ANSIEDADE NA ADOLESCÊNCIA: IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17419162


Fabiana da Silva Fares1
Eugênio Jesus Santana2
Daniela de Santana3


RESUMO
Com toda a mudança social que vem ocorrendo, os hábitos e a forma de se relacionar das pessoas tem mudado consideravelmente. Dentro desse paradigma de constante mudança, os reflexos de um novo cenário social, de uma nova forma de se relacionar com demais pessoas, bem como as expectativas e metas que se apresentam no decorrer de uma vida, impactam profundamente a vida de todos. Ao se direcionar um olhar específico para o período da adolescência, que pode ser identificado como um período conturbado no qual uma série de desafios surgem, e onde se tem um início de formação de personalidade de um indivíduo, com a constante presença de conflitos e questionamentos, observa-se que a possibilidade de ocorrência da ansiedade é ainda maior. Pegando também como base os novos formatos de relacionamento e tendências que surgem especialmente com o advento das redes sociais, compreende-se então que, a mudanças e as possibilidades de interação que decorrem de uma série de eventos que impactam o modelo de vida de indivíduos que se encontram no período da adolescência, torna-se pertinente a abordagem teórica aqui apresentada que tem como escopo discutir a ansiedade na adolescência, pontuando a importância de um psicólogo dentro das instituições educacionais (locais do público em discussão) observando os impactos que esse transtorno pode trazer para o desenvolvimento do adolescente, seja no âmbito clinico-patológico, seja na construção de sua vivência em sociedade. Em seus resultados, o presente artigo procura mostrar os impactos da ansiedade na adolescência e após a amostragem desses dados e também do referencial teórico que integra esse artigo, encerra-se o mesmo apresentando as conclusões obtidas com sua construção.
Palavras-chave: Adolescência. Ansiedade. Impacto. Psicologia Escolar.

ABSTRACT
With all the social change that has been occurring, people's habits and ways of relating have changed considerably. Within this paradigm of constant change, the reflections of a new social scenario, a new way of relating to others, as well as the expectations and goals that arise throughout life, deeply impact everyone's lives. When directing a specific look at the period of adolescence, which can be identified as a turbulent period in which a series of challenges emerge, and where an individual's personality begins to form, with the constant presence of conflicts and questions, it is observed that the possibility of anxiety occurring is even greater. Also taking as a basis the new formats of relationships and trends that arise especially with the advent of social media, it is understood then that, given the changes and possibilities for interaction that stem from a series of events impacting the life model of individuals in adolescence, the theoretical approach presented here becomes pertinent, aiming to discuss anxiety in adolescence, highlighting the importance of a psychologist within educational institutions (locations of the public in discussion) by observing the impacts that this disorder can bring to the adolescent's development, both in the clinical-pathological scope and in the construction of their experience in society. In its results, the present article seeks to show the impacts of anxiety in adolescence and, after presenting this data and the theoretical framework that integrates this article, it concludes by presenting the findings obtained through its construction.
Keywords: Adolescence. Anxiety. Impact. School Psychology.

1. INTRODUÇÃO

Compreender de que forma a ansiedade afeta o indivíduo que está no período da adolescência, é o foco do presente artigo que busca por meio de uma pesquisa bibliográfica, analisar efetivamente quais os impactos que esse transtorno traz ao adolescente. O objetivo geral do presente texto se orienta a investigar teoricamente sobre os impactos da ansiedade na adolescência, pontuando a importância de um psicólogo dentro das instituições educacionais (locais do público em discussão), seus objetivos específicos procuram analisar de que forma a ansiedade pode ser diagnosticada, observar a sintomatologia apresentada pelo paciente e ainda observar os fatores recorrentes do diagnóstico desse transtorno, observando a mudança comportamental apresentada pelo paciente, junto aos cuidados necessários para o trato com esse paciente.

