CYBERBAITING: UM DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA PROFESSORES

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13949278


Antônio Marcos Vidal Pereira1
Marcio Peres de Araujo2
Atila Barros3


RESUMO
Em nossos dias atuais, as tecnologias digitais permeiam todos os aspectos de nossas vidas, incluindo o ambiente educacional. Enquanto as inovações tecnológicas prometem revolucionar a maneira como aprendemos e ensinamos, também trazem consigo uma série de desafios únicos, um dos quais é o fenômeno do Cyberbaiting contra professores. Essa prática, que envolve provocar deliberadamente os educadores para capturar suas reações adversas através de dispositivos digitais, representa uma ameaça significativa para o ambiente de aprendizado e para o bem-estar dos profissionais da educação. Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é o Cyberbaiting, seus impactos negativos na sala de aula e na saúde mental dos professores, bem como as estratégias para enfrentar esse desafio crescente na educação contemporânea. Ao analisar esse fenômeno sob diferentes perspectivas, esperamos fornecer percepções construtivas para educadores, administradores escolares, pais e alunos interessados em promover um ambiente de aprendizado sereno e igualitário.
Palavras-chave: Cyberbaiting. Professores. Educação. Prevenção

ABSTRACT
In today's world, digital technologies permeate every aspect of our lives, including the educational environment. While technological innovations promise to revolutionize the way we learn and teach, they also bring unique challenges, one of which is the phenomenon of Cyberbaiting against teachers. This practice, which involves deliberately provoking educators to capture their adverse reactions using digital devices, poses a significant threat to the learning environment and the well-being of education professionals. This article explores in detail what Cyberbaiting is, its negative impact on the classroom and teachers' mental health, and strategies to address this growing challenge in contemporary education. By analyzing this phenomenon from different perspectives, we aim to provide constructive insights for educators, school administrators, parents, and students interested in fostering a peaceful and equitable learning environment.
Keywords: Cyberbaiting. Teachers. Education. Prevention.

INTRODUÇÃO

Os avanços nas tecnologias digitais têm sido acompanhados por desafios que permeiam diversos campos da sociedade, incluindo a esfera educacional. Um desses desafios emergentes é o fenômeno conhecido como "Cyberbaiting", o qual consiste em uma prática na qual os alunos provocam deliberadamente os professores, muitas vezes utilizando dispositivos tecnológicos, como smartphones, câmeras digitais ou plataformas de mídia social, para registrar as reações dos docentes. As consequências dessa prática podem ser significativas tanto para o ambiente de aprendizado quanto para o bem-estar dos educadores.

O Cyberbaiting se manifesta por meio de provocação deliberada, na qual os alunos instigam os professores a reagirem de maneira inadequada, com o intuito de capturar essas reações em vídeos ou imagens para posterior compartilhamento online ou entre colegas de classe. Essas reações podem variar desde respostas frustradas até comportamentos mais graves, e muitas vezes são disseminadas sem o contexto completo da situação, o que pode distorcer a percepção dos espectadores sobre o ocorrido.

Essa prática pode gerar um ambiente tóxico na sala de aula, minando a autoridade do professor e comprometendo a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Os professores podem se sentir constantemente vigiados e desconfiados de suas interações com os alunos, o que, por sua vez, pode prejudicar sua capacidade de transmitir o conhecimento de forma eficaz. Além disso, o Cyberbaiting pode acarretar impactos emocionais e psicológicos significativos nos professores, culminando em estresse, ansiedade e até mesmo em casos extremos, esgotamento profissional (Silva, 2010).

É imprescindível reconhecer que o Cyberbaiting muitas vezes reflete questões mais profundas relacionadas à dinâmica entre alunos e professores, bem como à cultura escolar como um todo. Em muitos casos, os alunos podem recorrer a essa prática como uma forma de expressar frustrações ou descontentamento com o sistema educacional, enquanto outros podem encará-la simplesmente como uma maneira de obter entretenimento ou atenção. Este artigo explora o conceito de Cyberbaiting, analisa seus efeitos prejudiciais na dinâmica da sala de aula e propõe estratégias para capacitar os professores a lidarem com esse desafio contemporâneo de forma eficaz e construtiva.

O BULLYING NAS ESCOLAS

O bullying nas escolas brasileiras é uma questão complexa, com sérios impactos na saúde emocional e social dos estudantes. Entre suas diversas formas, o cyberbaiting se destaca como uma das variantes mais insidiosas do bullying. Este fenômeno se refere a ações de intimidação e assédio que ocorrem através de plataformas digitais, muitas vezes envolvendo o compartilhamento de informações, fotos ou vídeos de um indivíduo com o objetivo de ridicularizá-lo ou humilhá-lo publicamente.

Dados do DataSenado revelam que cerca de 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência escolar nos últimos doze meses, o que representa 11% dos alunos matriculados no Brasil. Dentre esses, 33% relataram ter vivenciado bullying, e o fenômeno do cyberbaiting é uma preocupação crescente, especialmente entre os jovens, que estão cada vez mais expostos às mídias sociais (Rádio Senado, 2023). Essa prática pode ter consequências devastadoras para a saúde mental das vítimas, incluindo baixa autoestima, depressão e, em casos extremos, pensamentos suicidas (UNICEF, 2023).

