A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DE MEDICINA INTERNA (CLÍNICA MÉDICA) APLICADA A CIRURGIA MAXILO FACIAL

PDF: Clique Aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13886306


Edson Carlos Zaher Rosa1


RESUMO
O conhecimento aprofundado de Medicina Interna ou Clínica Médica, particularmente no manejo de distúrbios metabólicos, cardiopatias, nefropatias, hepatopatias,obesidade e desequilíbrios hormonais, é essencial para o cirurgião maxilo facial. A aplicação desse conhecimento no perioperatório de cirurgias maxilofaciais é fundamental para a prevenção de complicações e melhora dos desfechos clínicos. Pacientes com comorbidades, como diabetes mellitus, hipertensão arterial e dislipidemias, demandam uma abordagem multidisciplinar que integre a prática cirúrgica com o manejo clínico adequado. Este artigo visa discutir a relevância da avaliação e controle de condições clínicas prévias ao ato cirúrgico, destacando a importância do conhecimento do profissional cirurgião em Medicina Interna, bem como a interação entre Clínica Médica e a Cirurgia Maxilofacial na otimização dos resultados terapêuticos.
Palavras-chave: Cirurgia bucomaxilofacial; Medicina interna; Distúrbios metabólicos; Obesidade; Desequilíbrio hormonal.

ABSTRACT
A thorough understanding of Internal Medicine, particularly in managing metabolic disorders, obesity, and hormonal imbalances, is essential for the maxillofacial surgeon. Applying this knowledge in the perioperative period of maxillofacial surgeries is crucial for preventing complications and improving clinical outcomes. Patients with comorbidities such as diabetes mellitus, hypertension, and dyslipidemias require a multidisciplinary approach that integrates surgical practice with appropriate clinical management.
This article aims to discuss the importance of assessing and controlling clinical conditions prior to surgery, highlighting the importance of the surgeon's knowledge of Internal Medicine, as well as the interaction between Internal Medicine and Maxillofacial Surgery in optimizing therapeutic results.
Keywords: Maxillofacial surgery; Internal medicine; Metabolic disorders; Obesity; Hormonal imbalance.

1. Introdução

A intersecção entre a area de Medicina Interna, também conhecida no Brasil como Clínica Médica e a Cirurgia Maxilo Facial reveste-se de uma extraordinária importância, dada a complexidade e variedade dos casos clínicos presentes nesse contexto específico entre as áreas. Este tema visa ressaltar a relevância fundamental do conhecimento aprofundado em Medicina Interna (Clínica Médica) para os especialistas que operam continuamente na área de Cirurgia Maxilo Facial, explorando de forma detalhada a necessidade de uma abordagem autenticamente interdisciplinar para alcançar resultados superiores tanto na esfera clínica quanto cirúrgica. A compreensão meticulosa das diversas condições médicas que podem impactar diretamente a Cirurgia Maxilo Facial, aliada ao estudo minucioso da complexa anatomia e fisiologia de cabeça e pescoço e do sistema estomatognático, é não apenas desejável, mas absolutamente vital para uma avaliação pré-operatória bem-sucedida, para o manejo eficaz e seguro das complicações pós-operatórias, e para a prevenção adequada das interações medicamentosas que podem emergir em contextos clínicos desafiantes.

Este trabalho também abordará os mais recentes e significativos avanços tecnológicos no campo da Medicina e Cirurgia, além de apresentar as perspectivas emergentes futuras, destacando a importância essencial da educação médica continuada e do desenvolvimento profissional permanente para assegurar uma prática clínica eficaz e de alta qualidade, sempre buscando a atualização nas metodologias e abordagens para os cirurgiões do segmento.

2. Anatomia Geral e de Cabeça e Pescoço.

A região anatômica de Cabeça e Pescoço é composta por uma série de ossos de singular importância, desempenhando funções essenciais para o organism humano. Dentre esses ossos, encontra-se a mandíbula, responsável pelo movimento durante a mastigação, e a maxila, que forma a parte do terço inferior da face. Outros componentes importantes incluem os ossos zigomáticos, estruturas nasais como o osso nasal e o lacrimal, que são fundamentais para a arquitetura da cavidade nasal e órbita ocular. Deve-se também destacar o osso palatino, que forma a base da cavidade nasal, o vômer que divide as fossas nasais, as conchas nasais inferiores que facilitam a respiração e o aquecimento do ar, e os diversos ossos cranianos adjacentes, todos formando um complexo coeso de estruturas.

