A INFLUÊNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA LITERATURA: UMA ANÁLISE SOBRE A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE ATRAVÉS DOS AUTORES AFRO-BRASILEIROS

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10359978


Atila Barros¹


RESUMO
Este artigo propõe uma investigação sobre a influência da cultura afro-brasileira na literatura, destacando a rica contribuição dessa cultura para a diversidade e complexidade do panorama literário brasileiro. Ao explorar a presença e impacto da cultura afro-brasileira na produção literária, buscamos compreender como elementos como religião, tradições orais, mitologia, e experiências históricas moldaram e enriqueceram as narrativas literárias do Brasil.
Palavras-chave: literatura. afro-brasileira. Cultura

ABSTRACT
This scientific article proposes an in-depth investigation into the influence of Afro-Brazilian culture on literature, highlighting the rich contribution of this culture to the diversity and complexity of the Brazilian literary panorama. By exploring the presence and impact of Afro-Brazilian culture on literary production, we seek to understand how elements such as religion, oral traditions, mythology, and historical experiences have shaped and enriched Brazilian literary narratives.
Keywords: literature. Afro-Brazilian. culture
 

INTRODUÇÃO

A cultura afro-brasileira desempenha um papel fundamental na formação da identidade nacional. Essa herança cultural, trazida pelos africanos escravizados durante a colonização, permeia todos os aspectos da sociedade, incluindo a expressão artística, com destaque para a literatura. Este estudo visa analisar como essa influência se manifesta nas obras literárias, promovendo uma compreensão mais profunda das complexidades culturais que constituem o tecido da literatura brasileira.

 

Ao longo dos séculos, a presença e contribuição dos afrodescendentes foram muitas vezes negligenciadas ou distorcidas, mas a literatura afro-brasileira emerge como uma potente ferramenta para recontar e resgatar essas histórias. A riqueza da diversidade cultural do Brasil está intrinsecamente ligada à herança africana, que influenciou não apenas a música, dança e religião, mas também as expressões artísticas e literárias. A literatura afro-brasileira oferece uma perspectiva única, explorando temas como a diáspora africana, a luta contra a escravidão, a resistência cultural e a busca por uma identidade própria.

 

Ao destacar e comemorar os conhecimentos e vivências dos afrodescendentes, a literatura afro-brasileira desafia estereótipos danosos e contribui para a formação de uma narrativa nacional mais inclusiva. Ela adapta uma visão crítica da sociedade, questionando as estruturas de poder e evidenciando as desigualdades persistentes. Através das palavras dos autores afro-brasileiros, a identidade nacional é enriquecida, tornando-se mais plural e autêntica. Ainda, a literatura afro-brasileira atua como um instrumento educativo, promovendo a reflexão e o entendimento sobre a complexidade da história do Brasil. Ao inserir essas narrativas nos currículos escolares, colaboramos para uma educação mais completa e justa, capacitando as gerações futuras a compreenderem a diversidade cultural e a valorizarem a herança afro-brasileira (Silva e Silva, 2011).

 

Assim, a literatura afro-brasileira não é apenas uma expressão artística, mas uma força vital na moldagem da identidade nacional. Ela nos convida a reconhecer e comemorar as contribuições dos afrodescendentes para a riqueza cultural do país, promovendo assim a construção de uma identidade nacional mais inclusiva, respeitosa e fiel à complexidade de suas raízes.

 

RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA NA LITERATURA

 

A religião desempenha um papel central na cultura afro-brasileira, com destaque para as práticas como o Candomblé e a Umbanda. Na literatura, observamos a presença de elementos religiosos afro-brasileiros em obras que exploram mitos, rituais e divindades. Autores como Machado de Assis, em suas obras, frequentemente incorporam essas tradições, enriquecendo suas narrativas com uma dimensão espiritual única.

 

A presença da religião afro-brasileira na literatura revela-se como uma rica tapeçaria de crenças, rituais e mitos que transcende as páginas dos livros, mergulhando o leitor em uma jornada espiritual e cultural única. Essa interseção entre o sagrado e o literário não apenas enriquece as narrativas, mas também proporciona uma compreensão mais profunda da complexa tessitura da sociedade brasileira.

 

O Candomblé e a Umbanda, duas das principais religiões afro-brasileiras, são frequentemente representados na literatura como fontes inesgotáveis de inspiração. A cosmologia rica dessas religiões, com seus orixás, rituais e simbolismos, é habilmente tecida nas tramas literárias, conferindo-lhes uma dimensão espiritual peculiar. Autores como Jorge Amado, em "Dona Flor e Seus Dois Maridos", transcendem as fronteiras do romance para explorar as nuances das práticas religiosas afro-brasileiras, desmistificando estereótipos e revelando a profundidade espiritual por trás das cerimônias.

 

A literatura afro-brasileira contemporânea, representada por vozes como Conceição Evaristo e Cuti, destaca-se pela exploração corajosa da intersecção entre fé e identidade. Obras como "Ponciá Vicêncio" e "Histórias de Leitura: Rememoração" mergulham nas experiências religiosas afro-brasileiras, trazendo à tona a resistência espiritual de uma comunidade que, historicamente, enfrentou adversidades. Esses autores não apenas narram histórias, mas também oferecem um olhar perspicaz sobre a força transformadora da fé na superação de desafios pessoais e sociais.

 

A religião afro-brasileira na literatura não se limita apenas à representação direta das práticas religiosas. Ela se manifesta também na estética, na linguagem e na musicalidade das obras. A influência dos cantos, danças e ritmos afro-brasileiros cria uma atmosfera única, imergindo o leitor em uma experiência sensorial que vai além das palavras escritas.

 

A presença da religião afro-brasileira na literatura é mais do que um tema; é uma celebração da diversidade espiritual e cultural do Brasil. Essas obras não apenas contam histórias, mas também abrem portais para compreensão e apreciação de uma herança espiritual profundamente enraizada na história do país. Ao explorar as páginas que entrelaçam o sagrado e o literário, somos convidados a uma jornada enriquecedora que transcende fronteiras e nos conecta a uma espiritualidade que ressoa em cada linha.

