AVALIAÇÃO FINANCEIRA DA NATURA &CO APÓS A REESTRUTURAÇÃO CORPORATIVA: INDICADORES, DESEMPENHO E PERSPECTIVAS

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17872710


Ricardo Aparecido Tanaka1


RESUMO
O presente estudo tem como objetivo analisar a posição econômico-financeira da Natura &Co Holding S.A. no primeiro semestre de 2025, em um contexto marcado por profunda reestruturação corporativa, incorporação da Natura Cosméticos S.A. e classificação da Avon International como ativo mantido para venda. O tema central envolve a avaliação da liquidez, rentabilidade, estrutura de capital, endividamento e fluxo de caixa, a fim de compreender a solidez financeira da companhia e sua atratividade para investidores. A metodologia utilizada baseou-se na interpretação das demonstrações financeiras oficiais, no cálculo de indicadores econômico-financeiros — como liquidez corrente, imediata e geral; endividamento total; margens bruta e EBITDA; e retorno sobre o patrimônio — e na análise comparativa entre os exercícios de 2024 e 2025, incorporando ainda exame qualitativo dos efeitos da reorganização societária, do comportamento dos ativos e passivos e do desempenho operacional consolidado. Os resultados apontam melhora significativa em aspectos como liquidez corrente, margem bruta e retorno líquido, indicando recuperação estrutural após anos de prejuízo, embora persistam desafios relacionados à liquidez imediata, ao impacto de operações descontinuadas e à rentabilidade ainda modesta. Conclui-se que a Natura &Co demonstra trajetória consistente de fortalecimento financeiro e eficiência operacional, apresentando fundamentos ajustados e sinais de expansão sustentável. Assim, apesar do ciclo de reestruturação ainda em curso, a companhia revela perfil economicamente sólido e potencial de valorização no médio e longo prazo, tornando o investimento atraente sob perspectiva prudente e orientada ao crescimento gradual.
Palavras-chave: Liquidez. Reestruturação Corporativa. Indicadores Financeiros. Rentabilidade. Natura &Co.

ABSTRACT
The present study aims to analyze the economic and financial position of Natura &Co Holding S.A. in the first half of 2025, in a context marked by a profound corporate restructuring, the incorporation of Natura Cosméticos S.A., and the classification of Avon International as an asset held for sale. The central theme involves assessing liquidity, profitability, capital structure, indebtedness, and cash flow in order to understand the company’s financial soundness and its attractiveness to investors. The methodology used was based on interpreting the official financial statements, calculating economic-financial indicators — such as current, immediate, and general liquidity; total indebtedness; gross and EBITDA margins; and return on equity — and conducting a comparative analysis between the 2024 and 2025 fiscal periods. It also included a qualitative examination of the effects of the corporate reorganization, the behavior of assets and liabilities, and the consolidated operational performance. The results indicate significant improvement in aspects such as current liquidity, gross margin, and net return, demonstrating structural recovery after years of losses, although challenges remain regarding immediate liquidity, the impact of discontinued operations, and still-modest profitability. It is concluded that Natura &Co shows a consistent trajectory of financial strengthening and operational efficiency, presenting adjusted fundamentals and signs of sustainable expansion. Thus, despite the ongoing restructuring process, the company displays a solid economic profile and medium- and long-term appreciation potential, making the investment attractive from a prudent, growth-oriented perspective.
Keywords: Liquidity. Corporate Resttructuring. Financial Indicator. Profitability. Natura &Co.

Introdução

A Natura &Co Holding S.A. apresentou suas demonstrações financeiras referentes ao primeiro semestre de 2025. O período foi marcado por uma reestruturação corporativa profunda, culminando na incorporação da Natura Cosméticos S.A., e pela classificação da Avon International como ativo mantido para venda. O presente relatório analisa a posição econômico-financeira da Companhia, a partir de seus indicadores de liquidez, rentabilidade e estrutura de capital, além de avaliar o fluxo de caixa e o resultado consolidado, com vistas à recomendação sobre a atratividade do investimento. Adicionalmente, examina-se o impacto das decisões estratégicas adotadas ao longo do semestre, bem como seus reflexos sobre a sustentabilidade operacional e o perfil de risco da organização. A análise busca, ainda, contextualizar os resultados diante do cenário macroeconômico e das tendências do setor de cosméticos, fornecendo uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades enfrentados pela empresa. Dessa forma, o estudo oferece subsídios relevantes para a compreensão da trajetória financeira da Natura &Co e de sua capacidade de geração de valor no curto e no longo prazo.

