A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13884221
Marcia Melânia Garcia1
RESUMO
Este artigo é um fragmento da Dissertação de Mestrado em Educação que tem por objetivo pesquisar a importância dos jogos e brincadeiras na prática pedagógica na educação infantil no Centro de Educação Infantil Bruno de Magalhães Antunes, Araquari, SC. Partindo do princípio de que esses métodos educativos são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Assim, tivemos como objetivo geral demonstrar a importância do brincar no desenvolvimento da criança na educação infantil, como processo de progresso motor, afetivo e aprendizagem. Para isso, realizou-se uma pesquisa de campo com abordagem quantitatiiva, utilizando questionário estruturado para professores, como método de coleta de dados. Através da pesquisa de campo pudemos perceber a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da criança na educação infantil. Na análise, foram consideradas as teorias de autores como Vygotsky (1987), Marin (2005), Leite (2006) e outros. Os resultados obtidos através da pesquisa permitiram verificar a valorização das experiências lúdicas, utilizando jogos e brincadeiras como recursos pedagógicos, a fim de tornar a aprendizado mais sigificativo e agradável, além de oferecer às crianças condições adequadas para o desenvolvimento físico, motor, emocional, social e cognitivo. Os momentos em que as crianças aprendem, interagem e se desenvolvem enquanto sujeitos, são suficientemente planejados e /ou acompanhadas pelo professor. Os dados apontaram que o lúdico é utilizado como ferramenta didático-pedagógica. Enfim, esperamos que as discussões desta pesquisa possam contribuir para as reflexões e debates sobre o brincar na prática pedagógica da Educação Infantil.
Palavras-chave: Educação infantil. Jogos e brincadeiras. Prática pedagógica.
ABSTRACT
This article is a fragment of the Master's Dissertation in Education that aims to research the importance of games and games in pedagogical practice in early childhood education at the Centro de Educação Infantil Bruno de Magalhães Antunes, Araquari, SC. Assuming that these educational methods are essential for the growth and development of children. Thus, our general objective was to demonstrate the importance of playing in the development of children in early childhood education, as a process of motor, affective and learning progress. To this end, field research was carried out with a quantitative approach, using a structured questionnaire for teachers as a data collection method. Through field research we were able to understand the importance of games and games for the development of children in early childhood education. In the analysis, the theories of authors were considered asVygotsky (1987), Marin (2005), Leite (2006) and others. The results obtained through the research allowed us to verify the appreciation of playful experiences, using games and games as pedagogical resources, in order to make learning more meaningful and enjoyable, in addition to offering children adequate conditions for physical, motor, emotional and social development. and cognitive. The moments in which children learn, interact and develop as subjects are sufficiently planned and/or monitored by the teacher. The data showed that play is used as a didactic-pedagogical tool. Finally, we hope that the discussions in this research can contribute to reflections and debates about playing in the pedagogical practice of Early Childhood Education.
Keywords: Early childhood education. Games and games. Pedagogical practice.
1 INTRODUÇÃO
A educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento integral das crianças, permitindo que elas desenvolvam uma ampla gama de habilidades e experiências. De acordo com Araújo (2018), nesse estágio de ensino, as crianças têm a oportunidade de interagir com seus colegas, explorar objetos educacionais, adquirir autonomia, socializar e compartilhar valores pela primeira vez.
Através do brincar na Educação Infantil as crianças conseguem desenvolver-se integralmente, pois enquanto brincam as crianças podem expressar seus sentimentos, resolver conflitos e desempenhar outros papéis. Conforme a Base Nacional Comum Curricular a interação durante o brincar.
[...] caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções (Brasil, 2018, p. 37).
Nesse contexto, a importância das brincadeiras e da ludicidade para o desenvolvimento infantil é indiscutível, e isso está refletido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Também enfatiza os campos de experiência fundamentais que são essenciais para uma aprendizagem lúdica e prazerosa: o eu, o outro e o nós, corpo, gesto e movimento, traços, sons, cores e formas, escuta, fala, pensamento e imaginação, espaço, tempos, quantidades, relações e transformações. Deste modo, as brincadeiras desempenham um papel essencial no aprendizado e no desenvolvimento das crianças, permitindo que elas explorem esses campos de experiência e se tornem protagonistas de seu próprio desenvolvimento.