 

Essa jornada espiritual na literatura afro-brasileira também destaca a importância da pluralidade religiosa como um componente essencial da identidade nacional. Ao retratar as práticas religiosas afro-brasileiras, os escritores desafiam estereótipos arraigados, promovendo uma compreensão mais completa e respeitosa da diversidade cultural do Brasil. Ainda, a literatura torna-se um espaço de resistência e afirmação cultural, onde as tradições religiosas afro-brasileiras são apresentadas como formas válidas de expressão espiritual e social. Em um contexto em que essas religiões foram historicamente marginalizadas e estigmatizadas, a literatura emerge como uma ferramenta poderosa para recontar narrativas e reivindicar a importância dessas práticas na construção da identidade nacional.

 

A fusão de elementos religiosos afro-brasileiros na literatura não apenas proporciona uma experiência estética única, mas também serve como um apelo à reflexão sobre as complexas interações entre espiritualidade, cultura e sociedade. As narrativas que exploram essa interseção desafiam o leitor a questionar preconceitos, a abraçar a diversidade religiosa e a reconhecer a contribuição vital das tradições afro-brasileiras para a formação da identidade coletiva.

 

A literatura afro-brasileira, ao cingir as raízes espirituais da cultura, não apenas enriquece a expressão artística, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. Ao explorar e celebrar as práticas religiosas afro-brasileiras nas páginas dos livros, os escritores não apenas contam histórias, mas também moldam narrativas que têm o poder de transformar perspectivas e construir pontes entre as diferentes dimensões da experiência humana (Nogueira, 2018).

 

A BUSCA PELA IDENTIDADE

 

A interseção entre as religiões de matriz africana e a literatura não apenas enriquece o cenário cultural, mas também desafia estereótipos e promove uma compreensão mais profunda das complexidades da experiência afro-brasileira. As divindades, os rituais e os símbolos presentes nessas religiões oferecem uma riqueza simbólica que se traduz em metáforas poderosas nas páginas de muitas obras. A busca pela identidade, um tema recorrente na literatura afro-brasileira, muitas vezes é entrelaçada com a espiritualidade e a conexão com as raízes africanas. Autores contemporâneos como Conceição Evaristo, que explora em suas narrativas a relação entre a ancestralidade e a construção da identidade negra, exemplificam como a espiritualidade afro-brasileira é uma fonte de inspiração para compreender a jornada individual e coletiva.

 

Além disso, a resistência e a luta contra a opressão, temas centrais nas religiões de matriz africana, ecoam de forma vibrante na literatura afro-brasileira. Essa conexão se manifesta não apenas nas tramas e personagens, mas também na própria linguagem, carregada de resistência e resiliência. A literatura proporciona um espaço para o celebrar das raízes, para a reinterpretação de mitos e para a reinvenção de narrativas que foram historicamente marginalizadas. Ao destacar as religiões de matriz africana, a literatura afro-brasileira contribui para a descolonização das mentalidades, desafiando visões preconcebidas e promovendo uma apreciação mais profunda da riqueza cultural que compõe o Brasil.

 

De acordo com Munanga (2012), quando pensamos em identidade negra, diversos questionamentos são lançados.

“O que significam negritude e identidade para as bases populares negras e para militância do movimento negro?” Ao passo que, para a sociedade esses conceitos variam de acordo com o contexto em que são interpelados, ou seja, para muitos a identidade é tida como um “movimento politico-ideológico” (cf. Munanga, 2012, p. 14).

 

Sendo assim, a influência das religiões de matriz africana na literatura brasileira não apenas enriquece a paisagem literária, mas também desempenha a função na construção de pontes culturais e na promoção da diversidade. Ao reconhecer e valorizar essa interconexão, abrimos caminho para uma compreensão mais holística e respeitosa da herança afro-brasileira, construindo assim uma literatura verdadeiramente representativa e inclusiva.

 

OS PRIMEIROS AUTORES NEGROS

 

Os primeiros autores negros brasileiros, apesar dos desafios impostos por um contexto histórico de escravidão e discriminação racial, emergiram como vozes corajosas que desafiaram as normas da época, colaborando expressivamente para a literatura brasileira. Suas obras, muitas vezes marcadas por uma sensibilidade única e uma perspectiva crítica, pavimentaram o caminho para a representação mais inclusiva na literatura do país.

 

Machado de Assis, frequentemente aclamado como um dos maiores escritores brasileiros, é um exemplo notável. Filho de uma mulher negra e um homem mestiço, Machado de Assis foi uma figura precursora, desafiando as limitações raciais de sua época. Sua genialidade literária, evidente em obras como "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", transcendeu as barreiras raciais, estabelecendo um legado duradouro.

 

Outro autor pioneiro foi Cruz e Sousa, considerado o primeiro grande poeta simbolista do Brasil. Nascido em uma família de ex-escravizados, enfrentou não apenas o desafio da discriminação racial, mas também a tuberculose, que o levou prematuramente. Sua poesia, repleta de simbolismo e musicalidade, expressa uma profunda reflexão sobre a condição humana e a experiência negra.

 

Adelaide Casemiro, também conhecida como Alaíde Foppa, foi uma das primeiras mulheres negras a ganhar destaque na literatura brasileira. Sua obra abordou temas como a discriminação racial, o feminismo e a busca pela identidade. Embora tenha enfrentado adversidades, sua contribuição para a literatura deixou um impacto duradouro.

 

Lima Barreto, contemporâneo de Machado de Assis, destacou-se por suas crônicas e romances que exploraram as desigualdades sociais e as questões raciais no Brasil do início do século XX. Sua obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma" é um exemplo marcante de seu olhar crítico sobre a sociedade da época.

 

Esses primeiros autores negros brasileiros enfrentaram não apenas a escassez de oportunidades educacionais, mas também o peso das ideologias racistas que permeavam a sociedade. No entanto, através de sua habilidade literária e resistência, contribuíram para a construção de uma tradição literária mais inclusiva, que continua a evoluir e a inspirar gerações seguintes de escritores afro-brasileiros. Seus legados são testemunhas da força transformadora da literatura como veículo de expressão e resistência, desbravando caminhos para narrativas mais distintas e legítimas.