Junto a isso, observa-se ainda as implicâncias trazidas pela construção do todo social, que implicitamente deixa claro modelos, tendências, estereótipos e outra variedade de ações que em tese tem o poder de integrar mais ainda o adolescente em um convívio social mais dinâmico, afetuoso e engajado, mas que na verdade, se trata de um modelo de vivência que destoa drasticamente da realidade de boa parte dos adolescentes. 

Importante ainda lembrar que se cita no decorrer do presente artigo, os impactos trazidos com o contato exacerbado de adolescentes com as redes sociais, e as demais implicações que o transtorno da ansiedade produz na vida desses adolescentes, ressaltando aí os impactos adjacentes trazidos com a ansiedade como por exemplo, os transtornos alimentares, o isolamento e as demais influências comportamentais negativas decorrentes da ansiedade. No decorrer do seu referencial teórico, busca-se ainda a contemplação de fontes e de entendimentos teóricos que buscam abordar de forma clara os impactos mais marcantes da ansiedade.

Considerando então a importância do tema aqui contemplado, destaca-se como válida a sua abordagem, tendo como pressuposto maior o entendimento de que, é a discussão recorrente sobre o mesmo que pode tornar mais tátil o entendimento de que a ansiedade enquanto um fator que provoca reações múltiplas no comportamento de um adolescente, precisa ser diagnosticada e tratada por profissionais que compreendam todas as suas minúcias, reforçando aí a necessidade de uma abordagem clínica que fuja dos clichês advindos do senso comum que ora vulgarizam o termo ansiedade, ora o banalizam, apontando soluções superficiais que só prejudicam ainda mais a abordagem profissional correta. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Os transtornos de ansiedade estão entre os quadros psicológicos mais comuns e extenuantes presentes na atualidade, com alta prevalência tanto em crianças, como jovens e adultos. Compreende um conjunto de sinais e sintomas que ocasionam consequências ao funcionamento geral do indivíduo, inclusive na sua forma de se alimentar, levando não raro a um quadro de compulsão alimentar, distúrbio que além das repercussões clínicas, acarreta ainda em uma sintomatologia psicossocial, gerando sofrimento, interferindo nas relações sociais e no agravamento do próprio quadro ansioso dos seus portadores (Stein, 2017).

Morhs (2019) aponta em sua abordagem que a constante busca por fazer com que se seja percebido, tem fragilizado de forma clara as relações entre seres humanos, inviabilizando a cada dia que passa relacionamentos que não se sustentam em decorrência de uma afetividade superficial e que deixam para traz um convívio sem nenhum tipo de aprendizado ou ao menos boas memórias afetivas. Keeler (2020) ao falar sobre a ansiedade em crianças e adolescentes, explica que, sem a consideração dos fatores que são importantes para crianças e adolescentes atuais, o que se terá será um surto constante de indivíduos nessa faixa etária que continuarão a adentrar em relacionamentos sem nenhum tipo de base emocional, a se distanciar das demais pessoas que estão presentes em seu convívio diário. 

É nesse sentido que Morhs (2019) reforça o entendimento de que, sem a consideração dos fatores que circundam a vida do adolescente, não será possível de que forma a ansiedade mais o afeta, nem tampouco determinar as portas de entrada desse transtorno na vida do adolescente. Importante nesse caso reiterar o fato de que, sem a consideração do meio social no qual o adolescente convive, o que se tem é a constante busca pela remediação ao invés de se prevenir a ocorrência do evento patológico em si. 

Novamente Keeler (2020) explicita o entendimento de que, estando todos os fatores contributivos para ocorrência da ansiedade do lado de fora, é pertinente que se observe o fato de que, a adolescência já é desde sempre uma fase pela qual o adolescente passa por diferentes conflitos e por uma variedade de desafios que impactam profundamente a vida do adolescente, podendo se estender até a vida adulta deste. Assim, se considerado o contexto atual no qual a ansiedade tem se revelado como um mal de proporções quase incorrigíveis, que se observe de forma científica e cuidadosa os seus impactos. Nessa senda, é delicada a compreensão quanto à origem e natureza dos afetos. 