Podemos dizer que a anatomia específica desses ossos é fundamental, desempenhando um papel indispensável na manutenção da estrutura facial, ao mesmo tempo que oferece suporte significativo aos tecidos moles circundantes.

A interação harmônica entre esses ossos é essencial para os movimentos precisos que impactam diretamente tanto na estética quanto na funcionalidade da face humana. Além disso, fisiologicamente, a região craniomaxilofacial está intimamente ligada a funções essenciais tais como a mastigação, a deglutição, fonética, e a respiração, indispensável para nossa sobrevivência.

Já o estudo detalhado da Anatomia Humana do corpo humano em geral, aprendido durante a formação em residência de Cirurgia Maxilo Facial que é de regime integral com media de 3 a 4 anos e carga horária total de 8640 a 11.500 horas, dá ao cirurgião um saber essencial de destaque na condução de diversas situações que podem ocorrer durtante o exercício da especialidade, no entanto o aprimoramento desse conhecimento, somado a uma especialização de Medicina Interna, Clínica Médica ou Medicina Clínica Geral, fornece ao professional um preparo mais completo e diferenciado em suas abordagens, principalmente em situações clínicas inesperadas que podem surgir.

Tais aspectos são fundamentais para uma compreensão holística do funcionamento e da complexidade deste sistema, assim como sua interação efetiva com outras estruturas corporais, evidenciando a relevância vital deste sistema para a saúde e qualidade de vida humana.

3. Principais Doenças e Condições Médicas que Afetam o sucesso das Cirurgias Maxilo Faciais.

Podemos dizer que as principais doenças e condições medico/sistêmicas que afetam a Cirurgia Maxilo Facial são diversas e incluem, entre outras, patologias crônico- degenerativas, tais como: o diabetes mellitus, que é uma desordem metabólica crônica que pode levar a complicações graves durante e após procedimentos cirurgicos.

A hipertensão arterial, que frequentemente representa um risco subestimado, devendo ser monitorada cuidadosamente, assim como doenças cardíacas, patologias renais e hepáticas, obesidade, dentre outras, que podem complicar não apenas o planejamento, mas também a execução da intervenção cirúrgica. Essas morbidades, podem ter um impacto significativo no planejamento da cirurgia, influenciando decisões importantes, podendo repercutir negativamente no quadro pós operatório dos pacientes envolvidos.

Assim sendo, é de suma importância que os Cirurgiões Maxilo Faciais mantenham um profundo entendimento sobre essas condições sistêmicas que devem ser consideradas em todos os estágios do tratamento, pois elas não apenas afetam a cicatrização dos tecidos intervidos cirurgicamente, bem como possuem um papel crítico no aumento do risco de infecções, no controle da pressão arterial ao longo da cirurgia e em diversos outros fatores que podem impactar o resultado final.

Diante disso, o conhecimento aprofundado de Medicina Interna, ou Clínica Médica, aplicado de maneira minuciosa e cuidadosa à Cirurgia Maxilo Facial, é absolutamente fundamental para garantir o sucesso do procedimento cirúrgico e, acima de tudo, a segurança integral do paciente em todo perioperatório.

3.1. Diabetes Mellitus (DM) e Disturbios metabólicos.

O Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia bastante comum que representa um desafio significativo na prática médica, especialmente quando se trata de procedimentos cirúrgicos maxilo-faciais, pois os pacientes que convivem com o quadro de Diabetes podem experimentar um risco consideravelmente elevado de enfrentar uma série de complicações tanto durante a cirurgia quanto no período de recuperação pós-operatória. Entre as complicações mais frequentes, estão os quadros de infecções, que podem ser mais severos em indivíduos diabéticos, o retardo na cicatrização de feridas, que é um problema sério que pode acometer a recuperação pós operatória, além de coagulopatias, que devem ser monitoradas minuciosamente.