 

Apesar das adversidades enfrentadas pelos primeiros autores negros brasileiros, suas obras não apenas provocaram as convenções literárias, mas também estabeleceram uma base sólida para o reconhecimento e a celebração da diversidade na literatura brasileira. A contribuição desses escritores não se limitou apenas ao âmbito literário, mas transcendeu, influenciando o pensamento social e cultural do país. Cada palavra escrita por esses autores foi um ato de resistência, uma tentativa de romper as correntes invisíveis que tentavam silenciar suas vozes. Lima Barreto, usava sua escrita como uma ferramenta para expor as contradições e injustiças da sociedade, confrontando os preconceitos que permeavam a vida urbana no Rio de Janeiro da época.

 

Os escritores negros pioneiros abriram caminho para que as gerações seguintes pudessem explorar livremente suas identidades e experiências por meio da literatura. Conceição Evaristo, autora contemporânea, nascida e criada na favela do Pindura Saia, hoje complexo da Covanca no Rio de Janeiro, sua obra é marcada pela representação da mulher negra e da favela, e aborda temas como a desigualdade social, o racismo e a violência. Destaca-se ao tecer narrativas que mergulham nas complexidades da vida negra, explorando temas como ancestralidade, racismo e empoderamento.

 

O movimento literário negro, que ganhou força nas últimas décadas, também deve muito aos passos corajosos dados pelos primeiros autores. Hoje, há uma rica produção literária afro-brasileira, com autores que exploram uma variedade de gêneros e estilos, continuando a enriquecer a tapeçaria literária do Brasil. Logo, a inclusão dessas obras nos currículos escolares é uma maneira essencial de reconhecer e validar as contribuições dos escritores negros para a formação da identidade brasileira. Ao estudar essas narrativas, os alunos não apenas expandem seus horizontes literários, mas também desenvolvem uma compreensão mais profunda das diversas perspectivas que moldam a sociedade em que vivem (Debus, 2018).

 

Em síntese, os primeiros autores negros brasileiros não apenas deixaram um legado literário duradouro, mas também semearam as sementes para uma literatura mais inclusiva e representativa. Ao continuarmos a valorizar e promover suas obras, estamos contribuindo para a construção de uma narrativa nacional que celebra a diversidade e reconhece a importância de cada voz na rica sinfonia da cultura brasileira.

 

TRADIÇÕES ORAIS E NARRATIVAS
 

A transmissão oral de histórias é uma característica marcante da cultura afro-brasileira. Essa tradição, que remonta aos tempos de escravidão, influenciou a literatura contemporânea brasileira, com autores incorporando técnicas narrativas e estruturas de contos tradicionais africanos. A oralidade afro-brasileira contribui para a vivacidade e musicalidade encontradas em muitas obras literárias brasileiras.
 

À medida que o africano era inserido na sociedade brasileira, tornou-se afrobrasileiro. Usa-se esse termo para indicar produtos de mestiçagens para os quais as matrizes são africanas, matrizes essas presentes na formação do povo e da cultura brasileira. Além dos traços físicos e marcas genéticas nas feições da população, a música e a religiosidade talvez sejam as manifestações culturais em que a presença africana esteja mais evidente (Souza, 2018, p.2).


A tradição oral, uma peça fundamental na herança cultural afro-brasileira, emerge como uma força viva na literatura, imprimindo uma autenticidade e musicalidade únicas nas narrativas. Essa rica trama de histórias transmitidas oralmente ao longo de gerações encontra eco nas páginas literárias, contribuindo para a construção de uma tapeçaria narrativa que transcende o tempo e o espaço (Souza, 2018).
 

A literatura afro-brasileira, ao explorar as tradições orais, torna-se um meio de preservar e celebrar as histórias que resistiram ao teste do tempo. Essas narrativas, muitas vezes marcadas por elementos míticos e simbólicos, revelam uma conexão profunda com a ancestralidade e oferecem uma visão única da cosmovisão afro-brasileira. Autores como Mia Couto, em "Terra Sonâmbula", incorporam técnicas

 

A oralidade na literatura afro-brasileira não se limita apenas à forma como as histórias são contadas, mas também influencia a linguagem e o ritmo das narrativas. A musicalidade presente nas tradições orais é traduzida para as palavras, criando uma experiência sensorial envolvente para o leitor. As obras de autores como Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de Despejo", capturam a cadência única da linguagem oral, transportando o leitor para os espaços vibrantes das comunidades afro-brasileiras.

 

A presença das tradições orais na literatura afro-brasileira é uma afirmação da resistência cultural e da vitalidade das comunidades afrodescendentes. Ao trazer à tona as vozes que foram historicamente silenciadas, os escritores reivindicam a importância dessas tradições na construção da identidade nacional. A narrativa oral transcende as páginas literárias, conectando o passado e o presente, e proporcionando uma compreensão mais rica e autêntica da experiência afro-brasileira (Nogueira, 2018).

 

A interseção entre tradições orais e literatura não apenas enriquece as histórias contadas, mas também desafia as noções tradicionais de autoria e autoridade na narrativa. Ao reconhecer e valorizar a riqueza das tradições orais, a literatura afro-brasileira promove uma apreciação mais profunda da complexidade cultural do Brasil, convidando o leitor a participar de um diálogo intemporal entre passado e presente, oralidade e escrita.
 

REPRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA E RESISTÊNCIA
 

A história de resistência dos afro-brasileiros é frequentemente abordada na literatura, revelando a luta contra a escravidão, a discriminação e a busca por identidade. Autores contemporâneos como Conceição Evaristo e Abdias Nascimento exploram esses temas, oferecendo perspectivas cruciais sobre a experiência afro-brasileira e desafiando estereótipos persistentes.

 

A representação da história e resistência afro-brasileira na literatura é um ato de resgate e reafirmação, um compromisso em dar voz aos silenciados e iluminar os caminhos da resistência. Nas páginas literárias, a narrativa histórica se entrelaça com a força resiliente da resistência, proporcionando uma compreensão mais completa e justa da trajetória afrodescendente no Brasil.