De acordo com o entendimento de Conradt e Petermann (2017) há que se pensar inicialmente que a relação de um adolescente com toda a sua família e com demais pessoas que se encontram presentes no seu ciclo de convivência, deve ocorrer sob um prisma específico, onde as características pessoais do adolescente possam ser validadas como norteadoras do modo como ele ambicione ser tratado. Dessa forma, há que se pensar no fato de que a origem dos afetos se dá no campo inconsciente do ser humano, sendo a mente, parcialmente responsável pela explicitação de satisfação por algo que faça com que o indivíduo se sinta bem. 

Nessa conjuntura, se observa em Bell-Dollan et al (2016), que sem a validação do mundo em que o adolescente vive, o tratamento da ansiedade seguirá às cegas por um longo período de tempo. Encontra-se em Bernstein et al (2017), um posicionamento semelhante, sendo reiterado que, não considerar os impactos da vida moderna vivida pelos adolescentes nos dias de hoje como um fator altamente contributivo para os episódios de ansiedade, é esconder a importância da vida vivida por esse adolescente e toda a sua influência no processo de acompanhamento e de tratamento do transtorno da ansiedade. 

Bernstein et al (2017) expõem ainda que, todos os impactos vividos trazidos para a vida de um adolescente em decorrência da ansiedade, o impactam profundamente e em muitos casos trazem resultados desastrosos para a vida do adolescente ansioso. 

Em Bögels e Zigterman (2019), se observa que os fatores que contribuem para ocorrência da ansiedade na adolescência são os mais variados possíveis, indo desde influências externas, passando por conflitos vivenciados no ambiente escolar e por fim chegando ao ambiente familiar, considera-se que são múltiplas as formas de entrada da ansiedade na vida de um adolescente. Nesse sentido, é importante que se diga ainda que, considerada a multiplicidade desses fatores, é importante ponderar também os impactos que a ansiedade traz para a vida de cada um dos que sofrem com esse tipo de transtorno. Assim, pode se nomear como contributivos ou como os reais motivos dos casos de ansiedade entre jovens, fatores como:

  • Pressão social estética;

  • Influência das redes sociais com a estipulação de um padrão social e estético a ser cumprido;

  • Pressão familiar em decorrência da necessidade de criação ou do planejamento de uma vida acadêmica;

  • Pressão familiar em decorrência de uma escolha de vida sexual que destoe do modelo familiar;

  • Conflitos religiosos; e

  • Dificuldade de se encaixar em um grupo social.

No entendimento de Cantwell e Baker (2020) explicam que, é imprescindível que se pense a influência da sociedade atual e seu modelo de formação, como pontos influenciadores e altamente impactantes na formação de uma conduta humana. É necessário se observar que, sendo deixado de lado aspirações pessoais, idealizações, desejos e demais vontades implícitas à um indivíduo em favor de uma condição mais voltada ao pragmatismo que ecoa no mundo atual, o que se tem é sem dúvida a supressão de vontades, o afogamento de desejos e a sumária morte de ideias que antes norteiam uma vida. 

Alpert et al (2018) aponta em seu entendimento que, é preciso considerar a ansiedade como um mal recorrente e presente na vida de cada um, justamente por causa das imposições que constantemente se deflagra, nesse contexto, é importante que se diga que, no meio social em que se vive, impera claramente a necessidade de se fazer presente em um meio para que se possa ser visto com frequência. Esse fator, aponta a dificuldade que cada um dos adolescentes da atualidade possui para se enquadrar dentro do seu meio de convivência.

De acordo com Rupert (2017) em uma pesquisa realizada no ano de 2017, nos Estados Unidos por alunos da Universidade do Oregon, revelou um aumento massivo nos índices de tratamento, internação e suicídio entre adolescentes na faixa dos 12 aos 17 anos de idade, todos diagnosticados com transtorno de ansiedade. 