Experiências lúdicas, como brincadeiras, desempenham um papel decisivo no desenvolvimento infantil, ajudando a moldar adultos que acreditam em seu potencial transformador e cultivando a vontade de viver em um mundo melhor. As crianças exploram, coletam, selecionam, colecionam e constroem de acordo com suas vontades e observações anteriores. Isso as ensina a desenvolver reflexões, estratégias, independência e criatividade, enriquecendo suas experiências individuais e grupais (ANDRADE, et al., 2020).
As brincadeiras são muito mais do que passatempos, são meios indispensáveis para promover a aprendizagem. A diferença entre jogos e brinquedos reside no fato de que os jogos envolvem regras, cuja aceitação depende do contexto social.
De acordo com as RCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e as brincadeiras, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimento por meio de suas ações e interações com seus pares e com adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização (Brasil, 1998).
Outro documento normativo que tem pautado a organização do ensino, é a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, a qual apresenta as competências e habilidades que devem ser observadas quando da construção das propostas pedagógicas em todos os seguimentos da educação básica.
De acordo com esse documento, especificamente na parte destinada a Educação Infantil, afirma-se que é direito da criança:
[...] brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (Brasil, 2018, p. 36).
Portanto, os jogos e brincadeiras são ferramentas eficazes para promover o desenvolvimento integral da criança, desde que seja aplicada com conhecimento e propósito, permitindo que ela vivencie o aprendizado de maneira envolvente e prazeroso, contribuindo para o desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Vygotsky (1989) afirma que a criança aprende muito brincando, visto que este ato desenvolve a sua capacidade cognitiva, emocional, social e psicológica, enquanto aparentemente ela o realiza para se distrair e gastar a sua energia. Piaget (1998) caracteriza o brincar como uma atividade que reflete os estados internos do sujeito diante de uma realidade vivida ou imaginada. Nessa perspectiva, a criança vai se constituir como sujeito a partir do brincar: é brincando que a criança pode se tornar uma chefe, um pai, um professor e um general. (VELASCO, 1996). Através dessas significações atribuídas ao brincar, Santos (1995) aponta que este ato é uma atividade natural, espontânea e necessária a criança, no qual representa uma peça importantíssima ao seu desenvolvimento. Sua função transcende o mero controle de habilidades, sendo muito mais abrangente.
As experiências lúdicas desempenham um papel fundamental na promoção da aprendizagem, ultrapassando a um mero função de passatempo. Conforme mencionado por Brito (2013), a distinção entre jogos e brinquedos reside no fato de que os jogos envolvem regras cuja aceitação está condicionada ao contexto social em que se inserem. Isso nos leva a refletir sobre a sociedade moderna, caracterizada por uma busca constante de aprimoramento e eficácia em suas ações. No contexto educacional, enfrentamos mudanças e desafios substanciais, notavelmente relacionados à aprendizagem contínua.
A legislação, conforme estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, obriga o poder público a garantir a formação educacional para todos, bem como o pleno exercício da cidadania, proporcionando os meios necessários para alcançar esses objetivos (BRASIL, 2017).
Nos primeiros anos de vida, as pessoas passam por uma série de fases, como fala, locomoção, brincadeiras, alimentação, leitura e escrita. Essas etapas fornecem à educação uma base para produzir efeitos positivos no desenvolvimento contínuo das crianças.
Conforme Sarmento (2002, p. 12):
[...] As crianças desenvolvem sua imaginação sistematicamente a partir do que observam, experimentam, ouvem e interpretam da sua experiência vital, ao mesmo tempo em que as situações que imaginam lhes permite compreender o que observam, interpretando novas situações é experiências de modo fantasia, até incorporarem como experiência vivida e interpretada.
Nessa perspectiva, a introdução de elementos lúdicos nas experiências escolares pode capacitar as crianças a assimilar, agir e adaptar-se, influenciando positivamente seu desenvolvimento psicológico, uma vez que o ato de brincar é natural e gratificante e faz parte da evolução humana.
Dessa forma, não cabe a utilização de jogos e brincadeiras apenas para preenchimento de tempo livre. Ao contrário, o educador deve estar consciente da finalidade que a atividade lúdica irá fomentar na aprendizagem do aluno. Tais atividades, utilizadas nas práticas docentes como apoio pedagógico e como complemento de atividades do currículo escolar, permite a troca de opiniões e conhecimento que favorecem e facilitam o aprendizado das disciplinas (ALVES; FEITOSA; SOARES, 2013, p. 1).
