APRENDIZAGEM POR MEIO DO BRINCAR: PERSPECTIVAS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS
PDF: Clique aqui
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16733943
Laura Gonçalves dos Santos1
RESUMO
A aprendizagem por meio do brincar tem sido amplamente reconhecida como uma estratégia educativa eficaz, especialmente na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental. Esse método promove o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e físico da criança de maneira integral, proporcionando experiências práticas e exploratórias. Ao brincar, a criança envolve-se em atividades que estimulam sua criatividade, resolução de problemas, colaboração e resiliência. Diversas teorias da educação e psicologia apontam que o brincar é um processo essencial para o desenvolvimento humano, especialmente em contextos educacionais formais e informais. Este paper tem como metodologia a Pesquisa Bibliográfica e como Objetivo Geral examinar as perspectivas teóricas e práticas sobre a aprendizagem por meio do brincar, com base em estudos de autores brasileiros e estrangeiros, como Vygotsky, Piaget, Brougère e Kishimoto. Também discutir sobre os desafios enfrentados na implementação dessa abordagem em ambientes educacionais formais, além das implicações para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à educação infantil. Com uma abordagem teórica e prática, o artigo visa contribuir para a compreensão de como o brincar pode ser uma ferramenta pedagógica eficaz, promovendo o engajamento e o desenvolvimento integral da criança. Espera-se, assim, destacar a importância de integrar o brincar de forma estruturada e consciente no currículo escolar.
Palavras-chave: Aprendizagem, Brincar, Desenvolvimento Infantil, Educação Infantil, Pedagogia Lúdica.
ABSTRACT
Learning through play has been widely recognized as an effective educational strategy, especially in early childhood education and the early years of elementary school. This method promotes the child’s cognitive, emotional, social, and physical development in a holistic manner, providing practical and exploratory experiences. Through play, children engage in activities that stimulate creativity, problem-solving, collaboration, and resilience. Various theories in education and psychology indicate that play is an essential process for human development, especially in both formal and informal educational contexts. This paper employs Bibliographic Research as its methodology and has the general objective of examining theoretical and practical perspectives on learning through play, based on studies by Brazilian and international authors such as Vygotsky, Piaget, Brougère, and Kishimoto. We also discuss the challenges faced in implementing this approach in formal educational settings, along with implications for the development of public policies focused on early childhood education. With both a theoretical and practical approach, this article aims to contribute to understanding how play can be an effective pedagogical tool, promoting children’s engagement and holistic development. Thus, it seeks to highlight the importance of consciously and structurally integrating play into the school curriculum.
Keywords: Learning, Play, Child Development, Early Childhood Education, Playful Pedagogy.
1 Introdução
A educação infantil e os primeiros anos da formação escolar são períodos cruciais no desenvolvimento humano, pois é nessa fase que a criança constrói suas bases cognitivas, sociais, emocionais e físicas. Nessa fase, o brincar surge como uma atividade natural e espontânea, sendo frequentemente associado ao desenvolvimento e à aprendizagem. A aprendizagem por meio do brincar é uma prática pedagógica amplamente estudada e defendida por teóricos da educação e da psicologia, como Jean Piaget, Lev Vygotsky e, mais recentemente, Gilles Brougère e a brasileira Tizuko Kishimoto, que destacam o potencial do brincar para promover um desenvolvimento integral da criança.
No contexto da educação formal, o brincar é muitas vezes subestimado ou relegado a segundo plano em função de metodologias mais tradicionais e acadêmicas. O brincar, assim, não é apenas uma atividade recreativa; ele tem potencial educativo e deve ser encarado como uma prática fundamental para a aprendizagem, integrando-se de maneira eficaz ao currículo escolar.
Diante desse contexto, este paper tem como objetivos: Analisar os principais aspectos teóricos e práticos da aprendizagem por meio do brincar, com foco em sua relevância para o desenvolvimento infantil e em como essa prática pode ser implementada de forma eficiente em ambientes educacionais. Discutir a contribuição de autores brasileiros e estrangeiros para esse campo de estudo, além dos desafios e potencialidades dessa abordagem pedagógica. A Metodologia utilizada foi a Pesquisa Bibliográfica, no que concerne a organização da estrutura dos capítulos foram distribuídos na seguinte ordem de apresentação: O Brincar como Ferramenta de Desenvolvimento Cognitivo e Socioemocional; Desafios e Potencialidades da Implementação do Brincar em Contextos Educacionais.