Situação Patrimonial e Estrutura de Capital

Ativos e Passivos Totais

Em 30/06/2025, o ativo total consolidado da Natura foi de R$ 34,86 bilhões, contra R$ 37,51 bilhões em 31/12/2024, evidenciando redução de 7,1%, impactada especialmente pela classificação da Avon International como ativo mantido para venda. Esse movimento provocou retração tanto no ativo não circulante (−28,5%) quanto no imobilizado, refletindo o foco em simplificação de estrutura.

O passivo total reduziu-se em proporção similar, para R$ 19,82 bilhões, destacando-se o aumento do passivo circulante para R$ 11,22 bilhões, representando 32,2% do total. Essa elevação resulta do reconhecimento de passivos vinculados a fornecedores e compromissos de curto prazo provenientes das operações de reestruturação.

O patrimônio líquido consolidado permaneceu estável, em R$ 15,04 bilhões, com destaque à recomposição da conta de lucros acumulados (redução do prejuízo acumulado) e queda acentuada nos ajustes de avaliação patrimonial. Esse quadro revela estabilização do capital próprio após a sequência de prejuízos severos observados em 2023 e 2024.

Indicadores de Liquidez

A análise da liquidez reflete a capacidade da empresa de honrar obrigações de curto prazo.

Liquidez Corrente

Liquidez Corrente 2025 = Ativo Circulante / Passivo Circulante = 18.871.950 / 11.220.430 = 1,68

Liquidez Corrente 2024 = Ativo Circulante / Passivo Circulante = 15.139.547 / 9.607.489 = 1,57

O índice de 1,68 indica posição confortável, ou seja, para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a companhia dispõe de R$ 1,68 em ativos realizáveis. O crescimento expressivo se deve à consolidação de ativos mantidos para venda e à maior disponibilidade em caixa.

Podemos concluir que houve melhora na liquidez corrente da empresa entre 2024 e 2025, conforme os cálculos indicados:

Análise e Interpretação

Evolução Positiva: o índice passou de 1,57 em 2024 para 1,68 em 2025, refletindo uma melhor capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo.

Significado do Índice: a liquidez corrente representa o quanto a empresa possui em ativos circulantes (caixa, estoques, contas a receber etc.) para cobrir cada unidade monetária de passivo circulante (fornecedores, dívidas de curto prazo etc.). Um valor superior a 1 indica que há mais ativos circulantes do que dívidas de curto prazo. O índice de 1,68 significa que, para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, há R$ 1,68 em ativos realizáveis no mesmo período.

Causas Prováveis da Melhora: aumento do ativo circulante, impulsionado por melhora no caixa, contas a receber ou ativos mantidos para venda; gestão mais eficiente do capital de giro, especialmente após o processo de reorganização e incorporação e redução da dependência de passivos de curto prazo.

Implicações Financeiras: indica maior folga financeira e baixo risco de insolvência de curto prazo; melhora a percepção de solvência e credibilidade junto a investidores e credores e pode representar uma política mais conservadora de gestão de caixa.

Síntese Conclusiva: a evolução da liquidez corrente de 1,57 para 1,68 demonstra que a empresa fortaleceu sua posição de curto prazo entre 2024 e 2025, apresentando um perfil financeiro mais equilibrado e saudável. Essa tendência positiva reforça a robustez operacional e a capacidade de honrar compromissos sem comprometer os investimentos estratégicos.

Liquidez Imediata

Liquidez Imediata 2025 = (Caixa + Aplicações Financeiras) / Passivo Circulante = 2.342.460 / 11.220.430 = 0,21

Liquidez Imediata 2024 = (Caixa + Aplicações Financeiras) / Passivo Circulante = 4.458.126 / 9.607.489 = 0,46

A liquidez imediata de 0,21 revela que apenas 21% das obrigações correntes poderiam ser liquidadas com caixa e aplicações de curtíssimo prazo — um índice usual para o setor, mas que requer boa gestão de capital de giro.