A integração de elementos lúdicos permite que as crianças lidem com regras, leis, façam modificações, se envolvam em recriações e, assim, estudem e entendam de acordo com suas necessidades de aprendizado, impactando positivamente seu pensamento e expressão.
A ludicidade na educação requer uma atitude pedagógica por parte do professor, o que gera a necessidade do envolvimento com a literatura da área, da definição de objetivos, organização de espaços, da seleção e da escolha de brinquedos adequados e o olhar constante nos interesses e das necessidades dos educandos (RAU, 2013, p. 30).
O uso correto do lúdico por parte do professor tende a trazer inúmeras vantagens, lembrando que o lúdico não se limita a jogos, mas abrange brincadeiras, diversão, interação e lazer, pode incorporar valores morais e culturais e deve visar à promoção da autoimagem, autoestima, autoconhecimento e cooperação, estimulando a imaginação, a fantasia, a criatividade e muitas outras qualidades que moldam a vida das crianças e dos adultos.
Contudo, as experiências lúdicas também ajudam na afetividade, no físico e no social, contribuindo de maneira significativa e humanizada. Nessa perspectiva, para Kishimoto (1999, p. 36):
Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.
Portanto, a integração do lúdico como recurso pedagógico é uma solução para o ensino e a aprendizagem, desde que seja aplicada de maneira adequada. O lúdico não está restrito a um lugar ou hora específicos e pode ser usado em uma variedade de contextos, tanto para adultos quanto para crianças.
Investigar a temática da importância dos jogos e brincadeiras na prática pedagógica na educação infantil oportuniza reflexões críticas sobre o papel da educação em nosso país, tendo em vista a relevância que deve acontecer por parte do professor em relação ao lúdico.
Nesse sentido, a pergunta central desta dissertação é assim descrita: Como promover uma aprendizagem ativa e significativa através do lúdico das crianças do CEI Bruno de Magalhães Antunes, localizado no Bairro Itinga na cidade de Araquari, SC. no ano de 2023 na ótica dos professores? Entre as perguntas específicas que dão sustentação à pergunta central, foram assim elaboradas: Pergunta 1. Como contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem e do cognitivo das crianças do CEI Bruno de Magalhães Antunes, no Bairro Itinga na cidade de Araquari, SC. no ano de 2023? Pergunta 2. De que maneira os professores da Educação Infantil podem utilizar os jogos e brincadeiras em suas práticas pedagógicas a fim de proporcionar o desenvolvimento integral das crianças? Entre os objetivos, o geral é assim definido: Esclarecer a importância do brincar no desenvolvimento da criança na educação infantil, como processo de progresso motor, afetivo e aprendizagem no CEI Bruno de Magalhães Antunes, no Bairro Itinga na cidade de Araquari, SC. no ano letivo de 2023.
Portanto, para dar continuidade ao objetivo geral, os objetivos específicos serviram de suporte ao desenvolvimento da dissertação, sendo eles: Levantar a realidade no ato de brincar, no CEI Bruno de Magalhães Antunes, no Bairro Itinga na cidade de Araquari, SC. no ano de 2023; Verificar o papel do professor, como incentivador, facilitador e mediador nos jogos e brincadeiras, a fim de contribuir para o desenvolvimento pleno das crianças; Conferir as diferentes práticas pedagógicas dos professores para assegurar os direitos de brincar das crianças nos diversos espaços e contextos.
Brincar e criar são momentos indispensáveis para a criança, pois possibilita que ela desenvolva a criatividade no seu contexto social. Portanto, proporcionar as vivências lúdicas a fim de gerar perspectiva de magia e encantamento, sendo assim, que o criar, o imaginar, o idealizar e o fantasiar estejam presentes no seu dia a dia.
O ambiente escolar é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças. As experiências vivenciadas nos primeiros anos de vida, influenciam o seu desenvolvimento futuro. É neste espaço que, parte da sua percepção começa a evoluir, a criança aprende a se posicionar diante de situações variadas no meio que convive, seja na escola, família ou sociedade. O professor recorrendo a estratégias pedagógicas, potencializa o aprendizado das crianças e aprimora com olhar atento seu desenvolvimento, pois ele possui, compreende e aplica seus saberes, são os professores de Educação Infantil parte fundamental, pois direcionam as crianças, possibilitando que elas sejam olhadas como um ser único, respeitando suas necessidades, seu tempo e limites.