2 O histórica da inserção do brincar em ambiente escolar
A inserção da brincadeira no contexto educacional remonta a correntes pedagógicas e filosóficas que surgiram entre os séculos XIX e XX, com a contribuição fundamental de pensadores que reconheceram seu valor para o desenvolvimento infantil. Pioneiros como Friedrich Froebel, Maria Montessori e, posteriormente, Jean Piaget e Lev Vygotsky, foram responsáveis por moldar a compreensão da importância do brincar no aprendizado e desenvolvimento das crianças. Esses estudiosos argumentaram que a brincadeira, longe de ser uma atividade trivial, é uma parte essencial do processo educativo, pois promove o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e motor.
Conhecido como o “pai do jardim de infância”, Friedrich Froebel (1887), foi um dos primeiros a enfatizar a importância do brincar na educação. Ele acreditava que as crianças aprendem melhor através da atividade lúdica e que o jogo é uma manifestação natural da criança, permitindo-lhe expressar-se e experimentar o mundo. Froebel criou o conceito de "jardim de infância" como um espaço onde as crianças poderiam desenvolver-se de forma livre e natural, utilizando materiais específicos, os chamados "dons de Froebel", como blocos e outros objetos manipulativos, para estimular a imaginação e o aprendizado. Ele via a brincadeira como um meio de autoexpressão e descoberta, promovendo o desenvolvimento integral da criança e permitindo que ela interaja com o ambiente e outras crianças de forma construtiva.
Outra figura essencial para a educação infantil, Maria Montessori (1967), também enxergava a brincadeira como uma ferramenta para o desenvolvimento da autonomia e das habilidades motoras e cognitivas das crianças. No método Montessori, o brincar é incorporado ao ambiente de aprendizagem como uma forma de prática ativa, Para Montessori, a criança é um “construtor ativo” de seu próprio conhecimento, e o brincar ajuda-a a compreender conceitos abstratos através da experiência prática e sensorial.
O psicólogo suíço Jean Piaget trouxe uma nova perspectiva ao valor do brincar, conectando-o diretamente ao desenvolvimento cognitivo da criança. Ele propôs que as crianças passam por diferentes estágios de desenvolvimento e que o brincar é um reflexo e uma necessidade em cada um desses estágios. O brincar, segundo Piaget, oferece uma oportunidade para a criança consolidar o que já sabe e, ao mesmo tempo, desafiar-se e expandir seu entendimento de conceitos novos. Em um contexto educacional formal, o brincar proporciona um ambiente no qual as crianças sentem-se seguras para explorar e experimentar, o que favorece o aprendizado e a descoberta do mundo de maneira natural e prazerosa.
As intenções ao incorporar a brincadeira na educação são múltiplas e incluem a promoção da criatividade, o estímulo ao desenvolvimento motor e cognitivo, a facilitação de interações sociais e o fortalecimento da autoestima. Lev Vygotsky, por sua vez, enfatizou a dimensão social da brincadeira no desenvolvimento infantil, introduzindo o conceito da “zona de desenvolvimento proximal”, que descreve a distância entre o que a criança pode fazer sozinha e o que ela pode alcançar com a ajuda de um adulto ou de outra criança. Segundo Vygotsky, o brincar é uma forma privilegiada de aprendizagem, pois permite que a criança opere em níveis mais avançados de desenvolvimento.
Ao longo dos anos, a visão de que a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças ganhou força, e as práticas pedagógicas passaram a incorporar atividades lúdicas como parte integral do currículo escolar. Atualmente, essa abordagem é amplamente adotada em instituições de educação infantil e até mesmo nos primeiros anos do ensino fundamental. No Brasil, por exemplo, pesquisadores como Kishimoto e Brougère têm defendido o brincar como prática essencial para a formação integral das crianças, sublinhando seu papel na construção de uma educação mais humanizada e conectada com as necessidades dos pequenos.
Por fim, a incorporação do brincar no currículo escolar visa também a preparar as crianças para enfrentar desafios futuros. Assim, educadores e pesquisadores continuam a destacar o valor da brincadeira como um recurso pedagógico poderoso, que vai além do simples entretenimento e desempenha um papel crucial na formação integral dos indivíduos, contribuindo para uma educação que valoriza a experiência, a criatividade e o desenvolvimento pleno de cada criança.
2.1 O Brincar como Ferramenta de Desenvolvimento Cognitivo e Socioemocional
O brincar tem sido reconhecido como uma das ferramentas mais poderosas para o desenvolvimento das crianças, especialmente em suas dimensões cognitiva e socioemocional. Através de atividades lúdicas, as crianças não apenas exploram o mundo ao seu redor, mas também aprendem a entender a si mesmas e aos outros, desenvolvendo habilidades essenciais que servirão como base para a vida adulta.