 

Os escritores afro-brasileiros, conscientes da importância de contar a história a partir de perspectivas autênticas, exploram episódios muitas vezes omitidos nos registros oficiais. Obras como "Navio Negreiro" de Castro Alves e "O Quinze" de Rachel de Queiroz, embora não sejam escritas por autores afrodescendentes, abordam aspectos cruciais da história da escravidão e da resistência, lançando luz sobre uma parte da narrativa frequentemente esquecida.

 

A literatura afro-brasileira contemporânea, no entanto, eleva ainda mais essa missão, oferecendo vozes que há muito tempo foram marginalizadas. Autores como Conceição Evaristo, em "Becos da Memória", e Abdias Nascimento, em "O Quilombismo", mergulham nas profundezas da história afro-brasileira, revelando não apenas as injustiças sofridas, mas também as estratégias de resistência e as formas de preservação da identidade.

 

A resistência, seja no contexto da escravidão ou em face das persistentes formas de discriminação, é uma constante nas narrativas afro-brasileiras. Os personagens literários tornam-se agentes de transformação, desafiando as estruturas opressoras e redefinindo os limites do possível. A literatura afro-brasileira não apenas narra histórias de luta, mas também se torna uma expressão de resiliência, uma forma de afirmar a humanidade e a dignidade em meio a adversidades.

 

Além disso, a representação da história e resistência na literatura afro-brasileira contribui para a desconstrução de estereótipos prejudiciais. Os escritores desafiam as narrativas hegemônicas que perpetuam ideias preconcebidas sobre a comunidade afrodescendente, oferecendo retratos multifacetados e complexos que celebram a diversidade e a riqueza cultural. Logo, a literatura afro-brasileira é um veículo poderoso para a representação da história e resistência, uma ferramenta que desafia o esquecimento e resgata as narrativas que moldaram a identidade do Brasil. Ao mergulhar nessas obras, os leitores são convidados não apenas a testemunhar as dores e conquistas do passado, mas também a se engajar em um compromisso coletivo de construir um futuro mais justo e inclusivo (Dos Santos et al., 2020).

 

A presença e valorização da literatura afro-brasileira nas escolas desempenham um papel crucial na construção de uma educação mais inclusiva e representativa. Ao incorporar obras de autores afro-brasileiros nos currículos, as instituições de ensino têm a oportunidade de oferecer uma visão mais abrangente da rica diversidade cultural do Brasil (Araújo, 2019).

 

A literatura afro-brasileira não é apenas uma expressão artística, mas uma ferramenta poderosa para promover a compreensão das experiências, lutas e contribuições dos afrodescendentes para a formação da sociedade brasileira. Ao ser introduzida nas salas de aula, ela proporciona um espaço para a discussão de questões como identidade, racismo, ancestralidade e resistência. Incluir autores como Machado de Assis, Lima Barreto, Conceição Evaristo, Cuti e outros nas leituras obrigatórias não apenas amplia o repertório literário dos estudantes, mas também desafia estereótipos e preconceitos, promovendo a empatia e o entendimento entre diferentes perspectivas culturais.

 

A literatura afro-brasileira também é uma ponte para o reconhecimento e valorização das contribuições culturais e intelectuais muitas vezes negligenciadas ao longo da história. Ao estudar obras que refletem a diversidade étnica do país, os alunos têm a oportunidade de se identificar com narrativas que refletem suas próprias vivências e, ao mesmo tempo, apreciar a multiplicidade de vozes que compõem a sociedade brasileira.

 

Além disso, a introdução da literatura afro-brasileira nas escolas contribui para o combate ao racismo estrutural, promovendo a desconstrução de estereótipos e a valorização da herança cultural afro-brasileira. Isso cria um ambiente educacional mais inclusivo, onde cada estudante se sente representado e respeitado.

 

Incentivar a leitura de obras afro-brasileiras também é uma forma de fortalecer a identidade cultural dos alunos, proporcionando um sentimento de pertencimento e orgulho em suas raízes. A literatura, nesse contexto, não é apenas uma disciplina acadêmica, mas uma ferramenta para a construção de cidadãos críticos, conscientes e culturalmente enriquecidos. Assim, a presença da literatura afro-brasileira nas escolas não é apenas uma escolha pedagógica, mas um compromisso com a promoção da diversidade, da igualdade e da construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde cada voz é valorizada e cada história é reconhecida.

 

A MARGINALIZAÇÃO DA CULTURA NEGRA NA LITERATURA
 

A marginalização da cultura negra na literatura brasileira é um reflexo doloroso de um longo período de preconceitos enraizados e discriminação estrutural. Ao longo dos séculos, as vozes, experiências e contribuições da comunidade afrodescendente foram sistematicamente marginalizadas, resultando em uma narrativa literária que frequentemente negligenciou a riqueza e a complexidade da cultura negra.

 

Durante o período colonial, por exemplo, a escravidão moldou não apenas a estrutura econômica do Brasil, mas também influenciou profundamente as expressões culturais. No entanto, as vozes dos escravizados eram frequentemente silenciadas, e suas narrativas, quando presentes, eram filtradas através de uma perspectiva eurocêntrica que frequentemente caricaturava e desumanizava (Araújo, 2019).

 

O século XIX testemunhou uma explosão literária no Brasil, mas as obras da época muitas vezes perpetuavam estereótipos racistas. Autores como José de Alencar, apesar de contribuírem para a literatura brasileira, também propagavam ideias discriminatórias, apresentando personagens negros de maneira simplificada e frequentemente subalternizada.

 

O Modernismo, que trouxe uma ruptura com as tradições literárias estabelecidas, também refletiu a marginalização da cultura negra. Embora tenha havido tentativas de incorporar elementos afro-brasileiros, muitas vezes essas representações eram superficiais e permeadas por estereótipos.

 

A literatura contemporânea, embora tenha testemunhado um aumento na representação de autores negros e na abordagem de temas relacionados à cultura negra, ainda enfrenta desafios significativos. A falta de diversidade nas editoras, nos currículos escolares e nos prêmios literários contribui para a continuidade da marginalização.

 

A marginalização da cultura negra na literatura brasileira não é apenas uma questão do passado; é um desafio contínuo que exige uma reavaliação profunda das estruturas e normas que perpetuam essas disparidades. A promoção da diversidade nas publicações, a valorização e inclusão de autores negros nos currículos educacionais, bem como o reconhecimento equitativo em prêmios literários são passos cruciais na construção de uma narrativa mais representativa e justa.