Entre as hipóteses de estudo destacam-se: - Considerar que o brincar na educação infantil desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral da criança; - O professor proporciona experiências educativas de forma lúdica através se suas práticas pedagógicas, promovendo a criatividade, a socialização, a resolução de problemas e o bem-estar emocional.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
A escola desempenha um papel importante na socialização das crianças, proporcionando a interação com outras crianças e culturas diversas, o que promove a sociabilidade. Cada instituição deve desenvolver seu papel articulando relações entre si, pois, é:
[...] por meio dessa relação, que consiste no ensino dos conhecimentos e na aprendizagem dos valores sociais, a criança terá a oportunidade de aprender e viver em uma sociedade democrática que envolve o reconhecimento do outro e a busca por coordenar perspectivas distintas, administrar conflitos de maneira dialógica e justa, estabelecer relações e perceber as necessidades das regras para se viver bem (VINHA, 2013, p. 04).
Conforme Pol et al (2007), a escola, como um microssistema da sociedade, deve preparar alunos, professores e pais para enfrentar as dificuldades e conflitos interpessoais em um mundo em constante mudança. Essa preparação é essencial para o desenvolvimento do indivíduo e seu pleno exercício da cidadania. A Matriz Curricular do Ensino de Araquari assim descreve sobre a importância da vivência da criança em sociedade na primeira fase da Educação Básica, e diz que:
[...] entende-se que na Educação Infantil a vivência em comunidade é essencial, pois as crianças aprendem a reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade se for possibilitado à elas experiências de convívio social com diversas pessoas e diferentes culturas.
Gadotti (2006) também destaca a importância da escola como um ambiente que oferece conhecimento sistematizado e prepara os indivíduos para o exercício pleno da cidadania.
Por meio das relações sociais proporcionadas pela escola, a criança desenvolve uma visão crítica, o que a capacita a identificar e conviver com a diversidade, reconhecendo que a sociedade é composta por uma ampla gama de diferenças.
As relações e vivências, permeadas pela ética, precisam acolher a cultura a história da comunidade, estabelecendo um diálogo permanente entre família, sociedade e instituição educacional. Por meio do diálogo, da escuta e da participação consolida-se a existência de uma comunidade educativa preocupada com a infância, com as crianças, e com a defesa dos seus direitos. (Matriz Curricular do Ensino de Araquari, p. 41)
Isso demonstra que a escola possui uma função social importante, na medida em que molda os indivíduos para a convivência em sociedade, incentivando valores de solidariedade, respeito e cidadania. Portanto, ao lidar com a diversidade, a mente crítica das crianças se fortalece e se expande.
2.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
A educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento integral das crianças, permitindo que elas desenvolvam uma ampla gama de habilidades e experiências.
Conforme a Base Nacional Comum Curricular a interação durante o brincar.
[...] caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções (Brasil, 2018, p. 37).
Nesse contexto, a contemporaneidade oferece uma ampla apresentação de possibilidades e particularidades no que diz respeito aos desejos, direitos e necessidades das crianças, tornando-o um ambiente propício para a exploração das implicações das práticas pedagógicas e seu impacto na educação infantil (SILVESTRE, 2016).
As experiências lúdicas, como brincadeiras, desempenham um papel decisivo no desenvolvimento infantil, ajudando a moldar adultos que acreditam em seu potencial transformador e cultivando a vontade de viver em um mundo melhor. As crianças exploram, coletam, selecionam, colecionam e constroem de acordo com suas vontades e observações anteriores. Isso as ensina a desenvolver reflexões, estratégias, independência e criatividade, enriquecendo suas experiências individuais e grupais (ANDRADE, et al., 2020).
Sendo assim, os professores devem organizar experiências que tenham significado para as crianças, criando condições para o trabalho em grupo ou individual, a fim de facilitar seu desenvolvimento. O lúdico permite que as crianças experimentem regras, normas, transformações, recriações e aprendam de acordo com suas necessidades, promovendo o raciocínio e a linguagem (ANDRADE, et al., 2020).
De acordo com a BNCC, especificamente na parte destinada a Educação Infantil, afirma-se que é direito da criança:
[...] brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (Brasil, 2018, p. 36).