Além disso, é de suma importância que a glicemia seja monitorada de maneira meticulosa antes de qualquer procedimento cirúrgico, assim como durante e após a cirurgia, visando minimizar e evitar complicações que possam surgir e que estejam diretamente ligadas à hiperglicemia ou hipoglicemia aguda. Diante disso, ter um conhecimento profundo e abrangente sobre o manejo perioperatório do Diabetes Mellitus (DM) se torna essencial para garantir que não apenas a segurança do paciente seja preservada, mas também para assegurar o sucesso do procedimento cirúrgico realizado, assim promovendo melhores resultados e recuperação para aqueles que sofrem com essa condição.

3.2. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

A hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição bastante prevalente entre a população em geral e pode ter um impacto significativo na Cirurgia Maxilo Facial, pois o controle adequado da pressão arterial (PA) é essencial para a prevenção de uma série de complicações cardiovasculares que podem ocorrer durante o procedimento cirúrgico. Os cirurgiões que atuam nesse campo deverão estar plenamente cientes dos níveis de pressão arterial (PA) dos pacientes que estão prestes a se submeter à cirurgia, e, assim, tomar as medidas adequadas para controlar esses níveis antes, durante e após a realização da cirurgia. Além disso, é de extrema importância ressaltar que certos medicamentos anti-hipertensivos podem interagir de forma adversa com anestésicos e outros medicamentos que são frequentemente utilizados durante a cirurgia, exigindo, portanto, um manejo cuidadoso e atencioso por parte de toda a equipe médica.

Essa atenção especial é essencial para evitar potenciais complicações que poderiam impactar negativamente a saúde do paciente. Portanto, a aquisição de um conhecimento abrangente e detalhado sobre a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e suas implicações diretas na Cirurgia Maxilo Facial é de suma importância, pois se torna fundamental não apenas para garantir a segurança do paciente, mas também para assegurar o sucesso do procedimento cirúrgico em questão, já que a hipertensão não controlada pode levar a resultados adversos indesejados e desastrosos que podem comprometer tanto o processo de recuperação quanto a eficácia geral do tratamento, podendo em casos graves ser um fator de risco à vida.

3.3. Cardiopatias (Doenças Cardíacas)

As cardiopatias (doenças cardíacas) representam uma preocupação significativa na Cirurgia Maxilo Facial, uma vez que podem aumentar consideravelmente o risco de eventos cardiovasculares durante o período perioperatório, especialmente em pacientes que já apresentam condições pré-existentes que afetam o coração. Os pacientes diagnosticados com doenças cardíacas frequentemente precisam passar por uma avaliação cardíaca completa antes da cirurgia, a qual inclui diversos testes de função cardíaca, como eletrocardiograma, ecocardiograma, tomografias e em alguns casos, testes de função cardiac, além de outros exames diagnósticos, a fim de determinar com precisão o risco cirúrgico que envolve a cirurgia e, assim, planejar a abordagem perioperatória mais adequada e segura para cada caso específico. Além disso, é de extrema importância e responsabilidade monitorar de perto a função cardíaca durante todo o procedimento cirúrgico, garantindo que a carga de estresse cardiovascular seja gerenciada de maneira segura e eficiente, minimizando assim os riscos de complicações. Portanto, o conhecimento aprofundado de cardiologia, bem como as diversas cardiopatias existentes, suas características, os fatores de risco associados e suas implicações diretas na Cirurgia Maxilo Facial é fundamental para garantir a segurança do paciente e o sucesso do procedimento realizado, contribuindo para uma recuperação mais eficiente e evitando complicações indesejáveis que podem surgir durante o pós-operatório, assegurando assim a melhor qualidade de atendimento e cuidado à saúde do paciente.