A liquidez imediata mede a capacidade da empresa de honrar suas obrigações de curto prazo com recursos disponíveis de forma imediata, ou seja, caixa e aplicações financeiras. Em 2025, o índice caiu para 0,21, indicando que para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui apenas R$ 0,21 em caixa e aplicações disponíveis. Em 2024, havia R$ 0,46 disponíveis para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo. Essa queda mostra uma redução de 54% na liquidez de curtíssimo prazo, sinalizando menor folga financeira imediata.

Possíveis causas da redução: devido ao aumento do Passivo Circulante, de R$ 9,6 bilhões para R$ 11,2 bilhões, elevando as obrigações exigíveis; ou a diminuição do saldo de caixa e aplicações, resultante de consumo operacional e investimentos de reestruturação ou os processos de reorganização societária e reclassificação de ativos (por exemplo, a Avon International como ativo mantido para venda), que reduziram o disponível imediato.

Efeitos Financeiros geraram na empresa ficar mais dependente de receitas operacionais imediatas ou de capital de giro para cobrir compromissos de curto prazo. Apesar da boa liquidez corrente (1,68 em 2025), o baixo índice de liquidez imediata ressalta que boa parte dos ativos circulantes está imobilizada em contas a receber ou estoques, e não em dinheiro. Isso exige gestão eficiente do fluxo de caixa, evitando pressões sobre o pagamento de fornecedores, impostos e financiamentos de curto prazo.

A redução da liquidez imediata de 0,46 para 0,21 indica uma menor capacidade de cobertura instantânea das obrigações, possivelmente devido à utilização de caixa na reestruturação e recompra de ações.

Embora esse nível ainda não represente risco crítico, recomenda-se: monitorar a entrada de caixa operacional; reforçar a gestão do capital de giro; e manter reserva mínima de liquidez para atravessar períodos de volatilidade.

Em síntese, a posição de curto prazo da Natura se mantém solvente, mas demonstra alerta para redução da liquidez imediata, o que requer disciplina financeira contínua.

Liquidez Geral

Considerando o ativo total e o passivo total:

Liquidez Geral 2025 = 34.864.573 / 19.821.615 = 1,76

Liquidez Geral 2024 = 37.514.818 / 21.570.189 = 1,73

A liquidez geral de 1,76 denota autonomia financeira suficiente para cobertura de todas as obrigações, expressando leve melhora frente ao exercício anterior, o que reforça a trajetória de reequilíbrio do grupo.

Significado da Variação que a melhora leve na posição global de liquidez: o aumento de 1,73 para 1,76 indica crescimento da capacidade de pagamento, o que sugere fortalecimento financeiro gradual.

Equilíbrio entre Ativos e Passivos: a empresa manteve uma estrutura sólida de ativos, mesmo com a redução do total do ativo e passivo, preservando margens seguras.

Causas Possíveis temos: a redução proporcionalmente maior do passivo total em comparação com o ativo; ajustes de capital e reestruturação corporativa (como a fusão com a Natura Cosméticos S.A. e a venda de ativos da Avon International); e o controle de endividamento e melhoria no giro operacional, gerando maior folga financeira de longo prazo.

Implicações Práticas

Situação financeira estável: a empresa mantém segurança para honrar compromissos, tanto imediatos quanto futuros.

Boa sustentabilidade operacional: o índice próximo de 2 demonstra solidez e autonomia financeira.

Condição favorável para investidores e credores: indica que o patrimônio é suficientemente robusto para cobrir obrigações de médio e longo prazos.

A evolução da Liquidez Geral de 1,73 (2024) para 1,76 (2025) revela que a Natura &Co ampliou ligeiramente sua capacidade global de solvência, reforçando a confiança na estrutura patrimonial.

Esse resultado é positivo, pois demonstra consistência na gestão financeira e consolidação de um perfil de risco reduzido, mesmo em um ano de reestruturação e desafios operacionais.

Estrutura de Capital e Endividamento

Participação do Capital de Terceiros

Endividamento Total 2025 = Passivo Exigível / Patrimônio Líquido = 19.821.615 / 15.043.690 = 1,32

Endividamento Total 2024 = Passivo Exigível / Patrimônio Líquido = 21.570.189 / 15.944.629 = 1,35

O resultado revela que 32% do financiamento total ainda provém de capital de terceiros, o que representa estrutura de capital relativamente conservadora. Apesar de a dívida líquida ter crescido de R$ 2,4 bilhões para R$ 4 bilhões, o endividamento concentrou-se em linhas de médio e longo prazos, atenuando riscos de refinanciamento.