Albucacis e Asbahr (2019) explicam que, todo o cenário evidenciado com pesquisas que tem como temática a ansiedade no período da adolescência aponta para o fato de que, a ansiedade pode ser vista como fator implicante para condições mais graves como os transtornos alimentares já aqui citados, e também para episódios de isolamento que podem conduzir a situações mais extremas como por exemplo o suicídio. Dessa forma, os mesmos autores seguem relatando que outros fatores com tendência mais clínica como a insônia por exemplo, demandam a intervenção profissional e a determinação de um suporte farmacológico para auxiliar na retomada de uma jornada de sono maior, tendo em vista os efeitos que podem ser provocados com a persistência dos quadros de insônia no desenvolvimento geral desse adolescente. 

Beidel et al (2017) reitera que a armadilha maior dos dias atuais, é justamente a venda daquilo que é impossível, a imposição de metas absurdas de serem cumpridas, junto a criação de cenários fantasiosos onde pessoas aparentam levar uma vida mágica, sem problemas, consequentes vitórias e com surpresas felizes todos os dias. Nesse caso, é preciso reiterar que a realidade da vida precisa ser vivida, Beidel et al (2017) continuam a dizer que a figuração de uma vida mágica mascara uma realidade que é necessária para formar todo um conjunto no qual o ser humano está apto a viver. 

De acordo com o entendimento de Bell-Dollan et al (2016), a ansiedade na vida do adolescente, tem potencial para fazer com ele deixe de observar o que está acontecendo à sua volta e não consiga perceber oportunidades reais de crescimento no mundo que o cerca. Ao ignorar esse mundo, o adolescente passa a viver em projeção criada para si, com objetivos e metas que em muitos casos desafiam a própria natureza humana. É necessário pensar conforme aponta Alpert et al (2018) como principais responsáveis toda a sociedade que contribui para a formação de um contexto de vivência que pressiona, cobra e impõe metas absurdas que claramente não podem ser cumpridas, mas que ainda assim, exige e compara sem reparar nas condições funcionais, clínicas, financeiras e motivacionais de cada um desses jovens. 

Rupert (2017) aponta ainda que, a não preocupação com a criação de um modelo social em que haja uma limitação para a forma como o jovem lida com fatores que hoje fazem parte de sua vida, como as redes sociais por exemplo, implicará em ações futuras de frustrações e do prejuízo na formação social como um todo. Ou seja, os efeitos da ansiedade no adolescente de hoje, tem relação direta com a sua formação social, a sua formação acadêmica, o seu desempenho profissional, a sua saúde emocional, a sua capacidade de se relacionar com outras pessoas e também com de formar vínculos afetivos que naturalmente são uma necessidade de todo ser humano. Dessa forma, a imposição de modelos de vivência, tornando padronizadas decisões de cada jovem para que este possa se sentir aceito em um determinado meio, acaba por apagar instintos, vontades e desejos latentes que são tão importantes para a preservação da singularidade de cada um. 

Cantwell e Barker (2020) ao falar sobre tal tema, reiteram ainda que ao propor um modelo de vivência que é igual para todos, o universo paralelo das redes sociais, conseguiram ofuscar referências reais que o jovem tinha ao seu lado. Assim, os modelos familiares, ou mesmos os modelos de ícones sociais que são mais táteis, deixaram de influenciar pessoas e foram trocados por anônimos igualmente inexperientes aos seus seguidores, mas que tem potencial de visualização maior. 

Dessa forma, a conjuntura social que aponta como modelos, rapazes fortes, com dentes perfeitos, moças com pele rosada e um corpo atípico, esquecem de contemplar a realidade dos que seguem tais perfis e desconsideram fatores comuns do dia a dia como enfrentar ônibus lotado, responder provas teóricas e realmente complexas no ambiente escolar ou acadêmico, e ainda de considerar as necessidades fisiológicas comuns a toda pessoa, como por exemplo a vontade de comer, o metabolismo diferenciado de cada um, sonolência ou insônia e outra gama de fatores biológicos que sim, impactam a busca por metas inalcançáveis. 

Em Stein (2017), se tem exposto o entendimento de que, ao lidar ou idealizar um mundo que destoa drasticamente do mundo em que vive, o jovem tem ansioso para lidar com frustrações em um nível mais incomum que o convencional para a sua vida. Isso porque a adolescência já é um período de naturais questionamentos, de adversidades de descobertas e de engajamento. 

