AURICULOTERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR NA SAÚDE DA MULHER MENOPAUSADA

PDF: Clique Aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10407118


Arieth Victoria Alves1
Danielle Filgueira Limão1
Luciana Aguiar da Silva1
Tatiana Klein Alvaracci1
Regiane Priscila Ratti2
Larissa Teodoro Rabi3


RESUMO
A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual e ocorre normalmente entre os 45 e 55 anos. Para muitas mulheres, esse processo é incômodo visto que ocorrem alterações hormonais e modificações de cunho fisiológico que podem gerar desconfortos. As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são recursos terapêuticos que contribuem com a visão ampliada do processo saúde/doença e da promoção do cuidado humano. Nesse contexto, o indivíduo é visto como um todo, considerando-o em seus vários aspectos: físico, psíquico, emocional e social. Além disso, as PICS podem ser utilizadas em diversos contextos como tratamento e prevenção de doenças (depressão, hipertensão, diabetes entre outras). Uma das principais PICS é a auriculoterapia e se baseia na teoria de que o corpo humano pode ser totalmente representado na orelha, dessa forma, quando estimulados os pontos corretos no pavilhão auricular é possível observar a retomada do estado de equilíbrio. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar as aplicações da auriculoterapia no alívio dos sintomas decorrentes do processo de menopausa. Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura na qual foram coletados artigos científicos das bases Scielo, Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde publicados entre 2013 e 2023 e disponíveis em português, inglês e espanhol. Foram utilizados 9 artigos para compor essa revisão. Os principais sintomas do processo de menopausa são relacionados ao aparecimento de ondas de calor e alterações do sono, da libido e do humor. A utilização de auriculoterapia no contexto da menopausa pode auxiliar no alívio dos sintomas, levando maior conforto a paciente, bem como, pode promover relaxamento muscular e não possui efeitos colaterais conhecidos. Esse processo ocorre devido a uma reação reflexa a partir dos nervos sensitivos que são estimulados no processo de auriculoterapia e auxilia na promoção do equilíbrio fisiológico da mulher, diminuindo os sintomas da menopausa. Dessa forma, nota-se papel importante das PICs no cenário de manutenção a saúde e prevenção de doenças, porém também no alívio de sintomas causados por condições fisiológicas como a menopausa, além disso, fica evidente o papel da auriculoterapia nesse contexto e seus benefícios a saúde da mulher.
Palavras-chave: Menopausa; PICS; Saúde da mulher, Auriculoterapia, Acupuntura.

ABSTRACT
The menopause corresponds to the last menstrual cycle and usually occurs between the ages of 45 and 55. For many women, this process is uncomfortable as hormonal changes and physiological changes occur which can cause discomfort. Integrative and Complementary Health Practices (ICPHPs) are therapeutic resources that contribute to an expanded view of the health/disease process and the promotion of human care. In this context, the individual is seen as a whole, considering them in their various aspects: physical, psychological, emotional and social. In addition, PICS can be used in various contexts to treat and prevent illnesses (depression, hypertension, diabetes, among others). One of the main PICS is auriculotherapy and is based on the theory that the human body can be fully represented in the ear, so when the correct points in the auricle are stimulated, it is possible to see a return to a state of balance. Therefore, the aim of this study was to evaluate the applications of auriculotherapy in relieving the symptoms resulting from the menopause process. This is a literature review in which scientific articles were collected from Scielo, Pubmed and the Virtual Health Library, published between 2013 and 2023 and available in Portuguese, English and Spanish. Nine articles were used to compose this review. The main symptoms of the menopause are related to the appearance of hot flushes and changes in sleep, libido and mood. The use of auriculotherapy in the context of the menopause can help relieve symptoms, bringing greater comfort to the patient, as well as promoting muscle relaxation and having no known side effects. This process occurs due to a reflex reaction from the sensitive nerves that are stimulated in the auriculotherapy process and helps to promote a woman's physiological balance, reducing the symptoms of the menopause. In this way, we can see the important role of ICPs in maintaining health and preventing disease, but also in relieving symptoms caused by physiological conditions such as the menopause, and the role of auriculotherapy in this context and its benefits to women's health.
Keywords: Menopause; PICS; Women's health, Auriculotherapy,Acupuncture.