O desenvolvimento cognitivo refere-se ao processo pelo qual as crianças adquirem conhecimento, raciocínio e compreensão do mundo. Durante a brincadeira, especialmente em jogos que exigem resolução de problemas e raciocínio, as crianças trabalham habilidades como memória, atenção, lógica e pensamento crítico. Brincadeiras como quebra-cabeças, blocos de construção, jogos de tabuleiro e até mesmo brincadeiras de faz de conta incentivam as crianças a pensar de forma criativa, planejar e avaliar possibilidades. Através dessas atividades, a criança aprende a antecipar consequências, a lidar com desafios e a buscar soluções, promovendo, assim, a capacidade de resolver problemas.
Além de impulsionar o desenvolvimento cognitivo, o brincar desempenha um papel crucial na construção de habilidades socioemocionais, ou seja, aquelas relacionadas à gestão das próprias emoções, ao entendimento dos sentimentos dos outros e ao desenvolvimento de vínculos interpessoais saudáveis. Tizuko Kishimoto: "O brincar na educação infantil não é apenas uma atividade recreativa, mas uma prática essencial para o desenvolvimento integral da criança, pois contribui para a construção de conhecimento e promove interações sociais significativas." (O Brincar e suas Teorias, 1999), reforçando a visão de ambos os autores de que o brincar vai além da simples diversão, assumindo um papel central no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças.
Outro aspecto importante é que, no brincar, as crianças aprendem a trabalhar em equipe, a negociar e a resolver conflitos. Jogos cooperativos e competições amigáveis ensinam o valor da colaboração e a importância de respeitar a vez e o espaço do outro. Essas interações ajudam a construir habilidades sociais que serão úteis ao longo da vida, como a comunicação eficaz, a escuta ativa e a assertividade. O desenvolvimento dessas competências é fundamental para a adaptação em ambientes sociais mais amplos, como a escola e, eventualmente, o mercado de trabalho.
Para Vygotsky (1987), o brincar possui um papel crucial na formação da zona de desenvolvimento proximal, onde a criança realiza atividades que, inicialmente, não seria capaz de fazer de forma independente, mas que se tornam possíveis com o auxílio de outras crianças ou adultos. Nesse sentido, o brincar não é apenas uma atividade solitária; ele envolve colaboração, negociação e troca de experiências, o que é essencial para o desenvolvimento socioemocional. No brincar, essa teoria é exemplificada quando crianças mais velhas ou adultos guiam e incentivam crianças mais novas a explorar novos papéis ou resolver problemas que, sozinhas, não conseguiriam. Esse apoio, ou “scaffolding”, ajuda a criança a expandir suas habilidades cognitivas e sociais.
Além disso, a abordagem lúdica permite que a criança explore suas emoções e identifique formas de expressá-las de forma saudável. Brincadeiras que envolvem papéis de personagens podem, por exemplo, ajudar a criança a externalizar e processar medos ou ansiedades que poderia ter dificuldade em verbalizar diretamente. Uma criança que brinca de médico e paciente, por exemplo, pode trabalhar medos em relação a consultas médicas, expressando suas ansiedades de forma lúdica e segura. O brincar é amplamente reconhecido como um processo fundamental para o desenvolvimento infantil, pois permite que a criança aprenda e se desenvolva de forma natural e prazerosa.
Segundo Piaget (1978), o brincar é um mecanismo pelo qual a criança adquire novos conhecimentos e integra experiências, usando seu raciocínio e experimentando o mundo em um ambiente seguro e controlado. No processo lúdico, a criança não apenas imita a realidade, mas também cria e modifica essa realidade, desenvolvendo a capacidade de abstração e pensamento simbólico. Reforçando a tese da importância do brincar na educação, Sucupira (2005) ressalta: “Através da brincadeira, a criança tem a possibilidade de experimentar novas formas de ação, exercitá-las, ser criativa.” Essa observação destaca o papel central do brincar como uma atividade que vai além do entretenimento e se configura como uma ferramenta essencial no desenvolvimento infantil. Ao brincar, a criança não apenas reproduz situações do cotidiano, mas também reinterpreta o mundo à sua volta, exercitando habilidades cognitivas, sociais e emocionais. É nesse contexto lúdico que ela aprende a resolver problemas, a tomar decisões, a cooperar com os colegas e a explorar diferentes possibilidades de expressão.
