DO ANALÓGICO AO DIGITAL: CAMINHOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17373162
Edna Lúcia Neves de Araújo1
RESUMO
O objetivo deste estudo é investigar como a interação contínua dos jovens com dispositivos digitais, característica da geração conhecida como "Screenagers", influencia sua aprendizagem, comportamento e relações sociais, além de explorar os desafios e as oportunidades que isso apresenta para o futuro da educação. O tema examina a dependência tecnológica, seus impactos no desenvolvimento cognitivo, e a necessidade de práticas pedagógicas que integrem tecnologias de maneira responsável e criativa além de inovadora para as práticas educacionais e a aprendizagem. A metodologia adotada é bibliográfica, envolvendo a análise de artigos acadêmicos, relatórios institucionais e pesquisas recentes sobre o impacto das tecnologias digitais no ambiente escolar. Conclui-se que, embora o uso dessas tecnologias possa ampliar as possibilidades educacionais, é crucial promover uma abordagem crítica, que equilibre o desenvolvimento de competências tecnológicas com habilidades sociais, emocionais e éticas. Essa perspectiva é essencial para preparar os estudantes para enfrentar os desafios do século XXI de forma consciente e participativa.
Palavras-chave: Educação digital. Geração screenagers. Pedagogia inovadora.
ABSTRACT
The objective of this study is to investigate how the continuous interaction of young people with digital devices, a characteristic of the generation known as "Screenagers", influences their learning, behavior and social relationships, in addition to exploring the challenges and opportunities that this presents for the future of education. The theme examines technological dependence, its impacts on cognitive development, and the need for pedagogical practices that integrate technologies in a responsible, creative and innovative way for educational practices and learning. The methodology adopted is bibliographic, involving the analysis of academic articles, institutional reports and recent research on the impact of digital technologies in the school environment. It is concluded that, although the use of these technologies can expand educational possibilities, it is crucial to promote a critical approach, which balances the development of technological skills with social, emotional and ethical skills. This perspective is essential to prepare students to face the challenges of the 21st century in a conscious and participatory way.
Keywords: Digital education. Screenagers generation. Innovative pedagogy.
1. INTRODUÇÃO
As telas estão presentes em praticamente todos os aspectos da vida cotidiana, influenciando comportamentos, hábitos e processos de construção do conhecimento. Nesse cenário, surge o conceito de “Screenagers”, uma geração de jovens que nasceu e cresceu imersa em dispositivos digitais — como smartphones, tablets, computadores e jogos eletrônicos — e que, portanto, apresenta modos de pensar, sentir e aprender moldados por essa constante exposição tecnológica.
A relevância desse tema reside na necessidade de compreender como essa convivência intensa com as telas interfere no desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos estudantes, bem como nas práticas educativas contemporâneas. Os Screenagers vivem em um mundo caracterizado pela rapidez das informações, pela conectividade global e pela comunicação instantânea, o que influencia diretamente sua capacidade de concentração, seu modo de aprender e suas formas de relacionamento interpessoal. A educação, por sua vez, precisa se reinventar para acompanhar essas transformações, buscando equilibrar o uso das tecnologias com o desenvolvimento de competências humanas fundamentais, como empatia, criatividade, pensamento crítico e colaboração.
O objetivo deste trabalho é analisar de que maneira a interação intensa com dispositivos digitais afeta a aprendizagem e as relações interpessoais dos Screenagers, bem como identificar os desafios e as oportunidades que esse fenômeno apresenta para a educação do século XXI. Essa análise é essencial para compreender como as escolas e os educadores podem adaptar suas práticas pedagógicas às novas realidades tecnológicas, sem perder de vista o papel formativo da educação como processo integral de desenvolvimento humano.
A pesquisa adota uma abordagem bibliográfica e qualitativa, baseada em estudos recentes, artigos acadêmicos e relatórios institucionais que discutem o impacto das tecnologias digitais na educação e na vida social dos jovens. A metodologia fundamenta-se na revisão crítica da literatura, buscando identificar conceitos-chave, tendências e estratégias pedagógicas voltadas à integração consciente e equilibrada das tecnologias no ambiente escolar.
Com base nessas discussões, o trabalho busca refletir sobre o papel do professor e da escola diante dessa nova geração hiperconectada, que exige uma educação mais dinâmica, interativa e significativa. O docente, nesse contexto, deve assumir o papel de mediador e orientador, guiando o aluno na utilização crítica e responsável das tecnologias digitais, de modo que elas se tornem instrumentos de aprendizagem e não de alienação.
