ALTAS HABILIDADES - ENTENDER PARA AJUDAR

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13327791


Georgianna Antoniazzi Nepomuceno Silva


RESUMO
Este trabalho apresenta uma tentativa de aprofundamento investigativo a partir da análise do texto-base de onde se definiu a teoria norteadora deste projeto acadêmico, que foi a obra de Adorno, T. W. & Horkheimer, M. Dialética do Esclarecimento. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. Nesse contexto, o marco teórico de uma pesquisa é o limite que a cerca, mas sem ter a pretensão de esgotá-la totalmente. Com sua evolução, ela vai adquirir contornos outros que somente irão beneficiá-la, visto que a produção de saber admite amplo contato com outras ciências, ao menos no tocante ao diálogo. A pesquisa foi realizada a partir dos descritores ‘‘educação’’, ‘‘inclusão’’, ‘‘diversidade’’ e “educação especial”. O mesmo paradigma teórico que traz embasamento quando na definição da pesquisa será o elemento condutor da própria redefinição, já que, com o desenvolvimento do processo, permitirá a esta que se desdobre por outros caminhos, mas devidamente amparados e iluminados com o paradigma inicial. O objeto é multifacetado e prismático e depende totalmente da interferência de seu paradigma, que evita sua consequente interseção com outros paradigmas próximos ou contrários ao que foi definido inicialmente por ele. A definição do que seja Teoria Crítica, de Max Horkheimer, teórico da Escola de Frankfurt, “é o saber acumulado de tal forma que permita ser utilizado na caracterização dos fatos tão minuciosamente quanto possível”. (Horkheimer, 1980: 125). O autor entende ser a teoria o acúmulo de saber que se dispõe a conceituar toda uma ordem de fatos em determinadas classificações. Ainda para Horkheimer, (...) “é considerada como um sistema fechado de proposições de uma ciência”. (1980: 126). A teoria crítica, então, se constitui no embasamento necessário para a construção de uma forma de conhecimento que visa acrescentar novas ideias e novíssimas formas de pensar o mundo. É inerente a ela o fato de que não pretende fechar os caminhos à sua volta, mas, como está reforçado acima, “tem-se sempre, de um lado, o saber formulado intelectualmente e, de outro, um fato concreto que deve ser subsumido por esse saber subsumir, isto é, este estabelecer a relação entre a mera percepção ou constatação do fato concreto e a ordem conceitual do mesmo saber chama-se explicação teórica”. (Horkheimer, 1980: 128). E é com o propósito de se ter o saber formulado e o fato concreto numa mesma condição científica que se pretende analisar conceitos diversos, de várias naturezas explicativas, que busquem definir com precisão e rigores também científicos, a escolha do tema que vem a seguir. Para conceituar, numa perspectiva sociológica, mais precisamente, na definição do que seja a Teoria Crítica, na Educação propriamente dita, é que a chamada Educação Inclusiva, hoje, ontem, era denominada de Educação Especial. A Educação Especial é um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seus alunos. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino. Sob o enfoque sistêmico, a Educação Especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos. A estimulação essencial é o trabalho realizado com crianças de 0 a 3 anos e complementa a estimulação que toda criança deveria receber a partir de seu nascimento. Esta prática não permite que ocorra a chamada “privação cultural.”
PALAVRAS-CHAVE: Educação; Inclusão; Diversidade; Educação Especial.

ABSTRACT
This paper presents an attempt at in-depth investigation based on the analysis of the basic text from which the guiding theory of this academic project was defined, which was the work of Adorno, T. W. & Horkheimer, M. Dialectics of Enlightenment. 2nd ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. In this context, the theoretical framework of a research is the limit that surrounds it, but without the intention of exhausting it completely. As it evolves, it will acquire other contours that will only benefit it, since the production of knowledge allows for broad contact with other sciences, at least with regard to dialogue. The research was conducted based on the descriptors “education”, “inclusion”, “diversity” and “special education”. The same theoretical paradigm that provides the basis for defining the research will be the guiding element of the redefinition itself, since, as the process develops, it will allow it to unfold along other paths, but duly supported and illuminated by the initial paradigm. The object is multifaceted and prismatic and depends entirely on the interference of its paradigm, which prevents its consequent intersection with other paradigms close to or contrary to what was initially defined by it. The definition of Critical Theory, by Max Horkheimer, a theorist from the Frankfurt School, is “knowledge accumulated in such a way that it can be used to characterize facts as thoroughly as possible”. (Horkheimer, 1980: 125). The author understands theory to be the accumulation of knowledge that is available to conceptualize an entire order of facts in certain classifications. Still for Horkheimer, (...) “it is considered as a closed system of propositions of a science”. (1980: 126). Critical theory, then, constitutes the necessary foundation for the construction of a form of knowledge that aims to add new ideas and brand new ways of thinking about the world. It is inherent to it that it does not intend to close the paths around it, but, as reinforced above, “there is always, on the one hand, the knowledge formulated intellectually and, on the other, a concrete fact that must be subsumed by this subsuming knowledge, that is, this establishing the relationship between the mere perception or observation of the concrete fact and the conceptual order of the same knowledge is called theoretical explanation”. (Horkheimer, 1980: 128). And it is with the purpose of having the formulated knowledge and the concrete fact in the same scientific condition that we intend to analyze diverse concepts, of various explanatory natures, that seek to define with precision and also scientific rigor, the choice of the theme that comes next. To conceptualize, from a sociological perspective, more precisely, in the definition of what Critical Theory is, in Education itself, what is called Inclusive Education, today, yesterday, was called Special Education. Special Education is a process that aims to promote the development of the potential of people with disabilities, typical behaviors or high abilities, and that encompasses the different levels and degrees of the education system. It is based on theoretical and practical references compatible with the specific needs of its students. The process must be comprehensive, flowing from essential stimulation to higher levels of education. From a systemic perspective, Special Education integrates the current education system, identifying with its purpose, which is to form conscious and participatory citizens. Essential stimulation is the work carried out with children from 0 to 3 years old and complements the stimulation that every child should receive from birth. This practice does not allow the so-called “cultural deprivation” to occur.
KEYWORDS: Education; Inclusion; Diversity; Special Education.