INTRODUÇÃO

A menopausa é o período que marca o fim do período reprodutivo feminino e geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos de idade (1). O termo menopausa, em diversas situações, é utilizado erroneamente para se referir ao climatério que consiste na fase de transição entre o ciclo menstrual habitual (período reprodutivo) e a menopausa (1).

O climatério é um momento de adaptação e mudanças no organismo feminino, bem como, é um período importante e inevitável na vida da mulher. Esse processo natural do organismo feminino ocorre devido ao declínio da função ovariana e pela diminuição na produção hormonal (1,2).

Enquanto a principal característica da menopausa consiste na ausência da menstruação, o climatério possui diversos sinais e sintomas incluindo: irregularidades menstruais, menstruações mais escassas, hemorragias e alterações na frequência das menstruações. Outros sinais e sintomas característicos são as ondas de calor (fogachos), alterações do sono, da libido, do humor e a atrofia dos órgãos genitais (2-6). A sintomatologia do climatério ocorre de forma diferente entre as mulheres e muitas vezes pode ser confundida com o desenvolvimento de doenças (5).

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são abordagens terapêuticas baseadas em conhecimentos tradicionais e alternativos, voltados para a prevenção e/ou tratamento de diversas doenças (7). Apesar de não substituírem os tratamentos tradicionais, as PICS são capazes de promover o bem-estar, prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos (7,8).

As PICS têm sido cada vez mais reconhecidas e diversos países, incluindo o Brasil, têm incorporado essas práticas em seus sistemas de saúde pública, com objetivo de fornecer uma abordagem mais holística e abrangente ao cuidado de saúde (8). Cada modalidade de PICS possui benefícios diferentes e complementares, podendo ser realizada mais de uma PICS durante o tratamento (8).

Um das principais PICS amplamente utilizadas é a acupuntura (7). Trata-se de uma modalidade terapêutica que utiliza a inserção de agulhas em pontos específicos do corpo, além de outros instrumentos, para estimular a liberação de substâncias químicas do próprio organismo (7). Essa modalidade terapêutica proporciona bem-estar psíquico, emocional e físico ao paciente, aliviando as dores e sintomas de diversos contextos (7,8). No climatério, a acupuntura pode auxiliar, principalmente, na regulação dos fogachos, controle da ansiedade, melhoria dos sintomas do trato urogenital e de processos inflamatórios (8).

A auriculoterapia é um tratamento terapêutico derivado da acupuntura, que utiliza a pressão em pontos específicos do pavilhão auricular com intuito de auxiliar no tratamento de disfunções físicas, mentais e emocionais (1,7). Esse modelo de tratamento é baseado na teoria de que o corpo humano pode ser totalmente representado no pavilhão auricular, e consequentemente, ao estimular determinados pontos desse pavilhão ocorrerá a liberação de estímulos fisiológicos que contribuirão para a retomada do estado de equilíbrio do organismo (2,9).

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi investigar e analisar a eficácia da auriculoterapia como uma forma de terapia complementar ou alternativa no tratamento da sintomatologia tradicionalmente observada em mulheres no climatério ou menopausadas.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura (Figura 1). A coleta de dados provenientes de artigos científicos foi realizada a partir de investigações na base de dados da Scientific Electronic Library Online (Scielo), PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados na busca foram: “Auriculoterapia na menopausa”, “Auriculoterapia neurofisiológica”, “Saúde da mulher na menopausa”, “Terapia e Auriculoterapia”, “Menopausal” e “Medicina Terapia”. Os critérios de inclusão da pesquisa foram baseados na data de publicação do artigo sendo entre 2013 a 2023, bem como, publicados em português, inglês ou espanhol. Além disso, foram selecionados apenas artigos que correlacionassem a aplicação e utilidade da auriculoterapia aplicada a saúde da mulher durante o climatério e/ou menopausada. Foram excluídos dessa revisão artigos que não correlacionassem auriculoterapia com saúde da mulher e/ou que não abordassem suas aplicações no climatério.

Figura 1: Fluxograma do processo de obtenção e seleção dos artigos científicos nas bases Scielo, Pubmed e BVS.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As PICS são técnicas complementares ao tratamento convencional que podem auxiliar na redução e alívio dos sintomas observados no climatério (9). A auriculoterapia, aplicada nesse contexto, pode proporcionar mais conforto à paciente que está vivendo esse momento de transição e instabilidade hormonal, bem como, pode auxiliar na redução do uso de analgésicos, anti-inflamatórios e, até mesmo, antidepressivos (9).

