendo a dominação de uma sobre a outra.

Dentro dessas novas perspectivas a importância relevante é que esses paradigmas não apenas conectem-se, mas que tenham um processo de ação contínua atuando incisivamente na proposta pedagógica, comprometendo para que o ensino e aprendizagem sejam éticos e significativos.

As mudanças no campo da ciência trouxeram o questionamento sobre a integração dos sentidos. Não se experimentou o mundo apenas pelos estímulos sensoriais e análises cognitivas, a sensibilidade e a espiritualidade estiveram sempre presentes apesar de ignoradas. Quando o ensino passa a ser visto como um produtor de conhecimento e não um mero reprodutor, estas características tiveram que ser resgatadas, tornando o indivíduo-aluno um ser único, com suas próprias percepções e interpretações do meio.

A legitimação do direito positivo, é fundamentado em diretrizes éticas, âmbito em que deve prevalecer a dignidade subjetiva da pessoa humana. Nesse viés segue a tradição de valorização da autonomia subjetiva, a educação é sempre entendida como um investimento feito pelos sujeitos, dos recursos da exterioridade, com vistas ao desenvolvimento de sua interioridade subjetiva. A educação identifica-se então com o próprio método do conhecimento, com o exercício da vivência da consciência, uma vez que educar se é apreender-se cada vez mais como sujeito, buscando agir com vistas a realizar-se cada vez mais como tal. O ético predomina sobre o político, atuando o educacional como mediação. É por isso que essa orientação enfatiza mais os fundamentos antropológicos e éticos dos processos do que suas mediações práticas ou suas implicações políticas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dessas discussões foi possível constatar as possibilidades de colaboração entre as áreas da filosofia e da educação, os pressupostos que as cercam, já que ambas fazem parte da vida do sujeito desde os primórdios.

Para evitar-se que a educação caia no quesito meramente mecânico e instrucional, a filosofia surge como como uma visão necessária, com reflexão, de si mesmo e do mundo, ela é necessária para que os sujeitos se emancipem e tenha consciência dos seus papeis críticos e reflexivos enquanto cidadãos ativos na sociedade em que vivem e atuam.

A filosofia e a educação interligam-se como duas vertentes que precisam uma da outra, para que assim possa haver reflexão sobre as práticas, sobre novos metodologias e que colaborem para o processo de ensino e de aprendizagem.

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1 Doutoranda em Ciências da Educação- FICS. Graduação em Letras- Univali. Especialização em Docência e Mediação- Uniasselvi. Especialização em didática e práticas de ensino e tecnologias educacionais- UFVJM. Mestra em Tecnologias Emergentes em Educação- MUST University. E-mail: [email protected]

2 Doutoranda em Ciências da educação – FICS. Mestra em Tecnologias Emergentes em Educação – MUST University. Bacharel em Teologia- Uniasselvi. Licenciatura em Pedagogia- Centro Universitário Claretiano. Especialista em Formação Pedagógica do Professor Universitário- PUC- PR. Email: [email protected]

3 Doutoranda em Ciências da Educação pela FICS. Mestra em Tecnologias Emergentes em Educação- MUST University. Graduada em Teologia- FEPAR. Graduada em Licenciatura em Pedagogia- Faculdade Machado de Assis. Psicanalista- SPP. Pós-graduada em Docência do Ensino Superior, Educação a Distância com ênfase em Tutoria, Pedagogia Cristã, Tecnologia da Informação e Comunicação na Educação e Teoria Psicanalítica. Email: [email protected]