INTRODUÇÃO

A Educação é uma instância essencial para a vida dos indivíduos, estejam em que faixa etária eles estejam. É a maior ferramenta de transformação inerente a todo ser humano e pode mesmo ser considerada como fator de progresso e evolução das habilidades cognitivas que este traz dentro de si e de suas reais potencialidades de concretização de uma mudança em sua realidade. Somos organismos em evolução permanente e o que veio a ser a consciência na contemporaneidade é a identidade, que marca a diferença ou a alteridade que irá possibilitar o processo conhecido como inclusão.

Para o autor Vítor da Fonseca, “é frequente observarmos que muitas condições sociais têm sido consideradas como deficientes, refletindo normalmente este fato um julgamento social”, onde, ainda segundo esse autor, “ser ‘criança ’, ser ‘velho’, etc, representou (...) e representa ainda hoje, uma condição de subalternidade de direitos e de funções sociais.” (7)

Percebe-se, então, com certa clareza, que Fonseca evidencia em sua obra a condição de deficiente imposta pelas pessoas tidas como normais. Ser deficiente é estar submetido, segundo Fonseca, a (...) “abusos de poder e de superioridade velados.” (7) Claro que a distinção imposta pela dificuldade que um ser humano apresenta e que independente de sua vontade evitá-la, não deveria ser um motivo de segregá-lo dentro de seu meio social. Mas, pessoas tidas como normais em certos aspectos reconhecidos pela convenção social, insistem em graduá-lo com tonalidades de preconceito e discriminação.

Uma das questões que incidem diretamente nessa problemática discutida no presente texto é a própria condição cultural. Para Fonseca, (...) “a problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural de uma comunidade.” (7) Sendo assim, a bagagem cultural imposta aos indivíduos, desde o seu nascimento, é carregada de preconceitos com todo ser humano quem, se pudesse, desejaria modificar sua carga genética para ser melhor compreendido e aceito.

E com a permanência de fatores considerados em crianças como sendo de altas habilidades, não seria diferente. Segundo Fonseca, (...) ” toda marca ou estigma (do grego stigma) traduz um conjunto de valores e de atitudes dependentes do envolvimento cultural em que o indivíduo se encontra.” (7) Logo, essa estigmatização permeia todo o repertório de valores que serão depositados naquele tido como “deficiente” e, pode-se perceber, que ele estará completamente sem defesa perante seus desiguais, os chamados normais. A partir daí, o “deficiente” estará o tempo todo sendo rotulado com palavras que irão estar denegrindo sua personalidade, já tão afetada pela complicação genética que apresenta. O meio interfere e, na maioria das vezes, de forma negativa, não lhe dando chances de se defender, ainda mais quando se é apenas uma criança.

Claro que as pessoas pensam que todo ser com um grau de inteligência superior, constatado por testes médicos e ou mesmo genéticos, é mais um ‘deficiente’, palavra essa com conotação preconceituosa e descabida, na medida em que são crianças diagnosticadas com um rol de habilidades bem mais ‘completo’ que aquelas que não apresentem o mesmo perfil.

Em Educação Especial, preconiza-se que o aluno que apresente altas habilidades ou superdotação, melhor dizendo, visa estudar as diferentes características do aluno com altas habilidades e a adequação do trabalho pedagógico para a sua escolarização. O objetivo será vir a oferecer subsídios para o educador desenvolver o processo de ensino e aprendizagem do aluno com altas habilidades em ambiente educacional inclusivo, identificando suas possíveis potencialidades e dificuldades comportamentais e de aprendizado.

De acordo com as orientações do MEC/SEEP, o atendimento educacional especializado deve abranger o trabalho de suporte e apoio aos alunos com altas habilidades/superdotação que apresentam elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades. Essas potencialidades acima da média resultam no alto desempenho do educando em uma ou mais áreas de atividade.

O educando com altas habilidades necessita do atendimento especializado para desenvolver o seu potencial. Esse aluno tem como característica “um notável desempenho e elevada potencialidade nos aspectos isolados ou combinados referentes à: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as artes e capacidade psicomotora.” (BRASIL, 1995, p.17).