A execução correta da técnica proporciona ativação de mecanismos de relaxamento muscular que ocorrem de maneira neurofisiológica, os estímulos nas terminações nervosas do pavilhão auricular são transmitidos via nervos espinhais e cranianos (sistema nervoso periférico, SNP) para o sistema nervoso central (SNC), liberando neurotransmissores que regulam os mecanismos endógenos de controle da dor (1).

Trata-se de uma técnica de aplicação natural, na qual utiliza-se apenas inserções de agulhas ou aplicações de esferas, sementes ou cristais, portanto a auriculoterapia não possui efeitos colaterais ao paciente e não interfere no tratamento medicamentoso (10).

A auriculoterapia convencional refere-se a essa uma abordagem baseada, principalmente, nos princípios da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), na qual acredita-se que o estimulo dos pontos corretos no pavilhão auricular é capaz de influenciar o fluxo energético reestabelecendo o equilíbrio e a saúde (11). Entretanto, outras linhas de pensamento e execução da auriculoterapia foram surgindo com o passar dos anos, uma das linhas mais importantes é a da Auriculoterapia Neurofisiológica (AN) (1).

A AN consiste em uma abordagem mais baseada em conceitos de neurociência e fisiologia (1). Dessa forma, a AN concentra-se na relação entre os pontos auriculares já conhecidos e sua correlação com estímulos no sistema nervoso central (SNC), pois acredita-se que os pontos auriculares estão conectados a diferentes áreas cerebrais e do SNC, influenciando diretamente na atividade neuronal e em processos regulatórios do organismo (11).

Portanto, a principal diferença entre auriculoterapia convencional e a AN reside em suas bases teóricas. A auriculoterapia convencional baseia-se nas tradições da MTC e no conceito de energia vital, enquanto a AN se apoia em princípios da neurociência e fisiologia (11).

A auriculoterapia é um tipo de tratamento de acupuntura aplicado em áreas específicas da orelha para melhorar a função sistêmica dessas áreas e acelerar o processo de cicatrização dos pacientes. Especialistas neste campo assumem que diferentes partes da orelha estão relacionadas com os órgãos do corpo. Este método de diagnóstico e tratamento é aprovado e reconhecido por organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, sendo eficaz em vários tratamentos (7,9).

A auriculoterapia oferece diversas formas de justificar seus efeitos neurofisiológicos e os pontos mais utilizados foram o ShenMen, a área somatotópica correspondente e a área da Concha Cava (estimulação vagal). Trata uma grande variedade de condições musculoesqueléticas dolorosas com resultados favoráveis ​​e promissores (13,14).

A acupuntura auricular (auriculoterapia) e corporal são conhecidas por sua eficácia no controle da dor (13). A literatura reporta que mecanismos nervosos presentes no pavilhão auricular podem possuir papel relevante no tratamento de enxaquecas (13). Esses mecanismos nervosos estão intimamente ligados ao ramo auricular do nervo vago, ao ramo temporal auricular do nervo trigêmeo, aos nervos auriculares maiores da segunda e da terceira raízes cervicais e aos nervos facial e faríngeo (13).

Na medicina ocidental, a via vascular trigeminal está associada à enxaqueca (13). Uma das causas propostas de sintomas vestibulares na enxaqueca envolve a neuroinflamação por meio da ativação do reflexo trigêmeo vestíbulo-coclear, dessa forma, o nervo trigêmeo pode ser responsável pelos efeitos da acupuntura auricular na enxaqueca (13). Estudos (13, 14) demonstram que todas as construções de entrada para modulação da dor associadas ao nervo trigêmeo, incluindo a medula rostral ventral, substância cinzenta periventricular, locuscoeruleus e elevador magno são afetadas diretamente pela técnica de acupuntura (14).

Além disso, o complexo neurovascular no pavilhão auricular inclui fibras nervosas, capilares e vasos linfáticos, portanto, recomenda-se o estímulo nessas regiões (13). As fibras colinérgicas e adrenérgicas estão associadas a liberação inicial de neurotransmissores (13).