Além disso, o cyberbaiting se diferencia do bullying tradicional, pois ocorre em um espaço virtual que amplia o alcance do assédio, tornando as vítimas vulneráveis não apenas em seu ambiente escolar, mas em suas vidas cotidianas. A exposição pública nas redes sociais pode gerar um ciclo de humilhação contínuo, onde a vítima é constantemente relembrada do ataque, mesmo fora da escola. A pesquisa do UNICEF mostra que 23% dos estudantes brasileiros já enfrentaram episódios de bullying, destacando a importância de abordar também as formas digitais desse problema.

Cerca de 20% dos jovens brasileiros que sofrem bullying já pensaram em suicídio, conforme dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa pesquisa indica que um em cada cinco jovens se sente tão afetado que considera que a vida não vale a pena. Além disso, entre 2016 e 2021, as taxas de suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentaram para 6,6 por 100 mil habitantes (ClassNet, 2023). Campanhas de conscientização, como a "Delete essa Ideia", promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2023, têm sido essenciais para educar a população sobre o bullying e suas manifestações digitais, incluindo o cyberbaiting. A campanha visa incentivar a criação de ambientes escolares mais seguros e inclusivos, onde o respeito e a empatia prevaleçam (ABP, 2023).

Em breve síntese, é indispensável que escolas e famílias adotem uma abordagem integrada para lidar com o bullying e suas variantes, incluindo o cyberbaiting. Medidas como treinamento de professores, programas educativos e a promoção de uma cultura de respeito nas interações, tanto presenciais quanto virtuais, são decisivas para garantir a segurança e o bem-estar dos alunos.

CYBERBAITING

O Cyberbaiting, também conhecido como "isca digital", representa uma modalidade de engenharia social utilizada para atrair indivíduos desavisados e perpetrar ataques cibernéticos. Essa técnica se vale da curiosidade, ganância ou até mesmo do medo das pessoas para induzi-las a interagir com elementos virtuais que podem resultar em comprometimento da segurança digital.

Os cibercriminosos adotam uma variedade de estratégias para realizar ataques, adaptando-se às tendências e vulnerabilidades presentes na sociedade digital. Essas estratégias incluem o envio de e-mails de phishing4, que simulam ser de instituições confiáveis para induzir os usuários a fornecerem informações sensíveis, como senhas e dados bancários. Além disso, anúncios online enganosos, mensagens instantâneas e perfis falsos em redes sociais são utilizados para atrair vítimas e induzi-las a clicar em links maliciosos ou baixar arquivos infectados. Outra técnica comum é a distribuição de pop-ups e banners que, ao serem clicados, direcionam a vítima para sites maliciosos. Ademais, dispositivos USB infectados são deliberadamente deixados em locais públicos para que, ao serem conectados a computadores, infectem-nos com malware (Terreros, 2022).

Os ataques de Cyberbaiting podem acarretar uma série de consequências graves para as vítimas. Isso inclui o roubo de dados pessoais e financeiros, como senhas bancárias e números de cartão de crédito, que podem ser utilizados para cometer fraudes. Além disso, a instalação de malware nos dispositivos das vítimas compromete sua segurança e privacidade, podendo resultar na perda de acesso a dados ou no dano à reputação pessoal ou profissional.

Para evitar ser vítima de ataques de Cyberbaiting, é importante adotar medidas preventivas adequadas. Isso inclui a cautela ao lidar com e-mails, mensagens instantâneas e anúncios online, evitando clicar em links suspeitos ou baixar arquivos de fontes desconhecidas. Além disso, manter os softwares atualizados e evitar conectar dispositivos USB desconhecidos são práticas eficientes para proteger-se contra esse tipo de ataque. Utilizar senhas fortes e únicas, estar atento a pop-ups e banners indesejados e realizar backup regular dos dados também são medidas básicas na prevenção contra-ataques de Cyberbaiting.

O Cyberbaiting representa uma ameaça crescente no ambiente digital, exigindo a implementação de medidas preventivas e a conscientização por parte dos usuários sobre os riscos associados. Ao adotar práticas de segurança adequadas e manter-se vigilante em relação às técnicas utilizadas pelos cibercriminosos, é possível reduzir significativamente as chances de ser vítima de ataques de Cyberbaiting, preservando assim a integridade dos dados e dispositivos pessoais (Kopecký et al., 2017).

CYBERBAITING CONTRA PROFESSORES

O Cyberbaiting entre alunos e professores é uma prática que ocorre predominantemente através do uso de dispositivos móveis e mídias sociais. Geralmente, começa com um aluno provocando deliberadamente um professor, seja através de comentários provocativos, desafios à autoridade ou comportamentos disruptivos em sala de aula.