A superação dessa marginalização requer um esforço coletivo para romper com os preconceitos enraizados, desafiar estereótipos e reconhecer a contribuição integral da cultura negra para a riqueza e diversidade da literatura brasileira. Ao confrontarmos as limitações do passado, podemos moldar uma narrativa literária mais inclusiva, que celebre plenamente a riqueza da herança afro-brasileira.

 

A marginalização persistente da cultura negra na literatura brasileira é um desafio que ecoa além das páginas dos livros, moldando a compreensão coletiva da identidade nacional. Mesmo com avanços notáveis, a representação autêntica e respeitosa da cultura negra ainda enfrenta obstáculos, revelando a necessidade urgente de uma transformação profunda nas estruturas literárias e sociais.

 

A negligência histórica em relação à cultura negra na literatura reflete não apenas a ausência de vozes, mas também a perpetuação de estereótipos prejudiciais. A desumanização sistemática das narrativas negras contribuiu para a criação de uma imagem distorcida e limitada da riqueza cultural afro-brasileira. Mesmo quando obras de autores negros ganham destaque, muitas vezes enfrentam um olhar crítico moldado por padrões eurocêntricos. A necessidade de se encaixar em expectativas pré-concebidas muitas vezes compromete a autenticidade das narrativas, reforçando a marginalização ao invés de desafiá-la.

 

A democratização do acesso à publicação e a promoção ativa de autores negros são passos cruciais para superar essa marginalização. Iniciativas que destacam e apoiam escritores negros, bem como aquelas que promovem a diversidade editorial, são fundamentais para criar uma indústria literária mais inclusiva e representativa. Além disso, a educação desempenha um papel central na desconstrução desses padrões discriminatórios. A revisão e ampliação dos currículos escolares para incluir uma variedade de vozes, com ênfase na literatura afro-brasileira, não apenas fornecem uma visão mais abrangente da história, mas também ajudam a criar uma base para a aceitação e celebração da diversidade (De Oliveira, 2021).

 

A luta contra a marginalização da cultura negra na literatura é, portanto, uma luta pela redefinição da identidade literária e cultural do Brasil. É um compromisso de reconhecer e valorizar todas as vozes que contribuíram para a formação da sociedade brasileira, construindo assim uma narrativa mais rica, autêntica e verdadeiramente inclusiva. A superação desse desafio exige não apenas uma mudança nas palavras escritas, mas uma transformação profunda na maneira como enxergamos, valorizamos e celebramos a diversidade cultural que define o Brasil.

 

O RACISMO NOS LIVROS
 

O racismo nos livros brasileiros é um reflexo lamentável da herança histórica marcada por séculos de escravidão e discriminação. Ao longo da história literária do Brasil, encontramos narrativas que, em muitos casos, perpetuam estereótipos, preconceitos e representações discriminatórias da comunidade afrodescendente.

 

Durante o período colonial, a produção literária frequentemente refletia as visões eurocêntricas dominantes, contribuindo para a construção de uma narrativa que marginalizava as vozes negras. Escravizados eram frequentemente retratados de maneira desumanizada, suas histórias ignoradas ou distorcidas para se alinhar com uma perspectiva racista que buscava justificar a exploração e a violência.

 

O século XIX viu o surgimento de uma literatura mais complexa, mas muitas vezes essa complexidade coexistia com a perpetuação de estereótipos. Autores como Aluísio Azevedo e José de Alencar, embora tenham contribuído significativamente para a literatura brasileira, muitas vezes incorporavam representações caricatas e simplificadas de personagens negros em suas obras.

 

O Modernismo, apesar de trazer uma quebra com as tradições literárias estabelecidas, também enfrentou desafios na representação adequada da diversidade étnica do Brasil. A busca por uma identidade nacional muitas vezes resultou em narrativas que negligenciavam a complexidade das experiências negras, contribuindo para a invisibilidade e a marginalização.

 

A literatura contemporânea, apesar dos avanços, ainda lida com questões de racismo literário. Muitas vezes, a representação de personagens negros é limitada, estereotipada ou secundária em comparação com personagens brancos. Além disso, a falta de diversidade nos autores publicados e nos temas abordados continua a ser uma barreira para a verdadeira representatividade (Farias, 2018).

 

Enfrentar o racismo nos livros brasileiros requer uma avaliação crítica das obras, uma revisão das práticas editoriais e um compromisso com a promoção de vozes diversas. A inclusão de autores negros, a abordagem sensível de questões raciais e a desconstrução de estereótipos são passos essenciais para superar as persistências do racismo literário Munanga (2005).


 

Sabemos que nossos instrumentos de trabalho na escola e na sala de aula, isto é, os livros e outros materiais didáticos visuais e audiovisuais carregam os mesmos conteúdos viciados, depreciativos e preconceituosos em relação aos povos e culturas não oriundos do mundo ocidental (Munanga, 2005, p.15).

 

Ao reconhecer e confrontar o racismo nos livros brasileiros, abrimos caminho para uma literatura mais rica, autêntica e inclusiva. É uma jornada de desaprender estereótipos, valorizar a diversidade de vozes e construir narrativas que reflitam verdadeiramente a complexidade e a beleza da sociedade brasileira, sem perpetuar preconceitos que por tanto tempo marcaram a história literária do país.

 

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR

 

Ao implementar a literatura afro-brasileira no currículo escolar, é indispensável não apenas como uma disciplina isolada, mas integrada de maneira transversal em diversas áreas do conhecimento. As histórias contadas por esses autores não só enriquecem a compreensão literária, mas também proporcionam uma perspectiva mais completa da história do Brasil, da geografia às ciências sociais.

Além disso, é crucial fomentar discussões críticas sobre as temáticas abordadas nas obras, estimulando o pensamento reflexivo dos estudantes. Questões como racismo, desigualdade social, cultura e identidade podem ser exploradas de maneira interdisciplinar, promovendo uma consciência social e ética entre os alunos (Mariosa; Reis, 2011).