Desta forma, entendemos que “a superdotação pode existir em somente uma área da aprendizagem acadêmica ou pode ainda ser generalizada em em habilidades que se manifestam através de todo o currículo escolar.” (BRASIL, 2002, p.14)

Dentre as estratégias pedagógicas que devem ser criadas para o acompanhamento desse aluno, se destaca a parceria necessária entre a escola e a família.

A parceria família/escola é essencial para a avaliação correta das características, dos interesses, potencialidades e necessidades especiais que o aluno com altas habilidades possa apresentar. O planejamento de ensino deve ser adaptado e, para tal, é preciso observar as expressões e potencialidades do educando no ambiente doméstico e social.

Uma estreita relação entre a família e a escola contribuirá para o maior esclarecimento da família e da equipe escolar sobre a temática das altas habilidades/superdotação. Essa parceria estimula o encontro entre os educadores e os familiares e abre espaço para o diálogo e o esclarecimento sobre as necessidades, características, potencialidades e limitações do aluno.

A interação entre os diferentes segmentos escolares permitirá a adequação das orientações, estratégias pedagógicas e metodologias de trabalho facilitadoras do processo de aprendizagem, de constituição do sujeito e de socialização do aluno com altas habilidades/superdotação.

A escola especial é somente para pessoas com necessidades especiais, sendo ainda excludente, tendo surgido como uma opção mais política do que educacional, infelizmente.

Como exemplo, sabe-se que, em 1975, na Itália, por decreto, extinguiram-se as escolas especiais públicas, o que parece afetar toda a visão que se tem da velha Europa, como centro de referência em educação e socialização especial.

A chamada educação inclusiva iniciou-se nos Estados Unidos através da Lei Pública de número 4.142, também no ano de 1975. Com ela, atualmente existe, em alguns estados norte-americanos, o estabelecimento de programas e projetos dedicados exclusivamente à Educação Inclusiva.

Como crítica inspirada na teoria que embasa este trabalho, percebeu-se que a escola especial é somente para pessoas com necessidades especiais, sendo, ainda, excludente, tendo surgido como uma opção mais política do que educacional, infelizmente. Essa afirmativa irá encontrar ressonância nas páginas seguintes como os exemplos de sua implantação em países europeus e na realidade educacional estadunidense.

I – Metodologia

A metodologia foi realizada através das pesquisas bibliográfica e de cunho documental.

Na pesquisa bibliográfica, através de Leville e Dionne (1999), entende-se que “numerosos instrumentos bibliográficos existem para guiar o pesquisador.” (Laville, Dionne, 1999: 113)

Então, essa pesquisa promove o embasamento de diversos autores pertinentes a essa, que conceituam a edição e os modos como procede para fixar categorias ideológicas.

Através de algumas citações pertinentes e relevantes ao item considerado, confrontá-las, somá-las, ou mesmo, promover um diálogo consistente entre elas é o objetivo principal.

Utilizaram-se fontes bibliográficas filosóficas, além das pedagógicas propriamente ditas, pois a autora possui uma formação acadêmica anterior, também na grande área de Ciências Humanas, em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, o que lhe favoreceu, nos dois cursos, em termos interdisciplinares, portanto, a fim de demonstrar um amadurecimento mais consistente que a envolveu quando realizou, aqui, um artigo, ao invés de monografia, permitindo-lhe construir outro conhecimento teórico e metodológico de assunto diverso da sua penúltima área, jornalismo.

Ao se permitir escrever este artigo, sua autora entende que, na práxis, é o primeiro momento de contato real do graduando com o seu futuro campo profissional, sendo que a proposta desse artigo é justamente possibilitar que a estudante busque compreender como se dará o cotidiano de alunos que apresentem altas habilidades, pois é só estando na condição de profissionais da área de pedagogia, somados aos conhecimentos teóricos aprendidos no curso de graduação, que será possível a esta estudante refletir sobre a sua prática e o campo profissional que quer atuar, se existe identificação ou não com aquela área.

Este artigo concedeu à presente autora a oportunidade de experienciar as atribuições e as dificuldades diárias enfrentadas pela gestão escolar, e permitiu analisar de forma crítica essa prática, para assim pensar como poderá ser, enquanto futura pedagoga, sem, no entanto, se esquecer da importância de todos os estágios que foram realizados, contudo, o último, na área de Gestão Pedagógica, demonstrou o amadurecimento desta estudante para ousar escrever este artigo e pensar em termos profissionais como será a abordagem desses estudantes que possuem, em sua inteligência, as altas habilidades.

De acordo com Lima e Pimenta (2004), o estágio é indispensável para a formação do docente, por isso deve ser considerado como um momento de exploração do ambiente, investigação das práticas pedagógicas da instituição, reflexão e intervenção na comunidade escolar, uma vez que o estágio supervisionado é uma ferramenta que contribui para a superação da dicotomia que existe entre teoria e prática no campo acadêmico e escolar, quando desenvolvido objetivando fomentar atividades de pesquisa. “O estágio, ao contrário do que se propugnava, não é atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da práxis docente, entendida esta como atividade de transformação da realidade”. (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 45).

Acredita-se que as temáticas vivenciadas por esta estudante foram de grande relevância para uma estagiária de Pedagogia, pois, por serem problemas que fazem parte da realidade da instituição, despertaram o real interesse em se conseguir observar e perceber de que maneira se comportam alguns dos atores escolares, frente a tais complicações do seu cotidiano.