O termo "Cyberbaiting" deriva da combinação de "cyber" (relacionado à tecnologia digital) e "baiting" (provocação). Surgiu como resultado da convergência entre o acesso generalizado à tecnologia e a cultura de compartilhamento nas mídias sociais. Os alunos encontraram na provocação de professores uma forma de entretenimento digital, impulsionada pela busca por atenção e popularidade entre os colegas. O Cyberbaiting assume diversas formas, desde provocações sutis até comportamentos mais agressivos. Os alunos podem fazer comentários provocativos, desafiar a autoridade do professor ou mesmo insultá-lo diretamente (Terreros, 2022).

Providos de smartphones ou outros dispositivos digitais, os alunos gravam as interações, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento do professor. Esses registros são então compartilhados nas redes sociais, muitas vezes com o objetivo de atrair atenção e ganhar popularidade entre os pares. Os alunos podem editar os vídeos para destacar as reações do professor ou adicionar legendas que amplificam o conteúdo provocativo. Uma vez que o conteúdo se torna viral, pode ter consequências devastadoras para a reputação e bem-estar emocional do professor, além de afetar o clima escolar como um todo. Segundo Terreros (2022), faz-se necessário abordar o Cyberbaiting através da promoção de uma cultura de respeito mútuo, responsabilidade digital e educação sobre o uso ético da tecnologia. “Estas ações não devem ser entendidas como travessuras: assédio aos professores é crime e pode ter consequências: o menor pode ser expulso do centro e enfrentam uma possível condenação criminal.” (Terreros, 2022, p.89).

CYBERBULLYING OU CYBERBAITING?

O cyberbullying e o Cyberbaiting são duas formas de comportamento prejudicial que ocorrem no mundo virtual, principalmente entre os adolescentes. Apesar de apresentarem semelhanças, cada um possui particularidades que os tornam únicos.

Diferente do Cyberbaiting que usa o professor como isca para gerar conteúdo, o cyberbullying é caracterizado por condutas agressivas repetidas, como ofensas, calúnias, exclusão nas redes sociais e ameaças, sendo utilizado com o propósito de subjugar emocional e psicologicamente a vítima (Silva, 2012).

O termo cyberbullying, é a fusão de "cyber" (relacionado à tecnologia digital) e "bullying" (comportamento agressivo e repetitivo), descreve um tipo de abuso que ocorre através de meios eletrônicos, como redes sociais, mensagens de texto, e-mails e fóruns online. O cyberbullying se manifesta de várias formas, desde insultos diretos e ameaças até a disseminação de rumores prejudiciais e o compartilhamento de fotos ou vídeos comprometedores sem consentimento. Uma das características mais alarmantes do cyberbullying é a sua capacidade de se espalhar rapidamente e atingir um público vasto em questão de segundos. O anonimato proporcionado pela internet muitas vezes encoraja os perpetradores a agirem de maneira mais agressiva e cruel do que fariam pessoalmente (Cretu, 2024).

As vítimas de cyberbullying enfrentam uma imensidade de desafios emocionais, psicológicos e sociais. A constante exposição a mensagens de ódio e humilhação pode levar a sentimentos de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Muitos indivíduos que sofrem cyberbullying relatam dificuldade em concentrar-se na escola ou no trabalho, problemas de sono e isolamento social. Em casos extremos, o cyberbullying pode até mesmo levar a pensamentos suicidas e tentativas de autoagressão (Domingues, 2016; Bortman, 2019).

Segundo Bortman (2019), crianças e adolescentes são seres com competências restritas para a resolução de problemas e com dificuldades de exteriorizar seus sentimentos. Tal fato acrescenta o risco da ideação frente ao estresse (Bortman, 2019).

O adolescente vítima de bullying e cyberbullying necessita de acompanhamento. É preciso observar os adolescentes que apresentam alteração de comportamento, baixa autoestima e modificação de comportamento e atuar frente a tal para evitar que o suicídio e as tentativas de suicídio aumentem no mundo (Bortman, 2019, p.231).

Uma das características distintivas do cyberbullying é a sua natureza perene. Mensagens ofensivas e conteúdo prejudicial podem permanecer online indefinidamente, continuando a assombrar a vítima mesmo após a resolução do incidente inicial. Além disso, o alcance global da internet significa que as vítimas podem ser alvo de assédio não apenas por colegas de classe ou conhecidos, mas também por indivíduos totalmente desconhecidos em qualquer parte do mundo (Ferreira et al., 2018).

Embora o cyberbullying seja frequentemente associado a adolescentes e jovens adultos, pessoas de todas as idades e origens podem ser vítimas dessa forma de abuso. Profissionais, figuras públicas e até mesmo crianças pequenas estão vulneráveis ​​ao assédio online. Além disso, o cyberbullying pode se manifestar de maneiras sutis, como exclusão digital deliberada ou comentários depreciativos disfarçados de piadas inofensivas. Em contrapartida, o Cyberbaiting é uma ação em que o agressor estimula a vítima, muitas vezes de forma intencional, para que ela responda de modo inadequado ou agressivo em um cenário virtual. A intenção é capturar essa resposta e divulgá-la de forma ampla, expondo a vítima ao ridículo ou constrangimento. As duas práticas possuem efeitos graves para as pessoas que sofrem com elas, podendo acarretar prejuízos emocionais, psicológicos e sociais de grande impacto. Adicionalmente, tanto o cyberbullying quanto o Cyberbaiting podem prejudicar o rendimento acadêmico e a qualidade de vida de quem está envolvido nessas situações (Domingues, 2016; Flôres, 2022).