O índice de 1,32 em 2025 indica que, para cada R$ 1,00 de capital próprio, a Natura &Co utiliza R$ 1,32 de capital de terceiros.
Em 2024, essa relação era de 1,35, o que representa redução discreta no nível de endividamento.

Em termos práticos, houve melhora na estrutura de capital, sinalizando menor dependência de financiamento externo e maior equilíbrio financeiro.

Significado da Redução foi que a diminuição de 1,35 para 1,32 sugere fortalecimento da base patrimonial e controle mais rigoroso das obrigações. Mesmo sendo uma variação pequena, o movimento é favorável, pois demonstra ajuste gradual no perfil de endividamento e gestão responsável de passivos.

Análise Qualitativa indica que o índice em torno de 1,3 é considerado moderado. Ele indica que a companhia ainda utiliza recursos de terceiros para alavancar suas atividades, mas dentro de um padrão saudável. Em empresas de grande porte, esse nível de endividamento é aceitável e estratégico, desde que os retornos operacionais superem o custo da dívida. A estabilidade do patrimônio líquido e a melhoria do resultado líquido reforçam a capacidade da Natura de honrar compromissos e sustentar o crescimento com base sólida.

A redução do Endividamento Total de 1,35 (2024) para 1,32 (2025) evidencia que a Natura &Co vem otimizando sua estrutura de capital, equilibrando o uso de recursos próprios e de terceiros. Esse resultado é positivo, pois sinaliza menor exposição financeira, risco reduzido de alavancagem excessiva e maior solidez econômica. Indica, ainda, uma postura prudente e sustentável na gestão das dívidas, condição essencial para sustentar o ciclo de recuperação financeira vivido pela companhia.

Composição da Dívida

Observa-se aumento de R$ 1,6 bilhão na dívida líquida sem elevação proporcional do passivo financeiro, pois parte da variação decorre da reclassificação e consumo de caixa da Avon International. A política de financiamento permanece balanceada, com maior exposição em moeda nacional, atenuando riscos cambiais.

Indicadores de Rentabilidade

Margem Bruta

Margem Bruta 2025 =Lucro Bruto/Receita Líquida= 7.245.461/10.830.264 = 66,9%

Margem Bruta 2024 =Lucro Bruto/Receita Líquida= 6.822.104/10.366.818 = 65,8%

A margem bruta consolidada subiu de 65,8% para 66,9%, impulsionada pela melhora no mix de produtos e redução no custo dos insumos. O índice é altamente positivo e se aproxima dos patamares pré-pandemia, evidenciando eficiência produtiva. A margem bruta mede o percentual da receita líquida que permanece após a dedução dos custos dos produtos vendidos (CPV), refletindo a eficiência produtiva e o poder de precificação da empresa. Em 2025, a Natura &Co obteve margem bruta de 66,9%, superior à de 65,8% em 2024. Isso significa que, de cada R$ 100,00 vendidos, R$ 66,90 permaneceram como resultado bruto após o pagamento dos custos diretos de produção.

Evolução positiva: o aumento de 1,1 ponto percentual na margem indica maior eficiência operacional e redução relativa dos custos de produção. A empresa conseguiu manter preços e ampliar a rentabilidade mesmo em cenário de reestruturação.

Causas Prováveis: sugere que a melhora no mix de produtos, com foco em linhas de maior valor agregado; o controle de custos industriais e de suprimentos, refletindo ganhos de produtividade e a sustentação de preços, possivelmente beneficiada por valorização das marcas e fidelização de clientes.

Efeitos Financeiros: a margem bruta ampliada fortalece a margem operacional e o resultado líquido. Demonstra resiliência do modelo de negócio frente à volatilidade cambial e às pressões do consumo em mercados latino-americanos.

O crescimento da margem bruta de 65,8% para 66,9% revela que a Natura &Co apresentou melhoria de rentabilidade operacional no exercício de 2025.
Esse resultado indica eficiência no controle de custos e posicionamento competitivo sólido, projetando um cenário financeiramente saudável e favorável para a continuidade do crescimento.