3.4. Nefropatias (Doenças Renais)

As doenças renais também conhecidas como Nefropatias, podem impactar de forma significativa e profundamente o sucesso na Cirurgia Maxilo Facial, uma vez que a função renal desempenha um papel essencial e fundamental para o metabolismo e a depuração eficaz dos medicamentos utilizados durante o procedimento cirúrgico. Para garantir a máxima segurança e o bem-estar dos pacientes, é necessário considerar particularmente essas condições e suas implicações. Além disso, pacientes que apresentam doença renal crônica podem estar em risco aumentado de desenvolver desequilíbrios eletrolíticos durante o transoperatório, o que exige um monitoramento cuidado e contínuo, assim como intervenções apropriadas e rápidas que sejam necessárias para corrigir tais desequilíbrios. Portanto, os cirurgiões maxilo faciais devem estar extremamente atentos à função renal dos pacientes, principalmente em pacientes que já possuem nefropatias associadas, e assim, adaptar suas estratégias perioperatórias de acordo com as condições clínicas presentes, a fim de assegurar tanto a segurança, quanto o sucesso do procedimento cirúrgico realizado, minimizando complicações e melhorando o resultado final.

3.5. Hepatopatias (Doenças Hepáticas)

As doenças hepáticas podem ter efeitos extremamente significativos e variados na Cirurgia Maxilo Facial, pois o fígado desempenha um papel fundamental no metabolismo dos fármacos e na adequada coagulação sanguínea. Pacientes portadores de hepatopatias, frequentemente podem apresentar riscos aumentados de hemorragias perioperatórias, um quadro importante a ser considerado, além de apresentarem alterações no metabolismo dos fármacos utilizados. Desta forma, se torna essencial e obrigatório realizar uma avaliação detalhada da função hepática no pré operatório, com o intuito de identificar potenciais riscos e planejar abordagens perioperatórias que sejam apropriadas, seguras e eficazes. O conhecimento aprofundado sobre as doenças hepáticas e suas implicações direta e indiretamente relacionadas à Cirurgia Maxilo Facial é fundamental para garantir a segurança e o sucesso do procedimento cirúrgico, sendo importante o conhecimento de Medicina Interna para o correto cumprimento de protocolos estabelecidos que possam auxiliar na minimização de complicações e na maximização dos resultados positivos.

3.6. Distúrbios Metabólicos

Pacientes submetidos à cirurgia maxilofacial frequentemente apresentam distúrbios metabólicos, como diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemia. Esses distúrbios afetam diretamente o processo de cicatrização tecidual e aumentam o risco de complicações pós-operatórias, como infecções e retardo de cicatrização óssea. A hiperglicemia crônica, característica do diabetes mal controlado, compromete a resposta imunológica e a função dos fibroblastos, essenciais na regeneração tecidual. Assim, o manejo rigoroso do controle glicêmico pré e pós-operatório é imperativo para otimizar os resultados cirúrgicos e reduzir o risco de complicações.

3.7. Obesidade.

A obesidade é outro fator de risco significativo em Cirurgias Maxilofaciais, impactando negativamente tanto no intraoperatório quanto no pós-operatório. O excesso de tecido adiposo pode dificultar o acesso cirúrgico, prolongar o tempo de operação e aumentar o risco de hemorragias e consequentemente considerável perda sanguínea. Além disso, a obesidade está frequentemente associada a outras comorbidades, como síndrome da apneia obstrutiva do sono /SAOS (área de atuação diretamente ligada a cirurgia maxilo facial), hipertensão e resistência à insulina, que precisam ser cuidadosamente gerenciadas no período perioperatório, de preferência pelo cirurgião maxilofacial com expertise na área. Porém, o controle multidisciplinar, envolvendo tanto o cirurgião maxilofacial quanto o clínico, é essencial para minimizar riscos e garantir a segurança do paciente.

3.8. Desequilíbrio Hormonal.

Desequilíbrios hormonais, como hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo, podem complicar significativamente o manejo cirúrgico em pacientes maxilofaciais. O hipotireoidismo, por exemplo, pode levar a bradicardia, hipotensão e uma resposta reduzida ao estresse cirúrgico, enquanto o hiperadrenocorticismo pode resultar em aumento da glicemia e hipertensão. A avaliação pré-operatória completa, incluindo exames laboratoriais solicitados pelo cirurgião maxilo facial, para medir os níveis hormonais, é essencial para identificar e corrigir esses desequilíbrios antes da cirurgia. O manejo adequado dessas condições contribui para a redução de complicações e otimiza a recuperação pós-operatória.