E esse ensinamento envolveu o conceito de gestão escolar, que evoluiu com o a passar dos anos e, nos dias atuais, o gestor, tem a necessidade de repensar alguns fundamentos na educação, e iniciar conceitos sobre a mesma, com relação à integração entre as várias disciplinas, à pedagogia de projetos, a temas geradores de pesquisa em sala de aula entre outros.

Quando se fala em gestão escolar, é habitual pensar em administração, professores e alunos. Pensar no papel do professor, enquanto facilitador da aprendizagem, e que aprende, lidera, e inova. E no aluno, enquanto sujeito da aprendizagem.

Encontram-se dentro da escola diversas lideranças, atuando cada qual na sua função e que precisam definir suas ações em harmonia com o Projeto Político Pedagógico da escola, o PPP, no caso das escolas públicas e também particulares.

Basicamente, nas escolas, os gestores desenvolvem as seguintes funções:

Professor: Deve ser entendido como um agente da educação; é aquele que domina o conhecimento e sabe passar para os alunos. É crítico, especial, formador de opiniões e de futuros profissionais.

Diretor: Assume várias funções, tanto de natureza administrativa, quanto pedagógica. Entre as suas principais funções, estão: administrar os recursos materiais e financeiros da escola e harmonizar as relações entre os alunos, pais e profissionais da educação.

Coordenador Pedagógico: Auxilia os professores na elaboração e diversificação de suas práticas em sala de aula, para melhorar e facilitar o processo de ensino-aprendizagem.

Secretário Escolar: É responsável pela gestão da Secretaria da escola, tendo por tarefas a escrituração e expedição de todos os documentos escolares, autenticando-os com sua assinatura, bem como a guarda e inviolabilidade dos arquivos, registros e de todos os atos escolares.

Todos os gestores mencionados acima precisam ter como prioridade a aprendizagem dos alunos, desenvolvendo atitudes de gestão compartilhada, que esteja a serviço dos alunos, proporcionando um ensino de qualidade, com respeito à comunidade social na qual estejam inseridos.

II – Diferenças entre o princípio de normalização, integração e o da inclusão

O princípio da normalização diz respeito a uma colocação seletiva do indivíduo que possui alguma necessidade especial na classe regular. Neste caso, o professor desta classe não recebe um suporte do professor da área de educação especial.

Os estudantes do processo de normalização precisam demonstram que são capazes de permanecer na classe regular. O processo de inclusão refere-se a um processo educacional que visa estender ao máximo a capacidade da criança possuidora de deficiência na escola e na classe regular.

Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Inclusiva através dos seus profissionais, pois a inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.

A inclusão de estudantes com deficiência nas classes regulares apresenta um avanço histórico em relação ao movimento de integração, que pressupunha algum tipo de treinamento do deficiente para permitir sua participação no processo educativo comum.

II.1 – O Aluno do Ensino Especial

Educação Especial

Processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiência, condutas típicas (desajustamento social e emocional) ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino.

Sob o enfoque sistêmico, a Educação Especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos.

A clientela do ensino especial é aquela que, por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos, nos domínios das aprendizagens curriculares correspondentes, requer recursos pedagógicos e metodológicos específicos. São muitos tipos de necessidades especiais, a saber:

  • Alta habilidade- Apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial em artes e capacidade psicomotora.

Infelizmente, em termos de ajuda às crianças portadoras de Altas Habilidades e Superdotação, percebemos, em termos de Brasil, que há ainda muita desinformação, originada do desconhecimento dos pais, em primeiro lugar, que, muitas vezes, sentem algum desconforto quando percebem que aquele (a) filho(a) traz em si alguma coisa diferente, que não se percebe nos filhos dos seus amigos, vizinhos e parentes e nem mesmo nos coleguinhas que os mesmos possuem em suas escolas. Os profissionais da educação costumam também serem muito desinformados.

Mas, poucos desses pais que possuem essas “pedras preciosas” em seus lares procuram saber o porquê de eles serem assim e não do jeito que a sociedade espera que eles sejam. E é aí que entra a Educação Inclusiva, trazendo a forma correta de se lidar com essas preciosidades, pois são inteligências maravilhosas, de meninos e meninas maravilhosos, que, para os seus professores e para a instituição aonde eles vêm a estudar são os maiores privilegiados dessa história que começa agora, diferenciando o brilho de tais “pedras”.

São as seguintes palavras-chave a serem compreendidas neste trabalho acadêmico:

a) Inclusão – Como o próprio título indica, ele é uma pergunta extensiva ao tema de Altas Habilidades que pretende ser respondida neste artigo a partir de conteúdos que tentam explicar melhor o assunto acima referenciado.

b) Pesquisa – Ao desmistificarmos um tema, ele se ilumina dentro de nós, pois perdemos o medo que tivemos ao estarmos em contato com ele uma primeira vez e aí o conhecimento de tal situação nos permite aprender ensinamentos novos.

c) Altas Habilidades – Todos os seres humanos possuem as suas habilidades individuais e que permitem ser sentidas pelo entorno, pelos profissionais que estão ao redor, tal como alguém que possui uma inteligência brilhante e que, pelo desconhecimento, não chega nem a ser percebido(a) e que é altamente habilitado(a) para ser socializado(a) na escola onde estuda. São as sementes plantadas em cada intelecto. De cada aluno(a).