Em um estudo realizado em Kerman no Irã, observaram que para 70% das mulheres avaliadas, as ondas de calor (fogachos) eram consideradas o sintoma mais angustiante associado à menopausa, e cerca de 80% das participantes experimentaram ondas de calor em até três meses após a menopausa (natural ou induzida cirurgicamente) (5).

Os fogachos são rubores súbitos do couro cabeludo, pescoço e tórax que, juntamente com uma forte sensação de bem-estar físico, podem levar à transpiração excessiva. Esses sintomas têm duração de alguns segundos a alguns minutos e raramente duram mais de uma hora (5).

Os mecanismos fisiológicos subjacentes que controlam as ondas de calor não são totalmente compreendidos. Mas a causa mais provável das ondas de calor é um distúrbio do estrogênio, que é o hormônio que regula a temperatura do corpo. Existem opções farmacológicas e não farmacológicas para essas complicações (5).

A hormonioterapia é um dos tratamentos mais eficazes para os sintomas vasomotores, mas muitas mulheres relutam em procurar essa terapia ou são proibidas de usá-la (7), pois há uma preocupação com o aumento do infarto do miocárdio, sangramento anormal, sensibilidade mamária, trombose vascular, artralgia, cefaleia, ganho de peso, edema, depressão e doenças biliares, bem como medo do câncer de mama que são razões subjacentes para a interrupção do rastreamento hormonal (6,15,16).

Atualmente, algumas soluções têm sido apresentadas para as complicações da menopausa, que podem atenuar notavelmente a gravidade dos sintomas experimentados pelas mulheres. Cerca de 6,8% dos participantes utilizaram pelo menos uma forma de métodos de medicina complementar durante a vida e 5,76% no último ano (9,10). A OMS sugere que a medicina complementar e alternativa pode ser eficaz na prevenção dos sintomas da menopausa e no bem-estar das mulheres a longo prazo nesse período (9,10,17).

Em um ensaio clínico, administrado com um grupo no controle pré-teste-pós-teste que envolveram 39 participantes, encaminhadas para consultórios privados de obstetras e ginecologistas em 2019 (5). As participantes do estudo foram divididas em três grupos: dois grupos de intervenção e um grupo de controle. No primeiro grupo de intervenção, os pesquisadores administraram um programa de biofeedback, foram 10 sessões de 45 minutos cada, duas vezes por semana. No segundo grupo de intervenção, os pesquisadores realizaram 10 sessões de acupuntura auricular duas vezes por semana, durante 30 minutos. O grupo controle recebeu apenas tratamento convencional (Reposição Hormonal). Os resultados mostraram que a terapia auricular e o biofeedback, influenciaram a gravidade e a frequência das ondas de calor positivamente. A intensidade e a frequência das ondas de calor podem mudar com o tempo, o que pode reduzir sua incidência. Com base nessas descobertas, os pesquisadores concluíram que o biofeedback e a terapia de acupuntura auricular, podem ser recomendados como tratamentos para fogachos em mulheres na pós-menopausa. No entanto, a auriculoterapia é mais eficaz do que o biofeedback (5).

O estudo também explorou os efeitos terapêuticos da acupuntura auricular na melhoria da qualidade do sono, particularmente insônia pós-menopausa, ansiedade, insuficiência hepática, insuficiência renal e controle da obesidade por meio de uma dieta hipocalórica combinada à acupuntura auricular (3,5,6,11,16). Monitorando o efeito terapêutico da acupuntura corporal, combinada com a acupuntura auricular no tratamento da insônia por distúrbios cardíacos e renais em mulheres na pós-menopausa (6,16).

Ainda no estudo mencionado, um total de 111 pacientes com insônia na menopausa foram divididos em dois grupos: um grupo de tratamento e um grupo de controle. No grupo de controle, as agulhas foram inseridas no ponto de Shenmen (HT7), Sanyinjiao (SP6), Anmian, Zhaohai (KI6), Shenmai (BL62), Sishencong (EX-HN1), Xinshu (BL15), Shenshu, etc. (BL21). Além disso, a eletroacupuntura foi realizada em HT7, SP6, lado escuro, BL15 e BL21 por 30 minutos, uma vez em dias alternados, 3 vezes por semana, durante três semanas consecutivas. No grupo de tratamento, além da acupuntura corporal, pontos auriculares como Rim, Shenmen, Simpático e Endócrino ao redor do conduto auditivo e da cavidade auricular, também foram estimulados com agulhas filiformes, seguindo o mesmo protocolo de intervenção do grupo controle (16).