4. Interseção entre Medicina Interna e Cirurgia Maxilo Facial.

A fusão entre Medicina Interna e Cirurgia Maxilo Facial revela-se vital para assegurar o êxito das intervenções cirúrgicas em pacientes portadores de diversos tipos de comorbidades, pois o amplo conhecimento de medicina interna (clínica médica geral), se torna indispensável para identificar e avaliar meticulosamente condições clínicas preexistentes que possam influenciar diretamente o procedimento cirúrgico, permitindo uma abordagem integrada e personalizada. Ademais, a compreensão aprofundada das interações intricadas entre ciências médicas e cirúrgicas, consequentemente, doenças sistêmicas e Cirurgia Maxilo Facial é fundamental para minimizar complicações e promover uma recuperação adequada, evitando riscos desnecessários durante e após a cirurgia. Essa integração entre especialidades não apenas otimiza os resultados, mas também garante cuidados abrangentes e eficazes para o bem-estar dos pacientes.

4.1. Avaliação Pré-Operatória em Cirurgia Maxio Facial.

A avaliação pré-operatória em Cirurgia Maxilo Facial exige um entendimento abrangente e minucioso das condições médicas do paciente, em particular aquelas intimamente relacionadas à medicina interna. Isso envolve a análise criteriosa do histórico médico do paciente, exame médico semiológico completo que o cirurgiâo deverá aplicar, tais como exame clinico (anamnese detalhada + exame físico completo). O exame físico deverá conter as 4 fases da semiotécnica que é a inspecção (visão, olfato), palpação (tato), percussão (tato e audição) e ausculta cardiaca e pulmonar (audição). Na sequência, o Cirurgião deverá solicitar os exames complementares que julgar procedentes a cada paciente avaliado, tais como: exames bioquímicos de marcadores sanguíneos, exames de imagem (raio x, tomografias, ressonancias, ultrassons, dentre outros), testes e avaliações funcionais (eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico, espirometria), dentre exames complementares outros que julgar necessário.

E além da realização de investigações complementares quando necessário, a detecção precoce de fatores de risco é de extrema importância, e a preparação adequada do paciente é essencial para garantir tanto a segurança quanto o êxito do procedimento cirúrgico.

4.2. Manejo de Complicações Pós-Operatórias em Cirurgia Maxilo Facial.

O manejo eficiente de complicações após procedimentos cirúrgicos em Cirurgia Maxilo Facial, exige uma expertise significativa dos cirurgiões em Medicina Interna, especialmente quando se trata de pacientes com condições médicas pré-existentes, pois a colaboração integrada em conhecimento do professional nas diversas disciplinas médicas é fundamental para a identificação e tratamento eficaz de complicações eventuais como infecções, hemorragias, disturbios metabólicos e problemas de cicatrização, dentre outros.

4.3. Medicação e Interações Medicamentosas.

O uso de medicamentos na Cirurgia Maxilo Facial demanda atenção especial às condições médicas prévias dos pacientes, a fim de evitar interações medicamentosas que possam ser prejudiciais e deletérias aos pacientes. A compreensão aprofundada das diferentes terapias medicamentosas disponíveis e utilizadas na medicina interna torna-se fundamental ao Cirurgião Maxilo Facial, pois o mesmo, ao prescrever medicamentos de maneira segura e eficaz. Estará contribuindo para prevenir potenciais complicações no pós-operatório, além de otimizar os resultados clínicos e a recuperação dos pacientes. Portanto, um conhecimento robusto sobre farmacologia e a aplicação adequada dos medicamentos é indispensável para garantir o bem-estar do paciente e o sucesso no pós operatório.

5. Abordagens Interdisciplinares.

Na Cirurgia Maxilo Facial, uma abordagem interdisciplinar é imperativa para garantir o tratamento mais eficaz e adequado ao paciente, pois essa prática dinâmica envolve a sinergia do conhecimento de diversas disciplinas médicas ao profissinal cirurgião maxilo facial, dando lhe condições fundamentais de abordar o paciente de uma forma segura e bem sucedida. A interação harmoniosa e coordenada do professional cirurgião maxilo facial, especializado em medicina interna, promove uma avaliação mais ampla e completa do paciente, contemplando não só a condição cirúrgica, mas várias questões médicas subjacentes que podem influenciar o desfecho do tratamento. Desse modo, o professional cirurgião poderá identificar quadros patológicos subjacentes e encaminhar a outros profissionais medicos especialistas ou a demais profissionais de saúde.