Além disso, será discutida a importância de promover uma educação digital humanizada, que valorize tanto o desenvolvimento cognitivo quanto as dimensões afetivas e sociais do aprendizado. A inclusão digital deve ser acompanhada de práticas pedagógicas que favoreçam o diálogo, a colaboração e o pensamento reflexivo, evitando o uso superficial e fragmentado das tecnologias.
Assim, este estudo propõe uma análise abrangente sobre o fenômeno dos Screenagers e suas implicações para o futuro da educação, destacando que o grande desafio contemporâneo não está apenas em incorporar tecnologias ao ensino, mas em construir experiências de aprendizagem que formem cidadãos críticos, éticos e emocionalmente conscientes. A educação do século XXI, portanto, precisa conciliar o potencial das ferramentas digitais com os valores humanos, transformando o espaço escolar em um ambiente de inovação, acolhimento e formação integral.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O conceito de "Screenagers", popularizado pelo documentário de Delaney Ruston (2016), refere-se à geração de jovens que cresceram imersos em tecnologias digitais, principalmente telas de dispositivos como smartphones, tablets e computadores. No Brasil, essa terminologia vem sendo discutida por autores que analisam as implicações sociais, culturais e educacionais da intensa convivência com o digital. Segundo Pereira e Castro (2021), a ubiquidade das telas redefine as formas de comunicação, aprendizagem e entretenimento, moldando uma geração com habilidades distintas, mas também com desafios inéditos, como a superficialidade das relações interpessoais e a dificuldade de concentração.
No contexto da cultura digital, a interação constante com dispositivos tecnológicos transformou as dinâmicas sociais e educacionais. Para Teles e Andrade (2022), a cultura digital é caracterizada pela rapidez na troca de informações, pelo consumo constante de conteúdos multimídia e pela construção de identidades no ambiente online. Os Screenagers inserem-se nesse cenário como protagonistas, desenvolvendo habilidades tecnológicas precoces, mas enfrentando dilemas relacionados à privacidade, segurança e saúde mental. A mediação tecnológica permeia suas rotinas, influenciando desde a forma como constroem amizades até como adquirem conhecimento.
Uma característica marcante dos Screenagers é a multitarefa, frequentemente interpretada como uma habilidade decorrente da exposição a múltiplas plataformas digitais. No entanto, Martins e Silva (2023, p.11) argumentam que “essa prática pode comprometer a profundidade do aprendizado e da reflexão, favorecendo uma abordagem fragmentada do conhecimento”. Além disso, a pressão para estar constantemente conectado intensifica sentimentos de ansiedade e FOMO (fear of missing out), que, segundo Lima e Santos (2020), afetam diretamente o bem-estar emocional dos jovens.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A relação dos Screenagers com a cultura digital também é visível na maneira como consomem informações e desenvolvem suas visões de mundo. De acordo com Souza e Almeida (2021), a personalização de conteúdos pelas plataformas digitais cria bolhas informacionais que limitam o acesso a perspectivas diversas, restringindo a capacidade de reflexão crítica. Essa realidade apresenta um desafio significativo para a educação, que precisa ajudar os estudantes a navegar de forma crítica por um ambiente digital saturado de informações.
Outro aspecto crucial é o impacto da cultura digital na socialização dos Screenagers. Conforme aponta Carvalho (2022), a predominância das interações virtuais pode enfraquecer habilidades sociais como empatia e comunicação face a face, fundamentais para o desenvolvimento humano. Nesse sentido, a mediação de adultos, especialmente professores e pais, torna-se essencial para equilibrar o uso da tecnologia e fomentar relações interpessoais saudáveis.
Portanto, a compreensão do conceito de Screenagers e sua relação com a cultura digital exige uma abordagem crítica e multidisciplinar. Como observam Ferreira e Oliveira (2023), cabe à sociedade, especialmente às instituições educacionais, desenvolver estratégias que potencializem os benefícios das tecnologias digitais enquanto minimizam seus impactos negativos. A construção de uma cultura digital responsável e inclusiva depende de um diálogo constante entre os jovens, suas famílias e os educadores, alinhado às necessidades e expectativas do século XXI.