Morhs (2019), ao tratar sobre esse tema, contribui dizendo que, no decorrer de uma abordagem com o adolescente ansioso, é preciso que seja reiterado a ele o entendimento de que, a sua vida tenderá a transcorrer de forma fluida e a construção dessa dependerá exclusivamente dos esforços realizados no momento presente. Nesse sentido, a vivência do agora é o que diferencia a construção de um mundo ideal da idealização de um mundo perfeito; isso porque a construção desse mundo, demanda no esforço, na realização de ações que contribuirão para a realização de metas, ao passo que a idealização demanda o pensar constante, o vislumbre de um futuro e somente ele, sem a demanda de esforços físicos e intelectuais para a edificação deste.

Contribuindo com tal pensamento, Keeler (2020) explica que nesse sentido, a abordagem profissional não deve ser orientada no intento de invalidar as aspirações que são apresentadas por esse adolescente, pelo contrário, pode-se sim validar seus ideais, mesmo que esses ideais sejam advindos de um mundo virtual por exemplo, contudo, é imprescindível que se retrate a esse jovem que a sua ação de realização para obtenção da demanda desejada, precisa respeitar critérios físicos de um mundo real. 

Nessa conjuntura, Conradt e Petermann (2017) evidenciam o fato de que ao lidar com adolescentes ansiosos, é necessário que se compreenda que a demanda de atuação profissional pode sim ser farmacológica para os casos em se tem a ansiedade patológica e/ou crônica, mas acima de tudo, deve levar em consideração os fatores de orientação, terapia e aconselhamento, com foco no despertar de uma percepção mais realista desse adolescente para o mundo em que ele vive. Ou seja, não se trata de uma intervenção que procure apontar como o certo um caminho a ser seguido, pelo contrário, como aponta Stein (2017), se trata justamente de se trabalhar a capacidade de ouvir esse adolescente e de tentar compreender ele e todos os seus medos e desejos carregados. Nesse sentido, há que se compreender que a este adolescente já é apresentado e imposto um mundo no qual ele tenha que se encaixar. 

Nessa conjuntura, se retorna a Rupert (2017) e passa-se a compreender que a capacidade de troca de experiências, é o fator que é facilmente encontrado por esses adolescentes em mundos como os das redes sociais, mesmo que em muitos casos, se trate de uma experiência fictícia. A partir daí, tendo a consciência de que no ambiente em que vive ele não será ouvido, a sua relação com as pessoas que fazem parte do seu ciclo familiar passa a ser subjugada, infligida e negligenciada, em favor do comodismo e da vida fantástica que se apresenta fora do seu convívio familiar. 

Dentro do contexto escolar (organização educacional) o psicólogo é extremamente importante, não somente no trato de outras questões, como no atendimento e auxilio dos demais profissionais a lidarem com situações extremas dos adolescentes. O comportamento que se estabelece e se consolida ao longo da história e que se baseia na formação social e cultural de origem, portanto, essas pessoas utilizam seus conhecimentos e valores prévios extraídos da sociedade na produção da cultura. Portanto, a combinação dessas pessoas levou ao aprendizado dessas ações norteadoras e ao compartilhamento de valores, e, portanto, passou a definir suas identidades adotadas no ambiente de trabalho (Silva; Zanelli; Tolfo, 2014).

O campo de ação da psicologia contém diversas funções e atividades (Zanelli, Borges-Andrade, & Bastos, 2014), sistematização usando maneiras diferentes. Ao longo do tempo, os tipos de organização nas quais os psicólogos atuarão foram ampliadas para além do contexto industrial, passando a abranger empresas públicas, privados e de terceiro setor, em diferentes setores da economia, mas ainda orientada pela noção mais estreita de organizações como sinônimo de empresas, indústria, escolas, organizações de trabalho, entre outras (Zanelli, Bastos et al., 2014).