 

Como destacam Mariosa e Reis (2011) no artigo intitulado “A influência da literatura infantil afro-brasileira na construção das identidades das crianças”:


 

As crianças crescem com a sensação de que os padrões do belo e do bom são aqueles com os quais se depararam nos livros infantis.  As crianças brancas vão se identificar e pensar serem superiores às demais, vão estar em posição privilegiada em relação às outras etnias.  As crianças negras alimentarão a imagem de que são inferiores e inadequadas. Crescerão com essa ideia de branqueamento introjetada, achando que só serão aceitas se aproximarem-se dos referenciais estabelecidos pelos brancos.  Rejeitando tudo aquilo que as assemelhe com o universo do negro. (Mariosa; Reis, 2011, p. 42).

 

A inclusão da literatura afro-brasileira nas escolas não apenas beneficia os estudantes afrodescendentes, proporcionando uma representação positiva e identificação cultural, mas também contribui para a educação de todos os alunos, promovendo uma compreensão mais ampla da diversidade do país. Ainda, é importante investir na formação dos professores, proporcionando recursos e capacitação para abordar de maneira sensível e informada as questões relacionadas à literatura afro-brasileira. O diálogo aberto sobre diversidade cultural e racial cria um ambiente propício para o aprendizado significativo e a construção de relações respeitosas e igualitárias.

Na escola, o indivíduo sofre uma grande influência na construção da sua identidade, que “é pessoal e social, acontecendo de forma interativa, através de trocas entre o indivíduo e o meio no qual está inserido” (Mariosa e Reis, 2011, p. 46). 

A literatura afro-brasileira nas escolas não apenas reflete a realidade plural do Brasil, mas também prepara os estudantes para se tornarem cidadãos críticos, culturalmente competentes e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa. Ao reconhecer e celebrar as vozes afro-brasileiras na educação, estamos moldando as bases para uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade é vista como uma riqueza a ser cultivada e respeitada.

 

O RACISMO ESTRUTURAL
 

O racismo estrutural é um fenômeno complexo e arraigado que permeia as instituições e práticas sociais, perpetuando desigualdades e injustiças com base na raça. Essa forma de discriminação vai além de atitudes individuais, estendendo-se para as estruturas e sistemas que moldam a sociedade, reforçando padrões históricos de marginalização e exclusão.

 

No núcleo do racismo estrutural está a preservação de privilégios para determinados grupos étnicos, enquanto outros enfrentam sistemáticas barreiras e obstáculos. Essa forma de discriminação não se manifesta apenas em atos explícitos de preconceito, mas também em políticas, normas e práticas que, muitas vezes de maneira inconsciente, perpetuam a desigualdade racial. No campo econômico, por exemplo, o racismo estrutural pode se manifestar em disparidades salariais, limitação de oportunidades de emprego e acesso restrito a recursos financeiros para comunidades racializadas. Nas instituições de ensino, reflete-se na falta de representatividade e em sistemas educacionais que muitas vezes falham em atender às necessidades específicas de estudantes negros.

 

O sistema de justiça, por sua vez, é profundamente afetado pelo racismo estrutural, resultando em disparidades na aplicação da lei, sentenças mais severas para pessoas negras e uma sobrerrepresentação delas em prisões. A saúde também é impactada, com comunidades racializadas muitas vezes enfrentando desigualdades no acesso a cuidados médicos e enfrentando taxas mais altas de morbidade em comparação com populações brancas.

 

O racismo estrutural permeia diversas esferas da sociedade, e a literatura não está isenta desse problema profundo e persistente. Na história da literatura, vemos claramente a reprodução de padrões que marginalizam e subestimam vozes negras, contribuindo para a perpetuação de estereótipos prejudiciais e a invisibilidade de experiências diversas (Raposo, 2021).

 

A estrutura literária muitas vezes reflete e reforça as hierarquias sociais existentes, relegando as narrativas negras a posições secundárias ou caricatas. Durante muito tempo, obras escritas por autores brancos foram consideradas como a norma, enquanto a literatura negra era frequentemente relegada a uma categoria à parte, limitando seu alcance e impacto. As representações estereotipadas e simplificadas de personagens negros também são um reflexo do racismo estrutural na literatura. Muitas vezes, personagens negros são reduzidos a papéis secundários, estigmatizados por narrativas que perpetuam ideias preconcebidas e limitadas sobre suas identidades.

 

Em um diálogo de seu livro, Reinações de Narizinho, é possível constatar o estigma estético, quando Lobato fazia referência ao beiço de Tia Nastácia, animalizando-a [...].  A personagem Tia Nastácia é bastante hostilizada, às vezes, pode até ser tratada como membro da família, no entanto, a cozinha é seu habitat natural, e é chamada de negra de estimação, o que reforça a sua inferioridade e a teoria de que negros só ocupam os papéis de serviçais, malandros, dignos de piedade. (Silva, 2010 apud Mariosa; Reis, 2011, p. 43).


A escassez de reconhecimento e apoio às obras de autores negros é mais uma faceta desse problema sistêmico. Mesmo quando talentosos escritores negros conseguem romper as barreiras e publicar suas obras, muitas vezes enfrentam obstáculos adicionais para obter reconhecimento crítico e espaço nas prateleiras das livrarias.

 

A literatura, no entanto, também é uma ferramenta poderosa para desmantelar essas estruturas discriminatórias. Autores negros têm se levantado para desafiar e redefinir as narrativas, oferecendo perspectivas autênticas e complexas sobre a experiência negra. A literatura afro-brasileira contemporânea, por exemplo, explora temas como identidade, racismo e ancestralidade, rompendo com as limitações impostas pelo racismo estrutural (Silva, 2010 apud Mariosa; Reis, 2011).