Portanto, os jogos e brincadeiras são ferramentas eficazes para promover o desenvolvimento integral da criança, desde que seja aplicada com conhecimento e propósito, permitindo que ela vivencie o aprendizado de maneira envolvente e prazeroso, contribuindo para o desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Vygotsky (1989) afirma que a criança aprende muito brincando, visto que este ato desenvolve a sua capacidade cognitiva, emocional, social e psicológica, enquanto aparentemente ela o realiza para se distrair e gastar a sua energia. Piaget (1998) caracteriza o brincar como uma atividade que reflete os estados internos do sujeito diante de uma realidade vivida ou imaginada.
Rolim (2008) define a atividade lúdica como aquela que ocorre nos jogos, e o lúdico abrange tanto jogos quanto brinquedos. Refere-se a qualquer objeto ou atividade destinados ao divertimento, sem outra finalidade além do prazer inerente a eles.
Conforme Sarmento (2002, p. 12):
[...] As crianças desenvolvem sua imaginação sistematicamente a partir do que observam, experimentam, ouvem e interpretam da sua experiência vital, ao mesmo tempo em que as situações que imaginam lhes permite compreender o que observam, interpretando novas situações é experiências de modo fantasia, até incorporarem como experiência vivida e interpretada.
Nessa perspectiva, a introdução de elementos lúdicos nas experiências escolares pode capacitar as crianças a assimilar, agir e adaptar-se, influenciando positivamente seu desenvolvimento psicológico, uma vez que o ato de brincar é natural e gratificante e faz parte da evolução humana.
3 METODOLOGIA
No que se refere à pesquisa é do tipo quantitativa, envolvendo a coleta análise de dados. Moraes (2007, p. 11) afirma que:
A pesquisa qualitativa pretende aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga a partir de uma análise rigorosa e criteriosa desse tipo de informação. Não pretende testar hipóteses para comprová-las ou refutá-las ao final da pesquisa; a intenção é a compreensão, reconstruir conhecimentos existentes sobre os temas investigados.
Em relação à técnica de coleta de dados, foi aplicado um questionário aos professores, que foi dividido em dois blocos: 1 – Perguntas que comtemplam a identificação e ao perfil do respondente; 2 – Questionamento sobre suas práticas pedagógicas em relação ao lúdico.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Referindo-nos ao perfil, 100% dos entrevistados eram do sexo feminino, sua maioria entre 31 a 40 anos de idade 36,4%. Todas possuem formação acadêmica especializada e atuam exclusivamente na Rede Municipal de Ensino de Araquari-SC.
Quando foram questionados sobre brincadeiras realizam para contribuir para o desenvolvimento das crianças, a seguir elencamos algumas respostas:
“Jogo das argolas- trabalhando a concentração, coordenação motora ampla, raciocínio lógico (somando os pontos).”
“Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações. Demonstrar progressiva independência no cuidado do seu corpo.”
“Levamos as crianças até um loteamento em construção, onde tinha montes de areia. As crianças desenvolveram as suas brincadeiras na ocasião, algumas brincaram com água e terra algumas escorregaram nos montes de areia. Foi muito divertido.”
“Brincadeira com caixa vazia na brincadeirado no faz de conta. Tem objetivo de despertar a sua imaginação a criatividade e afetividade.”
“Contação de história, onde eles recontam a história de acordo com o seu repertório, com objetivo de desenvolver a criatividade, a concentração, a oralidade, a socialização.”
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se dessa forma, que os brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil não somente preparam as crianças para o sucesso acadêmico no futuro, como também contribuem para o desenvolvimento de habilidades fundamentais para a vida, como trabalho em equipe, solução de problemas, imaginação e reflexão crítica.
Portanto, conclui-se o objetivo geral, esclarecendo através a análise dos dados que no CEI Bruno Magalhães Antunes, os professores sabem da importância dos jogos e brincadeiras como processo de progresso motor, afetivo e aprendizagem e esses direitos estão assegurados nesta instituição.
Finalizamos a pesquisa com a convicção de que ainda há muito a ser explorado no que diz respeito ao direito da criança de brincar. O percurso, sem dúvida, é desafiador e requer uma reflexão contínua sobre a importância de definirmos nossas ações como educadores, a fim de melhor orientar essa prática, que busca promover a aprendizagem e o desenvolvimento integral de nossas crianças.
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1 Licenciada em Letras/Inglês pela Faculdade Santa Amélia – SECAL, Licenciada em Pedagogia pelo Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson - UNAR. Especialização em Ed. Básica, Infância e Ludicidade. Mestranda em Ciências da Educação na Universidade San Lorenzo – UNISAL. E-mail: [email protected]