O cyberbullying e o Cyberbaiting podem ocorrer simultaneamente em certos casos. Como exemplo, um agressor pode começar provocando a vítima através do Cyberbaiting, buscando uma reação negativa ou agressiva, e então passar a praticar o cyberbullying repetidamente, usando as informações ou reações obtidas durante o Cyberbaiting para continuar o assédio. Em resumo, o Cyberbaiting pode funcionar como um gatilho para o cyberbullying, onde o agressor usa as interações provocadas para manter o comportamento prejudicial de forma constante e repetitiva.

Entretanto, é importante salientar que o cyberbullying e o Cyberbaiting podem acontecer separadamente, sem que um acarrete automaticamente o outro. Cada um desses comportamentos pode apresentar suas próprias razões, características e efeitos, e não estão necessariamente interligados. Todavia, quando ocorrem simultaneamente, essa junção pode potencializar o impacto negativo na vítima, agravando o sofrimento emocional e psicológico decorrente do assédio virtual.

O cyberbullying é um problema global que atinge crianças e adolescentes em todo o mundo. De acordo com a UNICEF, 1 em cada 3 adolescentes no mundo já foi vítima de cyberbullying. As plataformas mais utilizadas para praticar essa forma de violência variam de acordo com o país, mas as consequências para as vítimas são sempre graves (UNICEF, 2019).

No Brasil, 37% dos respondentes afirmaram já ter sido vítima de cyberbullying. As redes sociais foram apontadas como o espaço online em que mais ocorrem casos de violência entre jovens no País. Além disso, 36% dos adolescentes brasileiros informaram já ter faltado à escola após ter sofrido bullying online de colegas de classe, tornando o Brasil o país com a maior porcentagem nesse quesito na pesquisa.

Ao contrário da média mundial, os brasileiros acreditam que quem deve ser principalmente responsável por acabar com o cyberbullying são os próprios jovens, tendo 55% escolhido esta opção em detrimento do governo e de empresas de internet.

Existem diversas iniciativas internacionais para combater o cyberbullying. Uma das principais iniciativas é a campanha "Stop Cyberbullying" da UNICEF, que visa conscientizar crianças, adolescentes, pais e responsáveis sobre os perigos do cyberbullying e como se proteger. No Brasil, a Lei Carolina Dias5 (LEI Nº 12.737, 2012; Lei nº 13.188, 2015) define o cyberbullying como crime e prevê punições para os autores. A lei também determina que as escolas devem ter políticas de combate ao cyberbullying.

Embora existam leis e iniciativas para combater o cyberbullying, ainda há muito a ser feito para garantir a segurança das crianças e adolescentes no ambiente online. É importante que todos se unam na luta contra essa forma de violência.

CYBERBAITING E MÍDIAS SOCIAIS

As redes sociais se tornaram uma parte integrante e onipresente na vida de pessoas de todas as idades, desde crianças e adolescentes até adultos. Elas representam uma nova forma de relacionamento, comunicação e reação às situações do dia a dia. Desde a infância até a idade adulta, momentos de descontração por meio de brincadeiras são vivenciados (Dos Reis, 2024). Essas interações são comuns entre crianças, adolescentes e até mesmo adultos, sendo mais frequentes no ambiente escolar e consideradas normais quando todos se divertem, sem causar constrangimento a qualquer pessoa, principalmente se existe amizade entre os envolvidos. No entanto, quando essas interações se aparecem de forma mal-intencionada e excedem os limites admissíveis de qualquer pessoa, caracterizam-se como atos de violência, conhecidos como bullying, cyberbullying e recentemente Cyberbaiting (Silva, 2010).

Para os educadores, a constante exposição nas redes sociais pode representar uma armadilha perigosa facilitado o Cyberbaiting. Educadores que expõem mais suas vidas em redes sociais, estão mais sujeitos a comentários negativos, críticas e até mesmo assédio por parte de alunos, colegas ou membros da comunidade. Isso pode desencadear um ciclo de estresse e ansiedade, uma vez que os educadores sentem uma pressão constante para manter uma imagem profissional impecável online. Ainda, a superexposição pode invadir a vida pessoal dos educadores, tornando-se difícil separar a esfera profissional da privada. Comentários prejudiciais ou ataques nas redes sociais podem afetar a autoestima, a confiança e até mesmo a segurança emocional dos profissionais da educação (Reis, 2021).