5.1. Equipe Multidisciplinar de Trabalho e Colaboração à Cirurgia Maxilo Facial.

A equipe multidisciplinar na área de cirurgia maxilofacial é composta por profissionais altamente qualificados de diversas áreas da saúde, que colaboram de forma harmoniosa para oferecer um cuidado abrangente e personalizado aos pacientes que necessitam de procedimentos nessa especialidade. Esta equipe pode incluir cirurgiões especializados de outras areas (Cirurgia Plástica, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Otorrinolaringologia, Ortopedia, dentre outros), médicos internistas, médicos clínicos, anestesistas, cirurgiões dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais sempre prontos para auxiliar.

Cada membro desempenha um papel fundamental no cuidado global do paciente, contribuindo com seus amplos conhecimentos, experiências e habilidades específicas para garantir que o tratamento seja eficaz, seguro e respeitoso das necessidades e desejos de cada paciente.

5.2. Discussão de Casos Clínicos Interdisciplinares: A importãncia do trabalho em equipe.

Os casos clínicos interdisciplinares em Cirurgia Maxilo Facial envolvem situações complexas que exigem a colaboração efetiva de diversas especialidades médicas para um manejo adequado e eficaz. Estes casos podem incluir pacientes com doenças sistêmicas graves, condições médicas pré-existentes ou complicações pós-operatórias que requerem uma abordagem integrada e cuidadosa. A discussão e avaliação conjunta destes casos permitem um cuidado mais abrangente e personalizado, garantindo não apenas um diagnóstico preciso, mas também o melhor desfecho para o paciente. Além disso, o trabalho em equipe entre profissionais de diferentes áreas aprimora o entendimento das necessidades específicas de cada caso, o que pode ser fundamental para o sucesso do tratamento. Esta interseção de conhecimentos proporciona um aprendizado mútuo e uma aplicação prática que beneficia tanto a equipe de profissionais quanto os pacientes que necessitam de tais cuidados.

6. Avanços Tecnológicos e Inovações na Cirurgia Maxilo Facial.

Os avanços tecnológicos na área da Cirurgia Maxilo Facial têm transformado profundamente a prática clínica, revolucionando a execução dos procedimentos que se tornaram notavelmente mais precisos e minimamente invasivos. A integração de softwares de simulação 3D emergiu como uma ferramenta essencial, proporcionando uma visualização tridimensional minuciosa das estruturas cranianas e faciais. Paralelamente, a impressão de modelos anatômicos em 3D e a criação de guias cirúrgicos personalizados têm aprimorado de maneira significativa o planejamento e a execução de procedimentos antes considerados complexos e desafiadores. Além disso, a aplicação de técnicas avançadas de imagem, como a tomografia computadorizada de feixe cônico, oferece informações extremamente detalhadas sobre a anatomia craniofacial, contribuindo substancialmente para a redução de complicações cirúrgicas e para a melhoria geral dos resultados em cada caso. Outro avanço de grande importância é a introdução de tecnologias voltadas à regeneração óssea, que englobam não só os enxertos mas também o uso de biomateriais inovadores, permitindo a reconstrução eficaz de estruturas maxilares danificadas. Esses avanços têm resultado em desfechos estéticos e funcionais superiores, propiciando uma recuperação mais rápida e satisfatória para os pacientes, elevando, em última análise, a qualidade do atendimento na área de Cirurgia Maxilo Facial.