III – Características principais de Altas Habilidades e suas inserções

III.1 – Altas Habilidades - Apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial em artes e capacidade psicomotora.

III.2 – Educação Inclusiva - A chamada Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei Pública 94.142, de 1975 e, atualmente, há em todos os Estados Unidos o estabelecimento de programas e projetos dedicados à Educação Inclusiva. Fora os Estados Unidos, a situação também não é diferente. O mais conhecido centro de estudos a respeito de Educação Inclusiva é o CSIE (Center for Studies on Inclusive Education) da Comunidade Britânica, sediado em Bristol. È dele que tem partido os principais documentos a respeito da área da Educação Especial, que são citados abaixo:

a) – O CSIE – International Perspectives on Inclusion;

b) – O UNESCO Salamanca Statement (1994);

c) – O UN Convention on the Rights of the Child (1989);

d) – O UN Standart Rules on the Equalisation of Opportunities with Disabilities (1993).

Um dos documentos mais importantes atualmente é o Provision for Children with Special Education Needs in the Asia Region, que inclui os seguintes países: Bangladesh, Brunei, China, Hong Kong, Índia, Indonésia, Japão, Coréia do Sul, Malásia, Nepal, Paquistão, Filipinas, Singapura, Sri Lanka e Tailândia.

Mas, há programas em todos os principais países do mundo: França, Inglaterra, Alemanha, México, Canadá, Itália, etc.

Como em uma educação que se pretende democrática precisa considerar as diferenças individuais, espera-se dela que, no mínimo, seja uma oportunidade que leve em consideração as diferenças entre os indivíduos, seus estilos de aprendizagem e as suas potencialidades.

Nesse sentido, alunos com altas habilidades / superdotados merecem ter acesso a práticas educacionais que atendam às suas necessidades, possibilitando um melhor desenvolvimento de suas habilidades. Segundo Renzulli (1986), o propósito da educação dos indivíduos superdotados é “fornecer aos jovens oportunidades máximas de auto-realização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior esteja presente” (p. 5).

IV – Desenvolvimento dos conceitos associados às Altas Habilidades

IV.1 – O aluno do ensino especial

O direito da pessoa com deficiência existe desde 1824 em outros países, mas, no Brasil, foi somente em 1857 que se iniciou o trabalho com as pessoas com deficiências físicas, mentais e sensoriais.

O trabalho da Educação Inclusiva apresenta como objetivo proporcionar o ensino e aprendizagem para pessoas com qualquer tipo de dificuldade ou deficiência.

Na educação especial é muito importante que a família, escola e sociedade trabalhem juntas para compreenderem o processo de desenvolvimento de cada aluno/filho. Dentro da educação especial, encontramos vários tipos de síndromes e transtornos, dentre esses Altas Habilidades/ Superdotação, assunto que iremos abordar mais à frente.

O aluno do ensino especial é aquele que, por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos, no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educacionais específicos.

Incluem-se aqui aqueles indivíduos de altas habilidades, sendo que os demais são genericamente chamados portadores de necessidades educativas especiais, que se classificam em: portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física, múltipla, os portadores de síndromes e os que apresentam distúrbios de aprendizagem e de comportamento.

IV.2 – Alta Habilidade

Atualmente, já não se considera mais aquele indivíduo super inteligente em tudo, mas, com a teoria das Inteligências Múltiplas, se reconhece, no ensino especial, o indivíduo que se sobressai em alguma área de atuação. Este indivíduo será cliente do ensino especial porque, através de sua aptidão, se deverão atingir todos os objetivos de educação e, no ensino regular, nem sempre isso é possível.

As características do aluno com altas habilidades são variadas, mas dentro dessa variação é observado um seguinte grupo delas, tais como: a curiosidade, vivacidade mental, motivação interna, persistência na área de seu talento, capacidade de resolver problemas, energia, habilidade em assumir riscos, sensibilidade, pensamento original e divergente, conduta criativa.

O atendimento para cada aluno de altas habilidades precisa oferecer condições adequadas para atender às necessidades de cada um, de acordo com a realidade cognitiva, afetiva e, principalmente, comportamentais.

Dentro dessa concepção, é possível perceber que pessoas superdotadas e com altas habilidades aprendem com mais facilidade, e utilizam algumas ferramentas a seu favor, como a boa memória e o processo de informações num tempo diferente das demais pessoas.

Algo relevante para se observar, são os testes, que devem ser aplicados somente por profissionais especializados, pois, dessa maneira, todo diagnóstico recebido na escola deve ser analisado junto com a equipe pedagógica e pelos responsáveis por essas crianças, para traçarem um melhor caminho e alcançar as metas desejáveis.

Outra consideração a se fazer nesta pesquisa bibliográfica é a não antecipação de séries, isto é, não se aconselha a colocação de uma criança em uma série antes da idade indicada, levando-se em conta apenas o seu desempenho acadêmico, outros fatores interferem também em seu desenvolvimento que, muitas vezes, a antecipação de série pode causar algum transtorno.

IV.3 – Fatores individuais associados às Altas Habilidades

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 3 a 5% da população brasileira são portadoras de altas habilidades e existem vários inventários e listagens elaborados por especialistas que permitem a identificação de perfis e comportamento de alunos com essas habilidades.