Assim como o bullying, o Cyberbaiting pode ocorrer no ambiente escolar ou em outras esferas da vida. Ele se manifesta de diversas formas: verbal, física, psicológica, sexual e virtual. A forma verbal inclui comportamentos como cochichar, discriminar, intimidar, fazer comentários depreciativos, colocar apelidos pejorativos, fazer piadas ofensivas, xingar, insultar e ridicularizar. Já o bullying físico envolve agressões como chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima, além de atirar objetos contra ela. O bullying psicológico ou moral se manifesta através de atos como colocar amigos contra a vítima por meio de fofocas, difamações, exclusão, irritação, humilhação, ignorância, desprezo, dominação, perseguição, difamação e terrorismo psicológico. O bullying sexual envolve abuso, violência, assédio e insinuações. E por fim o virtual, a soma de todos por meio digital. Todos estes podem aparecer na engenharia perversa do Cyberbaiting (Dos Reis, 2024).

Com a pandemia de COVID-19, houve um aumento na dependência das pessoas pelo uso do celular para comunicação e resolução de problemas de forma rápida. O ambiente escolar se adaptou às plataformas digitais, onde o relacionamento entre os alunos passou a ocorrer através de aplicativos e redes sociais. Isso levou ao compartilhamento de fotos e mensagens em grupos de WhatsApp, envolvendo muitas pessoas, dentro e fora da sala de aula e da escola, em um curto espaço de tempo. Essas interações podem incluir situações de ajuda mútua, mas também podem resultar em agressões e exposições constrangedoras, ocasionando o Cyberbaiting.

As manifestações do Cyberbaiting contra professores estão intrinsecamente ligadas ao uso das mídias sociais pelos alunos e à busca por visualizações e engajamento em seus perfis online. Neste contexto, as mídias sociais servem como plataforma para amplificar e perpetuar o comportamento provocativo dos alunos, resultando em uma dinâmica prejudicial dentro e fora da sala de aula.

Os alunos podem se envolver em Cyberbaiting contra professores por uma variedade de motivos. Alguns alunos podem buscar atenção e reconhecimento entre os colegas, especialmente em um ambiente digital onde a visibilidade nas redes sociais é valorizada. Outros podem utilizar o Cyberbaiting como uma forma de desafiar a autoridade percebida do professor, expressando descontentamento com as políticas escolares ou métodos de ensino. Para muitos alunos, essa prática oferece uma gratificação instantânea e entretenimento rápido, muitas vezes visto como uma brincadeira inofensiva ou uma forma de escapismo da rotina escolar (Domingues, 2016).

Além disso, a pressão do grupo e a necessidade de conformidade social podem influenciar a participação dos alunos no Cyberbaiting. O desejo de pertencer ao grupo e evitar exclusão social pode ser um fator motivador significativo. A cultura digital também desempenha um papel importante, dessensibilizando os alunos aos impactos negativos do Cyberbaiting e incentivando comportamentos impulsivos sem considerar as consequências.

Os alunos envolvidos no Cyberbaiting utilizam as mídias sociais, como Facebook, Instagram, TikTok, entre outras, como ferramentas para documentar e compartilhar suas interações com os professores. Eles gravam vídeos, tiram fotos ou escrevem postagens que destacam as provocações e as reações dos professores, muitas vezes sem o consentimento.

Esses conteúdos são então compartilhados em perfis públicos ou privados dos alunos, com a intenção de atrair visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos por parte de seus amigos e seguidores. A busca por popularidade e reconhecimento nas mídias sociais motiva os alunos a produzirem conteúdo que seja considerado "viral" ou "trendy", e o Cyberbaiting muitas vezes se encaixa nesse paradigma devido à sua natureza controversa e sensacionalista.

A partir do momento em que o conteúdo relacionado ao Cyberbaiting ganha destaque nas mídias sociais, os alunos envolvidos podem experimentar um aumento na sua reputação online e na sua popularidade entre os colegas. O número de visualizações, curtidas e compartilhamentos se torna uma medida de sucesso e validação social, incentivando ainda mais esse tipo de comportamento.

Essa dinâmica cria um ciclo vicioso, onde os alunos são incentivados a continuar provocando os professores para gerar mais conteúdo para suas redes sociais. Como resultado, o ambiente escolar torna-se permeado por uma cultura de desrespeito e sensacionalismo, onde o Cyberbaiting é normalizado e até mesmo incentivado entre os alunos.

Deste modo, a relação entre as manifestações do Cyberbaiting contra professores e as mídias sociais reside na busca por visibilidade e engajamento por parte dos alunos, que utilizam essas plataformas como um meio de alcançar reconhecimento e validação social através do compartilhamento de conteúdo provocativo e controverso.

Ainda, a influência das mídias sociais vai além da simples busca por popularidade entre os pares. Elas também desempenham um papel impulsionador na disseminação e amplificação do Cyberbaiting, permitindo que o conteúdo provocativo atinja uma audiência muito mais ampla do que seria possível apenas dentro da comunidade escolar.

Quando os vídeos ou postagens relacionadas ao Cyberbaiting são compartilhados nas redes sociais, eles podem se espalhar rapidamente, alcançando não apenas os colegas de classe, mas também outros estudantes, pais, membros da comunidade e até mesmo a mídia. Essa amplificação do conteúdo pode levar a uma escalada rápida das consequências para o professor envolvido, incluindo danos à sua reputação, constrangimento público e até mesmo repercussões profissionais.