A transformação digital trouxe implicações profundas para o campo educacional, sobretudo no contexto da geração "Screenagers", cujos hábitos de aprendizagem são moldados pela constante interação com dispositivos tecnológicos. Esse cenário exige que as práticas pedagógicas sejam revisitadas e adaptadas para atender às necessidades e potencialidades dessa geração. Como apontam Souza e Almeida (2022), a tecnologia não deve ser vista apenas como ferramenta de suporte, mas como elemento essencial para promover uma educação mais dinâmica, interativa e alinhada aos desafios contemporâneos.
A educação tradicional, baseada em metodologias expositivas, mostra-se cada vez menos eficiente para engajar estudantes imersos na cultura digital. Segundo Lima e Santos (2023), a integração de tecnologias digitais nas práticas pedagógicas não é apenas uma demanda emergente, mas uma oportunidade para criar ambientes de aprendizagem mais significativos. Ferramentas como plataformas digitais, jogos educativos e simulações interativas permitem que os alunos desenvolvam competências essenciais, como a resolução de problemas, o pensamento crítico e a criatividade.
Contudo, a introdução de tecnologias requer planejamento cuidadoso e formação continuada dos educadores. Conforme destaca Silva (2021), muitos professores enfrentam dificuldades em incorporar tecnologias devido à falta de conhecimento técnico e pedagógico. Assim, é fundamental investir em capacitações que não apenas desenvolvam competências tecnológicas, mas também fomentem a reflexão sobre o uso ético e crítico desses recursos.
Outro impacto significativo do cenário digital é a possibilidade de personalizar a aprendizagem. De acordo com Oliveira e Costa (2023), tecnologias como inteligência artificial e plataformas adaptativas permitem que os educadores acompanhem o progresso individual dos estudantes, ajustando conteúdos e metodologias conforme suas necessidades e ritmos. Essa abordagem contribui para a inclusão educacional, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas características, possam alcançar seu pleno potencial.
A personalização, no entanto, não deve ser vista como substituição do papel do professor, mas como um recurso que potencializa sua atuação. Para Teles e Andrade (2022), o educador permanece essencial como mediador e guia no processo de construção do conhecimento, especialmente no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, que não podem ser plenamente supridas por tecnologias.
A convivência com a tecnologia também impõe desafios no âmbito das competências socioemocionais. Souza (2022) argumenta que, enquanto os Screenagers apresentam desenvoltura no uso de dispositivos digitais, frequentemente demonstram dificuldades em interações presenciais e em habilidades como empatia, trabalho em equipe e resolução de conflitos. Nesse sentido, as práticas pedagógicas precisam equilibrar o desenvolvimento tecnológico com estratégias que promovam competências humanas fundamentais.
Uma possível solução está na implementação de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos e a gamificação, que integram aspectos tecnológicos e socioemocionais. Essas abordagens, segundo Martins (2023, p.24), “favorecem a colaboração e o engajamento, ao mesmo tempo que desenvolvem habilidades interpessoais e senso crítico”.
O cenário digital também ressalta desigualdades no acesso à tecnologia, um fator que impacta diretamente a educação. Ferreira e Almeida (2021) destacam que, embora o Brasil tenha avançado na democratização de dispositivos digitais, muitos estudantes ainda enfrentam dificuldades de acesso à internet de qualidade e a recursos tecnológicos. Essa realidade exige políticas públicas que garantam infraestrutura adequada e programas de inclusão digital, especialmente para comunidades mais vulneráveis.
Segundo Santos e Oliveira (2023), a educação digital deve preparar os estudantes para navegar em um ambiente virtual marcado por desinformação, discurso de ódio e violações de privacidade, capacitando-os a atuar de forma consciente e cidadã.
A integração da tecnologia ao cotidiano escolar trouxe benefícios inegáveis, mas também revelou desafios, especialmente no desenvolvimento das competências sociais e emocionais dos estudantes. A geração dos "Screenagers", marcada por sua fluência digital, necessita de práticas educacionais que vão além da inclusão tecnológica, equilibrando a promoção do conhecimento técnico com o fortalecimento de habilidades humanas essenciais. Segundo Oliveira e Costa (2023), a educação contemporânea deve ser vista como um espaço de formação integral, no qual os estudantes sejam capazes de compreender e navegar pelas complexidades do mundo digital sem perder de vista a empatia, a colaboração e o senso crítico.