Deve-se ter uma atenção especial ao fazer a identificação desses alunos, pois é preciso que se realize uma sequência de procedimentos, com etapas bem definidas e instrumentos apropriados, tendo uma combinação entre uma avaliação formal e observação bem estruturada. E esse processo deve ser algo contínuo para haver bons resultados.

Existem alguns instrumentos de identificação que são mais utilizados e entre eles estão: testes psicométricos; questionários; escalas de características; entrevistas com a família e professores; observação do comportamento entre outros.

Portanto esses instrumentos não fazem o diagnóstico, mas são ferramentas importante, pois fornecem dados objetivos uteis para intervenção, avaliação e pesquisa.

Há anos, estudos têm sido realizados buscando conceituar as pessoas auto-habilidosas, pois é preciso entender que esses alunos, também chamados de superdotados, não são gênios com capacidades raras em tudo, apenas tem mais facilidade do que a maioria em determinada área.

Ao contrário do que muitos pensam, esses alunos precisam ser estimulados para que possam manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento.

Questionar sobre as definições de altas habilidades e buscar o reconhecimento desses alunos na escola faz parte do papel do educador que deve se preocupar com a educação desses sujeitos, possibilitando assim a construção de uma proposta educacional adequada aos mesmos.

Os encaminhamentos a serem realizados com os alunos com altas habilidades ocorrerão por meio do educador, que identifica as características que podem trazer algum traço das altas habilidades e qual caminho deve percorrer até se chegar à equipe pedagógica.

O trabalho a ser utilizado com alunos de altas habilidades começa pelo teatro, música, artes, artesanato ou por aquele que o aluno tiver melhor afinidade.

A escola, junto com a equipe pedagógica deve oferecer um ensino detalhado para os alunos com altas habilidades, pois os mesmos devem receber o estímulo necessário, para alcançarem seus objetivos, pois sem estímulos, esses alunos podem apresentar frustrações e inadequação ao seu ambiente.

Está previsto na legislação educacional que o aluno de altas habilidades deve ter um monitor o acompanhando dentro da sala de aula, para ajudar nas suas atividades.

O trabalho com a criatividade é de suma importância, quando o foco são os alunos com altas habilidades, pois os mesmos apresentam um nível elevado de aprendizado, na maioria dos casos.

Vale ressaltar que o primeiro ambiente de desenvolvimento desses alunos com altas habilidades é o ambiente familiar, porque é exatamente nesse ambiente que vão ser notados os primeiros sinais de habilidades, porém, alguns pais não sabem lidar com a necessidade educacional do filho e o mesmo pode até perder a oportunidade de que profissionais sérios possam vir a entender essa habilidade.

Fica explícito que é de suma importância a participação da família dos alunos com altas habilidades, pois os mesmos devem receber o estímulo necessário no seu dia a dia.

As características dos alunos com superdotação são conhecidas pelo seu alto desempenho ou aptidão dos seguintes aspectos; capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as artes, e capacidade psicomotora.

Destacam-se outras como precocidade em seu vocabulários, escrita e leitura, concentração, rapidez para aprender conceitos básicos, irritação com a rotina, preferência por ideias complexas, grande curiosidade e memória precoce e outros mais.

Salienta- se que nem todos os superdotados apresentam todas essas características mencionadas. A superdotação tem por base o conceito de inteligência, que é um conceito não universal.

O autor Gardner (1994, apud BRAGA, 2017, p.67) apresenta a Teoria das Inteligências Múltiplas, onde ele fala que o ser humano pode ter graus variados em cada uma de suas inteligências. Esse ponto confirma que uma criança pode desempenhar muito bem em uma determinada atividade e, em outra, não.

A identificação de pessoas com altas habilidades/ superdotação deve ser um processo contínuo, com base em vários critérios.

Já os materiais a serem utilizados na identificação de alunos com superdotação devem ser analisados conforme o contexto e o atendimento escolar devem ser de acordo com base nas adaptações curriculares e no atendimento educacional especializado, que seja preferencialmente em salas de recursos multifuncionais.

A escola pode oferecer diferentes tipos de programas educacionais como programa de aceleração, que permite a admissão precoce; o programa de enriquecimento curricular, que envolve experiências de aprendizagem distintas e mais desafiadoras e também programas de segregação/agrupamento, o qual consiste em separar os educandos mais capazes por critérios específicos.

V – Principais características de crianças com altas habilidades

Boa memória

Concentração e atenção

Criatividade e imaginação

Riqueza verbal

Vocabulário avançado

Essas características são comuns a todas as crianças e pessoas com altas habilidades, mas é importante ressaltar que essas pessoas formam um grupo heterogêneo, ou seja, apresentam avanço em alguns aspectos e dificuldades em outro.

VI – Conceituações dos fatores individuais: motivação, autoconceito e criatividade

O impacto dos fatores individuais supracitados pode ser examinado por meio de sua conduta e análise da qualidade de suas expressões e produções criativas, e assim pode-se observar que, através desses fatores, em condições favoráveis, é possível promover o desenvolvimento pleno do indivíduo, combinando habilidades cognitivas, capacidade magnética, autonomia critica, entre outras características.