Margem EBITDA

Margem EBITDA 2025 = Receita Líquida = 1.307.700/10.830.264 = 12,1%

Margem EBITDA 2024 = Receita Líquida = 1.362.800/10.366.818 = 13,14%

O EBITDA recuou levemente em comparação ao exercício anterior, mas ainda demonstra recuperação significativa após a reestruturação. No critério EBITDA recorrente, obtido por exclusão de itens não operacionais, o valor foi de R$ 1,577 bilhão, resultando em margem de 14,6%, fator que reforça a rentabilidade estruturada e controlada.

A Margem EBITDA mede o quanto da receita líquida se transforma em resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Em outras palavras, reflete a eficiência operacional e o potencial de geração de caixa da empresa. Em 2024, a margem era de 13,14%. Em 2025, passou para 12,1%, indicando queda de 1,04 ponto percentual.

Análise da Variação: a redução na margem EBITDA sugere que a empresa apresentou maior nível de custos ou despesas operacionais em relação à receita. E, mesmo com aumento da receita líquida (de R$ 10,37 bilhões para R$ 10,83 bilhões), a geração operacional proporcional foi menor.

Possíveis Causas: o aumento de despesas gerais, administrativas ou comerciais, possivelmente relacionadas à reestruturação corporativa; o efeito cambial ou custos logísticos mais altos em determinados mercados e a pressão sobre preços de venda ou maior participação de produtos com margens menores.

Ocasiona as implicações: demonstra perda de eficiência operacional no curto prazo; e apesar da queda, uma margem na faixa de 12% ainda é razoável para o setor de cosméticos e bens de consumo, indicando sustentabilidade das operações reforçando a importância de ações para otimizar custos e melhorar a produtividade.

A redução da Margem EBITDA de 13,14% em 2024 para 12,1% em 2025 indica menor rentabilidade operacional, mesmo diante de incremento da receita. Esse resultado sinaliza a necessidade de maior controle de custos e despesas, de modo a reverter a tendência e maximizar o retorno sobre as vendas nos próximos exercícios.

Retorno sobre o Patrimônio (ROE)

ROE 2025 =Lucro Líquido/Patrimônio Líquido = 43.384 / 15.043.690 = 0,29%

ROE 2024 =Lucro Líquido/Patrimônio Líquido = -1.794.216 / 15.944.629 = -0,11%

Apesar da reversão do prejuízo anterior, o retorno líquido sobre o patrimônio ainda é pouco expressivo, denotando que a companhia está em fase de recomposição de resultados. O indicador, contudo, é positivo e sinaliza retomada de lucratividade, o que representa o primeiro semestre rentável após anos consecutivos de perdas.

O ROE (Return on Equity) indica o retorno gerado aos acionistas sobre o capital próprio investido. É uma medida de rentabilidade do patrimônio líquido, demonstrando a eficácia da empresa em transformar o investimento dos sócios em lucro. Em 2025, o ROE foi positivo (0,29%), sinalizando retomada de lucratividade. Em 2024, o índice foi negativo (-11,25%), evidenciando prejuízo e destruição de valor patrimonial naquele exercício.

As conclusões principais ocasionam a recuperação de resultado: passando de um ROE negativo para positivo demonstra melhora significativa na geração de lucro, ainda que em nível modesto.

A rentabilidade baixa: Apesar da inflexão positiva, o retorno de 0,29% é muito baixo, indicando que a empresa ainda não está entregando retornos financeiros expressivos aos acionistas.

Reflexo da reestruturação: O resultado pode estar associado a custos elevados de reorganização, venda de ativos e ajustes operacionais que impactam o lucro líquido.

Implicações Positivas: Demonstra sinal de recuperação financeira e controle das perdas, abrindo espaço para melhoria futura da rentabilidade.

Implicações Negativas: Um ROE tão baixo indica que o capital próprio ainda não está sendo utilizado de forma eficiente, e que há espaço para avanços na gestão operacional, margens e controle de despesas.

A evolução do ROE de -11,25% (2024) para 0,29% (2025) revela que a Natura &Co saiu de um cenário de prejuízo para um resultado positivo, ainda que tímido.
Essa tendência é favorável e sinaliza o início de estabilização das operações e melhoria na eficiência financeira, porém a rentabilidade sobre o patrimônio ainda é muito baixa, exigindo continuidade nas medidas de consolidação e aumento de produtividade.