 

A inclusão ativa de obras de autores negros nos currículos escolares, assim como o apoio institucional à promoção dessas obras, são passos fundamentais para combater o racismo estrutural na literatura. Celebrar e reconhecer a diversidade de vozes é um caminho para a construção de uma literatura mais representativa, capaz de capturar a riqueza e a complexidade da experiência humana. A literatura tem o poder de ser uma força transformadora na desconstrução do racismo estrutural, desafiando as normas estabelecidas e proporcionando espaço para narrativas que refletem a verdadeira diversidade do mundo. Ao confrontar esses desafios de frente, a literatura pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 

O ATIVISMO LITERÁRIO NEGRO

 

O ativismo literário negro é uma forma poderosa de resistência e transformação que busca dar voz, visibilidade e empoderamento à comunidade afrodescendente. Ao longo da história, escritores negros têm utilizado a literatura como uma ferramenta vital para questionar, desafiar e redefinir narrativas, contribuindo para a construção de um discurso que reflete a riqueza e a diversidade da experiência negra.

 

O ativismo literário negro transcende a mera produção de textos; ele é um chamado à ação, uma maneira de moldar as mentes, inspirar mudanças sociais e desmantelar as estruturas discriminatórias. Autores negros têm se destacado ao abordar questões como racismo, identidade, ancestralidade e justiça social em suas obras, influenciando a consciência coletiva e desafiando normas estabelecidas.

 

A literatura afro-brasileira, por exemplo, é uma expressão vibrante desse ativismo. Autores como Conceição Evaristo, Cuti, Abdias Nascimento e tantos outros têm usado suas palavras para desconstruir estereótipos, promover a representatividade e narrar histórias que ecoam as vivências muitas vezes marginalizadas e silenciadas.

 

O ativismo literário negro também se manifesta na promoção da diversidade na indústria editorial. Iniciativas que destacam autores negros, bem como editores e agentes literários negros, têm surgido para romper com as barreiras que historicamente limitaram o acesso e a visibilidade dessas vozes. A escrita como forma de ativismo permite que a resistência seja perpetuada de maneira duradoura. Através das palavras, a memória cultural é preservada, as narrativas são redefinidas e a herança é afirmada. Os ativistas literários negros não apenas narram suas próprias histórias, mas também oferecem uma lente crítica para compreender as complexidades e nuances da sociedade. Além disso, a literatura negra desafia os leitores a confrontar seus próprios preconceitos, a questionar privilégios e a se engajar em diálogos cruciais sobre equidade e justiça. Os livros se tornam instrumentos de educação, conscientização e transformação social.

 

Em última análise, o ativismo literário negro é uma celebração da força da palavra escrita como agente de mudança. É uma afirmação de identidade, uma resistência contra a invisibilidade, e uma contribuição vital para a construção de um futuro mais igualitário e inclusivo. Ao apoiarmos e valorizarmos o ativismo literário negro, estamos contribuindo para a construção de uma narrativa mais verdadeira, justa e representativa.

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORES NEGROS

 

A literatura brasileira é marcada por uma rica e diversificada contribuição de autores negros, cujas vozes ressoam com força, oferecendo uma perspectiva única sobre a realidade do país. Esses escritores, muitas vezes marginalizados ao longo da história, têm desempenhado um papel crucial na construção de uma narrativa mais abrangente e inclusiva (Nogueira, 2018).

 

Machado de Assis, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira, era filho de uma mulher negra e um homem mestiço. Sua obra, como a genialidade de "Dom Casmurro", transcende barreiras raciais, mas também suscita reflexões sobre as complexidades da identidade racial no Brasil.

 

No entanto, é importante destacar escritores contemporâneos que têm trazido uma nova luz à literatura brasileira. Conceição Evaristo, por exemplo, é uma voz poderosa que explora as nuances da experiência negra no Brasil, abordando temas como racismo, discriminação e resistência em suas obras, como "Ponciá Vicêncio" e "Olhos D'Água".

 

O escritor Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus", também merece destaque. Seu trabalho transcende os limites literários, oferecendo uma visão contundente das comunidades marginalizadas do Rio de Janeiro, explorando questões sociais e raciais de maneira intensa e autêntica.

 

Geni Guimarães, com sua obra "Negrinha", e Lima Barreto, autor de "Triste Fim de Policarpo Quaresma", são exemplos valiosos de escritores que desafiaram as normas de suas épocas, enfrentando preconceitos e contribuindo para a diversidade do panorama literário brasileiro.

 

Esses autores negros não apenas enriquecem a literatura brasileira com suas narrativas, mas também desempenham um papel crucial ao desconstruir estereótipos, promover a representatividade e desafiar as estruturas que perpetuam a desigualdade racial. Ao celebrarmos e reconhecermos essas vozes, contribuímos para a construção de uma literatura verdadeiramente plural e representativa do mosaico cultural que é o Brasil.

 

Além disso, a literatura negra brasileira contemporânea está repleta de talentos emergentes que continuam a desbravar novos caminhos literários. No cenário atual, autores como Geovani Martins, com seu livro de contos "O Sol na Cabeça", e Conceição Evaristo, com uma produção literária cada vez mais influente, destacam-se como vozes essenciais na representação da experiência afro-brasileira.

 

A poesia de Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, também fazer jus a destaque, trazendo reflexões profundas sobre a identidade e a ancestralidade afro-brasileira em suas obras. Seja na prosa, na poesia ou em outras formas de expressão literária, esses autores oferecem uma contribuição valiosa para o enriquecimento da literatura brasileira contemporânea.

 

Ao explorar temas como pertencimento, resistência, e as complexidades das relações raciais, os escritores negros do Brasil não apenas contam histórias, mas também moldam a consciência coletiva, promovendo a empatia e a compreensão entre diferentes grupos sociais. A promoção da diversidade na literatura é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Ao reconhecer e valorizar os autores negros, estamos não apenas enriquecendo o panorama literário, mas também contribuindo para a desconstrução de estereótipos prejudiciais e para a construção de uma identidade cultural brasileira mais fiel à sua verdadeira diversidade.

 

Os escritores negros brasileiros não apenas deixam uma marca indelével na literatura do país, mas também abrem portas para novas narrativas, perspectivas e diálogos, construindo pontes entre passado, presente e futuro. Suas palavras ressoam como testemunhos poderosos, desafiando-nos a repensar, reconstruir e celebrar a riqueza de uma herança cultural que é, incontestavelmente, afro-brasileira.