Pinto e Alves (2014) relatam que psicólogos organizacionais e o trabalho se limitam a modelos técnicos clássicos e se configura em um nível superficial A realidade atual da organização devido à falta de familiaridade proporcionada pelos treinamentos. Os bolsistas que cursam os cursos de psicologia com PPA limitam a atuação desses profissionais com este novo campo de atuação. Vários fatores psicossociais são considerados fatores de risco relacionados a várias doenças, como doenças cardiovasculares, câncer, doenças Sistema respiratório e outras doenças crônicas em um grande número de estudos observacionais (Who, 2013). 

As revisões sistemáticas de fatores psicossociais e doenças crônicas não são Doenças infecciosas (DCNT) fornecem evidências de que fatores psicossociais estão em explicação do importante papel das DCNT, apesar das evidências da relação entre os fatores Psicossocial e câncer não são tão fortes quanto outras DCNT. Essas descobertas indicam que as intervenções sobre os fatores psicossociais podem fornecer várias oportunidades de prevenção e possíveis abordagens intersetoriais para lidar com a desigualdade social Saúde (Pikhart; Pikhartova, 2015).

Vários fatores de risco têm um efeito cumulativo nas percepções dos pais sobre saúde física, socioemocional e bucal (Garibotti et al., 2015). No entanto, os fatores psicossociais das mães relacionados à percepção da saúde bucal de crianças pré-escolares não foram investigados. Entre os fatores dessa natureza que afetam a percepção da saúde, o apelo sexual consistente (SOC) e as crenças religiosas são particularmente proeminentes. Alguns pesquisadores da área de marketing estudaram as formas como os consumidores participam de produtos ou de situações específicas de compra. No entanto, uma das principais dificuldades encontradas ao lidar com estruturas hipotéticas é a sua conceituação. Independentemente das diferentes definições recebidas ao longo do tempo, uma das características básicas encontradas em todas as obras é a percepção da relevância pessoal.

A adolescência é considerada um período crítico de transição entre a infância e a idade adulta, que leva a mudanças biológicas, sociais e psicológicas moldadas pelo ambiente social, familiar e escolar (Sawyer et al., 2012). Uma variedade de comportamentos prejudiciais à saúde, como uso de tabaco, álcool e drogas, sexo desprotegido, dieta inadequada e comportamento sedentário, geralmente são adquiridos durante a adolescência e costumam durar a vida toda, afetando a saúde e o bem-estar (Jackson, et al., 2012).

A teoria psicossomática enfatiza a contribuição de fatores emocionais e a possível confusão entre estados como fome e ansiedade. A teoria da restrição acredita que, sob pressão de fatores sociais, os indivíduos restritivos tendem a pensar que estão com sobrepeso, mesmo dentro da normalidade, o que os leva a buscar conhecimentos sobre nutrição e dietas para emagrecer. No entanto, devido a fatores fisiológicos e psicossomáticos, a tendência de restringir um período de tempo é uma dieta descontrolada e irrestrita. Nesse caso, a restrição alimentar pode ser considerada a causa da ingestão excessiva subsequente, por vezes compulsiva (Viana, 2008; Viana, 2009). Por outro lado, a adolescência é um período de pausa psicossocial durante o qual todas as sociedades permitem que os jovens experimentem papéis diferentes antes de fazer escolhas profissionais, o que é o oposto da indiferença ou inibição de ação que ameaçam sua identidade (Silva, 2011).

Não esquecendo que a família desempenha um papel importante neste processo Maturidade individual e desenvolvimento psicossocial biológico, apesar de ter passado por uma transformação nas últimas décadas e manteve um papel específico é muito valorizado ao longo do desenvolvimento dos seus membros (Pratta e Santos, 2009). De acordo com Nunes e Vieira (2009), este é um campo emergente de pesquisa e seus resultados podem não apenas ter um impacto importante no campo da psicologia do desenvolvimento humano, como também confirmar. A maneira como planejamos cientificamente projetado para promover o bem-estar e a saúde social e psicológica da família e seus membros em diferentes fases do ciclo de vida.