Fluxo de Caixa

O fluxo operacional apresentou saída de R$ −1,418 bilhão, inferior à do exercício anterior (R$ −2,583 bilhões), evidenciando recuperação substancial de caixa operacional. Ressalta-se que, na controladora, houve entrada líquida positiva de R$ 28,4 milhões, o que indica estabilidade de caixa no nível corporativo.

O fluxo de investimento registrou entrada líquida de R$ 431,8 milhões, sustentado pelo resgate de aplicações e dividendos recebidos das controladas, superando os dispêndios em ativos fixos.

O fluxo de financiamento apresentou consumo de R$ −263 milhões, refletindo amortizações moderadas e a recomposição de capital próprio via emissão de ações. O saldo final em caixa encerrou o semestre em R$ 1,335 bilhão, ante R$ 2,641 bilhões no final de 2024, variação explicada pela reestruturação corporativa e pela recomposição de estoques operacionais.

Análise de Retorno e Desempenho Operacional

A Natura &Co reportou lucro líquido consolidado de R$ 44 milhões no semestre, ante prejuízo de R$ 1,79 bilhão em igual período de 2024. Essa virada representa uma mudança estrutural no resultado, reflexo da consolidação das marcas e do sucesso no programa de redução de despesas corporativas, que caíram 47% em base anual.

O segmento Natura &Co Latam sustentou margens positivas, com EBITDA recorrente de 14,7%, enquanto as operações descontinuadas da Avon International ainda causaram impacto negativo de aproximadamente R$ −352 milhões. A integração tecnológica (“Onda 2”) e a transferência fabril para Cajamar visam ganhos de eficiência futuros.

Na ótica abrangente, o resultado total foi negativo em R$ −811 milhões, em razão de efeitos cambiais e perdas na conversão de resultados de controladas no exterior — elementos contábeis não recorrentes, que não afetam o desempenho operacional direto.

Avaliação Econômica e Perspectivas

A fotografia financeira de junho de 2025 retrata uma empresa em transição, mas com sinais evidentes de retomada estrutural.

Os principais aspectos a considerar são:

Aspectos Positivos: retorno ao lucro líquido e crescimento do EBITDA recorrente; margens operacionais robustas e resiliência da geração bruta de valor agregado; estrutura de capital sólida, com endividamento sob controle; reconhecimento sustentável e práticas ambientais de excelência (notas “A” do CDP) e receita em moeda constante com crescimento de 5,5%, superando a média do mercado regional.

Aspectos de Atenção: consumo de caixa ainda elevado no consolidado, pressionando a liquidez imediata. Instabilidade macroeconômica em mercados-chave (Brasil, México e Argentina) que pode afetar margens futuras. Operações descontinuadas (Avon International) gerando passivos e custos extraordinários de transição.

Rentabilidade líquida ainda abaixo do potencial histórico (ROE < 1%).

Considerações Finais

Com base nos indicadores calculados e na trajetória recente de reestruturação, a Natura &Co Holding S.A. demonstra recuperação consistente de rentabilidade e força operacional. A liquidez corrente sólida e as margens em progressão apontam para fortalecimento do caixa operacional no segundo semestre de 2025, especialmente após a conclusão da fusão com a Natura Cosméticos S.A.

O resultado econômico geral é positivo, apesar das perdas abrangentes não recorrentes. A empresa apresenta fundamentos ajustados, eficiência crescente e disciplina financeira, o que, somado à governança consolidada, torna o investimento moderadamente atrativo para médio e longo prazo.

Recomenda-se investimento cauteloso, com perspectiva de valorização gradual das ações, dado que o ciclo de consolidação ainda não está completo, mas a estrutura financeira e operacional já demonstra viés de expansão sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Bolsa, Balcão. Informações financeiras das companhias listadas. B3 – Brasil, Bolsa, Balcão, 2025. Disponível em: https://www.b3.com.br. Acesso em: 4 dez. 2025.


1 Graduado em Ciências Econômicas e Ciência Contábeis pela FECAP. Especialista em Controladoria pela FECAP. Especialista em Gestão Empresarial – Executivo Internacional pela FGV. Mestrando em Administração de Empresas pela Must University. E-mail:[email protected].