Ainda, a permanência do conteúdo online pode prolongar o impacto do Cyberbaiting muito além do momento inicial da provocação. Mesmo que o vídeo original seja removido ou o post seja deletado, é possível que outras pessoas tenham feito cópias ou capturas de tela, garantindo que o material continue circulando na internet por um tempo indeterminado. Isso pode causar danos duradouros à reputação e à saúde emocional do professor afetado.

Assim, a relação entre as manifestações do Cyberbaiting e as mídias sociais é complexa e heterogênea. As mídias sociais não apenas proporcionam uma plataforma para a ocorrência e disseminação do Cyberbaiting, mas também moldam as motivações por trás desse comportamento, incentivando os alunos a buscarem validação social e reconhecimento através da produção de conteúdo sensacionalista e controverso (Lazzaris, 2016). Essa interação entre Cyberbaiting e mídias sociais destaca a necessidade urgente de uma abordagem extensiva e proativa para enfrentar esse fenômeno na educação.

É imprescindível considerar que a falta de conscientização sobre a ética digital é um fator fundamental na prática de ciberataques. Os limites de comportamento aceitável online e os efeitos que suas ações podem ter nos outros, incluindo os professores, podem não ser plenamente compreendidos por muitos alunos. Portanto, é fundamental abordar esses problemas ensinando ética digital e promovendo uma cultura de respeito e empatia dentro e fora da sala de aula.

CONSEQUÊNCIAS

Assim como o Cyberbullying, o Cyberbaiting, com suas manifestações online em redes sociais e offline, acarreta uma série de impactos negativos, tanto para os professores quanto para o ambiente escolar como um todo. Esses impactos abrangem desde aspectos emocionais e psicológicos até questões relacionadas à reputação profissional e atmosfera escolar.

Além do mais, o Cyberbaiting pode ocasionar graves transtornos mentais aos professores devido à sua constante exposição nas redes sociais. Eles são repetidamente expostos a comentários humilhantes, críticas negativas e até mesmo ameaças por parte dos alunos, escancaradas no ambiente online. Isso gera uma pressão contínua para responder a esses ataques, resultando em um ciclo de estresse e apreensão. Além disso, são frequentemente comparados de forma prejudicial a outros profissionais, o que pode afetar significativamente sua autoestima e confiança. Os ataques também invadem sua esfera pessoal, dificultando a separação entre vida profissional e pessoal. Isso pode levar à perda de confiança nas redes sociais como um espaço seguro e positivo (Lazzaris, 2016).

A prática do Cyberbaiting em sala de aula representa mais uma preocupação para a saúde mental dos educadores, podendo causar estresse e ansiedade significativos para os educadores envolvidos. Ser alvo de provocação e humilhação pública pode criar um ambiente de trabalho hostil e gerar uma sensação de vulnerabilidade e insegurança. A constante preocupação com o que está sendo registrado e compartilhado online pode levar a uma hiperconsciência e paranoia, afetando negativamente o estado emocional dos professores (De Matos, 2011).

Além disso, o Cyberbaiting pode desencadear sentimentos de desvalorização e inadequação profissional. Os professores podem se sentir desrespeitados e subestimados pelos alunos, minando sua autoestima e autoconfiança. Esses sentimentos de desvalorização podem se estender além do ambiente escolar, afetando a percepção que os professores têm de si mesmos e de sua profissão.

A exposição pública resultante do Cyberbaiting também pode ter impactos profundos na saúde mental dos educadores. Ser alvo de críticas e julgamentos online pode levar a sentimentos de vergonha e constrangimento, além de aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Os professores podem se sentir isolados e desamparados diante do escrutínio público, o que pode levar a um declínio na saúde mental e no bem-estar geral (Kopecký et al., 2017).

Além de toda exposição e problemáticas causadas pelo assédio, quando o virtual passa ao físico, o Cyberbaiting assume uma forma insidiosa de sítio, a prática tem a capacidade de ultrapassar os limites da internet e se tornar violência presencial. Esse processo ocorre quando as provocações, constrangimentos ou incitações feitas no mundo virtual desencadeiam uma resposta agressiva da vítima ou do agressor, resultando em um aumento da hostilidade que pode resultar em lesões físicas concretas.

Uma das formas de o Cyberbaiting evoluir para a violência física é quando as trocas de mensagens online geram um aumento na hostilidade e no rancor entre os envolvidos. Os insultos, provocações e humilhações frequentes através da internet podem contribuir para criar um clima de animosidade e antagonismo, resultando em emoções inflamadas que aumentam a possibilidade de reações impulsivas e agressivas.

Ainda, o Cyberbaiting pode servir como um catalisador para a violência física quando as provocações online são seguidas por encontros pessoais entre o agressor e a vítima, ou entre seus associados. As tensões acumuladas no ambiente virtual podem transbordar para o mundo real, resultando em confrontos físicos, brigas ou agressões diretas.

Outro fator que colabora para a transição do Cyberbaiting para a violência física é a disseminação de informações pessoais ou coordenadas de encontros online. Em alguns casos, os agressores podem usar o Cyberbaiting como uma tática para atrair a vítima a um local específico, onde são mais propensos a serem alvo de violência física.