Após o tratamento, os escores da MTC para tempo de sono: insônia, sonolência, inquietação, aperto no peito, palpitações cardíacas, irritabilidade, fadiga e amnésia. Em ambos os grupos foram significativamente menores do que antes do tratamento. A estimulação de pontos da acupuntura em combinação com a terapia de pontos auriculares, é significativamente melhor do que a estimulação de pontos da acupuntura sozinha na redução dos escores de PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh) e dos sintomas específicos da MTC (6,16).

A acupuntura corporal combinada com a acupuntura auricular, é eficaz no tratamento da dissonância coração-rim. A combinação desses dois tratamentos foi a mais eficaz (16). Assim como a insônia pode piorar após a menopausa, a ansiedade é outro fator debilitante para a saúde da mulher, porque tende a ser agravada por outros sintomas decorrentes da menopausa, como ondas de calor, sudorese, diminuição da libido e alterações de humor. Estudos mostram que mais de 40% das mulheres na pós-menopausa relatam sintomas de ansiedade e depressão (3). Foi realizado um estudo com 16 mulheres na pós-menopausa, submetidas a 8 sessões de auriculoterapia com entrevistas semiestruturadas. Após a aplicação do tratamento do ponto auricular, o índice de sintomas diminuiu de grave para moderado e diminuiu 8,86% de leve para moderado. Antes de aplicar a terapia de ponto auricular, observou-se que 14,29% dos praticantes apresentavam ansiedade leve e, após a aplicação da terapia de ponto auricular, 85,71% deles apresentavam ansiedade leve (3). Considera-se essencial que as mulheres menopausadas busquem alternativas para uma melhor qualidade de vida; sendo que esta pode contribuir para uma melhor relação interpessoal e melhor enfrentamento e controle da ansiedade (3).

O fígado e os rins são muito importantes para o bom funcionamento do organismo. 60 pacientes com síndrome do climatério com insuficiência hepática e renal, foram divididas em dois grupos: o grupo de estimulação do ponto de acupuntura e o grupo de medicação. Os pacientes do grupo de estimulação dos pontos de acupuntura, receberam tratamento de ponto de acupuntura intestinal em Taixi (KI 3), Sanyinjiao (SP 6), Shenshu (BL 23), Ganshu (BL 18) e Taichong (LR 3), juntamente com pressão no ouvido. Pontos no Fígado (CO12), Shen (CO10), Neifenmi (CO18), Shenmen (TF) e pontos sob a pele (AT). Os tratamentos foram realizados uma vez por semana durante quatro semanas consecutivas. Os pacientes do grupo medicamentoso tomaram 1 mg de nilestriol por via oral uma vez ao dia e, ao mesmo tempo, 20 mg de orizanol 3 vezes ao dia, por semanas consecutivas. Os escores de sintomas clínicos dos dois grupos foram comparados antes e depois do tratamento, e durante o acompanhamento. Monitorando o nível de E2(estradiol) antes e depois do tratamento foram comparados a eficácia clínica (12). Em comparação com antes do tratamento, os escores de sintomas clínicos em ambos os grupos, diminuíram significativamente após o tratamento e durante o acompanhamento. No acompanhamento, a pontuação dos sintomas clínicos do grupo de estimulação do ponto de acupuntura, foi significativamente menor que a do grupo de drogas. As diferenças antes do tratamento e durante o acompanhamento no grupo de estimulação do ponto de acupuntura, foram significativamente melhores do que no grupo de drogas (12). Em comparação com antes do tratamento, os níveis de E2 aumentaram em ambos os grupos após o tratamento. Antes e depois do tratamento, a diferença no grupo de tratamento foi significativamente maior do que a diferença no grupo de medicamentos (12). Após o tratamento, a taxa efetiva total do grupo de estimulação do ponto de acupuntura, foi de 93,33% e a taxa do grupo de medicamentos correspondente foi de 90,00%. Comparado com o uso de nilestriol, juntamente com acupuntura e acupuntura auricular, pode melhorar os sintomas clínicos de pacientes com síndrome da menopausa com fígado e rim anormais e aumentar o nível de estradiol (E2) (12).