Além disso, o brincar estimula a imaginação e favorece a construção do conhecimento por meio da experimentação, da curiosidade e do erro, o que torna o processo de aprendizagem mais significativo e prazeroso. A criatividade, tão enfatizada por Sucupira, surge justamente quando a criança se sente segura para criar, imaginar e reinventar, sem medo de errar ou ser julgada. Nesse sentido, o ambiente educativo precisa garantir esse espaço simbólico de liberdade e descoberta, onde o lúdico seja respeitado como linguagem própria da infância.
Portanto, a valorização do brincar não deve ser vista como um complemento do currículo, mas como uma dimensão fundamental da prática pedagógica, pois contribui para a formação integral do sujeito, respeitando seus ritmos, suas necessidades e suas potencialidades. Logo, brincar é mais do que entretenimento; é um processo de aprendizado essencial para o desenvolvimento integral da criança. Tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o socioemocional são fortalecidos quando a criança tem liberdade para explorar, interagir e experimentar por meio de atividades lúdicas. O brincar proporciona uma oportunidade única de aprendizado que integra habilidades e competências de maneira natural e divertida, promovendo um desenvolvimento equilibrado e preparando a criança para enfrentar os desafios da vida com criatividade, resiliência e empatia. Dessa forma, brincar é uma prática que merece espaço e atenção na educação, sendo uma ferramenta pedagógica insubstituível para a formação de indivíduos completos e bem adaptados ao convívio social.
2.2 Desafios e Potencialidades da Implementação do Brincar em Contextos Educacionais
A inserção do brincar em contextos educacionais é reconhecida por seu potencial em promover o desenvolvimento integral das crianças, abrangendo as dimensões cognitiva, social, emocional e física. No entanto, embora amplamente valorizada, a inclusão efetiva do brincar em ambientes de ensino enfrenta desafios significativos, tanto em termos de concepção pedagógica quanto de infraestrutura e recursos.
Um dos principais desafios em implementar do brincar é o paradigma tradicional de ensino, que frequentemente enfatiza a instrução direta, a memorização e a avaliação padronizada. Muitos sistemas escolares e educadores ainda mantêm a visão de que o brincar é uma atividade secundária e menos importante em comparação com a instrução formal.
Outro obstáculo relevante é a falta de formação adequada dos educadores sobre a importância e os métodos do brincar no contexto educacional. Para que o brincar seja verdadeiramente educativo, os professores precisam entender as teorias e práticas associadas à aprendizagem lúdica e saber como facilitar essas atividades de maneira eficaz.
Há ainda questões de infraestrutura e recursos. Muitos espaços escolares não foram projetados para acomodar atividades de brincar adequadamente, especialmente em escolas localizadas em regiões urbanas densas, onde o espaço físico é limitado. A falta de áreas apropriadas, materiais lúdicos e até de profissionais de apoio para organizar e supervisionar essas atividades dificulta a execução de brincadeiras que envolvem movimento e interação. Além disso, a falta de investimento em materiais pedagógicos e recursos específicos para o brincar limitam as possibilidades de criação de ambientes estimulantes e desafiadores para as crianças.
Apesar desses desafios, as potencialidades do brincar como prática educativa são vastas. Em primeiro lugar, o brincar é uma ferramenta poderosa para engajar os alunos e tornar o aprendizado mais significativo, incentivando a criatividade, habilidades essenciais para o desenvolvimento cognitivo. Brougère (2004), por sua vez, argumenta que o brincar é uma forma de “interpretação do mundo”, onde a criança explora conceitos sociais e culturais. Ele enfatiza que, por meio das interações lúdicas, a criança aprende a compreender papéis sociais e normas, o que contribui para a formação de sua identidade e valores.
Em conclusão, apesar dos inúmeros desafios que envolvem a inserção do brincar nos contextos educacionais — como a rigidez curricular, a pressão por resultados imediatos e a falta de preparo de alguns profissionais da educação — os benefícios dessa prática são amplos, duradouros e fundamentais para o desenvolvimento integral da criança. O brincar, mais do que uma atividade recreativa, é um instrumento pedagógico poderoso que contribui para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor dos alunos, além de estimular a criatividade, a autonomia e a capacidade de resolução de problemas.