Esses aspectos são também destacados por que consideram as características pessoais como contribuição para a criação nas ciências e na arte. Para esses autores, esses atributos pessoais nos primeiros anos de vida do indivíduo, sob influência familiar e escolar, podem tanto facilitar como dificultar a produção criativa.

Abaixo estão citadas as características dos fatores individuais considerados preponderantes para se definir a pessoa portadora de altas habilidades:

a) Motivação: Para Neves e Boruchovitch (2007), a motivação é elemento decisivo na construção dos processos cognitivos, social e afetivo e consiste em uma direção natural do ser humano para aprender o mundo que o cerca.

Por outro lado, Bzuneck (2004) refere-se à motivação como uma dimensão humana complexa, de caráter dinâmico e processual, que tem como objetivo promover o direcionamento e a persistência.

b) Autoconceito: Consiste em aspectos relacionados ao autoconceito, sendo apontado por muitos pesquisadores como sendo uma variável importante no comportamento e na criatividade.

Segundo Alencar e Fleith (2003), o autoconceito diz respeito à imagem subjetiva que cada indivíduo possui de si mesmo e que passa a vida toda tentando aperfeiçoar.

c) Criatividade: É um processo de gerar novas ideias, produtos e ações associadas ao talento e a capacidade do homem de encontrar respostas para seus problemas.

No entanto, a criatividade não pode ser entendida como sendo o resultado exclusivo do produto individual, mas de sistemas sociais que julgam esse produto.

Por isso, deve- se dar uma importância especial à imaginação e à criatividade como principais protagonistas do desenvolvimento e inovação e entender que essas são as manifestações da liberdade humana que podem ser ameaçadas pela padronização dos comportamentos individuais e coletivos.

Diante de tudo que foi mencionado, podemos perceber que os alunos com altas habilidades/ superdotação possuem características que permitem sua identificação e que cabe aos professores aprofundarem seus conhecimentos sobre essas características, para reconhecerem alguma habilidade especial em seus alunos.

A escola e a família devem caminhar sempre juntas para obterem um desenvolvimento cognitivo e social para essas pessoas com altas habilidades/superdotação.

Acontece que, na maioria das vezes, os educadores não sabem identificar certas características dos alunos com altas habilidades, porque não são treinados para visualizarem determinadas situações onde essas habilidades apareçam e surjam diante de seus olhos, já que a maioria deles não possui qualificação após suas formaturas e, muito menos, formação continuada.

A partir do século XIX, houve uma grande necessidade de universalizar a instrução elementar que conduziu à organização dos sistemas nacionais de ensino para que elas seguissem um mesmo padrão de ensinamentos. No caso, foram instalados dois modelos para a formação dos professores, o modelo dos conteúdos culturais-cognitivos, isto implica que o professor irá lecionar apenas uma matéria especifica e o modelo pedagógico-didático, que o professor irá lecionar o ensino em geral. Isso teria gerado um grande dilema para a formação dos docentes.

Se os professores tivessem essa formação continuada, que lhes permitisse uma visão de mundo ainda mais ampliada, em sua maioria, conseguiriam ver e adaptar essas características dos alunos de altas habilidades e superdotados com relativa facilidade e elas não passariam despercebidas, como em alguns casos.

VII. Relação das Altas Habilidades com os fatores familiares

Vários estudos destacam a importância da família para a manifestação, desenvolvimento e reconhecimento da superdotação. O desenvolvimento de comportamentos de superdotação impõe novos desafios e demandas aos próprios indivíduos superdotados e seus familiares, que, em algumas ocasiões, não possuem o esclarecimento necessário para atendê-las.

Sendo assim, o objetivo geral é sintetizar e analisar criticamente as investigações realizadas sobre a relação entre a família e o indivíduo superdotado nas áreas esportiva, musical, artística e acadêmica.

No que diz respeito à importância da família para o processo educacional dos filhos e filhas com altas habilidades/superdotação, Delou (2007) assinala que essas pessoas produzem mudança nos papéis exercidos pelos pais e por ele próprio no contexto familiar.

A autora supracitada assinala, também, a influência da família e da escola no desenvolvimento desses indivíduos, o impacto positivo do suporte familiar no desenvolvimento dos filhos e que um ambiente familiar enriquecido e organizado favorecem os interesses dos que apresentam o comportamento superdotado.

Ainda sobre o papel familiar para o desenvolvimento educacional, Szymansky (2007, p. 22) destaca que é na família que a criança encontra os “primeiros outros” e aprende os modos humanos de existir.

No que tange aos dispositivos legais que apontam o envolvimento da família no atendimento educacional a esses estudantes, o Decreto n. 7.611 (BRASIL, 2011), em seu artigo segundo, orienta que o atendimento especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas (BRASIL, 2011).

Por sua vez, Sabatella (2007) acredita que não basta apenas identificar os alunos e saber seus potenciais, é preciso estimulá-los, e assinala que o entrosamento da família e escola é fundamental porque favorece trocas valiosas de informação sobre o educando. A mesma autora ressalta que o atendimento adequado por parte da escola e a orientação à família têm o potencial de mudar uma vida.