Não obstante, é importante reconhecer que a violência física resultante do Cyberbaiting pode não se limitar apenas à vítima inicial e ao agressor. Pode se espalhar para outros indivíduos que se envolvem na situação, seja por solidariedade com a vítima ou em defesa do agressor, criando um ciclo de violência que afeta múltiplas pessoas e comunidades.

Além dos efeitos imediatos, o Cyberbaiting também pode ter consequências de longo prazo para a saúde mental dos educadores. O trauma emocional resultante da exposição pública e da humilhação online pode deixar cicatrizes psicológicas duradouras, afetando a capacidade dos professores de confiar nos outros e de se sentir seguros em seu ambiente de trabalho. Isso pode levar a problemas de saúde mental crônicos que requerem intervenção profissional.

Também, os vídeos ou postagens relacionadas ao Cyberbaiting podem manchar a reputação profissional do professor, afetando sua imagem dentro e fora da comunidade escolar. Mesmo que as alegações sejam infundadas ou distorcidas, a disseminação rápida e viral do conteúdo pode prejudicar a percepção pública do professor e comprometer suas oportunidades futuras de emprego e avanço na carreira. Segundo De Matos (2011), trata-se de uma realidade “propositadamente” oculta, ode falta empatia em reconhecer o educador como vítima de agressão;

A falta de sensibilidade ou recusa de reconhecimento da gravidade do fenómeno do Cyberbullying sobre os professores, entendido como um problema existente apenas entre os alunos, fragiliza a posição da vítima. Isolada, indefesa, exposta a constantes “ataques” (24/24 horas), sem sentir apoio, solidariedade ou qualquer receptividade às suas denúncias, a vítima deixa-se vencer por um estado evolutivo de angustiosa insegurança e solidão (De Matos, 2011, p. 2191).

Ambos o Cyberbaiting e o Cyberbullying, criam uma atmosfera de desconfiança e hostilidade na sala de aula, afetando a dinâmica do ensino e aprendizagem. Os professores podem se sentir inseguros para expressar suas opiniões ou disciplinar os alunos, enquanto os alunos podem se tornar mais desrespeitosos e desafiadores, minando a autoridade do professor e comprometendo o ambiente de aprendizagem para todos.

O tempo e a energia dedicados pelos professores para lidar com as repercussões do Cyberbaiting podem desviar o foco do ensino e do desenvolvimento acadêmico dos alunos. Em vez de concentrar-se em atividades educacionais, os professores podem se ver obrigados a lidar com questões de disciplina e gerenciamento de conflitos, prejudicando assim a qualidade da educação oferecida aos alunos.

O Cyberbaiting cria uma divisão entre alunos e professores, prejudicando o relacionamento de confiança e respeito mútuo que é fundamental para um ambiente escolar saudável. Os alunos podem perder o respeito pelo professor e pela autoridade educacional, enquanto os professores podem se sentir desvalorizados e desmotivados a investir em relacionamentos positivos com os alunos. O Cyberbaiting tem impactos significativos e prejudiciais para professores, alunos e o ambiente escolar como um todo. Essa prática mina a integridade emocional dos professores, compromete a qualidade do ensino e prejudica a dinâmica e o clima escolar, destacando a importância de abordagens eficazes para prevenir e combater esse fenômeno na educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a rápida difusão das tecnologias digitais e sua incorporação no cotidiano escolar, novos desafios emergem, afetando diretamente as relações pedagógicas e a dinâmica da sala de aula. O Cyberbaiting se destaca como uma dessas manifestações problemáticas, caracterizando-se pela provocação deliberada de professores, registrada e compartilhada nas redes sociais, muitas vezes fora de contexto. Essa prática prejudica não apenas a autoridade dos educadores, mas também gera danos emocionais significativos, afetando seu bem-estar e comprometendo a qualidade do ensino.

Esse fenômeno revela a necessidade de repensar o uso das tecnologias digitais no ambiente escolar. Embora esses recursos ofereçam potencial para enriquecer o processo pedagógico, seu uso indiscriminado e sem regulamentação adequada pode gerar distorções, como o desrespeito à figura do professor e a exposição desnecessária de situações de conflito. O receio constante de ser gravado e exposto publicamente faz com que muitos educadores se sintam vulneráveis e inseguros, o que pode interferir na forma como conduzem a disciplina em sala de aula, comprometendo o aprendizado. Além disso, a divulgação desses vídeos nas redes sociais afeta a motivação dos professores e cria um ambiente de desconfiança, prejudicando tanto o desempenho docente quanto o clima escolar.

Diante dessa problemática, é imprescindível que as escolas desenvolvam estratégias integradas de intervenção, que envolvam políticas claras para o uso de tecnologias, a formação continuada dos professores e a promoção de uma cultura de responsabilidade digital entre os estudantes. A criação de normas institucionais para a utilização de dispositivos móveis, como celulares e tablets, durante as aulas é um passo essencial. Essas normas devem definir não apenas quando e como esses recursos podem ser utilizados, mas também prever sanções educativas para comportamentos inadequados, com foco na conscientização dos alunos. O estabelecimento de protocolos claros para lidar com incidentes de Cyberbaiting também é necessário, garantindo que educadores afetados tenham acesso a apoio psicológico e que as medidas cabíveis sejam tomadas com agilidade, incluindo a remoção de conteúdos prejudiciais e, quando necessário, o envolvimento das autoridades.