As competências sociais e emocionais, definidas como habilidades que permitem aos indivíduos gerenciar emoções, estabelecer relações saudáveis e tomar decisões éticas, têm ganhado destaque na educação global. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incorporou essas competências como elemento transversal, reforçando a necessidade de integrá-las ao currículo. Conforme aponta Lima e Santos (2022), o uso intenso de tecnologias digitais, enquanto facilita o acesso ao conhecimento, também pode enfraquecer habilidades como a comunicação interpessoal e a resolução de conflitos.
Nesse sentido, a escola desempenha um papel essencial na mediação do impacto das tecnologias no desenvolvimento socioemocional dos jovens. Ferreira e Almeida (2021) destacam que os educadores precisam adotar práticas que combinem o uso de ferramentas digitais com atividades que incentivem a interação humana e a reflexão ética. A utilização de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, tem se mostrado eficaz para fomentar essas competências, ao mesmo tempo que estimula o trabalho em equipe e a resolução colaborativa de problemas.
O equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento socioemocional apresenta desafios significativos. De acordo com Souza e Almeida (2022, p.13), “a cultura digital muitas vezes privilegia a velocidade e a eficiência em detrimento da profundidade das relações humanas”. Redes sociais e plataformas digitais, ao mesmo tempo que conectam os jovens a uma rede global, podem gerar sentimentos de isolamento e ansiedade devido à comparação social e ao medo de exclusão.
Para enfrentar esses desafios, Teles e Andrade (2022) sugerem a introdução de práticas pedagógicas que desenvolvam a autorregulação emocional e a consciência crítica em relação ao uso da tecnologia. Por exemplo, a realização de debates sobre o impacto das mídias sociais ou a implementação de atividades de mindfulness nas escolas pode ajudar os alunos a refletirem sobre sua relação com as ferramentas digitais e a cultivarem habilidades como a empatia e a resiliência.
As perspectivas futuras para a educação no contexto digital dependem, essencialmente, da capacidade das instituições de ensino, dos professores e da sociedade de implementarem estratégias que promovam o uso equilibrado, ético e consciente das tecnologias. A transformação digital, embora inevitável, não pode ser reduzida apenas à inserção de dispositivos ou plataformas tecnológicas no ambiente escolar. Ela exige uma mudança de paradigma educacional, que valorize o protagonismo do estudante, o papel mediador do professor e a construção coletiva do conhecimento.
Para Silva (2023), uma abordagem integradora deve envolver não apenas a formação tecnológica dos docentes, mas também o desenvolvimento de programas que estimulem o diálogo constante entre família, escola e comunidade, reconhecendo que a educação digital ultrapassa os limites da sala de aula e se consolida como um fenômeno social. A responsabilidade pelo uso adequado da tecnologia é compartilhada, e sua eficácia depende do envolvimento de todos os atores educacionais. Assim, a escola deve se afirmar como um espaço de mediação entre o mundo analógico e o digital, oferecendo condições para que o estudante se desenvolva de maneira crítica e criativa.
Os projetos de inclusão digital assumem papel fundamental nesse cenário, pois não se trata apenas de garantir o acesso às ferramentas tecnológicas, mas de assegurar que o uso dessas ferramentas seja acompanhado por orientação pedagógica e suporte formativo. A desigualdade de acesso à tecnologia — conhecida como “divisão digital” — ainda representa um grande desafio, especialmente em regiões com infraestrutura precária. A superação dessas barreiras requer políticas públicas consistentes que articulem investimentos em conectividade, formação docente e desenvolvimento de recursos educacionais digitais de qualidade.
Além disso, é imprescindível que a educação seja permeada por uma ética digital que promova o uso responsável e seguro da tecnologia. Martins (2023) ressalta que, em um cenário global marcado pela desinformação, pelo discurso de ódio e pela manipulação de dados, os estudantes precisam ser preparados para exercer uma cidadania digital crítica e ativa. Isso implica saber identificar fontes confiáveis, compreender o impacto das informações compartilhadas nas redes e agir de maneira ética e respeitosa em ambientes virtuais. A alfabetização digital, nesse sentido, deve ir além do domínio técnico: trata-se de desenvolver consciência ética, discernimento e empatia no uso das tecnologias.
O equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento das competências socioemocionais constitui um dos grandes desafios da educação contemporânea. Como observam Lima e Santos (2022), a integração das tecnologias digitais ao processo educacional deve ser feita de forma crítica e reflexiva, considerando tanto os benefícios quanto os riscos envolvidos. O excesso de tempo de exposição às telas, a superficialidade das interações e a dependência tecnológica são fenômenos que podem comprometer o desenvolvimento emocional e cognitivo dos estudantes. Dessa forma, a escola deve atuar como um espaço de equilíbrio, promovendo momentos de convivência presencial, diálogo e expressão emocional, sem excluir as potencialidades das ferramentas digitais.