7. Educação Médica Continuada e Desenvolvimento Profissional.

A educação médica continuada surge como um pilar elementar para o desenvolvimento profissional dos Cirurgiões Maxilo Faciais, pois proporciona uma atualização incessante sobre práticas clínicas emergentes, além de avanços tecnológicos e descobertas relevantes no domínio da medicina interna. A participação ativa em cursos, conferências e workshops direcionados à interseção entre Medicina Interna (Clínica Médica) e Cirurgia Maxilo Facial é de suprema importância, auxiliando esses profissionais a elevar ainda mais seus acervos de conhecimento. Nesse cenário, são explorados temas prementes como a avaliação pré-operatória, o manejo eficiente das complicações no pós-operatório, assim como questões que envolvem a medicação e as interações medicamentosas necessárias em diversas circunstâncias. Ademais, a educação contínua se destaca por impulsionar uma troca de experiências enriquecedora entre os especialistas, fomentando discussões valiosas sobre casos clínicos e promovendo o desenvolvimento de abordagens interdisciplinares mais eficazes, culminando em melhores desfechos para os pacientes. É imperativo que os Cirurgiões Maxilo Faciais permaneçam engajados nesse processo educativo contínuo, assegurando-se de que seus conhecimentos estejam sempre atualizados e em consonância com as melhores práticas da área.

8. Conclusão

Em suma, a sinergia entre a Medicina Interna e a Cirurgia Maxilo Facial revela-se imprescindível para assegurar tanto a segurança quanto o êxito dos intrincados procedimentos cirúrgicos nesta área. O profundo entendimento das variadas condições médicas que influenciam a região de cabeça e pescoço, aliado às abordagens interdisciplinares e aos avanços tecnológicos recentes, tem sido vital para proporcionar um cuidado mais abrangente e eficaz aos pacientes que necessitam desses tratamentos especializados. Tal colaboração de conhecimento medico geral amplamente disseminado nos profissionais cirurgiões do segmento, possibilita uma perspectiva mais holística dos casos, garantindo que cada paciente receba o atendimento mais adequado possível.

O treinamento realizado durante a formação em residência de Cirurgia Maxilo Facial que é de regime integral com media de 3 a 4 anos e carga horária total de 8640 a 11.500 horas, dá ao cirurgião um saber essencial de destaque na condução de diversas situações que podem ocorrer durante o exercício da especialidade, no entanto o aprimoramento desse conhecimento, somado a uma especialização de Medicina Interna, Clínica Médica ou Medicina Clínica Geral, fornece ao professional um preparo mais completo e diferenciado em suas abordagens, principalmente em situações clínicas inesperadas que podem surgir e na resolução de intercorrências emergenciais.

Ademais, é imprescindível olhar para o futuro com o firme propósito de investir na educação médica continuada, na constante atualização profissional e na pesquisa científica de alta qualidade, pois todo esse esforço visa a aprimorar a qualidade do atendimento e a expandir as alternativas terapêuticas disponíveis, considerando a rápida evolução das técnicas e tecnologias, a formação contínua dos profissionais torna-se uma prioridade, assegurando que inovações e descobertas científicas sejam adequadamente incorporadas à prática clínica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Malamed, S. F. (2012). Handbook of Local Anesthesia. 6th ed. St. Louis: Elsevier Health Sciences.

Fonseca, R. J., Marciani, R. D., & Turvey, T. A. (2017). Oral and Maxillofacial Surgery. 3rd ed. St. Louis: Elsevier.

Williams, N. S., Bulstrode, C. J. K., & O’Connell, P. R. (2018). Bailey & Love’s Short Practice of Surgery. 27th ed. Boca Raton: CRC Press.

Garg, A. K., & Devlin, H. (2010). Impact of diabetes mellitus on osseointegration: a critical review of the literature. Journal of Oral Implantology, 36(3), 268-275. https://doi.org/10.1563/AAID-JOI-D-09-00042

Huang, Y., & Chang, Y. (2012). Obesity and postoperative complications of patients undergoing elective surgery. Surgical Clinics of North America, 92(4), 1145-1156. https://doi.org/10.1016/j.suc.2012.04.020


1 Doutor em Medicina (MD). Especialista em Cirurgia Maxilo Facial, Medicina Interna (Clínica Médica) e Patologia Humana Geral e Semiologia Médica. Mestre em Medicina e Cirurgia. Mestre em Ciências Cirurgicas (Área de Concentração Cirurgia Oral e Maxilo Facial). Doutor (PhD) e pós doutor em Medicina e Cirurgia. E-mail: [email protected]