Ao se alcançar o fim dessa abordagem, fica compreendido que a ansiedade precisa ser considerada em todos os seus fatores, pontuando o seu poder de alcance e considerando como necessário o acompanhamento profissional, tendo como base de entendimento o fato de que diferente da condição de fase, como é o caso da adolescência, a ansiedade não passa, precisa ser tratada, sob pena de se perpetuar na vida adulta.  

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O método de escrita consiste em uma revisão de literatura, para a sua elaboração foi adotado o modo de análise dedutivo e por esse motivo se considerou como válida inicialmente, a leitura das fontes selecionadas para a sua fundamentação, para seguidamente construir um entendimento próprio a respeito do objeto de estudo apresentando na parte introdutória deste artigo. Para a seleção das fontes de fundamentação foram escolhidos artigos com datas de publicação a partir do ano de 2010, sendo validados artigos escritos tanto na língua inglesa quanto na língua portuguesa. No decorrer da seleção desses artigos foram usados para separação das fontes de referência, as seguintes palavras-chave: Psicologia escolar, Conceitos de Ansiedade; Definição clínica de Transtorno de Ansiedade; Definição conceitual de adolescência; Impactos da Ansiedade na Adolescência; e Efeitos clínicos da Ansiedade em adolescentes.

4. CONCLUSÃO

Observando tudo que foi discutido no decorrer deste artigo, chega-se ao entendimento de que, a ansiedade, enquanto transtorno que causa males consideráveis ao indivíduo, especialmente os pacientes que se encontram no período da adolescência, precisa ser contemplada no âmbito teórico, por profissionais que de fato reconheçam a gravidade desse transtorno e que acima de tudo compreendam a importância do acompanhamento profissional para o adolescente diagnosticado. 

Ao se reconhecer os impactos que transtornos como a ansiedade provocam na vida do paciente, compreende-se que rezar, conversar com amigos ou procurar Deus, não passam de ações que ratificam todo o desconhecimento da comunidade ou mesmo da família sobre a ansiedade. A conscientização nesse caso precisa ocorrer de forma ininterrupta, especialmente pelo fato de que, sendo a adolescência um período de grandes desafios para o jovem, é salutar que a família e todos que estão no ciclo de convivência desse adolescente, reconheça a importância do acompanhamento profissional para que dessa forma, possam ser realizados cuidados específicos para a melhoria do quadro clínico desse adolescente. 

Nessa conjuntura, é importante ressaltar ainda que, a necessidade de se tratar a ansiedade se justifica pelos impactos que esse transtorno pode provocar no decorrer de toda a vida do indivíduo. Ou seja, não se trata de um fator que se delimita ou que se restringe a uma fase da vida e passa. A ansiedade uma vez presente na vida de um adolescente pode trazer impactos em todo o seu desenvolvimento enquanto ser social, psíquico e emocional, caso não seja devidamente tratada.

Nessa conjuntura, é indispensável que se observe, trate e deixe claro a importância de ser tratada ainda no decorrer da adolescência o transtorno da ansiedade, como forma de promover ao adolescente diagnosticado com tal transtorno, a possibilidade de recuperação, fazendo com que seu desenvolvimento e passagem para uma vida saudável transcorra de forma coerente e sem incidentes que o transformem em um adulto inseguro, retraído ou portador de qualquer comportamento atípico em decorrência da ansiedade.

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1 Graduação em Psicologia pela Universidade de Cuiabá – UNIC. Pós-graduação em Psicologia Escolar e Educacional pela Faculdade Venda Nova do Imigrante – FAVENI. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela MUST University. E-mail: [email protected]

2 Graduação em Ciências Biológicas, Pedagogia, Matemática e Letras–Inglês. Especialista em Análise Comportamental do Autismo, Atendimento Educacional Especializado, Psicologia Escolar e Educacional, Metodologia do Ensino de História, Matemática e Biologia. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação (Must University). E-mail: [email protected]

3 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Paranaense – UNOPAR. E-mail: [email protected]