Outro aspecto essencial refere-se à formação continuada dos professores, que precisam estar preparados para lidar com as novas dinâmicas de ensino e aprendizagem. A atuação docente no século XXI exige não apenas competência técnica, mas também sensibilidade para compreender as necessidades e os ritmos de cada estudante. O professor deixa de ser o único detentor do saber para se tornar um mediador e curador de informações, auxiliando o aluno a navegar de maneira crítica pelo vasto universo digital. Assim, a formação docente deve priorizar o desenvolvimento de habilidades digitais, mas também o fortalecimento das dimensões humanas, como empatia, escuta ativa e comunicação assertiva.
Nesse sentido, a colaboração entre educadores emerge como uma estratégia poderosa para o fortalecimento das práticas pedagógicas. A criação de comunidades de aprendizagem docente, o compartilhamento de experiências e a troca de saberes entre profissionais são caminhos que favorecem a inovação e a construção coletiva de soluções para os desafios educacionais. Segundo Behar (2021), o trabalho colaborativo entre professores contribui para a criação de ambientes mais criativos, participativos e alinhados às demandas dos estudantes contemporâneos.
O futuro da educação no contexto digital dependerá da capacidade de escolas e professores de atuarem como mediadores entre os jovens e as tecnologias, criando ambientes de aprendizagem híbridos, inclusivos e emocionalmente saudáveis. Souza (2023) destaca que o grande desafio não é apenas ensinar os estudantes a dominar as ferramentas digitais, mas ensiná-los a construir relações significativas e agir com responsabilidade no ambiente virtual. O desenvolvimento da empatia digital e da responsabilidade social deve ser parte integrante das propostas pedagógicas, fortalecendo o compromisso ético com a coletividade.
É importante ressaltar que a educação do século XXI não se limita à mera adaptação tecnológica, mas à redefinição de seus objetivos formativos. O estudante precisa ser preparado para um mundo em constante transformação, no qual as competências cognitivas e socioemocionais são igualmente valorizadas. A criatividade, o pensamento crítico, a capacidade de resolver problemas e o trabalho em equipe são habilidades essenciais para a vida em sociedade e para o exercício pleno da cidadania.
Assim, as instituições educacionais devem se orientar por um modelo pedagógico que una inovação tecnológica e humanização do ensino, permitindo que a tecnologia seja usada como meio e não como fim. O uso de plataformas interativas, jogos digitais, ambientes virtuais de aprendizagem e recursos multimídia pode potencializar o engajamento dos alunos, desde que articulado a práticas pedagógicas significativas e reflexivas. A tecnologia, quando bem empregada, amplia horizontes, democratiza o conhecimento e favorece a inclusão, mas requer intencionalidade educativa e sensibilidade humana.
Portanto, pensar o futuro da educação digital implica compreender que a escola deve continuar sendo um espaço de encontro, diálogo e construção coletiva de saberes. As ferramentas tecnológicas são aliadas poderosas, mas o verdadeiro aprendizado nasce das interações humanas e da capacidade de transformar informação em conhecimento. É preciso educar para o uso crítico e consciente da tecnologia, mas também para o respeito, a solidariedade e o compromisso com o bem comum.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos deste trabalho foram atendidos ao destacar a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com o desenvolvimento de competências sociais e emocionais no contexto educacional. Ao longo do texto, discutiu-se como a cultura digital impacta o processo de ensino-aprendizagem, demandando práticas pedagógicas inovadoras que contemplem tanto a formação técnica quanto o desenvolvimento integral dos estudantes. A análise evidenciou que, embora a tecnologia traga benefícios significativos, é essencial que ela seja usada de maneira crítica e ética, promovendo conexões humanas e um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e colaborativo.
Com base nas reflexões apresentadas, conclui-se que o futuro da educação no contexto digital exige um compromisso contínuo de professores, gestores e sociedade em geral para adaptar as práticas educativas às demandas contemporâneas. O equilíbrio entre tecnologia e competências humanas deve ser o norte para a construção de uma educação que prepare os estudantes não apenas para lidar com ferramentas digitais, mas também para atuar de maneira responsável, empática e consciente no mundo.
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1 Mestre em Formação de Professores pela Funiber- E-mail: [email protected]