Diversas pesquisas feitas sobre tratamentos com a combinação da acupuntura auricular, vem sendo estudadas e ganhando mais espaço em campo, devido a melhora na qualidade de vida dos pacientes, por ser em curto tempo de tratamento e baixo custo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, fica evidente que a utilização da auriculoterapia como prática complementar ao tratamento de mulheres no climatério e/ou menopausadas possui efeitos positivos no alívio de sintomas, bem como, auxilia na transição emocional e psicológica da vida fértil e reprodutiva da mulher para o momento da menopausa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Tesser, C. D. e Sousa, I. M. C. de (2012) “Atenção primária, atenção psicossocial, práticas integrativas e complementares e suas afinidades eletivas”Saúde e Sociedade, 21(2), p. 336–350. doi: 10.1590/s0104-12902012000200008. Disponível: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/5SFpKmSb7vsGcmGfBXCpXRD/abstract/?lang=pt ( acesso 20 de agosto 2023)
     
  2. ContatoreAO, Tesser CD, Barros NF. Medicina chinesa/acupuntura: apontamentos históricos sobre a colonização de um saber. História, Ciências, Saúde – Manguinhos [Internet]. 2018 Jul/Set; [citado 2019 Abril 25]; 25(3):841-58. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/qWZM6yqK9cp46znJR9LXPVp/abstract/?lang=pt&format=html (Acesso: 20 de agosto de 2023).
     
  3. Corrêa HP, Moura CC, Azevedo C, Bernardes MFVG, Mata LRFPD, Chianca TCM. Effects of auriculotherapy on stress, anxiety and depression in adults and older adults: a systematic review. Rev Esc Enferm USP. 2020 Oct 26;54:e03626. Portuguese, English. doi: 10.1590/S1980-220X2019006703626. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/dKhpmwWtWBsLTRvXHNs6Hkh ( acesso: 10 mar. 2023)
     
  4. Skelly, A. C. et al. (2020) “Noninvasive nonpharmacological treatment for chronic pain: A systematic review update [internet]”. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32338846/ (Acesso em: 14 de outubro de 2023).
     
  5. Eslami S, Mirzaee F, Mirzaee M, Valiani M, Baniasadi H. O Efeito Comparativo do Biofeedback e da Auriculoterapia no Alívio dos Fogachos em Mulheres na Menopausa: Um Estudo Piloto. 2021 Dez;27(3):146-154. DOI: 10.6118/jmm.21008. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34989188/ (Acesso 20 de março de 2023)
     
  6. Koothirezhi R, Ranganathan S. Postmenopausal Syndrome. 2023 Apr 24. In: StatPearls [Internet]. TreasureIsland (FL): StatPearlsPublishing; 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32809675/ (Acesso 20 de março de 2023)
     
  7. Hernández Núñez, J. et al. (2015) “Utilidad de la auriculoterapia y fitoterapia en el manejo de síntomas climatéricos”Rev cienc méd Habana. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/cum-66816 (Acesso em: 06 de junho de 2023).
     
  8. Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde - BVS MS. Recurso na Internet em português | LIS - Localizador de Informação em Saúde, LIS-bvsms | ID: lis-48024 Biblioteca responsável: BR599.1
     
  9. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS. Brasília (DF); 2018.
     
  10. Morais MST, Negreiros RAM, Bezerra VO. Práticas integrativas e complementares na residência em Medicina de Família e Comunidade: um relato de experiência. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2020;15(42):2087.
     
  11. Eidani M, Montazeri S, Mousavi P, Haghighizadeh MH, Valiani M. The effect of auriculotherapy on improving sleep quality in postmenopausal women aged 45-60 years: A clinical trial study. J Educ Health Promot. 2022 Dec 28;11:422. doi: 10.4103/jehp.jehp_243_22. PMID: 36824081; PMCID: PMC9942162.
     
  12. Mafetoni RR, Shimo AK. Effects of auriculotherapy on labour pain: a randomized clinical trial. Rev Esc Enferm USP. 2016 Sep-Oct;50(5):726-732. English, Portuguese. doi: 10.1590/S0080-623420160000600003. Disponivel em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/BV8dKjKFksZm7Q6gMK5CZ4R/?lang=en (Acesso: 02 de março 2023).
     