Outro aspecto fundamental é a inserção da educação digital no currículo escolar de forma transversal. O uso consciente e ético da internet deve ser parte integrante da formação dos estudantes, promovendo neles uma reflexão crítica sobre privacidade, empatia e segurança digital. Esse trabalho deve ser acompanhado do desenvolvimento de competências socioemocionais, como respeito e responsabilidade, favorecendo uma convivência saudável no ambiente escolar (Barros, 2024). A prática de rodas de conversa e programas de mediação de conflitos podem ser eficazes para sensibilizar os estudantes e fortalecer as relações interpessoais, prevenindo comportamentos desrespeitosos como o Cyberbaiting.

A importância do currículo reside na sua capacidade de direcionar o ensino, acesso a uma educação de qualidade. Além disso, o currículo desempenha um papel terminante na promoção da equidade educacional, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas origens, tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem. Ao definir critérios e objetivos específicos, o currículo facilita a avaliação do progresso e do desempenho dos alunos de forma consistente, permitindo ajustes pedagógicos necessários para otimizar a aprendizagem (Barros, 2024, p.153).

A formação continuada dos professores é igualmente imprescindível. Capacitar educadores para utilizar tecnologias de forma segura e eficiente, além de oferecer-lhes ferramentas para lidar com conflitos digitais, é uma medida necessária para enfrentar esses desafios (Barros, 2024). A criação de espaços de apoio e colaboração entre docentes também pode fortalecer sua confiança e bem-estar, contribuindo para um ambiente escolar mais saudável e integrado. Nesse processo, a delimitação de momentos específicos para o uso de dispositivos digitais em sala de aula é uma estratégia relevante, pois reduz as distrações e organiza o espaço pedagógico de forma mais produtiva.

O envolvimento das famílias e da comunidade escolar é outro elemento central na prevenção e enfrentamento do Cyberbaiting. É imperativo que a escola mantenha uma comunicação ativa com os responsáveis, promovendo reuniões periódicas para discutir o impacto das tecnologias na vida dos estudantes e orientar sobre o uso saudável dos dispositivos digitais fora do ambiente escolar. Oficinas e campanhas educativas podem reforçar essa parceria e contribuir para uma sensibilização mais ampla sobre o uso responsável da internet.

O combate ao Cyberbaiting e ao uso abusivo das tecnologias digitais exige, portanto, uma intervenção coletiva e proativa. As escolas necessitam assumir um papel de liderança na construção de uma cultura educacional que equilibre inovação tecnológica com valores éticos e socioemocionais. A promoção de um ambiente escolar seguro e respeitoso não apenas garante o bem-estar dos educadores, mas também prepara os estudantes para uma convivência responsável no meio digital e na sociedade em geral. Ao transformar desafios em oportunidades, as escolas contribuem para a formação integral de cidadãos conscientes e críticos, capazes de utilizar a tecnologia como uma ferramenta de aprendizagem e não como um meio de gerar conflitos.

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1 Antônio Marcos Vidal Pereira. Bacharel nos cursos de Direito (Fadivale-MG), Sistemas de Informação (Estácio-RJ) e Licenciatura em Computação (Estácio-RJ). Pós-graduado em Gerenciamento de Projetos (UVA-RJ). Desde 2017 atuo com Analista de Sistemas na empresa OI Móvel. E-mail: [email protected]

2 Marcio Peres de Araujo, Bacharel em Arquitetura e Urbanismo (UFRJ-RJ) e Licenciatura em Computação (Estácio-RJ). Pós-graduado em Programação de Computadores (PUC-RJ), Análise de Sistemas (PUC-RJ) e Comércio Exterior (UFRJ-RJ). Desde 2004 atua como Analista de Sistemas na empresa SERPRO (Serviço de Processamento de Dados) E-mail: [email protected]

3 Docente do Curso em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (UNESA-RJ). Doutorando em Educação pela Universidade Nacional de Rosário (UNR-ARG). Mestrado em Educação (UNESA-RJ). MBA em Data Warehouse e Business Intelligence (FI - PR). Pós-Graduado em Engenharia de Software, Antropologia, Filosofia e Ciência da Religião (FAVENI-MG). Historiador pela Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU-SP). E-mail: [email protected]

4 Phishing é uma técnica de engenharia social utilizada para enganar usuários de internet usando fraude eletrônica para obter informações confidenciais, como nome de usuário, senha e detalhes do cartão de crédito (Ferreira, 2018).

5 A Lei 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, entrou em vigor há 10 anos. A aprovação aconteceu menos de dois anos após a divulgação de imagens íntimas da atriz, que teve seu computador invadido e 36 fotos roubadas, além de sofrer uma tentativa de extorsão (L12737, 2012).