Mais do que o recebimento de informações e orientações aos pais, eles sentem necessidade de conhecer outros pais de superdotados para trocarem experiências por terem muitos pontos em comum. No que tange à falta de orientação parental adequada, os pais solicitam o recebimento de apoio por meio de informações e solidificação das relações professor, família e aluno.

VIII – Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com Altas Habilidades / Superdotação – As implicações no cotidiano escolar

VIII.1 – Objetivos e conteúdo da educação infantil

De acordo com as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica, devem ser oferecidos serviços de apoio pedagógico especializado aos alunos com necessidades especiais.

Em casos que a necessidade especial do indivíduo considerado como superdotado sugere-se o atendimento suplementar para aprofundar e enriquecer o currículo escolar. Este atendimento deve ser realizado em salas de recursos, localizadas em escolas da rede regular de ensino, em horário contrário ao da sala de aula comum. A sala deve atender alunos da própria escola e de escolas próximas também, das quais não possuem esse recurso.

O atendimento a alunos superdotados da educação infantil deve iniciar por volta dos quatro anos e tem como objetivo oferecer oportunidades para que explorem áreas de interesse, aprofundem conhecimentos adquiridos anteriormente e desenvolvam habilidades relacionadas à criatividade, resolução de problemas e raciocínio lógico. Esse atendimento contribui para o desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais, como cooperação e autoconceito, propiciam a oportunidades para vivenciarem o processo de aprendizagem com motivação.

E é de grande importante entender que não é tão simples realizar, com precisão, um diagnóstico de superdotação para crianças na educação infantil, uma vez que, essas crianças estão em fase inicial de seu desenvolvimento e que podem ser muito estimuladas pela família sofrendo estímulos distintos.

O atendimento em salas de recursos possibilita ao professor observar e acompanhar o desempenho do aluno e verificar se o mesmo pode ser caracterizado como uma criança com altas habilidades, possibilitando desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações, descobrindo e conhecendo progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar.

Estabelecendo vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo a autoestima e ampliando as possibilidades de comunicação e interação social, ampliando cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração.

IX – Considerações finais

Observar e explorar o ambiente aguça a curiosidade das crianças com AH/SD, que se percebem cada vez mais como integrantes, dependentes e agentes transformadores do meio ambiente, além de conscientizarem-se da importância de atitudes que contribuam para sua conservação, aprendendo a brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades.

Também utilizando as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva, conhecendo algumas manifestações culturais, como expressões artísticas populares, demonstrando atitudes de interesse, respeito e tendo oportunidades de participar em algumas delas.

Usar estratégias de atendimento ao aluno com altas habilidades/superdotados também envolvem diferenciar e saber modificar o currículo regular, de modo a adequar o processo que se depara com a aprendizagem desses alunos.

Diferentes estratégias podem ser empregadas nas classes comuns para a diferenciação e a modificação do currículo regular, contribuindo, inclusive, para estimular potencialidades de toda a turma.

Com a diversidade de estilos de aprendizagem, estilos de expressão e habilidades dos alunos superdotados, múltiplas formas de avaliação da aprendizagem devem ser consideradas, visando não somente assegurar respostas educativas de qualidade, mas, também, a tomada de decisões quanto ao atendimento de que a criança pré-escolar necessita no âmbito da escola, garantindo a educação e o desenvolvimento das potencialidades desses educandos.

Além disso, em situações de desenvolvimento dessincronizado na pré-escola (por exemplo, desenvolvimento intelectual mais avançado do que o emocional), um cuidadoso e exaustivo trabalho de avaliação escolar deve ser realizado a fim de fundamentar decisões tomadas como a de aceleração de estudos de alunos autodidatas ou que apresentem ritmos de aprendizagem acelerados em uma ou várias áreas de aprendizagem escolar.

Outras atividades escolares poderão ser utilizadas como, por exemplo, autoavaliação, relatório de atividades e avaliação de produtos elaborados pelos alunos. A estratégia ideal de avaliação é aquela em que o progresso do aluno é ressaltado. Isso possibilita ao aluno desenvolver um senso de realização acadêmica e, consequentemente, levá-lo a se sentir intrinsecamente motivado em relação ao seu processo de aprendizagem (Feldhusen, 1994).

Também é muito importante que o professor incentive múltiplas formas de produto final. Ou seja, o aluno pode demonstrar sua proficiência por meio de um produto escrito (história, poesia, carta), oral (dramatização, música, contar histórias), visual (desenho, colagem e mural) e/ou concreto (móbile, máscara, brinquedos e jogos), de forma a contemplar os diferentes estilos de expressão dos alunos.

Toda informação sobre o aluno (por exemplo, trabalhos de classe e extraclasse, outras produções do aluno, áreas/atividades de interesse) deve ser documentada e guardada em um portfólio, ou seja, em uma pasta para cada aluno, com sua produção, de forma que as habilidades interesses, estilos de aprendizagem e expressão do aluno superdotado sejam ressaltados e o professor possa, portanto, conhecê-lo melhor e estruturar a aula visando atender às suas necessidades educacionais (Purcell & Renzulli, 1998).

Pensar a construção da educação de superdotados na pré-escola envolve superar desafios que vão desde a organização dos sistemas de ensino, passando pela escola e pela família, garantindo condições escolares de qualidade que favoreçam a formação de cidadãos brasileiros que poderão, definitivamente, contribuir para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática.

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