Para que seu potencial seja plenamente aproveitado, é indispensável que políticas públicas educacionais sejam reformuladas, incorporando o lúdico como um elemento central do processo de ensino-aprendizagem. Isso inclui o investimento em formações continuadas que capacitem os professores a integrar o brincar de forma significativa ao planejamento pedagógico, bem como a melhoria da infraestrutura das escolas, garantindo espaços seguros, adequados e estimulantes para o desenvolvimento de atividades lúdicas.
Além disso, é fundamental a construção de uma nova cultura escolar, que compreenda o brincar como um direito da criança e uma estratégia educativa legítima e eficaz. Promover essa mudança exige o engajamento de todos os atores envolvidos no processo educativo — gestores, professores, famílias e comunidade — no reconhecimento de que o lúdico não deve ser visto como algo acessório, mas como uma ferramenta essencial para a formação de sujeitos críticos, curiosos e plenamente desenvolvidos.
Embora o valor do brincar seja amplamente reconhecido, sua implementação em ambientes educacionais formais enfrenta diversos desafios. Em muitos sistemas escolares, o brincar é visto como uma atividade de menor importância, sendo frequentemente limitado a intervalos ou momentos recreativos. Para Brougère (2004): Essa percepção é influenciada por uma visão tradicional da educação, que privilegia atividades acadêmicas e o cumprimento de metas curriculares, em detrimento de práticas lúdicas.
Para Kishimoto (2002), essa visão limitada dificulta a valorização do brincar como um método educativo válido. Ela argumenta que a integração do brincar no currículo exige uma mudança de mentalidade por parte de educadores, gestores e famílias, que precisam reconhecer o valor educativo da ludicidade.
Portanto, efetiva do brincar como prática pedagógica demanda a formação adequada dos educadores. Para eles, as experiências lúdicas permitem que a criança explore livremente, desenvolvendo habilidades que serão úteis não apenas na escola, mas em contextos futuros. Assim, o brincar deve ser considerado uma prática educativa, e políticas públicas voltadas à educação infantil devem promover o uso do brincar como uma ferramenta pedagógica fundamental.
3 Considerações Finais
A aprendizagem por meio do brincar representa uma abordagem essencial e transformadora na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental, fornecendo uma base para o desenvolvimento integral da criança. Ao envolver-se em atividades lúdicas, a criança desenvolve competências cognitivas, sociais, emocionais e motoras que são fundamentais para o seu crescimento. Autores como Piaget, Vygotsky e Montessori destacam que, ao brincar, a criança aprende a explorar o mundo, a resolver problemas, a se relacionar com os outros e a expressar suas emoções. Esse aprendizado prático e interativo torna-se uma ferramenta de construção de conhecimento e também de autoconhecimento, ajudando a criança a desenvolver autonomia e confiança.
O brincar em contextos educacionais enfrenta desafios que precisam ser considerados, como a resistência de currículos rígidos e a falta de formação adequada para educadores. Ainda assim, ao superar esses obstáculos, as práticas educativas que incluem o brincar mostram-se capazes de promover uma educação mais inclusiva, adaptável e voltada para o desenvolvimento integral das crianças.
A brincadeira não deve ser vista como uma mera atividade recreativa, mas sim como uma prática educativa estruturada e consciente, que oferece uma rica gama de experiências e aprendizagens significativas. Ao valorizar o brincar no currículo, promovemos um ambiente educacional que estimula a curiosidade, a criatividade e a empatia, preparando as crianças para se tornarem adultos resilientes e aptos a enfrentar os desafios da vida de maneira colaborativa e inovadora.
Conclui-se que a aprendizagem por meio do brincar deve ser vista como um elemento central na educação infantil, promovendo o desenvolvimento integral da criança e proporcionando experiências que irão beneficiar sua vida acadêmica, social e pessoal. É fundamental que educadores, gestores e famílias reconheçam o brincar como uma prática educativa indispensável, assegurando que as crianças tenham oportunidades de aprender e se desenvolver de maneira plena e prazerosa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brougère, G. (2004). A criança e a cultura lúdica. São Paulo: Cortez.
Froebel, F. (1887). The Education of Man. New York: A. Lovell & Company.
Kishimoto, T. M. (1999). O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira.
Montessori, M. (1967). The Discovery of the Child. New York: Ballantine Books.
Piaget, J. (1978). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar.
Sucupira, R. L. Aprendizagem e subjetividade: Uma construção a partir do brincar. Revista do departamento de psicologia - UFF, v. 17 - n. 2, p. 61-76, Jul./Dez. 2005. [e-book]. Flórida: MUST University.
Vygotsky, L. S. (1987). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes.
1 Pedagogia. Gestão educacional. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. Email: [email protected]