  13. Butt, M. F. et al. (2020) “The anatomical basis for transcutaneous auricular vagus nerve stimulation”Journal of anatomy, 236(4), p. 588–611. doi: 10.1111/joa.13122. Disponível: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31742681/ (acesso 02 de março 2023).
     
  14. Neves, M. L. et al. (2022) “The antinociceptive effect of manual acupuncture in the auricular branch of the vagus nerve in visceral and somatic acute pain models and its laterality dependence”Life sciences, 309(121000), p. 121000. doi: 10.1016/j.lfs.2022.121000. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36174710/ (Acesso 12 outubro de 2023).
     
  15. Jin X, Ding L, Xia D, Chen P. Efeitos da incorporação de catgutacuponto combinado com pressão de ponto auricular na síndrome menopausal do tipo deficiência fígado-renal e estradiol. 2017 Agosto 12;37(8):836-839. DOI: 10.13703/j.0255-2930.2017.08.010.
     
  16. Zhang S, Jia SH, Yang LJ, Jin ZG. Ensaios clínicos de tratamento da menopausa da mulher insônia devido à desarmonia entre coração e rim pelo corpo e acupuntura auricular. 2019 julho 25;44(7):516- Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31368284/ (Acesso 20 novembro 2023).
     
  17. Hohenberger, G. F. e Dallegrave, D. (2016) “Auriculoterapia para profissionais de saúde: percursos possíveis da aprendizagem à implantação na Unidade de Saúde”, Saúde Redes, p. 372–382. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1087196 (Acesso em: 20 de novembrode 2023).
     
  18. Prado JMD, Kurebayashi LFS, Silva MJPD. Experimental and placebo auriculotherapy for stressed nurses: randomized controlled trial. RevEscEnferm USP. 2018 Jun 11;52:e03334. Portuguese, English, Spanish. doi: 10.1590/S1980-220X2017030403334. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/HT9msyZbqq7nGyFjBft87Nj/abstract/?lang=en (Acesso em: 14 de dezembro de 2023).
     
  19. Butler M, Urosevic S, Desai P, Sponheim SR, Popp J, Nelson VA, Thao V, Sunderlin B. Treatment for Bipolar Disorder in Adults: A Systematic Review [Internet]. Rockville (MD): Agency for Healthcare Research and Quality (US); 2018 Aug. Report No.: 18-EHC012-EF. PMID: 30329241. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30329241/ (Acesso em: 01 de dezembro de 2023).
     
  20. Platzer K, Lemke JR. GRIN2B-Related Neurodevelopmental Disorder. 2018 May 31 [updated 2021 Mar 25]. In: Adam MP, Mirzaa GM, Pagon RA, Wallace SE, Bean LJH, Gripp KW, Amemiya A, editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993–2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29851452/ (Acesso em: 01 de dezembro de 2023).
     
  21. Singh V, Sivakami M. Normality, Freedom, and Distress: Listening to the Menopausal Experiences of Indian Women of Haryana. 2020 Jul 25. In: Bobel C, Winkler IT, Fahs B, Hasson KA, Kissling EA, Roberts TA, editors. The Palgrave Handbook of Critical Menstruation Studies [Internet]. Singapore: Palgrave Macmillan; 2020. Chapter 70. Disponivel: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33347207/ (acesso : 01 de dezembro de 2023).
     
  22. CFBM - Normativa 002/2020 - Dispõe sobre a carga horária mínima para registro da atividade do Profissional Biomédico nas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) (2020) CRBM 1 - Conselho Regional de Biomedicina 1a Região. Conselho Regional de Biomedicina 1a Região. Disponível em: https://crbm1.gov.br/cfbm-normativa-002-2020-pics/ (Acesso em: 09 de dezembro de 2023).
     
  23. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online); 12: 1267-1273, jan. Dez. 2020. ilus Artigo em inglês, português | LILACS, BDENF - Enfermagem | ID: biblio-1121982 Biblioteca responsável: BR1208.1 Localização: BR1208.1

1 Discente do Curso Superior de Biomedicina do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP) Itu, SP, Brasil.

2 Docente do Curso Superior de Biomedicina do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP) Itu, SP, Brasil. Doutora em Biotecnologia. e-mail: [email protected]

3 Docente do Curso Superior de Biomedicina do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP) Itu, SP, Brasil. Mestre em Ciências. e-mail: [email protected]