 

Ao longo da história, os escritores negros enfrentaram barreiras significativas e frequentemente cruéis devido ao preconceito racial que permeava as sociedades em que viviam. Essas barreiras, muitas vezes disfarçadas sob a forma de discriminação institucionalizada, limitavam o acesso, a visibilidade e o reconhecimento para escritores afrodescendentes, marginalizando suas contribuições à literatura.

 

Durante os períodos de escravidão, a maioria dos africanos e afrodescendentes tinha sua educação restringida, o que dificultava o desenvolvimento de habilidades literárias e a expressão de suas vozes por meio da escrita. Mesmo após a abolição da escravidão, persistiram formas subtis e não tão subtis de preconceito, prejudicando as oportunidades educacionais e as chances de publicação para escritores negros (Silva, 2002).

 

No entanto, apesar dessas adversidades, muitos escritores negros conseguiram transcender as limitações impostas pela sociedade e deixaram uma marca indelével na literatura. Alguns, como Lima Barreto e Machado de Assis, superaram as expectativas de uma época que muitas vezes relegava os afrodescendentes a papéis secundários, produzindo obras-primas que desafiavam as normas estabelecidas.

 

No contexto internacional, a literatura afro-americana também enfrentou preconceitos sistêmicos. Autores como Langston Hughes, Zora Neale Hurston e James Baldwin, nos Estados Unidos, foram pioneiros ao abordar as questões raciais em suas obras, abrindo caminho para uma literatura mais inclusiva e representativa.

 

Atualmente, embora tenhamos avançado consideravelmente, o preconceito persiste de maneiras mais sutis. A sub-representação de escritores negros em editoras, a falta de diversidade nos currículos escolares e as expectativas pré-concebidas em relação aos temas abordados por esses autores são desafios que ainda enfrentamos.

É crucial reconhecer e combater o preconceito sistêmico que continua a afetar os escritores negros, assegurando que suas vozes sejam ouvidas e apreciadas plenamente. A diversidade na literatura é essencial não apenas para a justiça social, mas também para a riqueza cultural e intelectual de uma sociedade.

 

A CULTURA LITERÁRIA CONTEMPORÂNEA: NARRATIVAS EM EVOLUÇÃO
 

A cultura literária hoje está imersa em um cenário dinâmico, moldado pela interseção de diversas influências, tecnologias emergentes e uma busca contínua por novas formas de expressão. Neste ambiente em constante evolução, a literatura contemporânea desempenha o papel fascinante de capturar e refletir as complexidades da sociedade moderna. A característica mais marcante da cultura literária contemporânea é a celebração da diversidade de vozes e perspectivas. Autores de diferentes origens étnicas, culturais, sociais e identidades de gênero têm agora plataformas mais acessíveis para compartilhar suas histórias. Essa ampla gama de experiências enriquece o panorama literário, proporcionando aos leitores uma oportunidade única de explorar realidades diversas e, ao mesmo tempo, criar empatia através das páginas.

 

A literatura contemporânea transcende as fronteiras tradicionais, interagindo com diversas formas de mídia. A influência das redes sociais, podcasts e adaptações cinematográficas permite que as histórias alcancem públicos mais amplos e sejam discutidas em diversos formatos. Essa convergência entre mídias não apenas democratiza o acesso à literatura, mas também catalisa diálogos interdisciplinares, criando uma experiência literária mais rica e interconectada. Os escritores contemporâneos estão constantemente desafiando as convenções narrativas estabelecidas, explorando novas formas de contar histórias. Narrativas não lineares, experimentação com linguagem e estrutura, bem como o uso inovador de elementos multimídia estão se tornando características proeminentes. Essa busca por novas formas narrativas reflete não apenas uma evolução estilística, mas também uma resposta à necessidade de abordar questões complexas de maneiras igualmente complexas.

 

A era das tecnologias digitais trouxe consigo uma mudança significativa na relação entre escritores e leitores. As redes sociais e plataformas online permitem um engajamento mais direto e imediato. Clubes de leitura virtuais, resenhas online e discussões em tempo real transformam a experiência de leitura em uma atividade social e participativa. Essa interação ativa fortalece a comunidade literária, dando voz não apenas aos escritores, mas também aos leitores, que agora desempenham um papel ativo na promoção e discussão de obras.

 

A literatura contemporânea não hesita em enfrentar questões sociais urgentes. O ativismo literário tornou-se uma força motriz, com autores utilizando suas obras como ferramentas para explorar e questionar desigualdades, injustiças e desafios enfrentados pela sociedade. Essa abordagem engajada destaca o papel vital da literatura como um espelho crítico da realidade e como uma força inspiradora para a mudança social.

 

CONCLUSÃO

 

A cultura afro-brasileira exerce uma influência profunda e duradoura na literatura brasileira. A riqueza de suas tradições religiosas, narrativas orais e resistência histórica contribui para a pluralidade de vozes e perspectivas na produção literária do país. Ao reconhecer e valorizar essa influência, podemos enriquecer nossa compreensão da literatura brasileira e promover uma apreciação mais completa da diversidade cultural que molda a nação. Este estudo serve como um convite para explorar ainda mais a riqueza da herança afro-brasileira na literatura e reconhecer sua importância na construção da identidade cultural brasileira.

 

A discussão ao longo deste artigo revela a complexidade e a urgência de abordar questões relacionadas à representação e ao impacto da cultura negra na literatura brasileira. Reconhecer a marginalização histórica, promover a diversidade editorial, valorizar os autores negros e desafiar estereótipos são passos decisivos para construir uma narrativa literária inclusiva e justa. O ativismo literário negro emerge como uma ferramenta poderosa para resistir às injustiças, enquanto a conscientização sobre o racismo estrutural destaca a necessidade de transformações profundas. Enfrentar o racismo nos livros brasileiros não é apenas uma busca por igualdade na literatura, mas também uma contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e respeitosa, onde todas as vozes são ouvidas e celebradas. Este diálogo destaca a importância contínua de desafiar normas estabelecidas, promover a diversidade e construir uma narrativa literária verdadeiramente representativa.

 

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¹ Docente do Curso de Especialização (Lato Sensu), MBA e Pós-Graduação em Inteligência Artificial e Gestão do Conhecimento na Faculdade de Estudos Sociais Aplicados de Viana, ES - Fesav. e-mail: [email protected]